01; house alyrion
CAPÍTULO UM; casa alyrion
CAPÍTULO REVISADO
POV'S AUTORA
JACAERYS VELARYON ESTAVA PERDIDO, ou ao menos se sentia assim.
O garoto havia conseguido o apoio do Vale rapidamente, Jeyne Arryn apenas havia pedido um dragão para proteger a Sede de sua casa.
Havia conseguido o apoio do Norte também, arranjando um casamento de sua primeira filha – que eventualmente teria – com o primogênito de Cregan Stark.
Jace também havia conquistado o apoio de Porto Branco, Lorde Desmond Manderly ficou contente quando o jovem ofereceu que seu irmão mais novo, Joffrey Velaryon se casasse com sua filha assim que a guerra acabasse.
Ele poderia voltar para casa sabendo que havia conquistado três grandes Casas para a causa de sua mãe.
Mas ele não voltou.
Vermax grunhiu baixo, despertando seu montador de seus pensamentos. O Dragão não parecia muito contente com a viagem se estender.
— Īlon're māzis, Vermax. — Jacaerys murmurou em resposta. “Estamos chegando, Vermax.” — Likiri. — “Fique calmo.”
Vermax apenas balançou a cabeça levemente, como se estivesse cansado das desculpas do garoto.
Jace teve vontade de rir, mas apenas sorriu e fez um carinho rápido nas escamas de seu dragão.
O Velaryon realmente iria voltar para casa, seus pensamentos estavam em sua chegada gloriosa em Dragonstone, em como ele voltaria para casa contando para Rhaenyra, Daemon e Luke como conseguiu todas aquelas Casas para a causa de sua Rainha Legítima.
Mas algo o fez dar meia volta.
As histórias de quando criança invadiram sua mente.
O Conto dá Casa Alyrion.
Jacaerys se recordava de como sempre pedia para Laenor contar a história sobre a Casa Valiriana amaldiçoada. Sua história favorita que o dava arrepios e uma sede por saber mais.
A história era verdade, no entanto.
Entre a Casa Targaryen, a Casa Velaryon e a Casa Celtigar, havia mais uma Casa que havia sobrevivido a queda dá antiga valiria. A Casa Alyrion.
Ela era um Vassalo dá Casa Targaryen, um forte aliado que foi exilado anos depois por Maegor, pela traição de sua esposa, Nymer Alyrion.
Dizem que Visenya Targaryen, a Conquistadora amaldiçoou Nymer e toda a sua Casa.
Com o tempo, a maldição foi esquecida, ninguém mais sabia o que havia acontecido com a Casa, ninguém mais sabia qual foi a maldição jogada sobre a linhagem Alyrion.
Tudo que sabiam era de que ela era amaldiçoada e por isso devia ser exilada.
Depois disso, tudo o que falavam era que a Casa Alyrion permaneceu confinada em sua ilha, ao Leste de Dragonstone, afastada de tudo e todos.
Jace sabia que Daemon e Rhaenyra ficariam furiosos por ele se arriscar.
Mas Jace também sabia que aquilo se tornaria uma guerra em breve, e ele estava disposto a levar a Casa Alyrion para o lado de sua mãe.
O Velaryon soltou um suspiro. De acordo com o mapa que havia decorado mentalmente, ele não deveria estar muito longe da Sede dá Casa Alyrion.
Jacaerys não teve que dizer nenhum comando a Vermax, apenas apertou o apoio de sua sela e assim, o Dragão desceu abaixo das nuvens.
O de cabelos cacheados soltou uma bufada de ar, surpreso com a visão a sua frente.
Era uma ilha cercada por rochas brancas, que escondiam um grande castelo igualmente branco. – pela visão do jovem garoto, só se podia ver as pontas das torres do palácio.
— Viu só? — Jace sussurrou, não sabendo se dizia isso para Vermax ou para si mesmo. — Nós chegamos.
Selyssa suspirou, enquanto se sentia ser afogada por papéis.
