Capítulo 15
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VOLTAR À COSNCIÊNCIA ERA SEMPRE difícil e doloroso para Bucky Barnes. Não se sentia nem lá e nem aqui, uma parte soldado invernal e outra parte ele mesmo. A enxaqueca fazia sua cabeça pulsar, piscou os olhos várias vezes e seu corpo arrepiou. Percebeu que estava molhado, virou a cabeça e viu seu braço de metal preso em uma máquina de solda o que lhe deixava em uma posição bastante desconfortável.
Instintivamente tentou se soltar e percebeu um rápido movimento ao seu redor. Foi quando viu que era Steve de braços cruzados na sua frente. Até parecia bem sério, mas Bucky não se intimidou. Lembrava do Steve pequeno e magro que ele costumava defender em brigas no Brooklyn.
Ao seu lado estava Sam que parecia bem irritado.
As lembranças mais recentes haviam voltado à sua mente e ele percebeu o que havia feito. Escapou da prisão após o suposto analista ter ativado o outro lado dele, o lado assassino.
— Quero saber com que Bucky estou falando. — Steve disse, sua voz ecoou pela fábrica abandonada.
— O nome da sua mãe é Sarah. — Bucky pensou na informação mais próxima que poderia ter da infância dos dois. — Você colocava jornal nos sapatos e eu precisava te dar chocolate escondido, porque você não podia por causa da intolerância à lactose.
Ele lembrou de um dia em que Steve mesmo sabendo que ia passar mal, decidiu comer uma barra inteira de uma vez. Isso o fez rir.
— Ele não ia achar essas informações no museu. — Steve disse com uma sombra de um sorriso no rosto.
— E isso deixa as coisas bem? Ele é confiável agora? — Sam rebateu nenhum pouco satisfeito. Steve maneou a cabeça concordando, Bucky compreendia porque estavam tão receosos. Ele não confiaria em si mesmo no lugar deles.
— Quem era aquele homem e o que ele fez com você? — Steve perguntou, a postura inflexível.
Ao ver a força e a postura de Rogers, Bucky sentiu um traço de orgulho condensado em vários outros sentimentos. Ele engoliu em seco e tentou se concentrar.
— Ele falou as palavras de comando e eu perdi o controle.
— O que ele queria?
— Eu não sei.
— Bucky, dessa vez vou precisar de uma resposta melhor do que "não sei". — Steve rebateu, Bucky sabia que pela tensão marcada na testa ele parecia ansioso. Conhecia Steve bem demais e se surpreendeu por saber desses detalhes de forma tão natural.
— Ele perguntou sobre a Sibéria, o lugar de onde eu vim. — Bucky sentiu que as palavras eram estranhas assim que saíram pela sua boca. A ideia da Sibéria ser a sua casa parecia errada, mas era lá que o Soldado Invernal havia surgido.
— Por quê? — Sam perguntou.
— Porque eu não sou o único soldado invernal. — Ele disse quando as lembranças ficaram compreensíveis. -Existe um exército desses soldados adormecidos. Eles falam inúmeras línguas diferentes, são habilidosos, podem se infiltrar e derrubar um país sem ninguém perceber.
— Era isso que Zemo disse que queria: derrubar impérios. — Concluiu Steve.
— Esse cara está atrás de um exército, precisamos pegá-lo antes que chegue na Sibéria. — Sam olhou para Steve, estava claramente pronto pra agir só esperava o direcionamento do Capitão. Isso fez com que Bucky sentisse um alívio, era bom saber que Steve possuía aliados e amigos. Steve não estava sozinho.
Bucky sabia o preço de ser sozinho.
— Precisamos de reforço. — Steve concluiu. — Precisamos contar ao Tony.
— Acha que ele vai acreditar? — Sam indagou. — Mesmo que ele acredite, não acho que o Secretário Ross vai permitir qualquer ação.
Steve suspirou ao dizer:
— Alguma ideia?
— Eu conheço um cara. — Sam sorriu de lado. — Podemos contatar Clint e tirar Wanda do complexo já que Tony a prendeu lá.
— Ótimo, então já temos apoio. — Steve concluiu, ainda de braços cruzados.
— Capitão, acha que Violet ajudaria? — Sam perguntou após um momento de hesitação.
