Capítulo 16
Seraphina
A alvorada em Montasion traz consigo uma luz vermelha que reflete nas montanhas vulcânicas de Malarson, a brisa que vem do oceano carregada de maresia deixava o ar quente de Montasion mais úmido, a cidade ainda estava envolta em um manto de silêncio, com apenas os primeiros sinais de vida começando a surgir. Eu estava no telhado de uma das tavernas da cidade, observando as ruas desertas abaixo de mim.
Desci silenciosamente pelo beiral do telhado, aterrissando graciosamente na rua de paralelepípedos, meu manto negro me envolvia como uma segunda pele, ocultando-me nas sombras enquanto me movia rapidamente pelos becos estreitos, Cada passo é extremamente calculado, para evitar qualquer atenção indesejada.
Cheguei ao meu destino, uma pequena loja de antiguidades que servia como fachada para o submundo de Montasion. Dentro, encontrei o velho Darius, um informante confiável que sempre tem algo útil pra mim.
— Seraphina, você está mais uma vez em busca de segredos? - ele disse com um sorriso astuto.
— Preciso de informações sobre a segurança do templo de Pyronheim. - respondi, direta. — E qualquer novidade é útil também.
— Você vai invadir às terras dos Drakoni's. Quer ser queimada viva garota? - ele fala saindo de trás do balcão e vindo até a mim.
— Ele tem algo que eu preciso. - Darius me puxa pela braço me arrastando até os fundos da loja, como seu fosse uma criança birrenta.
— Não pode fazer isso, seja lá o que você quer pegar para vender, esqueça. É suicídio. - olho para Darius como uma das crianças perdidas.
— Você tem três rotas de fugas. E não se esqueça de Baldric e seu dragão.
Darius me contou tudo o que sabia, descrevendo os guardas, as armadilhas e as rotas de fuga mais seguras. Saí da loja de Darius com minha mente fervilhando, o templo ficava na colina ao norte da cidade, um lugar que é conhecido por não ser tão formidável. Subi na minha montaria, uma égua acinzentada, e cavalguei em direção ao templo, o som dos cascos ecoando pelas ruas ainda silenciosas, era a melodia dessa manhã.
Templo de Pyronheim era uma antiga construção de pedra avermelhada, tão antiga que dizem que era a onde os dragões dormiram em um tempo muito distante. Estou em busca do Orbe de Kharon, uma esfera de cristal negro que, segundo às lendas, permitia ao seu portador poderia controlar as sombras e mudar o futuro. Ao chegar à base da colina, desmontei da égua e prossegui a pé. O caminho é íngreme e com a vegetação densa que dificulta o andar. Cada passo é uma luta contra a gravidade e o cansaço, às informações de Darius guiam os meus movimentos.
Conforme me aproximava, ouvi o som distante de cavalos e vozes masculinas, meu coração acelerou, e eu apressei o passo, procurando um ponto de vantagem onde pudesse observar o templo e seus arredores, encontrei uma elevação rochosa e me escondi atrás de um conjunto de arbustos, observando a entrada do templo à distância.
Vários homens, claramente da guarda dos Drakoni's se aproximavam a cavalo, no meio deles estava Baldric, olho para cima assustada mas sem sinal da sua criatura monstruosa. Esperei até que estivessem distraídos e me movi rapidamente para a entrada lateral que Darius havia mencionado, a passagem estava parcialmente coberta por escombros, mas consegui me esgueirar por um espaço estreito. Dentro, o templo estava mergulhado em sombras, com apenas algumas tochas espalhadas para iluminar o caminho. O ar era denso e carregado de pó, e o silêncio era quebrado apenas pelo som ocasional de gotas de água caindo no chão de pedra.
Movendo-me com a agilidade de um felino, eu sigo para os corredores do templo e ao virar uma esquina, vi a entrada da câmara, protegida por uma porta maciça adornada com runas antigas, uma língua de fogo morta há séculos, poucas pessoas ainda falam. Aproximando-me cautelosamente, comecei a estudar as runas, buscando um padrão ou uma pista sobre como abrir a porta, enquanto analisava às runas, ouvi passos se aproximando, sinto a adrenalina me dominar, e percebo que às runas escrevem uma frase.
