CAPÍTULO 04.
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IMITAÇÕES (nem um pouco) IGUAIS
ELES NÃO VOLTARAM ao normal naquele dia. Nem no seguinte. E nem quando foram liberados para sair da ala hospitalar.
━ Eu não entendo ━ Afrodite sussurrava, ainda como James, para o verdadeiro Potter. ━ Já devíamos ter voltado ao normal. Eu quero meu corpo de volta!
James concordou a contragosto ━ nos últimos dois dias, ele reparou que não gostava quando Afrodite estava certa; ela ficava tão convencida.
Mas aquela era uma afirmação que ele teria de concordar de um jeito ou de outro. Na tarde do dia anterior, o Potter acertou o seu limite de esquisitice quando teve que usar o banheiro, e naquela manhã quando acordou se perguntara como as mulheres aguentavam usar calcinha ━ por Merlin, que negócio ruim! Ficava entrando em sua bunda e dando coceira. James só queria suas adoráveis e confortáveis cuecas de volta.
━ O que vamos fazer? Se isso fosse uma pegadinha de Almofadinhas ele já teria entrado pelas portas rindo ━ Afirmou. Afrodite perguntaria outra hora sobre o apelido que Potter chamava o amigo.
Afrodite pensou. Se não era poção polisuco, o que poderia ser? Ela tinha certeza de que não era uma metamorfa, e durante o duelo lembrava-se de não ter usado nenhuma azaração que teria modificado a aparência de seu oponente por completo ━ o mesmo para James.
Então percebeu.
━ Potter, acho que trocamos de corpo.
━ O que?
Afrodite levantou-se, arrumando o óculos que descobriu que precisava usar sempre agora.
━ Batemos a cabeça, provavelmente o feitiço deve ter feito alguma coisa na hora ━ Sentia-se orgulhosa de ter levantado essa hipótese.
━ Você é louca.
Ele recebeu um tapa no braço e ela o mandou calar a boca.
━ Temos que descobrir como isso aconteceu e reverter, e se você não vai dar sugestões, prefiro acreditar na minha teoria.
━ Mas temos que voltar para as comunais, como vamos explicar que, aparentemente você, que na verdade sou eu, está em outra casa?
Afrodite pensou. Quantas vezes na vida ela esteve no corpo de outra pessoa? Ela não tinha ideia do que fazer numa situação dessas.
━ Teremos que nos disfarçar.
━ Disfarçar?
━ É, você é eu e eu sou você. Pelo menos até arrumarmos isso.
James considerou.
━ Mas eu não sei nada sobre você...
━ Você aprende.
━ Eu não quero aprender nada sobre você, sem querer ofender. Essa "troca de corpos" não significa nada, tá? Meu coração é de Lily Evans, sei que é difícil aceitar, e não quero quebrar seu coração, mas...
Que raios ele estava falando!?
James Potter se achava tanto o dono da razão e mundo que era tão difícil enxergar algo além dele? Afrodite sentiu vontade de o sacudir e fazer com que aprendesse que ele não era o centro do universo, e faria isso se não fosse pela interrupção que tão agradavelmente tiveram na conversa.
Três gritos e vultos passaram pela porta da enfermaria, trazendo alvoroço para dentro.
━ VAMOS LÁ AFRO... ━ A voz da menina se calou quando viu que tinha mais uma pessoa ali. ━ Olha, é o gato Potter.
Afrodite fingiu que não ouvira isso, por outro lado, James imitou perfeitamente bem seu sorriso arrogante e convencido, mesmo com o rosto dela.
━ Não gato. ━ Corrigiu um garoto loiro. Imediatamente James fechou a cara.
━ Não vamos sair daqui?
━ Oh, não, não, agora você vai nos apresentar ao seu amigo.
James ficou nervoso, como iria apresentar pessoas que nem conhecia? Afrodite, por outro lado, parecia estar vendo um programa de comédia trouxa. Vai lá, sabichão.
Se tinha algo de engraçado nessa situação ridícula e tenebrosa em que estavam, era isso.
━ Bem, A-James, essa é... ãhn...
━ Felicity. E vou fingir que você não travou na hora de apresentar sua melhor amiga.
Ele apenas sorriu, e deixou a palavra para os outros dois garotos ━ afinal, era ele que precisava os conhecer.
━ Steve, e esse é Jordan ━ Apontou para o amigo que não sabia apreciar sua beleza.
━ Prazer.
Felicity se balançou no lugar, mordendo o lábio.
━ Então, vamos?
━ Sim, sim, tchau James ━ O verdadeiro James acenou para Afrodite, ansioso e saindo rápido do lugar com seus novos amigos no encalço.
━ Afrodite? A comunal é por aqui.
James deu meia volta, forçando um riso. Esperava que a comunal da Lufa Lufa fosse mesmo uma floresta como alguns descreviam pelos corredores; cheia de plantas e flores, sol e romãs, praticamente um céu. James gostava do paraíso.
Mas sua imaginação desapareceu quando pararam em frente a barris, depois de andar por dez minutos. Nunca conheceu nenhuma comunal, e os sonserinos costumavam zombar que viviam no lago. Estava ansioso, porém confuso com o que Steve estava fazendo, com Felicity e Jordan afastados.
Estava batendo no barril. E de repente ele se abriu.
Felicity suspirou aliviada.