A mulher estava tentando se concentrar, mas aquela tarde, algo a deixou inquieta.
Ela não sabia o que era, mas algo a fez ficar inquieta, com uma sensação estranha em seu peito.
A Alyrion bufou e largou sua pena na mesa. Se sentia angustiada.
— Lady Selyssa?
A mulher reprimiu um susto e se virou para a porta, encontrando o guarda ali.
O homem era mais alto que ela e usava uma armadura de ferro, com o elmo tampando todo o seu rosto.
— Sim? — Selyssa murmurou, massageando as têmporas. — Precisa de algo?
— Minha Senhora... Um novo visitante chegou. — O homem respondeu, sua voz carregava incerteza.
Selyssa franziu as sobrancelhas.
— Ótimo, ofereça um abrigo, o dê de comer e mais tarde me tratarei com ele. — A Alyrion sorriu e voltou seu olhar para o papel. Ela tomou a pena em mãos e a passou pela cabeça, pensando. — Tomara que ele seja um ferreiro, nós estamos mesmo precisando de um...
Ouve alguns minutos de silêncio até Selyssa se virar novamente para o guarda, o notando ainda ali.
— O que houve, Sor Ethan? — A mulher de cabelos prateados perguntou.
O homem ajeitou a postura, antes de a responder.
— Ele chegou nas costas de um dragão, Senhora.
Selyssa se levantou rapidamente dá cadeira, de um modo que a madeira se arrastou pelo chão, fazendo um barulho desagradável.
O levantar repentino a trouxe uma leve tontura, fazendo-a se segurar na mesa.
A mulher levantou a mão ao ver o guarda fazer menção de se aproximar.
As tonturas já faziam parte de sua rotina.
As orbes negras da Alyrion se agitaram e ela os voltou até o guarda.
— Como é? — A voz dá mulher saiu esganiçada pela surpresa e pelo ódio.
Ethan engoliu seco.
— O Príncipe deseja uma reunião com a Senhora, Lady Selyssa.
Alyrion riu, desacreditada.
— Ele deseja?! — A mulher fechou seus punhos. — Por que não estou surpresa? Um maldito Targaryen sempre acha que pode mandar em todo mundo, não é?
O guarda não sabia se aquilo deveria ser respondido ou não.
— Me leve até ele, Sor Ethan.
Jacaerys já podia sentir o arrependimento o alcançando.
Vermax havia pousado na ilha com êxito. Os guardas logo foram até ele – com certo alarde – e Jacaerys pediu uma reunião com a Lady Alyrion.
O garoto estranhou o modo como os guardas se entreolharam.
O Velaryon foi levado até uma sala pelos dois homens.
Era um cômodo muito bonito, todo feito de mármore e com pilares de tirar o fôlego.
Sem dúvidas, um dos castelos mais bonitos que o jovem garoto teve a oportunidade de pisar.
— Quando poderei falar com a Lady... — E Jacaerys se interrompeu ao se virar para os guardas.
O mais alto estava com a mão estendida para o Príncipe, um pano branco sobre a palma da mão do guarda.
— O que significa isso? — Jace franziu as sobrancelhas.
— Se deseja falar com nossa Senhora, então não deve a olhar. — Foi a única explicação que teve. — Essas são as condições.
— Por que? — Jacaerys perguntou, mas apenas obteve o silêncio como resposta.
O Velaryon considerou pegar Vermax e sair daquele lugar.
O silêncio estava começando a deixar o ar sinistro, exatamente como as histórias diziam.
Mas... Jace pode ver o lugar – mesmo que por um curto tempo. –, ele havia visto os homens e os recursos.
Rhaenyra não possuía um exército ainda, e aquele poderia ser um bom começo.
Sua mãe precisava daquilo, ele quase podia imaginar o sorriso de orgulho dá mais velha quando Jace contasse como conquistou um exército para sua causa.
O pensamento fez Jacaerys pegar a venda e amarrar sobre seus olhos.
— Ela está vindo, Vossa Graça. — Um dos guardas o informou.
Não demorou muito para Jacaerys ouvir sons de salto bater no chão de mármore, se aproximando.
A porta foi aberta e o som se aproximou ainda, deixando o garoto ansioso.
— Ahn... Lady Alyrion? — O Velaryon chamou, incerto.
Selyssa franziu as sobrancelhas e não o respondeu.
A mulher circulou em volta do mais jovem.
Parecia um rapaz bonito, usava roupas pretas com adornos vermelhos e o símbolo dá Casa Targaryen repousava orgulhosamente sobre o peitoral do garoto.
Ele parecia mais jovem que Selyssa mas tinha um porte físico bom, parecia um homem.
A Alyrion sorriu ao ver ele engolir seco, parecendo ansioso para que ela o respondesse.
— Então você é o Príncipe Targaryen que ousou pousar em minha Casa? — Selyssa murmurou, enquanto o olhava de cima a baixo. — Tenho um acordo com o seu Rei, Viserys não me incomoda e eu não piso em Kingslanding. Esse é o trato, sugiro que saia imediatamente.
— O Rei está morto. — O garoto respondeu.
Selyssa parou.
Jacaerys cutucou um fio solto de sua roupa ao notar o silêncio novamente.
— Minha mãe, Rhaenyra Targaryen é a Rainha agora, mas usurparam o Trono dela.
— Eu não vejo como isso me afeta, garoto. — Selyssa retrucou. — Sua família não é problema meu... — A mulher riu. — Afinal, o que você é exatamente? É mesmo um Príncipe, ou apenas um bastardo Targaryen?
Jacaerys travou o maxilar e mordeu a ponta dá língua.
Pense em sua mãe, pense no sorriso dela ao dizer como conquistou a Casa Alyrion.
— Eu sou Jacaerys Velaryon, filho de Rhaenyra Targaryen e Laenor Velaryon, eu sou o herdeiro do Trono de Ferro. — O garoto respondeu, sua voz soou firme e segura.
Selyssa sorriu de lado.
— Certo... Então, meu Príncipe — O som debochado dá mulher fez Jacaerys se arrepiar. — eu sugiro que volte para a bainha da saia de sua mãe. Não estou interessada em uma guerra, não é problema meu.
O Velaryon se sentiu ansioso. Ele não tinha feito Vermax voar por horas apenas para ouvir um simples e curto "não."
Os passos se distanciaram, a Lady Alyrion estava se afastando dele.
— Como pode ter tanta certeza de que isso não é problema seu? — Jacaerys se atreveu a elevar a voz, apenas o suficiente para fazer a mais velha girar seus calcanhares, se virando para o Príncipe. — Rei Viserys faleceu, não tem mais nenhuma barreira protegendo você e sua casa. O que você acha que os Verdes vão fazer quando descobrirem esse lugar? — O Velaryon não pode ver, mas o rosto de Selyssa se endureceu, começando a entender a situação. — Seus guardas não souberam o que fazer quando eu cheguei aqui com Vermax, aposto que não saberiam o que fazer com Vhagar.
Selyssa soltou um suspiro, ela não se interessava pela história dos Targaryen, mas sabia sobre Vhagar.
Uma Dragão muito grande e que facilmente destruiria sua casa... Tudo o que ela construiu e protegeu.
— Eles não viriam aqui... Todos tem medo de mim e de minha Casa. — A voz da Alyrion vacilou.
— Eles tem medo, e é por isso que tentarão te destruir. — Jace respondeu. — E, acredite em mim... Aemond é mais cruel do que você pode imaginar.
Selyssa ficou em silêncio, presa em um dilema.
Claro que aquela guerra se alastraria pelo Reino, é claro que viria até ela.
Os Targaryen não podiam se destruir em silêncio? A mais velha bateu seu salto no chão.
— E o que você quer? — A Alyrion perguntou, sem qualquer regalia que o Príncipe deveria ser tratado.
Jacaerys pressionou seus lábios, segurando a euforia. Ela estava considerando? Deuses, tomara que sim.
— O apoio dá Casa Alyrion. — O Velaryon respondeu. — Eu pude ver sua Sede, mesmo que por pouco tempo... A Senhora tem homens e espadas, eu gostaria disso para minha mãe, a legítima Rainha.
Selyssa sorriu com a ousadia do garoto.
— Você acha que pode simplesmente chegar em minha Casa, atormentar a minha paz e pedir para que eu lute por uma briga que sua família estúpida fez? — A de cabelos brancos arqueou uma sobrancelha enquanto sua língua destilava seu veneno contra o jovem Príncipe. — Os Targaryen não conseguem limpar sua própria bagunça?
Jacaerys apertou suas mãos, com o claro tom esnobe da mais velha.
A Alyrion suspirou.
— Olhe, como sou uma mulher muito bondosa, lhe convido para repousar em minha Casa... Apenas por essa noite. — As orbes pretas da mulher encararam o garoto. Ele parecia nervoso, ansioso. — Depois do café da manhã, levará sua besta consigo para longe de minha casa... Eu não levarei meus homens para morrer em sua guerra, meu Príncipe.
O Velaryon ouviu passos se afastarem.
— Meus guardas lhe levarão até o aposento onde passará a noite. — A voz doce e levemente venenosa da Lady penetrou os ouvidos atentos de Jacaerys. — Lhe desejo boa noite.
Em um puxão, Jacaerys arrancou a venda de seus olhos.
A visão que teve o fez soltar um longo suspiro.
O vestido era tão branco quanto uma pérola e a calda dele se arrastava pelo chão de mármore, os cabelos prateados – e perfeitamente impecáveis – desciam como cascatas por suas costas, seus cachos eram soltos nas pontas, parecendo ondas do mar.
Ele não viu seu rosto, a porta se fechou antes que Jacaerys pudesse tentar espiar.
Pela vista que teve, o Príncipe quase se permitiu esquecer todas as ofensas que Lady Alyrion jogou sobre ele.
Mas o que ele não podia negar era que, de fato, Selyssa Alyrion tinha uma presença marcante.
Jacaerys sempre foi um garoto muito curioso. Desde pequeno foi assim.
Tinha uma fome por conhecimento, adorava aprender e descobrir coisas novas.
E se não o fazia, então se encontrava em um grande mar de ansiedade.
E era exatamente o que estava acontecendo.
O Velaryon se revirou na cama, enquanto deixava a ansiedade lhe corroer de dentro pra fora.
Ele estava no centro de sua história favorita e simplesmente estava sendo mandado embora no dia seguinte?
O garoto se sentou na cama.
Jacaerys apertou seus olhos, observando seu quarto. Era um quarto bonito, bem cuidado.
Não parecia ser habitado a muito tempo, embora parecesse que ele era limpo com frequência.
O Velaryon também não pode deixar de notar como a arquitetura da Casa Alyrion era diferente de Dragonstone e da Fortaleza Vermelha.
Parecia mais com os desenhos – muito escassos – dos livros antigos sobre a velha Valiria. Era encantador.
Jace se levantou dá cama, calçou seus sapatos e tomou um candelabro em suas mãos.
Seus pés o guiaram para fora do quarto. É claro que ele não conseguiria fechar seus olhos e encontrar a paz do sono, não enquanto pudesse ter a oportunidade de explorar a Casa de sua história favorita.
Se sentia uma criança novamente, enquanto perambulava pelos corredores.
Mal podia conter a euforia enquanto subia – quase saltitando – as escadas.
Os corredores eram majestosos. Uma verdadeira obra de arte.
Eram repletos de arte e riqueza, inúmeras estatuas enfeitavam o lugar, sem contar os pilares. Mesmo com pouca luminosidade, o lugar não deixava de possuir encanto.
Os olhos castanhos do Príncipe foram até o final do corredor, onde uma porta chamou sua atenção, sendo diferentes de todas as outras.
