Zayn P.O.V

Eu sempre observava Wendy entrando e saindo daquele edifício chique que só pessoas com uma boa postura e bem arrumadas frequentavam. Eu sempre quis ser uma dessas pessoas, mas eu não tive sorte na vida como elas. Eu não havia nascido em um berço de ouro, nem era filhinho de papai. A vida não havia sido generosa comigo em muito pontos, mas quanto a me dar uma mãe, ela foi. Minha mãe sempre fez de tudo por mim, sempre batalhou muito para me dar uma vida digna, mesmo que nem sempre tivesse êxito. Agora que eu já era crescido, minha meta era única e exclusivamente retribuir tudo que ela já fez por mim um dia. E para que eu conseguisse me reerguer como pessoa, tanto no mercado de trabalho, quanto na vida social, eu precisava me relacionar com pessoas do nível que eu pretendia alcançar. E era isso que eu estava fazendo agora.

Antes de ir até a pracinha me encontrar com Wendy, passei na floricultura onde eu trabalhava e pedi uma flor para meu chefe. Ele era um homem de bem e me tratava como se eu fosse seu filho. Definitivamente, eu nunca esqueceria do emprego que ele me deu com todo o seu coração, ajudando não só a mim, mas à minha mãe também.

Faltavam ainda alguns minutos para que batessem seis horas, mas de longe eu já havia visto a silhueta de Wendy. Ela observava algumas crianças correndo entre as árvores e às vezes olhava para os lados como se procurasse alguém. Ela estava de costas, então tive a ideia de ir em sua direção e a surpreender tampando seus olhos com uma de minhas mãos. Assim que o fiz, pude sentir seu corpo tremer e vê-la virar de frente para o meu.

— Você me assustou... — parou de falar assim que viu o que eu segurava. — É para mim? — perguntou, assenti, e um sorriso radiante se abriu em seu rosto. — Não precisava, Zayn. — disse cheirando a rosa com satisfação.

— Você tem um sorriso lindo que aparece em seu rosto toda vez que você recebe uma dessas, e eu quero poder vê-lo sempre que possível. — minhas palavras pareceram soar como música para seus ouvidos.

Nos sentamos em um banco de madeira, aqueles típicos de praça, e nos encaramos.

— Que tal você começar me contando como conheceu meus amigos? — ela sugeriu.

— Bom, como Louis já disse, eu era seu vizinho. Me mudei para a casa ao lado da sua assim que minha mãe se casou com meu ex-padrasto. — contei respondendo à sua dúvida.

— Ex-padrasto? — ela pareceu curiosa e perguntou querendo mais detalhes.

— Sim, eles se separaram já fazem alguns anos. — respondi.

— E seu pai? Vocês se veem? — se aprofundou no assunto fazendo com que eu me endireitasse no banco, me sentindo levemente desconfortável.

Se eu queria que Wendy confiasse em mim e que nossa relação se desenvolvesse, ela precisava saber mais sobre a minha vida, e eu não poderia ficar simplesmente fugindo de suas perguntas. Era preciso que elas fossem respondidas, mesmo que no fundo eu não quisesse.

— Na verdade, não. Ele morreu de derrame à muitos anos atrás, e é por isso que minha mãe é tão importante para mim e eu tenho um carinho tão grande por ela. Foi ela quem me criou, quem fez minha vida acontecer.

— Eu sinto muito pelo seu pai, Zayn. Eu não imaginava, senão eu nem perguntaria. — ela disse tentando se desculpar.

— Tudo bem, Wendy. Não se sinta culpada pela pergunta, é algo que aconteceu, não posso simplesmente ignorar esse fato. Sabe, ele era muito teimoso, então nunca tomava os remédios que os médicos mandavam. — falei como se tentasse justificar a perda.

— Você é tão maduro. Se todos fossem como você... — deixou no ar.

— Não é como se eu fosse perfeito, eu não sei nadar por exemplo. — falei fazendo Wendy rir alto.

— Como você não sabe nadar? É algo tão básico e tão essencial para a vida. — ela falava surpresa com o que eu havia contado.

— Talvez você possa me ensinar, então. — sugeri sorrindo de canto.

— Posso pensar no seu caso. — se fez de difícil.

Fiquei um tempo a encarando, o tempo suficiente para ela virar o rosto envergonhada, me fazendo rir de leve. Segurei seu queixo o virando em minha direção.

— Eu queria tanto te beijar agora. — falei baixinho e vi seu olhar ganhar intensidade.

— Cuidado com o que você deseja. — Wendy me alertou.

— Por quê? — perguntei um pouco confuso.

— Porque pode se tornar realidade. — disse por fim e selou nossos lábios logo em seguida.

A última coisa que eu esperava era que Wendy fosse tomar aquela atitude. Dava para ver que ela era uma mulher decidida, confiante e que gostava de ter controle sobre a situação. Eu soube disso quando minha mão tentou ir para um lugar mais proibido, mas fui impedido por ela. Era como se ela acabasse de ter me dito "Tudo ao seu tempo". Suas atitudes eram marcadas por muita certeza, e aquilo era totalmente excitante. Mesmo que às vezes Wendy fizesse aquela cara de menininha tímida, ela não era, e cada vez mais aquilo ficava claro em minha mente.

— Eu não esperava por isso. — falei assim que nos separamos.

— Por isso eu gosto do futuro. Mesmo sendo um tempo totalmente incerto, se você souber lidar com ele fazendo as escolhas certas, você pode domá-lo e ter total controle de tudo. — Wendy disse, me deixando impressionado como ela sabia bem escolher as palavras com as quais se expressar.

— E se eu te beijar de novo? Vou estar fazendo a escolha certa? — provoquei a mulher em minha frente.

— Quer descobrir? — falou sugestiva.

Wendy P.O.V

Meu dia não poderia ter sido mais incrível. Confesso que eu estava com medo de que no momento em que nós nos encontrássemos, não soubéssemos sobre o que falar, ou sobre o que fazer em seguida. Mas pelo jeito aquela fase da minha vida havia ficado no passado, mais precisamente enterrada junto com a minha adolescência que não voltaria mais.

Chegando em casa, troquei a flor murcha pela nova que eu havia ganhado do moreno. Zayn era tão maravilhoso que nem parecia ser real. E por um momento tive medo de que não fosse, medo de que tudo não passasse apenas de uma ilusão.

N: Fiquei mto satisfeita com o capítulo de hoje, espero mesmo que vcs gostem. Sobre atualizar todos os dias (ou quase), vcs gostariam que eu mantivesse nesse esquema?