28. Um motivo para chorar
Zayn P.O.V
Eu estava super ocupado com a bagunça que meu chefe havia feito tentando achar um papel, que ele dizia ser muito importante, quando Wendy ligou super animada, dizendo que tinha uma novidade para me contar.
Nas últimas semanas, eu havia sentido que eu estava realmente me apegando à ela e eu estava muito feliz com tudo o que estava acontecendo. Nosso relacionamento dando certo, sem mais mentiras, apenas muito amor, carinho e sexo, obviamente. Eu poderia ficar duro só de imaginar ela em cima de mim como na noite anterior. Tratei de tentar afastar aqueles pensamentos da minha cabeça antes que a barraca armasse.
Aproveitei que não tinha nenhum cliente na loja e fui para dentro ver porque o meu chefe estava demorando tanto para voltar.
— Sr. Calvin, porque você... Sr. Calvin! — gritei assim que vi o velho no chão, aparentemente desacordado. — O que aconteceu com o Senhor? — murmurei passando a mão em seu rosto, arrumando alguns fios fora do lugar.
Desesperado, liguei para a emergência e expliquei o ocorrido. Uma ambulância foi enviada ao local o que me fez tranquilizar um pouco. Enquanto a ajuda não chegava, eu observava o velho no chão com medo do que aconteceria logo em seguida. Aproximei minha mão até seu nariz e então meus olhos lacrimejaram percebendo o que estava acontecendo. Não senti nenhum ar quente bater contra minha pele, o que confirmava o que eu mais temia no momento.
Assim que a ajuda chegou, eu tratei de me recompor.
— Você é parente dele? — uma mulher me perguntou.
Enquanto isso, três outros funcionários levantavam o homem sem vida para levá-lo para a ambulância, mas eu duvidei que eles conseguissem reverter a situação.
— O senhor me ouviu? — a mesma mulher chamou minha atenção.
— Sim, não sou parente dele.
— Tem contato com alguém que seja? — perguntou anotando algumas informações em umas folhas que segurava.
— Também não, mas deve ter algum número em seu celular, se quiser que eu te entregue ele. — ofereci.
— Por favor. — ela aceitou de bom grado.
Entrei no local onde Calvin se encontrava antes e procurei pelo seu aparelho. Meu olhar passou pelo chão rapidamente e depois voltou. Me abaixei e vi seu celular com um rachado recente na tela e uma folha que parecia ser uma conta para pagar. Voltei para a parte principal da loja e a mesma mulher de antes veio em minha direção.
— Infelizmente ele não resistiu. Eu sinto muito. — me falou colocando a mão em meu ombro.
Fiquei paralisado por alguns segundos até que sua voz se fizesse presente de novo.
— O médico responsável por ele está achando que foi infarto fulminante, você sabe de algum motivo que o desestabilizou psicologicamente? Algum estresse recente?
Entreguei os dois objetos para a mulher que pegou e começou a analisar-los.
— Ele por acaso estava com problemas financeiros? — perguntou assim que percebeu do que o papel se tratava, e eu assenti.
A equipe médica foi embora e eu me vi sozinho. Eu não estava em condições de atender ninguém, então tranquei a porta principal e desliguei as luzes para parecer que a loja estava fechada. Me sentei no chão frio sem saber o que fazer da minha vida. Eu sabia que o Sr. Calvin tinha filhos, mas não sabia se eles apareceriam para fazer um enterro digno. A loja ficaria para eles e provavelmente seria vendida, o que resultaria no meu desemprego. Antes daquilo estava tudo indo muito bem para ser verdade.
Devo ter ficado horas sentado na mesma posição porque minha boca estava seca, mas fome eu não sentia, eu não seria capaz de sentir depois de ver a cena que não deixava a minha cabeça nem por um segundo.
Batidas na porta de vidro me assustaram e meus olhos se arregalaram. Olhei para porta vendo um rosto conhecido. Era o de Wendy. Levantei, sentindo câimbra por todo o meu corpo. Fiz uma feição de dor, mas tentei controlá-la e apenas suportar o incomodo.
— Zayn? Porque a loja está fechada? — Wendy disse, entrando no local escuro.
Eu nem ao menos sabia como explicar para ela sem sentir vontade de chorar, e ela percebeu que tinha algo acontecendo.
— Você está bem? O que aconteceu? — mais uma vez não respondi e fui abraçado. — Tudo bem, você não precisa falar se não quiser. — murmurou enquanto passava os dedos pelos fios do meu cabelo fazendo um carinho consolador.
— O Sr. Calvin infartou hoje mais cedo. — minha voz saiu fraca.