Era uma grande porta, o arco que a envolvia era redondo e branco, a madeira era clara e maciça e a maçaneta era em formato de estrela.
Jacaerys não soube exatamente quando começou a andar, apenas notou quando estava parado em frente a porta.
Tudo nela era chamativo e cativante.
O Velaryon já estava sendo expulso do lugar, para nunca mais voltar... Quando ele teria outra oportunidade?
Hesitantemente, a mão do garoto foi até a maçaneta, a girando com cautela, abrindo a porta.
O Velaryon soltou um longo suspiro assim que seus olhos viram o interior do cômodo.
A sala era grande e, assim como todo o castelo, majestosa.
Havia muitas estantes com muitos livros nas paredes, o teto era redondo e feito de vidro – o que permitia que a sala fosse iluminada pelas estrelas –, a sala era em formato oval e no centro da mesa, possuía uma mesa de madeira, com alguns livros empilhados nela, e alguns frascos coloridos.
O lugar era lindo. Jacaerys nunca viu nada parecido.
O garoto entrou no cômodo e fechou a porta atrás de si.
Assim que entrou, reparou que a sala parecia muito maior, vendo uma escada em aspiral para um segundo andar, onde parecia levar a mais livros.
Seus olhos castanhos pararam na mesa do centro do lugar.
Com a curiosidade correndo por suas veias, Jacaerys caminhou até ela.
Ele folheou os livros com cuidado, não querendo deixar nada fora do lugar.
Alguns livros tinham conteúdo sobre estrelas, outros sobre propriedades curandeiras das plantas e alguns sobre histórias da antiga Valiria.
Jacaerys nunca viu nenhum daqueles livros antes, o que parecia atiçar ainda mais sua ansiedade.
Se sentiu ansioso para ler todos aqueles livros.
Deuses... Será que é possível ler tudo em uma noite? O pensamento fez o garoto segurar uma risada.
Suas mãos foram até os frascos de vidro coloridos.
Azul... Rosa... Laranja... E várias outras cores.
Ele pegou o frasco azul, o analisando. Confuso e curioso sobre o que era aquilo.
O Velaryon deu um passo para trás, esbarrando na mesa.
Seus olhos se arregalaram ao ouvir o baque de um livro pesado caindo no chão.
Ele rapidamente soltou o frasco na mesa – o colocando no mesmo lugar – e abaixando para pegar o livro.
O garoto prendeu a respiração ao ouvir passos se aproximando da... Porta? Como alguém conseguiu chegar tão rápido?
— Droga! — Jacaerys sussurrou baixinho, antes de correr pela sala, se escondendo atrás da mesa.
Ele pode ouvir a porta se abrir, o que fez com que ele colocasse sua mão na boca.
Se não estivesse tão nervoso, teria rido sobre como estava com o livro – que havia derrubado – ainda em mãos.
Selyssa coçou seus olhos, tentando se despertar, enquanto fechava a porta.
Estava de mal humor, claro. Alguma coisa havia estragado sua bela noite de sono.
— Quem está aí? — A Alyrion perguntou.
Jacaerys apertou seus olhos. Era óbvio que seria ela que o pegaria no flagra bisbilhotando, óbvio.
— Saia de onde estiver, agora. É uma ordem. — A Lady continuou.
Não havia como o Príncipe sair dali sem ser visto, a mesa era no centro da sala e, para qualquer lugar que ele tentasse fugir, a mulher certamente o veria.
Que bela impressão, Jace. O Velaryon teve vontade de se estapear.
Lentamente, o garoto se levantou, se revelando.
Selyssa arqueou uma sobrancelha, enquanto Jacaerys não se permitiu a encarar, como foi instruído assim que pousou no lugar.
— Você estava mexendo nas minhas coisas?!
