Capítulo 3
Selene
Às chamas da fogueira prendiam a minha atenção, era uma dança hipnótica, estava tão focada em ver o fogo crepitar que não notei quando Jack e Lyra se sentaram ao meu lado.
— Eu soube que você irá ganhar um presente. - diz Lyra e eu olho para ela descrente. — Eu ouvi o mestre conversando com Annya, acho que ele pediu que lhe fizessem uma espada nova.
— Não, a minha espada é velha, mas foi feita pelo meu pai. - eu falo com tanta rapidez por cima dela que fiquei constrangida.
— Mas vc não pode ir para algum tipo de confronto real com ela. - Lyra tem razão ela sempre tem razão.
— Acredito que vc se sairia melhor nos treinos de combate se estivesse com uma espada nova. - Jack completou o pensamento de Lyra, eu jogo uma pedrinha de areia neles como minha defesa pessoal.
— Lyra você precisa de um arco novo também o seu está muito ultrapassado. - falo levantando e pegando seu arco. — Jack sua família sabe que você é um péssimo espadachim?. - rimos juntos trocando olhares competitivos faço movimento de corrida e ambos levantam.
— Não temos mais treze anos Selene. - o tom cômico na voz de Jack é um bom sinal.
— Penhasco do corvo em cinco minutos. - falo antes de começar a correr segurando o arco de Lyra. — Prêmio... Uma torta de amora. - eu grito para que eles me escutem. Sinto eles atrás de mim e aumento a intensidade da corrida.
— Selene sua bruxa. - escuto ao longe a voz de Jack, olho de relance para trás e não os vejos, sorrio de satisfação já avistando o penhasco.
O silêncio da noite me engole e aos poucos meus batimentos cardíacos vão diminuindo, logo eu começo a escutar o barulho da floresta, zumbidos de animais e paro assim que o estou próxima o suficiente do penhasco, respiro fundo tomando ar para os meus pulmões. Aqui em cima é tão silencioso, estava quase fazendo o caminho de casa novamente quando uma luz cortou o céu, vermelha como sangue e sumiu da mesma forma que apareceu, fico olhando fixamente para o mesmo ponto para ver se consigo enxergar algo.
— Selene! - sinto braços fortes me levantarem do chão, Jack. — Como fez isso garota?
— Fiz o que ?
— Sumiu... Você sumiu.
༄༄༄
O sol começava à nascer no horizonte, tingindo o céu com tons de rosa e dourado, enquanto eu me preparava para mais um dia. Ao meu redor, tudo estava funcionando em sua normalidade, montei meu cavalo sentindo a força do animal sob mim e enquanto eu cavalgava pelos campos de Aldraskar, minha mente está mergulhada em meus pensamentos mais íntimos, medo, sinto medo do futuro, uma tensão pairava no ar uma sensação de que algo ou alguém me observava.
Segui cavalgando em direção ao Vale das lágrimas, o véu de sombras que cobria o Vale era denso e dificultava a visibilidade, desço do cavalo e começo a seguir a trilha feita anos antes por outras pessoas, ando até chegar em uma árvore extremamente grande e robusta, tão antiga quanto o meu próprio reino. Abaixo colocando minha mão sob a terra em sinal de respeito.
— Aqui é extremamente frio, perdão Azalus. - falo com o cavalo que relincha, tinha me esquecido que eles não gostam daqui.
Me aproximo mais da árvore até enxergar às gravuras talhadas na árvore, passo meus dedos sobre os nomes e algumas figuras como flechas e espadas, os nomes dos meus pais estão aqui e os nomes de outros casais, guerreiros e filhos, uma infinidade de pessoas, retiro do meu bolso uma moeda de prata e enterro. Peço licença em um sussurro aos seres daquele lugar e apanho um fruto da árvore.
— Assim meus desejos se realizam Azalus. - falo voltando a ficar junto do animal. —Vem, vamos dar uma volta.
Caminho ao lado de Azalus observando a serenidade do Vale, quando criança eu acreditava que aqui era o lar de fadas, eu e Lyra éramos obcecadas por tentar achar uma. Escuto algo como murmúrios de dor de algum animal, paro bruscamente até identificar de qual direção vem o barulho, dou poucos passos até avistar uma corça deitada na sob um arbustos de espinhos.
— Pobrezinha. - corto um ramo de espinhos que estava dando à volta na pata traseira dela, quando me afasto o animal se levanta e corre para longe do arbusto e de mim. Ergui meus olhos para ver para onde ela foi mas o que eu vi me causa inércia,
uma figura solitária me observa com um olhar sombrio. Perco o ar ao tomar consciência de quem era o homem, o homem cuja presença era como uma sombra que se estendia sobre continente de Armenfer.
Meu coração disparou e um calafrio percorre minha espinha, quando ele deu um passo em minha direção, era uma ameaça iminente, ele é o filho da escuridão.
— Sinto seu coração garota. - nunca pensei que fosse vê-lo de perto, quanto mais ouvi-lo falar. Apesar do medo que me dominava, uma determinação feroz cresceu dentro de mim, da mesma maneira que ele, eu dei um passo em sua direção.
— Fraca. - Ele me observou com um olhar predatório, seus olhos brilhando, enquanto eu me aproximava dele com uma determinação implacável.
— Não tenho medo de você. - não recuei. Encarei-o com olhos destemidos, desafiando-o. Ele sorriu, e em um movimento rápido e surpreendente, ele estendeu a mão para mim, tocando minha mente com uma força descomunal que me deixou sem fôlego.
Senti-me invadida por uma onda de escuridão, uma sensação de terror me consumir por completo, apesar da dor que me engolia, uma chama continuou a arder dentro de mim. Lutei contra o domínio do Senhor Sombrio, empurrando de volta contra a escuridão que me cercava. Meu corpo não era mais meu, ele me torturava sem me tocar de fato, com um grito de fúria e dor sou liberta de seu domínio. Ele recuou diante de mim, seus olhos brilhando com surpresa, estou no chão, meu corpo dói, tento me afastar dele mas é inútil, ele me encara com os olhos semicerrados e se abaixa ficando assustadoramente próximo de mim.
— Selene é um belo nome.
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