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Nas primeiras horas da manhã, quando o sol ainda não havia nascido, Cibele se pegou ainda olhando para o teto.
Ela não havia dormido nem por um minuto naquela noite.
Se Cibele fosse honesta, não tinha nada haver com a hospitalidade da Casa do Vento, Nuala e Cerridwen haviam passado um bom tempo certificando-se de que tudo seria confortável para Cibele, e era, lençóis macios, roupas de dormir de seda, um cheiro de rosas no ar, era confortável.
Quase confortável demais.
Talvez fosse a desconfiança em Cibele, a fera à espreita de sua pele, ou até mesmo a garotinha assustada que ainda vivia dentro dela, mas algo parecia errado, errado o suficiente para a manter acordada.
O lugar agradável e suave não fez nada para diminuir a ansiedade de Cibele, pelo contrário, amplificou seus instintos.
Ela simplesmente não conseguia se esquecer.
Não conseguia deixar as memórias ruins irem embora, elas estavam alí para a assombrar, como se estivessem acontecendo naquele momento.
Por muito tempo, Cibele não foi nada mais do que um ser selvagem, algo para ser enjaulado.
Cibele estremeceu ao pensar nos cinquenta anos que passou presa em sua forma primitiva.
Ela se lembrava de ter lutado muito, já que foram necessários cinco capangas de Amarantha para a segurarem, para que ela pudesse ser levada para as masmorras pela primeira vez.
Cibele se lembrava daquele dia, tão claro como se estivesse acontecendo de novo na mente dela, ela soube no momento em que os olhos de Amarantha pousaram nela que estava condenada.
Ela se lembrava da primeira vez que matou em Sob a Montanha.
A partir daquele dia, Cibele se tornou a máquina de matar de Amarantha.
Quando ela se cansasse de um dos membros da Corte, ou quando se sentisse ameaçada e entediada, seria nessas horas que Cibele seria traga para fora de sua jaula.
Torturada, controlada, faminta e em sua forma mais primitiva.
Rhysand era chamado de: a vadia de Amarantha.
Cibele?
Bichinho de estimação de Amarantha, era assim que eles a chamavam.
Riram e cochicharam sobre ela, zombaram dela. Mas a temeram.
A temeram como se ela fosse um monstro horrível, o tipo de mostro que os pais contavam nas histórias para os filhos os obedecerem. E era exatamente isso que Amarantha queria.
E talvez, ela realmente fosse isso. Esse monstro.
A certa altura, Cibele sabia que Tamlin também a temia. Temia sua fúria, seu poder, seus sonhos e sua liberdade.
Temia quem ela poderia ser.
Temia que seu povo a quisesse como líder se ele não fizesse um bom trabalho.
Ele a temeu, e tudo que ela o deu foi amor.
O amor incondicional de uma irmã, um amor que ele pisou e jogou fora, como se não significasse absolutamente nada, enquanto a deixava naquele inferno.
Mas Rhysand tinha visto além, Rhys havia visto ela.
Viu a garotinha assustada por trás das presas, das garras, dos rosnados.
Ele viu a garota sonhadora que havia salvado a vida dele, a garota que ele ensinou a patinar, a garota que o devolveu as asas de sua mãe e irmã.
Ele não a temeu, não, nem por um instante sequer. Mesmo quando ela ameaçou rasgar a garganta dele, em Sob a Montanha.
Rhysand a viu e pensou: Esta é uma pessoa que precisa de um amigo. Um amigo de verdade.
Rhysand havia sido esse amigo.
Mais que isso, ele havia sido tudo.
Ele era tudo que ela tinha.
Ele havia a dado uma chance. Havia cuidado dela, a levado para seu lar uma segunda vez, tudo que ela podia fazer era agradecer e viver.
Viver por Rhys.
Cibele pensou nos amigos de Rhysand, gentis e também intimidadores.
Morrigan, ousada, bonita e livre.
Bem parecida com a pessoa que Cibele havia sido muito tempo atrás. O que fazia com que olhar para ela ou estar em sua presença, fosse doloroso.
Amren, misteriosa, astuta, inquietante. Cujo poder incomodava Cibele.
Azriel, misterioso, silencioso e observador. Cujo as sombras sabiam demais.
E havia Cassian.
Ela não conseguiu descrever Cassian com clareza.
Ele era turbulento, tinha um ar infantil e parecia orgulhoso e implicante.
Mas havia algo nele, algo que ela não conseguia entender ainda, mas era estranho, principalmente a forma que ele agiu ao conhecê-la, como se ele também tivesse sentido a sensação estranha em seu próprio peito.
Cibele suspirou e tentou dormir.
Em vão.
Seus olhos se abriram novamente e foram até a varanda, onde a lua ainda estava à vista.
A varanda era voltada para o oeste.
Uma ideia surgiu na cabeça de Cibele e ela silenciosamente saiu cama.
Ela foi até o guarda-roupa e pegou um robe mais grosso para vestir por cima do vestido de dormir.
Então, mais silenciosa que pôde, ela caminhou para fora do quarto, andando na ponta dos pés escada abaixo.
Ainda estava escuro, bem escuro.
Cibele fechou os olhos por um momento, seu eu primitivo ronronando para ela, a permitindo tornar seus olhos outra coisa.
Algo que pudesse ver no escuro.
Seus olhos mudaram, ficaram lupinos e ela piscou.
Agora, ela conseguia enxergar com facilidade.
Sua visão aprimorada agora a deixou saber que não estava sozinha.
ㅡ Fugindo?
Ela teria pulado se não o tivesse visto antes.
Cassian, encostado na parede no canto da sala, a luz cinzenta de uma manhã antes do nascer do sol fluindo levemente na sala, batendo bem diante de seus pés.
Cibele sentiu um rosnado predatório ecoar sob sua pele, no fundo do seu cérebro, no fundo de sua garganta.
Ela sentiu suas presas cutucando seus lábios.
Não.
Ela não era um predador.
Mas também não era mais uma presa.
Ela nunca mais seria uma presa.
Ela não se afastou, não rosnou. Em vez disso, olhou diretamente para ele, para seus bonitos olhos castanhos.
ㅡ Acredite em mim, se eu estivesse fugindo, teria escolhido uma roupa mais adequada.
A frase mais longa que ela já disse depois que voltou para a forma feérica.
Não. Ela não estava fugindo, ela não poderia, pelo menos não ainda.
Não quando ela não tinha para onde ir.
Ele piscou, olhos castanhos nos dela.
Depois de um momento, ele bufou uma risada curta, Cassian não esperava a ousadia dela, não depois dela se afastar do mero toque de Morrigan.
Mas a ousadia dela era uma fachada, algo para manter o resto fora.
Havia algo tão estranho naquele ilyriano, algo que deixava Cibele desarmada, e ela descobriu que odiava essa sensação acima de tudo.
Ele deu um passo à frente, apenas alguns centímetros, mas foi o suficiente para Cibele ficar em alerta.
Ele deve ter notado, porque colocou as mãos para cima em um sinal de rendição.
ㅡ Ei, eu não estou aqui para tentar nada. E francamente, se você estivesse fugindo, suponho que não estaria fugindo nessa forma. ㅡ ele parou, a dando tempo suficiente para questionar por que exatamente ele estava alí embaixo no escuro, quase como se ele estivesse...
Esperando por ela.
Na forma Fae ou não.
Rhysand, é claro.
Ele realmente pensava que ela fugiria na calada da noite depois de tudo?
ㅡ Você costuma ficar de guarda nos degraus no escuro? ㅡ ela tentou passar por ele, seus olhos fixos na janela a leste.
O sol nasceria a qualquer momento.
O brilho mais fraco de laranja se estabeleceu sobre o horizonte, trazendo uma gloriosa manhã em seu caminho.
Cassian riu, uma risada que por um motivo mais que estranho, aqueceu fracamente Cibele.
ㅡ Não. Você costuma descer os degraus de camisola antes do nascer do sol? ㅡ ele se virou para olhar onde ela estava agora, e ela sentiu os olhos dele em suas costas enquanto ela apoiava a mão trêmula contra a borda da janela alta.
Cibele quase teve vontade de rir também, mas o ar ainda estava muito tenso para ignorar o comentário. Para afastar a suspeita atada nas palavras de Cassian.
A suspeita que ele tinha dela.
ㅡ Tentando desviar a atenção da minha pergunta, eu vejo. ㅡ como a maioria das coisas que ela disse recentemente, as palavras saíram mais amargas e mordazes do que quando ela as provou em sua boca, mas Cassian deve ter visto a apreensão, o mal-estar em sua postura, notou a maneira como ela passou os braços em volta de si mesma, as mãos trêmulas, como ela não o encarou novamente.
A luz ficou mais brilhante por apenas uma fração, mas Cibele deixou seus olhos voltarem ao normal.
ㅡ Ei, uma pergunta por outra. Eu já respondi a sua, então... ㅡ era uma desculpa esfarrapada, e Cassian provavelmente sabia disso, mas não disse mais nada, a deixando suspirar.
Ele queria que ela preenchesse o ar tenso desta vez.
Cibele se perguntou se ele se sentia tão nervoso quanto ela, sozinho com uma completa estranha. Uma estranha perigosa.
Uma assassina de inocentes.
Cibele se concentrou naquela faixa laranja de luz no horizonte, observando maravilhada enquanto ela lentamente, ficava mais espessa.
Em breve, a qualquer minuto, o sol nasceria.
ㅡ Não, eu não saio furtivamente do quarto com minhas roupas de dormir quando ainda está escuro.
ㅡ Então?
Agora aquele ilyriano estava abusando da sorte, tantas perguntas.
Tantas malditas perguntas.
Porém, Cibele não ficou na defensiva.
Ela não fugiu. Ela não mostrou as presas para ele.
Ela falou com ele.
Ela falou.
Cibele o ouviu se aproximar, mas se manteve firme, já que ele não estava encostando nela.
Ela se obrigou a não recuar.
Nem mesmo quando ele veio para o lado dela, apoiando desajeitadamente seu braço forte contra o lado oposto da janela.
Cibele não poderia dizer se ele estava tentando a fazer se sentir confortável se aproximando lentamente, ou tentando irritá-la.
Talvez os dois.
Ela soltou outro suspiro e respirou fundo, reunindo coragem pra responder.
ㅡ Eu não vejo o sol há cinquenta anos. ㅡ ela declarou, olhando para ele por apenas um momento, mas foi longo o suficiente para seu olhar se encontrar com o dele. Cibele piscou e desviou o olhar ao ver a surpresa, um vislumbre de pena, nos olhos dele.
ㅡ Não vejo o sol há cinquenta anos, então vou assistir ao nascer do sol e rezar à Mãe para que isso não seja um sonho, ou mais uma imagem que Rhys está me mostrando em meu cérebro, rezar para que eu esteja realmente aqui. ㅡ ela continuou.
Ele ainda estava olhando para ela.
Ela não sabia por que havia dito tudo aquilo.
Ela poderia ter inventado algo, mentido sobre querer água, comida, querer apenas caminhar.
Ou o mandar ir para o inferno, o dizer para a deixar em paz e ir cuidar de sua vida.
O forçar a ir embora o mostrando presas e garras.
Ela poderia.
Entretanto, ela disse a verdade. E não sabia porquê.
Ele ficou quieto por um longo momento, e o ar não ficou menos rígido, a tensão ainda era palpável enquanto ele estava ali, calculando. Ponderando.
Provavelmente sentindo pena dela.
O laranja estava indo para o rosa, então amarelo.
A qualquer momento, e finalmente, o sol nasceria.
ㅡ Você gostaria que eu a deixasse sozinha?
A tensão mudou.
Foi uma pergunta estranha para Cibele responder.
Ela realmente queria ficar alí, sozinha?
Ela queria ficar sozinha em algum momento?
Uma parte profundamente enraizada e animalesca dela uivou com o pensamento. A parte orgulhosa dela queria zombar.
Cibele odiava como a pergunta parecia fácil para ele fazer, e como era difícil para ela responder.
Ele não se moveu enquanto ela pensava, enquanto ela ponderava, mas ficou a uma distância segura.
Sim, a distância era boa.
Deixando a escolha para Cibele.
Eles eram duas pessoas que ainda não se conheciam, ainda não confiavam um no outro. E mesmo assim, talvez Cibele não fosse a única que não queria ficar sozinha naquele instante.
Ele estava alí, oferecendo companhia para uma estranha, uma assassina, mesmo que não confia-se nela.
ㅡ Não. ㅡ um sussurro veio de Cibele.
Mas foi o suficiente.
ㅡ Então eu vou assistir com você.
ㅡ ele ficou quieto após sua resposta, igualando sua relutância com a dela. Seu nervosismo com o dela.
Ele ficou com ela.
Assistiu o nascer do sol com ela.
Cassian ficou alí assistindo com ela.
Cibele se deixou ser envolvida pelo sol depois que ele apareceu no horizonte.
Ela não poderia dizer quanto tempo ficou ali, sejam segundos ou horas.
Tudo que ela sabia era que nenhuma imagem que Rhysand pudesse trazer à sua mente, seria capaz de fazer justiça à imagem que estava diante dela. Ao calor que a envolvia.
Cibele poderia ter ficado cega, e ficaria feliz em saber que a última coisa que viu foi o sol.
O sentimentalismo de Cibele foi interrompido pelo som de passos chegando.
Cassian aproveitou aquela deixa para partir, sabendo bem quem estava se aproximando.
Pela primeira vez em horas, Cibele se vira para encontrar Rhysand, já vestido para o dia com suas roupas finas, um olhar curioso em seu belo rosto.
Então Cibele percebeu que ainda estava de robe, com um vestido de dormir por baixo.
Antes que ela pudesse tentar se explicar, Rhysand olhou para janela, para aquele lindo e glorioso sol, e pareceu um pouco surpreso.
Então, quando ele olhou nos olhos dela novamente, olhos violeta lacrimejando, ela sabia que ele havia entendido.
ㅡ Bom dia. ㅡ ele desejou se aproximando de Cibele. Seu braço envolvendo os ombros dela e seus lábios a beijando no topo da cabeça.
ㅡ Bom dia, Rhys. ㅡ ela sussurrou se aconchegando nele.
O toque de Rhys era conhecido. Bom. Nunca machucou. Era cheio de alívio e paz.
ㅡ Isso é real não é?
ㅡ É Bele. É real. ㅡ Rhysand sussurrou.
Eles ficaram alí, abraçados observando o sol.
Até ela se separar dele e o encarar, cruzando os braços.
ㅡ Mandou manterem guarda nas escadas do meu quarto? ㅡ ela perguntou indignada.
Rhysand soltou um risinho, colocando as mãos nos bolsos.
ㅡ Eu apenas comentei que estava apreensivo, porque você poderia querer ir embora. ㅡ ele confessou.
ㅡ Cassian provavelmente interpretou minhas palavras de forma errada.
ㅡ Você sabe que eu não fugiria. Não tenho outro lugar para ir. ㅡ ela murmurou.
ㅡ Essa sua fala apenas me diz que você pensou nisso. Pensou em ir embora. ㅡ Rhysand disse e Cibele suspirou.
ㅡ Eu não tenho nada a oferecer Rhys. Meus poderes se foram, não tenho controle da minha outra forma, não posso suportar estar na presença de outros. Mal consigo falar e me portar como feérica. Não tenho um lugar aqui. ㅡ ela confessou com olhos lacrimejando.
Rhysand a encarou indignado, segurando o rosto dela com as mãos.
ㅡ Você faz parte da minha Corte e do meu Círculo Íntimo, mas acima de tudo, faz parte da minha família.
ㅡ Rhysand disse seriamente. ㅡ Você não vai se livrar de mim tão fácil filhote. ㅡ ele brincou enquanto encostava a testa dele na dela, como ele fez tantas vezes em Sob a Montanha, mesmo que naquela época ela estivesse em sua outra forma.
Cibele sorriu, era algo pequeno e tímido, mas era um sorriso verdadeiro, um que Rhysand não havia visto nela dês de sua primeira visita à Velaris.
O Grão Senhor da Corte Noturna sorriu de forma brilhante, se esquecendo de todos seus problemas e dores, como se tudo fosse ficar bem agora que sua irmã, sua melhor amiga, estava sorrindo novamente.
Cibele se afastou depois de Rhysand a beijar na testa. Ela balançou levemente a cabeça, seus demônios desaparecendo por um momento.
Rhysand não fez nenhum comentário enquanto ela pedia licença e voltava para o quarto, onde Nuala e Cerridwen já estavam preparadas para escolher algo para ela vestir e preparar a água para o banho.
Cibele não negou ajuda daquela vez.
Elas não falaram sobre os círculos escuros ao redor dos olhos de Cibele, sobre a cama quase intocada.
As gêmeas trabalharam silenciosamente, não trocando palavras entre si ou com Cibele.
ㅡ O que devo fazer por aqui? ㅡ foi a primeira coisa que Cibele disse a elas naquela manhã, a voz rouca pela exaustão.
ㅡ Você pode caminhar pela cidade, há muito para ver, mas o Lorde Supremo quer levá-la pessoalmente para um passeio. ㅡ Nuala disse.
Ela gentilmente trançou uma parte do cabelo de Cibele, sem encostar em seu corpo.
Cibele se olhou no espelho. Pela primeira vez em anos.
Ela sempre havia sido bronzeada, mas os anos Sob a Montanha a afetaram muito, seu rosto agora exibia uma cor muito pálida.
Seus olhos esverdeados, antes brilhantes e vivos, mostrando ao mundo sua felicidade e sonhos, agora estavam vazios, sem emoção.
Haviam cicatrizes por todo o seu corpo, umas mais feias que outras, obra dos torturadores de Amarantha, aqueles que usavam freixo para esculpir nela.
Ela estava tão irreconhecível, apenas uma casca vazia do que ela já havia sido um dia.
Ela podia ver que a essência dela, aquela coisa brilhante sobre ela, que fazia todos serem atraídos por sua beleza e bondade, havia sido drenada dela.
Seu brilho foi drenado dela.
Entretanto, algo havia sido deixado para trás. Algo de Sob a Montanha. Algo desenfreado.
Fome.
E uma besta insaciável espreitando dentro dela.
Cibele passou os braços envolta de si e olhou para o guarda-roupa, onde Cerridwen estava segurando um vestido prateado simples com a insígnia da Corte Noturna no cinto e uma jaqueta azul cortada para colocar por cima.
Cibele negou com a cabeça, e escolheu uma calça de tecido leve e uma blusa de manga comprida, ambas de cores pretas. Algo mais simples.
Mais confortável se ela precisasse fugir ou lutar.
Ela suspirou, seus instintos selvagens e desconfiados não a deixavam.
Cibele vestiu as roupas novas, calçou um par de botas confortáveis que Nuala colocou aos seus pés e deu um breve adeus para as gêmeas antes de sair da sala.
Caminhar.
Ela poderia fazer isso.
Era algo que a manteria ocupada, em movimento, sem pensar muito. Algo de que ela precisava muito.
Entretanto, quando Cibele desceu as escadas novamente, não havia uma, mas três pessoas já a esperando, de costas para ela.
Dois homens com asas grandes e arrebatadoras, e uma mulher loira no meio, como se ela pertencesse ali, ao lado deles.
Eles a ouviram descendo e viraram, os três de uma vez.
O sorriso brilhante de Morrigan foi o primeiro que Cibele viu.
Ela bateu palmas uma vez antes de envolver os ombros dos ilyrianos com seus braços, o trio vindo até Cibele que tentava sorrir educadamente.
Não havia funcionado.
Isso não importava para Mor, no entanto.
Cibele sentiu a inquietação a envolvendo.
ㅡ Rhysand nos disse que queria a levar para um tour por Velaris pessoalmente, mas ele não chegou aqui rápido o suficiente, então, decidi cuidar do assunto com minhas próprias mãos. Você vem com a gente! ㅡ ela soltou o braço dos ombros dos ilyrianos.
A animação de Mor era quase dolorosa.
Estar com outras pessoas era doloroso.
Demais para os sentidos dela. Para seu controle frágil.
Cibele tentou não olhar nos olhos de Cassian, mesmo quando eles perfuraram os dela.
Cibele só podia esperar que a manhã que eles compartilharam permanecesse em segredo dos outros, aquele havia sido um momento inesperado de vulnerabilidade da parte dela.
Onde ela abaixou a guarda, algo que ela não deveria fazer. Nunca mais.
Cibele ficou alí por alguns segundos em silêncio, mas Mor não a deixou pensar muito, não deixou a quietude ficar estranha.
Ela interpretou a falta de resposta como uma chance de jogar seu próprio braço em volta do ombro de Cibele.
Cibele estremeceu com o contato repentino, algo dentro dela se remoendo.
Ela fez uma pequena expressão de desconforto enquanto o mais gentilmente se afastava, mas considerando como os olhos de Cassian se arregalaram, antes de quase chegar mais perto, como se ele fosse a puxar para longe se ela precisasse, algo deve ter escapado da máscara que Cibele havia forjado.
Algo que ele viu, algo que ele sentiu. Algo que ele sabia.
Foi reconfortante de certa forma, pensar que ela poderia ser puxada para longe, ser "salva".
Mas Cibele não queria ser confortada, não queria ser salva.
Então, Cibele sorriu levemente, um sorriso falso que não alcançou seus olhos, olhando para o lado, nos olhos de Mor, o cabelo loiro brilhando.
Sem olhar para Cassian, sem ousar, Cibele olhou de volta para a janela, o sol bem alto no céu agora.
Então, ela olhou para frente, dando um passo em direção à porta.
ㅡ Vamos?
I. Oie pessoas. O que acharam do capítulo? Gostaram?
II. O que acharam da interação da Cibele com o Cassian?
III. Próximo capítulo vocês vão entender por que eu disse que Cibele e Cassian não vão se dar bem no começo kkkk.
IV. Por hoje é só, mas nós nos vemos em breve.
Byee ♡.
19.10.2023
Duda.
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