Bucky ficou atento ao nome mencionado, a imagem de Violet Stark voltando à sua mente na forma de várias recordações. Ele observou o rosto de Steve para ter a confirmação de que estavam falando sobre a Stark.
Steve abriu a boca para responder, mas foi interrompido por uma vibração no ar que causou um leve zumbido. Sam e Steve conheciam o som o bastante para saber que era algo pousando. Passos do outro lado da comporta foram ouvidos, eram de metal.
Por um instante Bucky achou que era o Homem de Lata, o outro Stark. Mas a porta de ferro foi aberta e uma pessoa diferente entrou.
Ela tinha metade dos braços e das pernas cobertos por uma fina armadura de aço azul escuro da cor do uniforme de Steve. Detalhes dourados contornavam o metal em seus pulsos e na cintura. Ela tinha uma máscara fina dourada que cobria somente os olhos.
A Lady de Aço tocou o dispositivo em sua têmpora e a máscara se desfez em pequenas partes de aço voltando a ser somente um enfeite em sua cabeça.
Bucky encarou a figura diante de si.
— Não vou ser o reforço de ninguém. — Ela declarou com a voz suave, tinha um leve divertimento passando pelos seus olhos. — Cansei de limpar a bagunça de vocês, rapazes. Agora eu sou linha de frente.
— Entendido, Lady. — Sam e ela trocaram um aperto de mãos elaborado, o que fez Steve quase revirar os olhos.
— Eu sabia que ela viria. — Ele explicou a Sam.
Steve direcionou um olhar sugestivo a Bucky e Violet se virou para ele.
Os dois se olharam pela primeira vez em muito tempo e ele ficou feliz por não tê-la esquecido para sempre. E por um breve momento temeu que ela não se lembrasse dele. Ou pior, que lembrasse só da parte ruim.
Ela se aproximou lentamente dando tempo para que eles apreciassem os detalhes um do outro.
— Olá, Sargento Barnes. — Ela disse inclinando a cabeça, uma mesura que ela costumava fazer há muitos anos atrás. Bucky retribuiu o aceno, tenso imaginando que ela não se lembrava.
Então Violet abriu um meio sorriso, aquele que ela dava quando eles compartilhavam segredos.
— Acho que dessa vez fui eu que te encontrei, James. — Ela disse.
Ele a observou novamente vendo os cabelos curtos que se enrolavam nas pontas, podia lembrar dos detalhes do uniforme de guerra dela. Hoje Violet usava uma armadura bem elaborada, mas ainda tinha o mesmo sorriso.
Eu sempre vou te encontrar.
Ela se lembrava. Isso por um momento era tudo o que ele precisava. Para Bucky algo familiar era raro, ser reconhecido como ele mesmo e não apenas como uma arma era algo que ele não tinha há muito tempo.
— Você se lembra de tudo? — Ele perguntou, não podia deixar de confirmar.
— Lembro que me arranjava apelidos cafonas, sempre interrompia minhas leituras, vencemos algumas batalhas... — Ela citou como se enumerasse os fatos mentalmente.
Bucky estendeu a mão devagar em sua direção e ela a segurou.
— Me desculpe. — Ele murmurou baixo, porque também se lembrava da parte ruim. — Por ter ido atrás de você pela Hydra, por...
— Tudo bem, nós não tivemos escolha. — Ela respondeu apertando levemente a mão dele, porém isso não o aliviava por completo. Violet poderia entender, mas algumas coisas que ele fez não poderiam ser apagadas.
— Ainda assim eu matei pessoas, pessoas que você... — Ele tentou dizer e ela se aproximou mais ainda até o abraçar, interrompendo o que ele iria dizer. Como estava sentado, a cabeça de Bucky encaixou perfeitamente no ombro dela. Mesmo vasculhando toda a memória que tinha, ele não se lembrava de um abraço tão aconchegante como aquele.
Ele sabia que não merecia, mas estava tão bom que não pode recusar.
Não vá embora.
Eles ficaram em silêncio, não havia mais nada além da saudade sendo deixada para trás.
Bucky sentiu uma mão apertar o seu ombro, a mão de Steve lhe dando apoio de novo. E por um instante em muito tempo, havia uma faísca dentro dele. Isso era o bastante para fazer ele continuar enfrentando todas as lembranças.
Fique e leve embora os sonhos ruins.