— Droga. Sangue de fogo.... não há sangue... isso é inútil. - minhas mãos se moviam rapidamente, deslizando sobre as runas até que eu senti que uma das runas esta muito mais para frete que do as outras, eu a empurro para dentro de seu lugar, e um rangido baixo faz com que eu me afaste da porta, às outras runas se movem como se fosse um quebra-cabeça, eu me aproximo novamente da porta.
— Não há sangue que... o Sangue de Fogo não... consuma. - eu leio com certa dificuldade às runas. A porta se abriu com um rangido baixo, revelando a câmara interna, no centro, sobre um pedestal de mármore, estava o Orbe de Kharon, emanando uma luz fraca e pulsante, o ar dentro da câmara parecia vibrar com energia, e eu podia sentir o poder do artefato mesmo à distância.
Aproximando-me do orbe, senti um misto de reverência e temor, estendo a mão e com um toque suave, segurei a esfera fria. No momento em que fiz contato, uma onda de energia percorreu meu corpo, e visões de sombras, morte e guerra invadiram minha mente, sinto meu corpo ficar gelado e quente ao mesmo tempo, antes que eu tivesse a chance de entender oq eu tinha visto, ouvi passos e os guardas entraram na câmara. O próprio Baldric com uma expressão de triunfo anda em minha direção com a espada em punho.
— Deixe o orbe, ladra. - ele rosnou. — Ou pagará com sua vida.
Sem hesitar, usei o poder do orbe para manipular as sombras ao meu redor, ao direcionar o orbe na direção deles às sombras se ergueram como criaturas vivas, atacando os guardas e criando uma distração suficiente para que eu pudesse correr na direção oposta. Corri pelos corredores do templo, com o orbe firmemente segurado em meus braços, sabendo que meu encontro com Rosallind De Noir estava chegando.
Não conseguiria escapar apenas com a distração, segui um plano improvisado, às sombras criadas pelo orbe continuavam a envolver os guardas, mas eu sabia que Baldric não seria contido por muito tempo, correndo pelos corredores estreitos, ouvi o som dos passos de Baldric se aproximando, misturados aos ecos de suas ordens furiosas, finalmente alcancei uma janela estreita que dava para uma varanda, sem pensar duas vezes, escalei a parede de pedra e saltei para a varanda, sentindo o vento frio da manhã bater contra meu rosto, escutei os gritos dos guardas enquanto se reorganizavam para me perseguir.
Tinha que agir rápido, correndo pela varanda, avistei uma corda presa à beira do parapeito, desci rapidamente, deslizando pela corda até o solo abaixo. chegando ao chão, senti o peso do orbe em minhas mãos, sabendo que sua energia era a chave para minha fuga.
No entanto, meu caminho estava longe de estar livre, os guardas dos Drakoni já estavam descendo pelas escadas e cercando o local, com um movimento rápido, escondi o orbe em minha bolsa e corri para a floresta densa que cercava o templo de Pyronheim, som dos cascos dos cavalos se aproximava rapidamente, sabia que não poderia correr para sempre, precisava de um plano, decidi escalar uma das árvores altas, esperando que a folhagem me ocultassem. Enquanto subia, ouvi os gritos dos guardas se aproximando.
— Ela não pode ter ido longe! Procurem em todos os cantos da floresta! - escondida entre os galhos, observei enquanto os guardas passavam por baixo de mim. Respirei fundo, tentando manter a calma. Sabia que não poderia ficar ali para sempre, precisava encontrar uma maneira de sair da floresta e chegar no porto com o orbe em segurança.
Após o que pareceu ser uma eternidade, desci da árvore e continuei minha fuga, movendo-me com cuidado para evitar ser detectada. Eu agora me encontro como uma fugitiva e é bem provável, que se me pegarem eu irei vira refeição de dragão.
A medida que a noite caía, a floresta ao redor de Pyronheim se tornava um labirinto denso e cheio de obstáculos. Eu avanço com extrema cautela, minhas botas mal tocam o solo que está coberto de folhas, o orbe de Kharon parecia pulsar com uma energia própria, vibrando em minha bolsa a cada passo que dava, de repente, um som de galhos quebrando me deixa em alerta, eu me agacho rapidamente atrás de um tronco caído, segurando a respiração.
Esperando que os passos se distanciassem, eu levantei lentamente e volto a seguir meu curso só que agora com mais velocidade que antes, preciso está dentro do último barco que vai para Austianfer ainda hoje.