━ Sabe, depois desses anos todos, ainda fico impressionado pela confiança que vocês tem em mim.
━ Não vou me desculpar por não querer tomar um banho de vinagre, Steve ━ Jordan rapidamente estava entrando no túnel. ━ E não diga que sabe o ritmo. Acha que não senti seu cheiro de vinagre na semana passada?
Steve ficou quieto.
James foi o último a entrar, e prendeu a respiração quando viu a comunal. Grifinoria era linda, mas Lufa Lufa era espetacular ━ ele não tinha problema nenhum em admitir, mas apenas para si mesmo.
Plantas e vasos escorriam pelo teto, e um cheiro leve e agradável de madeira estava impregnado no ar. Era aconchegante e parecia dizer "bem-vindo, querido". Um sofá grande ━ não, enorme! ━ era posto no meio, e mesas e cadeiras estavam espalhadas, parecendo macias e convidando-o a se sentar. Xadrez, dama e folhas com jogos escritos ficavam jogados por ali, algumas partidas inacabadas e alguns alunos quebrando a cabeça para vencer. E tinha biscoitos. Tantos biscoitos decorados e esperando para serem comidos.
Ele queria enfeitar biscoitos. Queria tanto!
━ Afrodite?
James piscou, hipnotizado.
━ Perguntei se você queria os biscoitos agora ou mais tarde, ou...
━ Agora! ━ Quase gritou. Percebeu tarde demais o quão rude havia sido.
Felicity estreitou os olhos, então deu de ombros.
A vontade, James colocou as mãos nos glacês coloridos postos na maior mesa, que estava cheia de pratinhos com biscoitos e enfeites.
E se divertiu, esquecendo de que não era ele verdadeiramente. Talvez levasse alguns biscoitos de ursinhos para Afrodite. Mas só talvez.
🧣
AO CONTRÁRIO DE James, Afrodite não teve a ala hospitalar invadida pela manhã; foi apenas no começo da tarde que, no meio de seu sono, ela foi interceptada por vozes nem tão suaves.
━ Agh, ele tá dormindo de novo?
━ Ele deve estar cansado, Sirius. Seja arremessado contra a parede para ver se não fica assim também.
━ Ei, ele tá acordado.
E de repente três pares de olhos a encaravam. Ela reconheceu apenas Remus Lupin, que a ajudara em um trabalho de herbologia certa vez. Sabia que ele gostava de chocolate e, agora, que era melhor amigo da pessoa que ela deveria imitar. Até que não estava tão ruim, não é?
Não, porque estava pior.
━ Fiquei preocupado que não fosse sair daqui antes da partida de Quadriboll. Temos que dar uma lição nos Sonserinos.
Quadriboll. Oh não, ela era péssima. Do fundo de sua mente, conseguiu lembrar de outro fato de James Potter ━ o único que verdadeiramente sabia, e totalmente contra sua vontade: ele era apanhador da Grifinória. E pelo que entendeu, teria que jogar Quadriboll? O desastre estava implorando para acontecer.
━ Sirius, você sabe que esses jogos não valem pontos, hum?
━ Sim, sim, mas depois daquela derrota temos que dar o troco. Convenci o time inteiro a passar o Natal aqui por esse motivo.
Afrodite iria passar vexame na frente do time todo? Merlin, ela se arrependeu de ter sugerido ser James.
━ E eu pensando que os havia convidado pela presença ━ Remus balançou a cabeça.
━ E pelos presentes ━ Um menino mais baixinho e com bochechas gordas fez questão de apontar.
━ Isso também ━ Sirius concordou. ━ Mas o principal motivo é para limpar aquele sorriso arrogante do Regulus.
Remus balançou a cabeça, desaprovando a fala.
━ Depois conversamos sobre isso. Agora, James, acho melhor sairmos antes que Madame Pomfrey o expulse.
Afrodite concordou. Enquanto caminhavam para cada vez mais acima das escadas que mudavam, ela se animou com a ideia de conhecer o lugar onde ficava a comunal da Grifinória e como era dentro ━ os alunos nunca tiveram permissão para saberem onde as casas se acomodavam.
A única coisa que Afrodite sabia era que ficava em uma das torres, por boatos e resmungos nos corredores ━ assim como sabia que sua própria comunal era a mais próxima da Sonserina. Quando pararam em frente ao retrato de uma mulher e ela percebeu que era a entrada, Afrodite esperou batidas e vinagre, mas a única coisa que fez a porta abrir foram umas palavrinhas.
━ Que sem graça ━ Afrodite arregalou os olhos e bateu as duas mãos na boca ao perceber que havia dito isso em voz alta, e ganhou olhares atravessados dos três meninos e até do quadro.
Abismada, observou todos os tons de vermelho possíveis numa única sala. Cortinas, poltronas e enfeites de Natal estavam postos por ali, e uma aconchegante lareira crepitava pelo fogo acendido alto.
Alunos ainda em pijamas se sentavam e comiam doces, parecendo não estarem inclinados a sair tão cedo da comunal quentinha. Algumas pessoas viraram e acenaram, e Afrodite se sentiu pequena.
Era um texugo escondido em meio à leões.
Deve ter ficado parada por muito tempo na entrada, porque o garoto chamado Sirius balançou a cabeça
━ James? Você vem?
E Afrodite subiu as escadas para o dormitório que ficaria sabe-se lá quanto tempo.
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