Em algum momento Sam e Steve saíram para contatar outros que pudessem ajudar, Violet saiu do abraço para observar o braço de metal preso na máquina de solda.
— Você parece cansado. — Ela ponderou enquanto analisava a máquina. — Vou te tirar dessa coisa.
— Cuidado, dizem que sou incontrolável. — Ele disse com um leve tom de divertimento.
— Engraçado, dizem o mesmo de mim. — Ela encontrou o comando da máquina e manualmente tirou o peso de cima do braço de metal de Bucky permitindo que ele pudesse voltar a movimentá-lo.
Bucky alongou o braço e Violet observou a peça acoplada ao corpo do Sargento.
— Acho que deveria tentar descansar um pouco. Eu fico de guarda, preciso deixar Tony longe daqui. — Ela tocou novamente o aparelho em sua têmpora que formou um visor à sua frente mostrando o mapa do local.
Bucky se sentou no chão no canto encostado à parede observando Violet analisar o perímetro. Não queria dormir no início, poderia continuar observando-a, trocando lembranças com Steve e esquecendo o passado obscuro. Mas fazia tanto tempo que ele não dormia e o fato de que Violet ia vigiá-lo lhe deixava mais tranquilo. Mesmo que os pesadelos viessem não seria por muito tempo.
— Você se lembra de tudo? — Ele perguntou querendo saber uma coisa antes de descansar. — Lembra de 1974?
Violet o olhou pensativa, desviou os olhos levando um tempo para fazer uma busca em suas próprias memórias. Mas quando se virou para Bucky ele já estava de olhos fechados.
As ruínas da velha fábrica faziam qualquer pequeno som ecoar. Violet podia ouvir uma goteira que parecia gritar a noite inteira, fora isso não havia nenhum som depois do anoitecer.
Temia que Tony não lhe desse ouvidos e continuasse do lado do governo. E se aquilo fosse longe demais quais seriam as consequências?
Teve que desativar boa parte de aplicações do sistema de sua roupa, a última coisa que queria era ser rastreada por Tony. Lamentava que isso tivesse acontecido logo quando os dois haviam ficado mais próximos e de certa forma sentia que estava falhando com Tony ao não o apoiar nessa decisão. Os Starks costumavam guardar rancor, Tony ia lhe lembrar daquilo para o resto da vida.
Bucky mexeu uma das pernas e seu peito subiu com a respiração descompassada. Ele havia caído no sono depois dela garantir a Steve que ficaria de olho nele. Estava quieto desde então, mas agora parecia ele estar sonhando.
Havia algo nas feições dele que quase a impediram de conter um sorriso. Era um brilho de reconhecimento e felicidade que durou apenas um segundo até que ele novamente se fechou e então os vários anos de tortura, missões e congelamento formaram uma enorme barreira.
Bucky mais uma vez se mexeu. A respiração era pesada, os olhos continuavam fechados e a posição em que ele estava parecia extremamente desconfortável. Ela pensou na pergunta dele, queria dizer que há pouco tempo que recuperou as lembranças de 1974. Poderia dizer a ele em outro momento, quando ele estivesse seguro.
Nova York, 1974
GHOST E O SOLDADO INVERNAL foram mandados para Nova York no outono, assim teriam tempo para estudar os locais frequentados pelos dois cientistas contatados e realizar a missão no início do inverno. Eles haviam sido capturados durante a Guerra Fria sob suspeita de fazerem parte de uma organização que apoiava a guerra contra os EUA, a américa manteve os dois sob custódia deixando que seguissem com a pesquisa cientifica a favor da América. Esperavam que eles contribuíssem com informações do que estaria sendo preparado no leste europeu. Viveriam em instalações do governo, sendo monitorados e trabalhando a favor da américa, assim seriam chamados de contribuidores ao invés de criminosos.
A instalação ficava na fronteira com Long Island, Ghost e o Soldado fizeram sua base temporária em uma cabana abandonada. Naquela região montanhosa fazia mais frio e era difícil que alguém resolvesse passar uma temporada de férias por ali por conta da temperatura. Precisavam apenas de três dias naquele lugar sem serem notados, era o suficiente.
Sempre eram designados para casos de urgência, nunca a longo prazo. A Hydra precisava mantê-los nas rédeas, então cumpriam a missão e voltavam direto para casa.
Casa era uma palavra estranha para Ghost.
Ela havia se deparado com palavras estranhas em alguns momentos e a primeira delas foi "por quê". Mas não podia perguntar pra alguém aquilo, não havia ninguém que valesse a pena perguntar. Seu companheiro, o Soldado Invernal, não falava. Era tão silencioso quanto ela.
Mas às vezes a mente dele poderia ser igualmente barulhenta.
Quando chegaram na cabana, Ghost vasculhou a área ao redor para se certificar que não havia ninguém nas proximidades. O Soldado bloqueou as janelas para que ninguém pudesse ver o interior do local, alimentou e acendeu a lareira, depois espalhou algumas armas estratégicas para ter uma sempre ao seu alcance caso alguém invadisse a cabana.
Ghost armou pequenas armadilhas ao redor do local, assim saberiam caso alguém se aproximasse. Os dois organizaram os materiais que haviam levado. Dois colchões estreitos e infláveis que ficaram em lados opostos do cômodo, os alimentos para seis refeições de cada um ficaram sobre a mesa no centro que era o único móvel do local junto com três cadeiras.
Ela iniciou o turno de vigia do começo da noite. Agiriam na noite seguinte.
O Soldado havia comido seu lanche previamente preparado, permanecia em silêncio enquanto comia, lavou o rosto e as mãos quando terminou. Tirou a camisa porque a lareira havia deixado a cabana de um cômodo só muito bem aquecida e se deitou sobre um estreito colchão inflável no canto da parede.
Ghost terminou sua refeição com calma. Era uma barra, alguns grãos, pão e água. Quando chegasse na Rússia, poderia receber um banquete devido a missão que até lá estaria comprida. Depois de terminar, limpou tudo, apagar qualquer indicio que alguém estivera ali era sua especialidade. Deixou o fogo da lareira baixo, já tinham calor o bastante para uma noite.
Ela tirou a parte de cima do macacão preto, este era sem símbolos para que ninguém soubesse de onde vinham e permaneceu com a regata branca do uniforme. Inclinou a cadeira de madeira até que os pés dianteiros do objeto deixassem o chão para que ela pudesse se balançar quando ficasse entediada demais. Havia tirado os coturnos e ficado com as meias, apoiou os pés sobre a mesa e ficou escutando o silêncio da noite.
Durante as duas primeiras horas só se podia ouvir o assovio do vento passando pelas frestas de madeira da cabana. Mas depois o Soldado começou a se mexer no colchão estreito.
Os ouvidos atentos de Ghost notaram a respiração irregular, ele movia a cabeça e os membros devagar, mas assim que a cabeça parava era o braço ou a perna que mexia. Não esperava que alguém como ele fosse tão inquieto dormindo.
Ela observou nos primeiros minutos e ele parou. Mas exatamente vinte minutos depois a respiração irregular voltou. Analisando as respostas corporais, Ghost concluiu que ele estava sonhando e que isso o impedia de ter um sono tranquilo, ele poderia ficar cansado durante a vigia.
Ghost decidiu que deveria verificar um jeito de fazê-lo parar.
Ela tirou os pés da mesa e pousou a cadeira no chão devagar. Se levantou e se aproximou com cautela.
Ao abaixar para se sentar ao lado do colchão, ela percebeu que ele murmurava alguma coisa.
Ghost levantou a mão em direção ao rosto dele. Quando dormiam demais alguém os acordava com um tapa na Hydra ou com um balde de água gelada. Mas ela não queria acordá-lo, queria voltasse a ter um sono quieto. Olhou para o peito dele. Deveria cutucá-lo? Talvez tocar a cabeça? Não tinha um protocolo pra seguir nesse tipo de situação. Observou o tórax dele e os braços, o de metal refletia o reflexo da lareira com fogo baixo.
De repente ela percebeu que a respiração dele estava estática. Ghost notou que o Soldado estava prendendo a respiração e a mão dela continuava estendida na direção dele.
Ela lentamente olhou para o seu rosto e viu os olhos azuis obscurecidos pela pouca luz, ele tinha acordado e estava a observando.
Normalmente ele deveria ter reagido, eram treinados para sempre estarem alerta. Ghost teria achado a aproximação ameaçadora no lugar dele, não teria observado esperando pelo toque.
