5 - Os acordos
A mulher que estava na sala fez sinal para que as irmãs se sentassem no sofá, o que elas fizeram depois de se entreolharem. A Sara e o Finn estavam abraçados, a Catarina estava a chorar e o António estava com um ar super sério. Sofia e Reh sentaram-se juntas entre a Catarina e o António.
António agarrou na mão de Sofia, numa tentativa de a acalmar e também de se acalmar a si próprio, de se convencer de que tudo ia ficar bem, apesar de no fundo ambos sentirem que isso não ia acontecer.
Depois de algum tempo, o silêncio foi quebrado.
- Antes de tudo, boa noite a todos os que eu ainda não tive o prazer de conhecer. Nós sabemos que não é um final de semana como vocês queriam, mas teve de ser. - disse Berlim com um sorriso no rosto.
Pela primeira vez estavam a fazer algum contacto visual. Sem músicas de fundo, sem bebidas e sem que o único brilho possível fosse o do telemóvel ou das luzes fracas do bar. Foi aí que o pânico e o medo de instalaram. Os corações dos 6 começaram a bater mais forte e o pensamento de que nada ia ficar bem invadia as suas mentes. Eram eles.
- Devem saber quem somos não? - perguntou o homem que já estava na sala. Naquele momento Reh sentiu a Catarina agarrar-se ao seu braço e começar a chorar cada vez mais.
- Vocês vão tratar-nos extamente como nos conheceram. Berlim e Professor. - disse o Berlim começando a aproximar-se. - E com alguns novos nomes. Palermo, Toulouse, Pedro e Miguel.
- Vocês estam aqui, não para serem reféns, mas para nos ajudarem. - disse o Professor.
Todos, exceto a Catarina que afundava a cara no ombro da Reh, trocaram olhares. Estavam confusos. Tecnicamente tinham sido raptados, mas quem o fez precisava de ajuda para algo?
- Nós sabemos que vocês as duas têm um pai polícia e que o teu pai é bastante rico. - disse o Professor, referindo-se às irmãs e depois ao Finn.
- Mas também sabemos que nenhum de vocês os 3 gosta deles. - disse a Toulouse.
- Ajudem-nos e nós ajudamo-vos. - finalizou o Berlim.
- Porque haveriamos nós de vos ajudar? - perguntou o António com raiva e Sofia apertou-lhe a mão. Ela não queria que nada lhe acontecesse.
- Porque já não têm escolha. Se saírem daqui vamos ter de vos matar. - disse o Professor como se aquela frase fosse algo normal.
- E o que ganhamos com isso? - perguntou o Finn.
- O que vocês quiserem. - disse o Berlim.
- Dentro de limites, é claro. - afirmou o Professor.
- Está nas vossas mãos, o que quiserem ou a morte. - disse a Toulouse.
O Berlim aproximou-se da Catarina e agarrou-lhe as mãos, fazendo com que ela tirasse a cara do ombro da Reh
- Chamas-te Catarina, não é? - perguntou ele aproximando-se cada vez mais dela.
- S...sim... - disse ela entre soluços.
- Tem calma... - disse ele aproximando-a mais de si e separando os corpos dela e da Reh. - Sentes as minhas mãos? São as mãos de um monstro?
- Não... - disse a Catarina, ainda a chorar.
- Porque eu não sou um monstro. - disse ele. - Eu sei exatamente como te sentes. Boca seca, sem fôlego... tens de tentar acalmar-te. Respira.
A Catarina começou a inspirar e a expirar conforme as ordens dele e conseguiu acalmar-se um pouco.
Enquanto o Berlim estava agachado para falar com a Catarina, o António levantou-se e tirou a arma que ele tinha no bolso, apontado-a á cabeça do ladrão. Numa reação rápida Pedro e Toulouse tiraram as armas que tinham também nos seus bolsos e apontaram-nas a António, o que fez com que o resto do grupo não conseguisse ter calma, deixando-os com respirações desreguladas, os corações aos saltos e as mãos suadas.
Ao perceber a situação em que se encontrava Berlim foi-se levantando calmamente, metendo as mãos no ar e fazendo contacto visual com o António.
- Vocês vão deixar-nos ir... Ou eu juro... Eu juro que... - começou o António, que se deixou levar pela sua coragem e acabou por ter a mesma reação dos restantes membros do seu grupo de amigos.
- Juras o quê? - perguntou Sofia num também ato de coragem, levantando-se e metendo-se em frente a António, que tinha agora a arma apontada para a amiga em vez de a ter apontada para Berlim. - Não nos metas numa pior situação...
António olhou para Sofia e depois ao seu redor. Com duas armas apontadas para si e o grupo de amigos naquela situação acabou por ficar inseguro. Ao perceber isso Sofia estendeu a sua mão e António entregou-lhe a pistola, depois de suspirar fundo, e voltou a sentar-se.
Sofia também suspirou fundo, felizmente o seu ato de coragem tinha dado certo. Virou-se para trás e devolveu a arma a Berlim, que sorria para ela, voltando a sentar-se em seguida.
Finn estava chocado. Nunca tinha visto aquele ser ter tanta coragem, e tendo em conta a situação, aquilo não era definitivamente o normal de Sofia. Outra pessoa que também estava chocada era o Professor. Ver o que Sofia tinha feito era impressionante. O facto dela ter conseguido manter o controlo da situação mesmo estando nervosa e de o ter conseguido seria bom para o plano. Tinha de falar sobre ela com os outros mais tarde.
O Berlim afastou-se e voltou para perto do seu grupo.
- Então, agora é a vossa vez. E sem pistolas por favor. Estam connosco, ou contra nós. - disse o Professor.
Por momentos, todos ficaram em silêncio. Todos estavam bastante confusos. Não faziam ideia do que lhes podiam fazer se ficassem do lado deles, mas se não ficassem iriam morrer. O grupo perdeu-se no meio da confusão em que estavam as suas cabeças, até que algo que quebrou o silêncio trazendo-os de volta à realidade.
- Eu estou do vosso lado. - disse o Finn levantando-se. - mas eu quero dinheiro em troca. Não vou ficar contra o meu pai sem ter dinheiro.
- Negociamos isso mais tarde. - disse o Professor.
- Se tu ficas do lado deles, eu também fico. - disse a Sara levantando-se também.
O Professor esticou a mão e assim, acordou com o Finn e a Sara de que o que eles ganhassem ia ser para os dois. Sofia olhou para Reh que parecia perdida nos seus pensamentos.
- Eu também fico do vosso lado com a condição de as deixarem sair as duas. - disse o António levantando-se e referindo-se a mim e à Reh.
- Tu estás maluco? - perguntou a Reh olhando indignada para ele.
- Isso não vai ser possível. - disse o Berlim.
- Eu prefiro ficar do lado deles sem nada em troca do que voltar para o inferno que era a nossa casa. - disse a Reh levantando-se.
- Então deixem-nas sair a elas. - disse o António.
- Eu não vou sair convosco aqui dentro. - disse Sofia.
- Sofia... - começou ele.
Ela respirou fundo e fechou os olhos, até que algo lhe veio á cabeça naquele momento.
- Eu fico do vosso lado, com a condição de vocês me ajudarem a encontrar a minha mãe. - disse Sofia levantando-se, fazendo o Berlim e o Professor entreolharem-se.
- Ela acha que tu foste um erro, foi exatamente isso que ela disse ao pai... - começou a Reh, sendo interrompida pela irmã.
- Não há maneira de provar que ela disse isso. E eu quero vê-la, nem que seja uma vez na minha vida. - disse Sofia esticando a mão para o Professor.
- Vamos fazer o possível. - disse o Professor.
- Bom... Eu não quero morrer então... - disse a Catarina levantando-se.
- Então o que eu quero é que, se eu ficar do vosso lado, nada de mal lhes aconteça. - disse o António referindo-se a todos nós naquela sala e recebendo um aperto de mão do Professor.
- Então, bem vindos à equipa. - disse o Professor sorrindo.
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