Após algumas horas de uma caminhada exaustiva, eu avisto às luzes tênues de Malarson, eu me misturo às sombra da noite, usando meu manto negro, para evitar os olhares curiosos. Eu sei que qualquer deslize poderia significar minha captura. Eu conhecia uma velha adega abandonada, usada anteriormente pela resistência, acho que posso ir lá para descansar.
Mas sabia que não poderia confiar em ninguém, caminho pelas ruas estreitas de Malarson até chegar em uma casa velha na periferia da cidade, onde a adega estava localizada, ao entrar a familiaridade do local traz uma breve sensação de segurança. Encosto-me em uma parede e deslizo até o chão, exausta. Mas minha mente não para um segundo, a sala era fria e úmida, iluminada apenas pela luz fraca que vinha do lado de fora, tirei o orbe da bolsa e o observei à luz bruxuleante. O cristal negro parecia absorver a luz, enquanto eu descansava, ouvi um som vindo da entrada da adega, levantei-me rapidamente, pronta para me defender e para minha surpresa, um rosto conhecido apareceu na escuridão.
— Seraphina. - disse uma voz grave e calma. - Lorian era um dos espiões mais confiáveis de Rosallind, ele tinha um talento especial para aparecer nos momentos mais críticos.
— Lorian, como me encontrou? - perguntei, aliviada mas cautelosa.
— Temos nossos meios. Rosallind está esperando você. Ela sabia que você viria para cá. Vamos, temos que nos apressar. - ele me ofereceu uma mão.
Apertei o orbe contra meu peito antes de guardá-lo novamente na bolsa e segui Lorian. Ele me conduziu por uma série de túneis subterrâneos, atualmente utilizando apenas por alguns poucos membros da resistência ou ladrões. Montamos em dois cavalos que Lorian tinha preparado e galopamos em direção ao porto, o tempo estava se esgotando e precisávamos pegar o último barco para Austianfer. A viagem foi rápida e silenciosa, com a urgência do momento pairando sobre nós.
Ao chegarmos ao porto, avistamos o barco prestes a partir, Lorian entregou algumas moedas ao capitão, que nos deixou embarcar discretamente, subimos a bordo e nos escondemos no porão do navio. Com as velas levantadas e o som das ondas quebrando contra o casco, deixamos Marsolis para trás. Dentro do porão, o ambiente era apertado e escuro, mas me senti aliviada por estar a caminho de Rosallind, Lorian sentou-se ao meu lado, observando enquanto eu retirava o orbe da bolsa mais uma vez.
— Você tem alguma ideia do que está coisa realmente pode fazer? - perguntei, olhando para Lorian.
— Muito pouco, mas Rosallind o quer muito, ela disse que o poder do orbe pode mudar o curso das coisas. - Lorian respondeu, seus olhos fixos no cristal negro.
Enquanto o barco cortava as águas escuras em direção a Austianfer, minha mente não conseguia parar de pensar em como agora eu nunca mais vou poder pisar os pés em Marsolis, nunca mais voltar para Malarson, minha casa. De repente sento o orbe vibra em minhas mãos, sua luz fraca intensificando-se por um breve momento, olhei para Lorian que parecia igualmente perplexo, e antes que pudesse dizer qualquer coisa uma visão tomou conta da minha mente, sombras se contorcendo, figuras indistintas emergindo da escuridão e uma voz que sussurrava repetidas vezes "Escolha aquele que o sangue chama" , meu corpo fica gélido e respirar se torna algo extremante difícil "Não há sangue que o sangue de fogo não consuma".
A visão desapareceu tão rapidamente quanto surgiu, me deixando ofegante e trêmula, olhei para Lorian que estava pálido de medo, ele percebe minha dificuldade para respirar e o meu olhar desesperado em direção os barris de água, ele me entra seu cantil cheio e eu toma até a ultima gota de água, meu corpo começa a voltar a ficar estável, mas eu sinto como se fizesse parte do balançar constate do barco, sinto minha visão ficando cada vez mais turva e o balançar do barco levar meus pensamentos para longe.
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💕Oi💕
Espero que estejam gostando da história e lembre-se, críticas são bem-vindas.
Peço desculpas por qualquer erro ortográfico, que eu possa ter cometido,
a estrelinha de vcs é muito importante para mim, não se esqueçam dela.
🌟Beijinhos🌟
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