Ela fechou a mão e começou a recolher o braço, mas ele se moveu tão rápido quanto o vento e segurou o braço dela com o seu de carne e osso e ela pode sentir o toque dele.
Sentir era mais uma palavra muito incomum para Ghost. Mais precisamente o significado. Ela nunca era permitida a sentir, tudo o que conhecia era seguir. Mas não havia nenhuma ordem no momento, nada a obedecer e por isso quando levantou o outro braço para se soltar deixou que o Soldado segurasse ele também com o seu braço de aço.
Havia algo ali nos olhos dela que parecia tão familiar para ele. Familiar era algo tão distante, porém tão bom. Fazia com ele sentisse que seu peito estava rasgando e sendo costurado no instante em que ela o olhava diretamente daquela forma. Estivera tendo um sonho ruim, um pesadelo que voltava todas as noites e nunca acabava. Ele acordava angustiado, desolado e nem mesmo conseguia se lembrar do que sonhou.
Mas olhando para ela naquela noite, ele sabia que havia algo a ser lembrado. A memória consciente ainda não deixava claro o quê, mas havia uma memória sensorial no toque da pele dela que levou a angústia embora. Assim que ele abriu os olhos e viu a mão dela estendida em sua direção, ansiou pelo toque. E o Soldado Invernal nunca havia ansiado tanto por algo em sua vida.
Fique e leve os sonhos ruins embora.
— Já se perguntou por quê? — Ela murmurou a pergunta que estava apitando em sua cabeça, não sabia mais o que dizer. Era um questionamento a tudo que não recordavam.
Eles nunca podiam questionar, desejar, escolher. Mas o questionamento surgiu desde que eles se enfrentaram no salão, punho contra aço. Tudo parecia muito errado, diferentemente de agora. Agora quando o Soldado tocava os braços dela, parecia certo.
Não havia uma ordem a seguir, não sabia qual o protocolo para a situação. Ninguém havia os ensinado sobre desejo, sobre sentir. Mas sabiam que em algumas situações era necessário agir, e que atitude poderia ele ter além de não deixá-la ir embora naquela noite?
Ele aproximou o rosto em direção a ela até as respirações se tornarem uma só. Lábios se encontraram, um toque mais quente e convidativo do que a própria lareira. O gosto dela era suave quase nostálgico como se escondesse uma década de lembranças. Ele era firme no toque das mãos enquanto os lábios era um pedido e ao mesmo tempo uma entrega, ele mesmo não sabia há quanto tempo esperava por aquilo.
As mãos nos braços já não eram o bastante, então ele a soltou só para trazê-la para mais perto. A mão de metal ficou nas costas dela, cuidadosamente a apertando em um abraço enquanto a outra passava pelo cabelo e descia pelo pescoço.
As mãos dela sempre foram habilidosas, o abraçando aos poucos dançando traços pelo seu corpo.
De repente ela que estava ali matava uma saudade tão profunda e encoberta. O carinho dele preenchia um vazio tão grande e frio. Era uma espera tão longa, uma resposta que finalmente havia chegado, uma faísca que se transformou em um incêndio. Haviam se separado muitos anos antes enquanto chamas se espalhavam ao redor do acampamento, mas agora se encontravam um na chama do outro. Não sabiam como haviam começado, mas o momento era real e talvez tivessem se encontrado em uma outra vida há muito tempo atrás. Mesmo que não se lembrassem disso naquele momento, eles eram mais eles mesmos.
Ele a puxou para a cama. Ela estava agora em seus braços.
Violet, não mais Ghost.
Bucky, não mais Soldado Invernal.
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notas da autora !
Anos depois de ter escrito essa última cena, revisitando ela e relendo, ainda sinto que é uma das cenas mais significativas que já escrevi. Toda a relação de Violet e Bucky culminando nesse momento e compensando de certa forma todos os anos distantes. Estou absorvendo cada detalhe para trazer essa química de volta no que estou escrevendo da história deles agora. Mesmo escrevendo tantas outras fanfics e personagens, eu sinto que nada nunca foi ou será como o vínculo que esses dois possuem. Espero que quem acompanha desde a primeira publicação possa sempre guardar uma boa lembrança dessa fic, e aos novos leitores, espero que esteja sendo uma primeira viagem inesquecível!
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