— Eu sinto muito. — se afastou um pouco de mim para que pudesse olhar meu rosto. — Quer que eu te leve para casa? — assenti com a cabeça.
Ela pegou minha mão e abriu a porta para saírmos, mas antes peguei a chave de dentro para deixar a loja trancada por fora.
Fomos até seu carro de mãos dadas e ela apenas a soltou para entramos no carro, colocarmos o cinto e dar partida. Logo depois, entrelaçou nossos dedos novamente.
Expliquei o caminho para ela que parou o carro assim que avistei minha pequena casa.
— Quer entrar? — perguntei antes que ela pudesse se despedir.
— Você quer que eu entre?
— Quero. — vi ela sorrir minimamente com a minha resposta.
Saímos do carro, indo para a porta da minha casa. Depois de tocar a campainha, minha mãe apareceu na porta sorridente.
— Oi, filho! — me abraçou e mais uma vez me vi fazendo um esforço para que as lágrimas não escapassem. — Você deve ser a Wendy, certo? — cumprimentou minha namorada assim que ela assentiu.
Entramos e Trisha me olhou parecendo só então naquele momento perceber o meu estado.
— O que aconteceu? Você está tão abatido. — segurou meu rosto em suas mãos como se quisesse me analisar.
Droga, não tinha como esconder, eu teria que conta-lá.
— O Sr. Calvin faleceu. — falei baixo não querendo acreditar nas minhas próprias palavras.
— O que disse? — minha mãe pareceu chocada.
— Não confirmaram ainda, mas parece que foi infarto fulminante. Quando é assim, a pessoa não tem muitas chances de sair viva porque acontece tudo muito rápido. Talvez se eu tivesse checado como ele estava a tempo...
— A culpa não foi sua, Zayn, você não teria como impedir uma morte súbita. — Wendy falou.
— Eu nem sei o que dizer. Ele era tão importante para nós. — minha mãe parecia tão triste quanto eu.
— Eu... vou tomar um banho. Eu não sei se você vai querer ficar e... — me referi a Wendy.
— Eu vou passar a noite com você, Zayn, se a Sr. Malik não se importar, é claro.
— Pode me chamar de Trisha, Wendy, e claro que não me importo. Vou pegar algumas roupas para você se trocar e já volto. — saiu e eu sorri para Wendy antes de fazer o mesmo.
Não preciso nem dizer o que aconteceu assim que entrei no banheiro e me tranquei. As lágrimas caíram sem piedade nenhuma, e agora eu tentava segurar os soluços que coçavam a minha garganta para sair.
Calvin não era apenas meu chefe, ele era como um pai para mim, e a sensação que me preenchia no momento era de uma tristeza incurável. Pela segunda vez na minha vida eu estava passando por aquilo.
Lembranças do meu verdadeiro pai inundaram minha cabeça, e me permiti chorar por aquele motivo também. Aquela saudade nunca acabaria.
Me olhei no espelho e vi que a derrota tinha um rosto, e era o meu.
Tirei minhas roupas e fui para debaixo da água que o chuveiro liberava. Tomei um banho quente esperando que ele pudesse aquecer meu coração e curar minha dor.
Meus olhos estavam vermelhos, mas resolvi ignorar e me enrolei na toalha para ir até meu quarto.
Assim que entrei, vi Wendy sentada na minha cama com o pensamento longe.
— Você vai trabalhar amanhã? — ouvi sua voz enquanto eu estava de costas para ela, mexendo no meu armário a procura de alguma roupa.
— Eu não conseguiria.
Deixei a toalha cair ignorando o fato de que Wendy provavelmente tinha os olhos em mim.
— O que vai acontecer com a loja? — continuou me fazendo perguntas.
— Eu não faço ideia. — respondi enquanto eu me vestia. — E você? Vai trabalhar amanhã? — fechei meu armário e fui em sua direção, me sentando na cama também.
— Infelizmente eu sou obrigada, ainda mais agora. — lamentou.
— Como assim ainda mais agora? — franzi a testa sem entender.
— É o que eu pretendia te contar. Eu fui promovida. — disse esperando minha reação.
— Amor, isso é ótimo. — falei e ela pareceu surpresa com as minhas palavras. — O que foi?
— Você me chamou de amor.
— Chamei? Eu nem percebi. — cocei a cabeça tentando lembrar se eu realmente havia dito aquilo.
E então ela apenas sorriu vendo meu constrangimento e segurou meu rosto para me beijar. Aquilo era muito bom e eu definitivamente não conseguia mais me ver sem seus toques.
N: Não sei se o capítulo ta bom mas ta maiorzinho então espero que gostem. Queria agradecer mais uma vez quem acompanha a fic, é muito importante vcs interagirem cmg e com a história sz
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