— Eu... — Jacaerys sentiu suas bochechas esquentarem. — Eu sinto muito! Eu só estava muito curioso... Claro que isso não é desculpa, claro que não. — O garoto colocou o livro na mesa rapidamente e assim, colocou suas mãos atrás de seu corpo. — O sono não me atingiu, milady. E sua casa é tão maravilhosa que eu não me contive em...
— Não consegue dormir? — Selyssa o interrompeu.
Jacaerys pressionou os lábios.
— Não, senhora. — O Velaryon respondeu, baixo.
A Alyrion o encarou em silêncio, enquanto suavizava suas expressões.
Ela o observou, com cautela. O garoto usava uma túnica de dormir branca, o laço do peito estava parcialmente aberto, seus cachos castanhos emolduravam seu rosto, e quase o escondiam também. A mais velha teve um vislumbre de bochechas coradas e bocas mordidas.
Selyssa apertou suas mãos, sentindo algo estranho em seu coração.
A mulher caminhou até ele, ficando do outro lado da mesa.
— Por que está tão curioso sobre esse lugar, meu Príncipe? — A de cabelos prateados decidiu quebrar o silêncio.
— Quando eu era criança, minha história favorita era a dá Casa Alyrion... — Jacaerys murmurou, sentindo a grande tentação de encarar o rosto da mulher. — Eu gostava do mistério e dos arrepios que ela me dava. — O Velaryon ouviu Selyssa soltar uma risada anasalada, claramente sarcástica. — O que estou tentando dizer é que sou um... Admirador, minha Lady.
A Alyrion riu baixo.
O coração do garoto errou uma batida com o som. Foi uma risada baixa e curta, mas Jacaerys não pode evitar de pensar que gostaria que ela risse novamente. E que ela fizesse isso para ele.
— Um Targaryen admirando minha Casa? — A mulher negou levemente, tentando segurar um sorriso em seus lábios. — Não sei se posso dizer que acredito nisso.
— É a verdade. — O garoto continuou. — Eu conheço tudo sobre a Casa Alyrion... Acho fascinante.
— Acha fascinante o fato de seus familiares terem destruído minha Casa? — E franziu as sobrancelhas.
O garoto engoliu seco e negou rapidamente.
— Não, não, claro que não. — Ele se apressou a dizer. — Eu só... Eu gosto da história. Digo, não! É horrível o que aconteceu, e eu sinto muito por sua Casa, eu não quero lhe ofender.
Ele não viu, mas as palavras nervosas do príncipe tiraram um pequeno sorriso dos lábios da mais velha.
A mulher não o respondeu, apenas se afastou levemente.
Jacaerys observou sua camisola arrastar pelo chão, enquanto ela se dirigia até às escadas.
O Velaryon franziu as sobrancelhas, confuso. Pensou em sair correndo, mas seus pés pareciam pesados demais para se mover então, escolheu esperar.
Selyssa não demorou muito para voltar.
Suas mãos agora estavam ocupadas. A mão direita segurava duas flores de lavanda e a mão esquerda equilibrava uma chaleira de ferro.
A mulher colocou tudo em cima da mesa, chamando a atenção do garoto.
— O que é isso? — Jacaerys perguntou, enquanto suas sobrancelhas se juntaram em confusão.
A Alyrion não o respondeu, apenas deixou as flores na mesa e pegou a chaleira novamente.
— Acenda a lareira. — Foi o que a mulher o respondeu, enquanto lhe dava as costas.
Jacaerys pareceu mais confuso ainda – se é que isso era possível – mas acatou o pedido.
Os olhos castanhos do Príncipe circularam o local, achando com facilidade a lareira, bem ao lado de alguns pedaços de madeira cortados.
Ele foi rápido em acender a fogueira, usando a lareira o atiçador para manter o fogo acesso.
O Velaryon espiou pelo canto do olho, observando a Lady Alyrion de costas, enquanto parecia encher a chaleira com água.
Selyssa se virou, bem a tempo de ver o garoto se endireitar, voltando seu olhar para frente.
A Alyrion caminhou até ele, enquanto colocava a chaleira rente ao fogo.
— O que acha que sabe sobre minha Casa? — A mulher perguntou.
Novamente, Jacaerys desejou a olhar nos olhos, mas se conteve.
— O brasão de sua Casa é um lírio, o que significa pureza... — Ele não pode evitar de sorrir. Falar sobre o seu assunto favorito causava esse efeito no mais novo. — Vocês são uma Casa da antiga Valiria, e são conhecidos por serem muito reclusos.
— Não tivemos muita escolha quanto a ser reclusos. — A Alyrion respondeu e pela primeira vez, Jacaerys não sentiu o tom sarcástico da mesma... Talvez, melancólico, mas não sarcástico. — Nós não podíamos sair de nossa Sede, sua família criou uma reputação para os Alyrion.
— Sinto muito.
— ... É só isso que sabe? — Selyssa desconversou, seu tom saiu brincalhão.
Definitivamente, era engraçado como um Targaryen se interessava em sua família.
— Eu sei apenas o que pude estudar... As informações de sua Casa são muito escassas, e a maioria são proibidas. — Jacaerys bufou levemente. — A senhora não sabe quantas vezes tive que pegar escondido os livros que contavam a história da sua Casa!
— Senhora? — A mulher riu, enquanto se virava para ir até a mesa do centro da sala, se afastando do garoto. — Quantos anos acha que eu tenho?
Jacaerys franziu as sobrancelhas e negou levemente.
— Eu sou esperto o suficiente para não responder essa pergunta. — O Velaryon respondeu, enquanto se forçava a encarar seus pés.
Selyssa sorriu, enquanto separava as pétalas de lavanda em uma xícara branca.
— Quantos anos você tem, vossa Graça?
— Dezoito. — Jacaerys respondeu. — E... E você, milady?
— Tenho vinte e oito, garoto. — A Alyrion respondeu.
Jacaerys sorriu.
Sorriu porque estava conseguindo manter uma conversa com a mulher. Talvez... Só talvez, ele pudesse a convencer a ficar mais um tempo e, quem sabe, conseguir seu apoio para a sua causa.
— Traga a água até aqui. — Selyssa pediu.
O Velaryon o fez rapidamente.
Novamente, a sala foi preenchida por um silêncio, mas dessa vez, um confortável.
Os olhos de Jacaerys observaram com curiosidade as mãos pálidas da Lady Alyrion preparar uma espécie de poção.
Ela preparou tudo com maestria e logo, estendeu uma xícara na direção do garoto.
— O que...
— Chá de lavanda. — Selyssa o interrompeu. — Isso ajudará você a dormir.
Jacaerys sorriu, enquanto respirava fundo, apreciando o cheirinho calmante de lavanda.
O garoto estendeu a mão para pegar a xícara
— Obrigado. — O Velaryon respondeu, grato.
Por alguns segundos, seus dedos se roçaram ao passar da xícara para as mãos do mais novo.
Jacaerys notou como o toque dela era gelado, porém aveludado e reconfortante.
A mais velha parece ter notado o toque repentino, pois sua mão rapidamente se afastou, descansando ao lado de seu corpo.
O Velaryon segurou a xícara com as duas mãos, porque por um momento pensou que elas tremeriam, por algum motivo.
Ele tomou o chá, apreciando o modo como o líquido esquentava sua garganta.
Selyssa aproveitou a distração do garoto para o observá-lo melhor.
Ele era bonito. Talvez bonito demais. Definitivamente bonito demais para um Targaryen.
Por que ele estava ali? A Alyrion pensou, enquanto o observava segurar a xícara com as mãos levemente trêmulas.
Havia outras Casas que ele poderia tomar como aliado.
Baratheon, Greyjoy, Lannister ou qualquer outra Casa estúpida.
Por que ele estava ali?
Selyssa não havia dragões, ela nunca havia visto um, em toda a sua vida. Sim, a Casa Alyrion já teve dragões, grandes dragões... Mas apenas na época dos Conquistadores, a séculos atrás.
Tudo que tinha era sangue valiriano e... Não o dos melhores.
O Velaryon terminou de beber toda a infusão e colocou a xícara na mesa, o pequeno barulho fez a mais velha despertar de seus pensamentos.
— Venha, levarei você aos seus aposentos. — A mulher disse, antes de o dar as costas.
Jacaerys permitiu que seus olhos passassem vagarosamente pelas costas da mulher, descendo até a cauda de seu robe, que arrastava graciosamente pelo chão.
Seus pés se movaram, caminhando logo atrás dela.
O trajeto até o quarto do mais novo foi silencioso, tudo que se podia ouvir era os barulhos dos passos de ambos.
A noite, aquele castelo parecia mais silencioso do que nunca.
Jacaerys quase riu, pensando que se seus irmãos estivessem presentes, aquilo já teria virado uma bagunça, uma boa bagunça.
Ele sorriu com a memória de sua infância, onde corria com Luke e um pequeno Joff – que tentava os acompanhar com suas pequenas perninhas – pelos corredores de Dragonstone.
Eles amariam esse castelo, Jace pensou. Joffrey correria pelos corredores como uma criança arteira que ele era e Lucerys estaria ansioso para pintar alguma paisagem da Sede daaquela Casa.
Era uma pena que eles nunca conheceriam aquele lugar.
Selyssa parou de andar e só naquele momento, Jacaerys notou que eles haviam chegado em seus aposentos.
O garoto – que ainda estava de cabeça abaixada – a deu as costas e abriu a porta do quarto, encontrando apenas a escuridão do cômodo, enquanto pensava se deveria a desejar uma boa noite ou não.
— Por que você está aqui? — A pergunta repentina fez o mais novo parar na metade do caminho.
Ainda de costas, o garoto franziu as sobrancelhas com a pergunta.
— Você poderia ter qualquer outra Casa como aliada. — A Alyrion continuou, enquanto encarava as costas do Velaryon. — Qualquer uma, então... Por que está aqui?
Jacaerys umedeceu os lábios.
Curiosidade? Ele também não sabia a resposta, na verdade.
Jace estava indo para casa, depois de uma longa viagem, quando de repente, deu meia volta com Vermax, o levando para a Sede dos Alyrion.
Ele deveria estar em Dragonstone agora, mas não estava e não sabia exatamente o por que.
Foi como se uma força maior tivesse o puxado para aquele lugar.
Jace mordiscou o lábio, sentindo suas costas arderem pelo o olhar – que ele imaginava ou, esperava – da mais velha sobre ele.
— Eu posso te contar amanhã, se me deixar ficar aqui e, quem sabe... Considerar a minha proposta? — Jacaerys perguntou, incerto.
Claro, ele não se atreveu a olhar para trás, querendo respeitar a regra sobre não a encará-la – mesmo que a curiosidade estivesse o comendo vivo.
Infelizmente, ele não viu o meio sorriso que se espreitou pelos lábios da mais velha.
Garoto esperto, a mulher quase revirou os olhos com o pensamento.
— Então você me contará amanhã. — A Alyrion respondeu, mantendo a voz séria.
Ela não viu o modo como Jacaerys sorriu para si mesmo.
— Mas isso não quer dizer que eu aceito sua proposta. — Selyssa continuou.
— Tudo bem. — O mais novo respondeu.
A Lady da Casa Amaldiçoada arqueou uma sobrancelha, antes de suspirar.
— Boa noite, Vossa Graça. — A mulher murmurou, antes de o dar as costas e o seguir pelo corredor.
— Boa noite, milady. — O garoto murmurou de volta, antes de entrar no quarto.
Jacaerys se encostou na porta.
Ele definitivamente sonharia com ela.
Espero que tenham gostado do capítulo, eu sei que eu demorei uma eternidade pra postar mas💞💞💞
ta aqui ne
POR FAVOR, comentem e votem !! isso engaja a fanfic
até <3
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro