3 - Estou Aqui
Depois do António ter ido buscar a casa as irmãs todos foram para o ponto de encontro: a casa da Sara. Era sempre lá onde o grupo se reunia já que os pais dela como tinham de trabalhar não estavam em casa. E era o local mais longe possível da casa de Mateo.
Pelos vistos é complicado que um grupo com 6 pessoas consiga estar pronto para sair em menos de 3 horas, já que há alguns atrasos, a conversa do dia que leva a discussão do dia e alguns risos, mas no final dá sempre tudo certo e depois de uma longa tarde, todos estavam arranjados, e também não era para menos, eles iam a um bar, mas não a um bar qualquer. Plaza Bar era o nome.
Era muito complicado conseguir entrar num sítio com tanta fama como aquele, com concertos ao vivo, bebidas de invejar e a melhor segurança. O espaço era luxuoso e para se entrar era preciso estar numa lista de espera por bastante tempo para que se conseguisse entrar na lista de convidados de uma das noites. E era por causa disso que mesmo durante os dias de semana o sítio estava completamente lotado. Era uma oportunidade única que ninguém, pelo menos daquela cidade, perderia.
Mesmo apertados todos conseguiram entrar no carro do António e seguir para o local. Quando finalmente chegaram pareciam não querer acreditar no que estava a acontecer. Para felicidade dos mesmos não foi necessário esperarem muito na fila e rapidamente foram até uma mesa onde se sentaram todos.
- Eu nem acredito que isto está finalmente a acontecer! - disse a Sara.
- Depois de tanto tempo de espera é mais que merecido. - resmungou o Finn.
Conversas foram, conversas vieram e conforme as horas iam passado as bebidas iam rodando. Já tinham ido dançar, já tinham voltado a mesa, já tinham conseguido bebidas de graça depois da Sara ter trocado algumas palavras com um dos rapazes que trabalhava no bar... Tudo estava perfeito.
- Eu ouvi dizer que muitas vezes há aqui homens ricos! Com sorte um de nós apanha algum! - disse a Catarina, mais animada do que nunca.
- Define "nós". - disse o António.
- Pronto tudo bem, eu faço o favor a todos e arranjo um para mim. - disse a Catarina fazendo todos rir. Todos exceto uma pessoa.
Desde de que ali tinha entrado que Sofia se sentia estranha. Como se estivesse a ser observada. E não apenas ela, mas todos os do grupo também. Então decidiu beber menos, deixando os outros aproveitarem mas ficando alerta sobre o que podia acontecer. Era um hábito dela ser a responsável do grupo, a mãe. Talvez por ter sido forçada a ser assim para a irmã, o que levou a que isso se estendesse para as suas outras relações.
Ao notarem a expressão séria de Sofia, a Reh, a Catarina e a Sara insistiram para que elas as quatro fossem dançar. Como elas não eram de desistir facilmente Sofia foi arrastada até a pista de dança. A música estava bastante alta, exatamente como ela gostava, mas enquanto se tentava distrair a sensação de estar a ser observada não acabava, muito pelo contrário, tornava-se mais forte.
Já que a Catarina e a Sara estavam completamente bêbadas, aquela tinha sido a vez de Sofia a arrasta-las para voltarem a mesa. A Reh chegou a questionar o porquê dela estar a fazer aquilo, mas não teve nenhuma resposta.
- Vocês só dançaram duas músicas... estam bem? - perguntou o António, já que elas normalmente ficavam a dançar até suar.
- Só estamos cansadas. - disse Sofia, mentido.
- Estamos cansadas? - perguntou a Reh.
- Eu não estou cansada. - disse a Sara com um sorriso malicioso para o Finn.
- Tu estás bêbada, por isso vais continuar a não estar cansada. - disse o Finn deixando a Sara amuada.
- Acho que vou beber algo... tomem conta delas. - disse Sofia.
- Eu vou contigo. - disse a Reh.
- Tens a certeza que estás bem? - perguntou o António, preocupado.
- Tenho. - disse Sofia indo em direção ao balcão e sendo seguida pela Reh.
- Não Sofia, tu não estás bem conta-me o que é que se passa. - disse a Reh quando chegaram mais perto do balcão.
A Sofia olhou á sua volta, mas não encontrou ninguém suspeito o suficiente. Ela não encontrava ninguém que realmente estivesse a olhar para ela. Não havia ninguém que pudesse ser culpado. E as pessoas que estavam naquele momento mais perto a elas eram dois seguranças.
- Eu estou a sentir-me observada. - disse Sofia.
A seriedade com que a irmã falava não permitiu que Reh achasse aquela situação engraçada.
- Quem?
- Não sei.
Reh repetiu a ação da irmã, olhando á sua volta. Mas tal como ela não encontrou ninguém.
- Podem ser só coisas da minha cabeça... - disse Sofia.
- Se calhar só estás preocupada com algo que não deves... Mas não fiques assim. Pede duas bebidas, eu tenho de ir a casa de banho mas já venho ter contigo.
Sofia acenou com a cabeça já a Reh estava a ir no seu caminho. Um dos seguranças passou atrás dela enquanto se sentava nos bancos altos do balcão.
Enquanto esperava as bebidas Sofia desbloqueou o telemóvel e tinha 4 chamadas não atendidas do seu pai e iam ficar assim. Sabia que ia ouvir quando chegasse a casa mas agora não estava com paciência. Entrou no Instagram e foi passando alguns storys, sem muito interesse.
Notou que alguém se tinha sentado ao seu lado mas ignorou completamente. Ia entrar no Twitter quando as bebidas chegaram. Voltou a bloquear o telemóvel e deu um gole numa delas. Ao mesmo tempo que estava a beber, a música que estava a dar na pista de dança era 'Right Here' dos Chase Atlantic, o que fez com que Sofia começasse a murmurar o ritmo da música.
- Não sabia que haviam raparigas a gostar de Chase Atlantic. - disse a pessoa que se tinha sentado ao seu lado.
- Pelos vistos até há. - disse Sofia sorrindo. - E eles são bem bonitos, então é mais um ponto para eles.
- Só gostas deles por serem bonitos?
- Gosto mais pelas letras das músicas... sexo, drogas e depressão. - disse Sofia estabelecendo contacto visual pela primeira vez. Era um dos seguranças que estava perto dela. Um homem alto, com uma aparência um pouco mais velha, mas bonito. Muito bonito.
- Nisso estamos de acordo.
Sofia olhou a sua volta para garantir que quem quer que a estivesse a observar, não estava perto.
- Está tudo bem? - perguntou ele, quase ironicamente, fazendo Sofia voltar a olhar para ele.
- Eu acho que vou voltar a ir ter com os meus amigos... - disse, com algum receio.
- Vais? - perguntou ele levantando-se.
Ele levantou-se e num gesto rápido meteu-se atrás dela, colando os seus corpos. Sofia viu o homem a tirar uma pistola do bolso e a aponta-la a sua cintura.
- Desculpa termos de começar a nossa relação assim, mas não há outra maneira...- sussurrou ele. - Faz tudo o que eu mandar e ninguém se magoa.
Ele agarrou nela com alguma força, forçando-a a levantar-se e começaram a andar os dois para o andar de cima. Na sua cabeça Sofia já pensava o pior e começava a tentar preparar-se psicologicamente para o que iria vir.
Não demorou muito até que a Reh aparecesse e nota-se a falta da irmã. Ela não estava na mesa com os outros nem estava no balcão... Onde é que ela poderia estar?
Viu um dos seguranças que estava perto delas as duas da última vez que se falaram e decidiu perguntar.
- Desculpe? - perguntou a Reh, fazendo o homem virar-se para ela. Era também alto, mas parecia ser mais da sua idade.
- Sim?
- Por acaso não viu a minha irmã? Eu estive com ela á pouco tempo e não a encontro...
- A outra que estava contigo?
- Sim.
- Desculpa eu não reparei nela... Só reparei em ti.
Aquela frase fez a Reh corar. Mas ela não podia fugir da realidade, tinha de encontrar Sofia.
Quando ela ia responder o segurança recebeu alguma informação pelo escuta, o que o fez suspirar e revirar os olhos.
Ele aproximou-se da Reh e apontou-lhe a pistola a barriga. Aquilo tinha ido do 8 ao 80 muito rápido.
- Tens de vir comigo. - disse o segurança, arrastando Reh consigo e subindo para o andar de cima.
O medo que Reh sentia era surreal. Apesar de ter um pai polícia, nunca ninguém estava preparado para estas situações. Foram até uma sala que tinha um sinal de "apenas para pessoal autorizado". Assim que entraram a Reh pode ver dois homens que falavam um com o outro. Aquela era a sala onde eram projectadas as imagens das câmeras de vigilância. Um dos homens mexia nos computadores enquanto o outro olhava para Sofia, que estava encostada á parede. Reh reconheceu o que olhava, era o outro segurança. O segurança que veio com ela enconstou-a também á parede.
Sofia olhou para Reh, numa maneira de a tentar acalmar. Ela sabia o quão nervosa a Reh ficava.
- Olhos para a frente princesa. - disse o segurança que tinha ido buscar Sofia.
Sofia suspirou fundo e olhou para o segurança.
- Ela está nervosa. E não me chames de princesa.
Assim que viu o segurança a aproximar-se Sofia rapidamente se arrependeu daquele ato repentino de coragem.
- Ela não tem de estar nervosa. Eu já te expliquei que se fizeres tudo o que eu mandar ninguém se magoa e o mesmo aplica-se para ela. Princesa. - disse ele, afastando-se um pouco para observar as irmãs. - Antes de mais, boa noite. Nós já sabemos os vossos nomes então não precisam de se apresentar. Eu sou o Berlim. Este é o Pedro e aquele que está no computador é o Miguel.
- Supostamente era eu a fazer isso... - começou o Pedro.
- Isso o quê? - perguntou Berlim.
- A apresentação... - disse Pedro.
- Então faz de novo.
- Não agora já estragaste tudo.
O Berlim suspirou e levou as mãos á cara.
- Agora eu é que devia dizer o resto. - continuou o Pedro.
Aquelas palavras fizeram o clima aliviar um pouco. E fizeram um sorriso formar-se na cara da Reh. Apesar das circunstâncias ele era engraçado.
- Abram as pernas e os braços. - disse o Berlim depois de outro suspiro, ignorando completamente Pedro.
- Berlim! - reclamou o Pedro. - Desculpem meninas. - disse colocando-se em frente ao Berlim. - Nós só precisamos de confirmar algumas coisas primeiro.
A Reh teve coragem suficiente para se desencostar na parede e ir até Pedro, que começou a revista-la.
- Vais fazer o mesmo ou...? - perguntou Berlim.
Sofia suspirou e Berlim sorriu assim que a viu ir até ele.
Nem o Pedro nem o Berlim encontraram algo nas irmãs, o que era bom sinal.
- Telemóveis. - disse o Berlim, estendendo a mão.
- Para? - perguntou Sofia.
- Não me metas de mau humor princesa. Não me ias querer ver assim.
A Reh deu o seu telemóvel a Berlim e, seguindo as instruções de Pedro, voltou a encostar-se a parede. Depois de alguns minutos a fazer um contacto visual com Berlim, o que mais pareceu um duelo, Sofia acabou por dar o seu telemóvel também. Ela sempre foi bastante teimosa, e mesmo com toda a situação que se passava ela não ia deixar de o ser. E Berlim gostava daquilo. De ser desafiado, ainda por cima por uma mulher. Quando a viu parecia não acreditar que aquela era a menina a quem ele um dia deu doces.
- Já está. - disse Miguel, tirando uma pen do computador.
- Agora precisamos que colaborem connosco. - disse Pedro.
- E como é que isso vai funcionar? - perguntou Reh.
- Vão ter de confiar em nós. E fazer tudo o que mandar-mos... - começou Berlim, tirando o seu casaco e colocando-o pelos ombros de Sofia. - Resumindo, serem as nossas atrizes.
Sofia e Reh trocaram olhares. O que é que aquilo poderia significar? Miguel levantou-se e foi em direção á porta, enquanto Pedro falava com alguém pelo escuta. Era Palermo.
Ele tinha ficado encarregue dos restantes membros do grupo, algo que apesar de parecer difícil não o foi. Sara e Catarina estavam bêbadas para entender e uma pistola conseguia tirar toda a coragem que estava no António e no Finn. Eles já estavam fora do bar.
Berlim e Pedro receberam ordens para saírem da sala onde estavam. Berlim arrastou Sofia consigo, sendo seguido por Miguel, e Pedro guiou Reh até ao andar de baixo novamente.
- Peço desculpa a maneira como tudo isto começou, mas não havia outra forma. - disse Pedro.
- Mas... O que é que está a acontecer? Eu não consigo perceber. - disse Reh.
- Vais perceber quando chegaremos. - disse Pedro, entrelaçando a sua mão á mão da Reh. - Temos de parecer convincentes.
Os dois foram até a saída do bar, onde estava outro segurança, que quando viu Pedro decidiu meter conversa com ele.
- Já vais rapaz?
- Tem de ser. - disse ele, levantando a mão que estava entrelaçada a de Reh.
- Tu não prestas. - disse o homem começando a rir, enquanto Pedro e Reh se afastavam.
- Ele acha que nós vamos fazer algo? - perguntou a Reh.
- Provavelmente. - respondeu Pedro, indo até um carro que estava estacionado ali perto.
O rapaz aproximou-se da porta do passageiro e abriu-a, dando espaço para a Reh entrar e finalmente soltando a mão dela. Depois dela estar sentada ele foi até ao lugar do condutor.
- Não quero que tenhas medo. - disse, entrando no carro.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro