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𓏲 . THE BOY WHO LOVED . .៹♡
CAPÍTULO SETENTA E QUATRO
─── MEMÓRIA EXTRAVIADA E SABOR AMARGO
OS DIAS INTERMITENTES entre o Natal e a véspera de Ano-Novo transcorriam pacificamente. Os relatos de ataques, felizmente, diminuíram, como se até mesmo Voldemort e seus seguidores tivessem decidido tirar férias, embora Charlie soubesse que eles provavelmente estavam apenas se preparando para um ataque ainda maior de assassinatos nas próximas semanas.
Tendo mantido sua palavra, Charlie escreveu várias cartas para Harry durante as férias, informando seu melhor amigo sobre a recente dor em seu antebraço. Em troca, Harry o mantinha atualizado sobre todas as coisas que aconteciam na Toca. Suas cartas, no entanto, não divulgavam muito, dado o fato de que o Ministério estava verificando vigorosamente todas as suas correspondências.
As férias foram tranquilas. Charlie e Hermione haviam restabelecido um sentimento intocável de afeto na companhia um do outro. Eles aproveitaram ao máximo seu tempo sozinhos, passando os dias reacendendo a intimidade de seu relacionamento. Atendendo ao pedido de Hermione, no entanto, eles se recusaram a apressar qualquer coisa entre eles, optando por um beijo ou carinho sempre que necessário, mas evitando qualquer coisa mais íntima do que isso.
Freqüentemente, eles se ocupavam durante as tardes visitando Hagrid ou ouvindo uma transmissão de Natal da cantora favorita da Sra. Weasley, Celestina Warbeck, cuja voz estava saindo do grande aparelho de rádio de madeira. No momento em que deram as boas-vindas ao Ano Novo, Charlie e Hermione haviam trocado muitos beijos quando o relógio bateu meia-noite e terminou a noite como todas as outras, enredados e aconchegados nos braços um do outro.
Alguns dias depois do Ano Novo, Charlie e Hermione se arrastaram relutantemente até a Cabana do Hagrid para a xícara diária de chá da tarde. Era o último dia de férias, lembre-se, e todas as aulas recomeçariam bem cedo na manhã seguinte. Embora feliz por se reunir com seus amigos mais próximos, Charlie não pôde deixar de se sentir triste pelo fato de que seu tempo a sós com Hermione estava prestes a chegar ao fim.
Ele lutou para sair da cama naquela manhã, tentando ao máximo diminuir o tempo. Sua hesitação acabou se refletindo também em Hermione, que havia sido vítima de seus beijos de persuasão que a mantiveram na cama a maior parte da manhã. Depois de horas se isolando no conforto do dormitório de Charlie, os dois grifinórios apaixonados foram inevitavelmente forçados a começar o dia, devido ao aumento dos níveis de fome depois de terem perdido o café da manhã.
Levando menos de vinte minutos para se preparar para o dia, Charlie encontrou Hermione no buraco do retrato antes de sair. A queda de neve tornou-se cada vez menos significativa à medida que avançavam de dezembro para janeiro, mas ainda havia um frio cortante no ar. A visita deles com Hagrid foi como sempre: eles passaram horas sendo atualizados sobre todos os encontros que o meio-gigante teve com criaturas mágicas desde que o viram pela última vez, e mesmo que os bolos de pedra de Hagrid mal fossem considerados comestíveis, Charlie descobriu que ele havia devorado dois deles quando a visita chegou ao fim.
Não muito tempo depois, Charlie e Hermione saíram da cabana de Hagrid e seguiram em direção à torre da Grifinória. Eles chegaram, coincidentemente, bem a tempo de ver Harry, Ron e Gina reunidos ao redor do Retrato da Mulher Gorda, tendo finalmente retornado ao castelo.
— Oi! Oi!
Eles correram em direção a eles, com o rosto muito rosado por causa do frio e usando suas próprias capas, chapéus e luvas. Uma vez que a dupla alcançou seus amigos, várias formas de cumprimentos foram trocadas, embora Charlie tivesse propositadamente feito para ignorar Ron, não tendo esquecido de sua briga.
— Vocês acabaram de voltar? Charlie e eu acabamos de descer para visitar Hagrid e Buck - quero dizer, Witherwings. — Hermione explicou sem fôlego. — Você teve um bom Natal?
— Sim. — disse Ron de uma vez. — Bastante agitado, Rufus Scrim...
— Meu avô deve estar de volta esta noite, Harry, e acho que devemos ir vê-lo o mais rápido possível. — Charlie disse a seu melhor amigo, sem se preocupar em olhar para Ron nem dar qualquer sinal de que o tinha ouvido. — Oh, espere - senha. Abstinência.
— Exatamente. — disse a Mulher Gorda com uma voz fraca, e ela se virou para revelar o buraco do retrato.
Harry arqueou a sobrancelha. — O que há com ela?
— Exagerou no feriado. — Hermione explicou, revirando os olhos enquanto liderava o caminho para a sala comunal lotada. — Ela e sua amiga Violet beberam todo o vinho naquela foto de monges bêbados no corredor de Feitiços.
— Certo. — Harry riu levemente, inclinando a cabeça para olhar para Charlie. — É bom saber que seu avô está de volta, tenho muito a dizer a ele - e a vocês dois. Vamos sentar...
Mas naquele momento houve um guincho alto e Lilá Brown surgiu do nada, indo direto para Charlie. Vários espectadores tinham expressões confusas; Hermione deu uma risada tilintante e disse. — Oh, Merlin, aqui vamos nós.
— Oi, Charlie! Teve um bom feriado?
— Sim. — Charlie falou categoricamente, olhando para seus amigos em busca de ajuda. — Eu passei com Hermione. — ele acrescentou, esperando que isso fosse, mais ou menos, uma maneira válida de fazê-la recuar.
Aparentemente, o método de Charlie parecia funcionar, no entanto, tudo o que Lilá respondeu foi um simples. — Ah... Você?
— Ele fez. — Hermione concordou com a confirmação, seus lábios ameaçando se curvar para cima. Com um olhar de Lilá, ela encolheu os ombros. — E eu acho que nós nos divertimos bastante, não é, Charlie?
Charlie olhou para baixo timidamente, sentindo o calor subir em suas bochechas. Enfiando as mãos nos bolsos desajeitadamente, ele murmurou. — Certo, sim.
— Bem, isso é bom, eu suponho. — Lilá resmungou finalmente depois de uma longa pausa. Corando de vergonha, ela acrescentou: — Sabe, eu provavelmente deveria ir procurar Parvati...
E com isso, ela abriu caminho pela sala comunal lotada antes mesmo de Charlie perceber que ela tinha ido embora.
— É melhor eu ir também. — disse Ron, que tinha ficado estranhamente quieto desde o comentário de Hermione. — Acho que vou desfazer as malas.
— Oh, bem, ok então. — Hermione falou timidamente, reconhecendo o tom ciumento na voz de Ron e decidindo que era melhor deixá-lo ir. — Tem uma mesa ali... Você vem, Gina?
— Não, obrigada, eu disse que encontraria Dean. — disse Ginny, embora Charlie não pudesse deixar de notar que ela não parecia muito entusiasmada. Deixando os dois irmãos Weasley para trás, Harry conduziu Charlie e Hermione até a mesa reserva.
— Então, como foi o seu Natal? Alguma coisa que eu deva saber sobre o que está acontecendo entre vocês dois?
Houve um movimento travesso na testa de Harry que fez Charlie revirar os olhos.
— Estamos levando as coisas devagar. — Hermione deu de ombros, seu lábio inferior entre os dentes enquanto Charlie acenava para ela de forma tranqüilizadora. — Passamos principalmente o feriado conversando...
— E fazendo outras coisas, tenho certeza. — Harry interrompeu com um sorriso atrevido. — O que, a propósito, não combina exatamente com toda essa bobagem sobre 'ir devagar'. Eu diria que é melhor você dizer às pessoas que vocês estão juntos novamente.
— Mas nós não somos oficialmente...
— O que quer que te ajude a dormir à noite, Hermione.
— Ok, chega de falar disso. — Charlie implorou, sentindo-se um pouco envergonhado pelas perguntas importunas de Harry. — Diga-me, como foi em Ickle Ronniekins?
Harry suspirou de uma vez, beliscando a ponta do nariz. — Olha, Charlie, você não pode simplesmente...
— Não, eu não posso. — disse ele categoricamente. — Então nem pergunte.
— Eu pensei que talvez, você sabe, no Natal...
— Foi a Mulher Gorda que bebeu um barril de vinho de quinhentos anos, Harry, não eu. Não esqueci o que aconteceu. — Charlie falou com firmeza, sua mandíbula apertada em condenação amarga. — Então, qual era essa notícia importante que você queria nos contar?
Hermione olhou entre os dois garotos, movendo-se desajeitadamente em seu assento. Tendo notado isso, Harry deixou o assunto de Rony e contou tudo o que ele havia sofrido durante as férias de duas semanas.
— Eu briguei com Rufus Scrimgeour. — ele disse a eles, recebendo imediatamente olhares de desdém de seus amigos. — Ele apareceu na Toca ao lado de Percy e pediu que eu trabalhasse ao lado dele para levantar o moral do público.
Charlie zombou. — Ah, grande chance. Honestamente, Scimgeour tem muita coragem de pedir sua ajuda, especialmente depois que o Ministério o perseguiu descaradamente durante todo o ano passado.
— Isso é exatamente o que eu disse a ele. — disse Harry, empurrando os óculos para cima da ponta do nariz. — E como era de se esperar, o ministro não parecia gostar muito disso.
Hermione olhou para o outro lado da sala, aparentemente perdida em pensamentos, falhando em notar Charlie por um momento, quando ele colocou a mão sobre a dela debaixo da mesa para trazê-la de volta à realidade.
— Como está Lupin? — ela perguntou finalmente, e ela começou a desenhar círculos nas costas da mão de Charlie como um termo carinhoso. — Ginny escreveu e disse que estava com você nas férias.
— Ele não está ótimo. — disse Harry, e contou a eles tudo sobre a missão de Lupin entre os lobisomens e as dificuldades que ele estava enfrentando. — Você já ouviu falar desse Fenrir Greyback?
— Bem, sim, eu tenho. — sussurrou Hermione, parecendo assustada de repente; Charlie segurou a mão dela com mais firmeza na tentativa de acalmá-la. — E você também, Harry! Você também, Charlie.
— Quando? História da Magia? Você sabe muito bem que eu nunca escutei...
— Não, não, não História da Magia - Malfoy ameaçou Borgin com ele! — Hermione o lembrou, revirando os olhos levemente. — No Beco do Tranco, você não se lembra? Ele disse a Borgin que Greyback era um velho amigo da família e que estaria verificando o progresso de Borgin!
Charlie ficou boquiaberto com ela. — Você é incrível. Eu teria esquecido completamente disso, para ser honesto. Você acha que isso prova que Malfoy realmente está tramando algo? Ele teria que ser agindo sob as ordens do Lorde das Trevas para ter Greyback sob seu comando assim, certo?
— É bem suspeito. — sussurrou Hermione, mordendo o lábio inferior ansiosamente. — A menos que...
— Ah, qual é. — Harry gemeu, seus olhos se estreitando. — Você não consegue escapar dessa!
— Bem... Existe a possibilidade de ter sido uma ameaça vazia.
— Hermione. — Charlie começou, pisando com cuidado. — Você estava lá quando ouvimos Snape e Malfoy. Não há como negar que algo está acontecendo.
Hermione suspirou. — Sim, eu sei, mas não vamos resolver nada tirando conclusões precipitadas...
— Você é inacreditável. — disse Harry, balançando a cabeça. — Vamos ver quem está certo... Você vai engolir suas palavras, Hermione, assim como o Ministério.
E o resto da noite passou amigavelmente com os três debatendo as verdadeiras intenções de Draco Malfoy.
★
O novo período letivo começou na manhã seguinte com uma surpresa agradável para os alunos do sexto ano: um grande cartaz foi afixado nos quadros de avisos da sala comunal durante a noite.
LIÇÕES DE APARIÇÃO
Se você tem dezessete anos de idade, ou completará dezessete em ou antes do dia 31 de agosto próximo, você é elegível para um curso de doze semanas de Lições de Aparatação de um instrutor de Aparatação do Ministério da Magia.
Por favor, assine abaixo se você gostaria de participar.
Custo: 12 galeões.
Os quatro principais se juntaram à multidão que se espremia em torno do aviso e se revezavam para escrever seus nomes no final. Charlie estava pegando sua pena para assinar depois de Hermione quando Ron começou uma conversa atrás dele.
— Então... Aparição. — disse Ron, seu tom deixando perfeitamente claro que ele desejava aliviar a tensão recém-encontrada dentro do grupo. — Deve ser engraçado, hein?
— Eu não sei. — disse Harry. — Talvez seja melhor quando você mesmo faz, não gostei muito quando Dumbledore me levou para passear.
Charlie riu. — Não é o maior dos sentimentos.
Com seus nomes escritos, os quatro se afastaram, não querendo ficar fechados entre o grupo de ansiosos alunos do sexto ano que enxameavam o anúncio. Eles alcançaram o retrato da Mulher Gorda logo depois.
— Esqueci que vocês dois já tinham feito isso... É melhor eu passar no meu teste da primeira vez. — Ron engoliu em seco, parecendo ansioso. — Fred e George fizeram.
— Mas Jack falhou, não foi?
— Sim, mas Jack é muito maior do que eu. — Ron estendeu os braços como se fosse um gorila. — Então Fred e George não falaram muito sobre isso...
— Quando podemos fazer o teste real?
— Assim que tivermos dezessete anos. Isso é apenas março para mim!
— Sim, mas você não seria capaz de aparatar aqui, não no castelo...
— Não é o ponto, é? Todo mundo sabe que eu posso aparatar se eu quiser.
Ron não era o único a ficar animado com a perspectiva da aparatação. Durante todo aquele dia houve muita conversa sobre as próximas aulas; muita importância foi dada à possibilidade de desaparecer e reaparecer à vontade.
— Como vai ser legal quando pudermos apenas... — Simas estalou os dedos para indicar o desaparecimento. — Meu primo Fergus faz isso só para me irritar, espere até que eu possa fazer isso de volta... Ele nunca mais terá outro momento de paz...
Perdido em visões dessa perspectiva feliz, ele agitou sua varinha com um pouco de entusiasmo demais, de modo que, em vez de produzir a fonte de água pura que era o objeto da aula de Feitiços de hoje, soltou um jato semelhante a uma mangueira que ricocheteou no teto e derrubou o professor. Flitwick de cara no chão.
Depois que Ron deixou escapar que seus amigos eram bem versados em aparatação, Charlie e Harry foram assediados com pedidos dos outros alunos do sexto ano para descrever a sensação. Todos pareciam maravilhados, em vez de desconcertados, quando contaram como era desconfortável, e tanto Charlie quanto Harry ainda estavam respondendo a perguntas detalhadas às dez para as oito daquela noite, até que, finalmente, foram forçados a escapar a tempo para sua visita ao escritório de Dumbledore.
As lâmpadas no escritório de Dumbledore estavam acesas, os retratos dos diretores anteriores roncando suavemente em suas molduras, e a penseira estava pronta sobre a mesa mais uma vez. As mãos de Dumbledore estavam de cada lado dela, a direita tão enegrecida e parecendo queimada como sempre.
Não parecia ter cicatrizado e Charlie se perguntou, talvez pela centésima vez, o que havia causado uma lesão tão distinta, mas não perguntou; Dumbledore havia dito que eventualmente saberia e havia, de qualquer forma, outro assunto que ele queria discutir. Mas antes que Charlie pudesse dizer qualquer coisa sobre Snape e Malfoy, Dumbledore falou.
— Harry, ouvi dizer que você conheceu o Ministro da Magia durante as férias?
— Sim. — disse Harry, olhando para Charlie levemente. — Ele não está muito feliz comigo.
— Bem, sim. — suspirou Dumbledore. — Eu imagino que ele não esteja muito feliz comigo também. Devemos tentar não afundar sob nossa angústia, Harry, mas continuar batalhando.
Harry sorriu.
— Ele queria que eu dissesse à comunidade bruxa que o Ministério está fazendo um trabalho maravilhoso.
Dumbledore sorriu.
— A ideia original foi de Fenwick, você sabe. Durante seus últimos dias no cargo, quando ele tentava desesperadamente se agarrar ao cargo, ele procurou uma reunião com você, esperando que você lhe desse seu apoio...
— Muito irônico da parte do meu pai, não é? — Charlie murmurou com raiva. — Em que mundo Harry o defenderia depois de tudo que aconteceu no ano passado? Depois de Umbridge?
— Tentei dizer a Fenwick que não havia chance, mas a ideia não morreu quando ele deixou o cargo. — Dumbledore suspirou, olhando por cima dos aros dos óculos. — Poucas horas depois da nomeação de Scrimgeour, nos encontramos e ele exigiu que eu marcasse um encontro com você...
— Então é por isso que você discutiu! — Harry deixou escapar. — Eu li sobre isso no Profeta Diário.
— O Profeta é obrigado a relatar a verdade ocasionalmente. — disse Dumbledore. — Mesmo que acidentalmente. Sim, foi por isso que discutimos. Bem, parece que Rufus finalmente encontrou uma maneira de encurralar você.
— Ele queria saber aonde você vai quando não está em Hogwarts. — Harry falou timidamente, olhando fixamente para seus joelhos.
— Sim, ele é muito intrometido sobre isso. — assentiu Dumbledore, agora parecendo alegre, e Harry achou seguro olhar para cima novamente. — Ele até tentou me seguir. Divertido, realmente. Ele colocou Dawlish para me seguir. Não foi gentil. Já fui forçado a azarar Dawlish uma vez; fiz isso de novo com o maior arrependimento.
— Eles ainda não sabem para onde você vai? — Charlie perguntou, esperando por mais informações sobre este assunto intrigante, mas Dumbledore apenas sorriu por cima de seus óculos de meia-lua.
— Não, eles não sabem, e também não é o momento certo para você saber. Agora, sugiro que continuemos, a menos que haja mais alguma coisa?
— Há, na verdade, avô. — Charlie interveio, endireitando-se em sua cadeira. — É sobre Malfoy e Snape.
— Professor Snape, Charles.
— Certo... Bem, eu os ouvi durante a festa do Professor Slughorn...
Dumbledore ouviu a história de seu neto com um rosto impassível. Quando Charlie terminou, ele não falou por alguns momentos, então disse: — Obrigado por me dizer isso, Charles, mas sugiro que você tire isso da cabeça. Não acho que seja de grande importância.
— Não é de grande importância? — Charlie repetiu incrédulo. — Perdoe-me, avô, mas você não entendeu?
— Sim, Charles, abençoado como sou com uma inteligência extraordinária, eu entendi tudo o que você me disse. — disse Dumbledore, um pouco incisivamente. — Eu acho que você pode até considerar a possibilidade de que eu entendi mais do que você. Mais uma vez, estou feliz que você tenha confiado em mim, mas deixe-me tranqüilizá-lo de que você não me disse nada que me cause inquietação.
Charlie sentou-se em um silêncio fervente, olhando para Dumbledore. O que estava acontecendo? Isso significava que Dumbledore realmente ordenou que Snape descobrisse o que Malfoy estava fazendo, caso em que ele já tinha ouvido tudo o que Charlie acabara de lhe contar de Snape? Ou ele estava realmente preocupado com o que ouviu, mas fingindo não estar?
— Deixe-me ver se entendi. — Charlie começou, no que ele esperava ser uma voz educada e calma, mas ele notou Harry tenso com o canto do olho. — Você definitivamente ainda confia...
— Eu já fui tolerante o suficiente para responder a essa pergunta. — dispensou Dumbledore, não soando mais muito tolerante. — Minha resposta não mudou.
— Acho que não. — disse uma voz sarcástica; Phineas Nigellus estava evidentemente apenas fingindo estar dormindo. Dumbledore o ignorou.
— Como você deve se lembrar, já tivemos essa discussão uma vez e o resultado não foi satisfatório. Agora, Charles, devo insistir que continuemos. Tenho coisas mais importantes para discutir com você e Harry esta noite.
Charlie ficou sentado ali, sentindo-se amotinado. Como seria se ele se recusasse a permitir a mudança de assunto, se insistisse em argumentar contra Malfoy? Como se tivesse lido a mente do neto, Dumbledore balançou a cabeça.
O velho sábio abriu a boca para falar e depois a fechou novamente. Atrás de Charlie, Fawkes, a fênix, soltou um grito baixo, suave e musical. Para a leve confusão de Charlie, ele de repente percebeu que os brilhantes olhos azuis de Dumbledore pareciam bastante emotivos, e olhou apressadamente para seus próprios joelhos, sua cabeça baixa de vergonha. Quando Dumbledore falou, no entanto, sua voz estava bastante firme.
— Ah, Charles, quantas vezes isso acontece, mesmo entre os melhores da família. Cada um de nós acredita que o que temos a dizer é muito mais importante do que qualquer coisa que o outro possa ter a contribuir!
— Eu não acho que o que você tem a dizer não seja importante, vovô. — Charlie murmurou duramente.
— Bem, você está certo, porque não é. — concordou Dumbledore energicamente. — Tenho mais uma memória para mostrar a você e a Harry esta noite, obtida com enorme dificuldade e, ouso dizer, a mais importante que colecionei.
Charlie não disse nada sobre isso; ele ainda se sentia um pouco zangado com a recepção que suas confidências haviam recebido, mas não conseguia ver o que ganharia argumentando mais.
— Então... — continuou Dumbledore, com uma voz retumbante. — Nós nos encontramos esta noite para continuar a história de Tom Riddle, a quem deixamos na última aula no limiar de seus anos em Hogwarts. Você deve se lembrar de como ele ficou animado ao ouvir isso ele era um bruxo e que eu, por minha vez, o alertei contra o roubo contínuo quando ele chegou à escola.
— Bem, o início do ano letivo chegou e com ele veio Tom Riddle, um garoto quieto em suas vestes de segunda mão, que se alinhou com os outros primeiros anos para ser classificado. Ele foi colocado na Sonserina quase no momento em que o O Chapéu Seletor tocou sua cabeça. — Dumbledore continuou, acenando com a mão enegrecida em direção à prateleira sobre sua cabeça onde o Chapéu Seletor estava sentado, antigo e imóvel. — Quanto tempo depois Riddle soube que o famoso fundador da Casa podia falar com cobras, eu não sei - talvez naquela mesma noite. O conhecimento só pode tê-lo excitado e aumentado seu senso de importância.
— No entanto, se ele estava assustando ou impressionando os colegas da Sonserina com exibições de língua de cobra em sua sala comunal, nenhum indício disso chegou à equipe. Ele não mostrou nenhum sinal de arrogância ou agressão externa. Como um órfão extraordinariamente talentoso e muito bonito, ele naturalmente atraiu a atenção e a simpatia da equipe quase desde o momento de sua chegada. Ele parecia educado, quieto e sedento de conhecimento. Quase todos ficaram favoravelmente impressionados com ele.
— Você não contou a eles como ele era quando o conheceu no orfanato? — Charlie perguntou, compartilhando pensamentos semelhantes com Harry, cujas orelhas se animaram com a intriga.
— Não, eu não fiz. Embora ele não tivesse mostrado nenhum sinal de remorso, era possível que ele sentisse pena de como ele havia se comportado antes e estivesse decidido a virar uma página nova. Eu escolhi dar a ele essa chance.
Dumbledore fez uma pausa e olhou inquisitivamente para Charlie, que abriu a boca para falar. Aqui, novamente, estava a tendência de Dumbledore de confiar nas pessoas, apesar das evidências esmagadoras de que elas não mereciam. Mas antes que Charlie tivesse a chance de falar, Harry se lembrou de algo de grande importância.
— Mas você realmente não confia nele, senhor, não é? Ele me disse... O Riddle que saiu daquele diário uma vez disse: 'Dumbledore nunca pareceu gostar de mim tanto quanto os outros professores.' — disse Harry, relembrando uma época em que uma vez conversou com o Lorde das Trevas por meio de um livrinho preto.
— Vamos dizer que eu não tinha certeza de que ele era confiável. — disse Dumbledore. — Eu tinha, como já indiquei, resolvido ficar de olho nele, e assim o fiz. Não posso fingir que aprendi muito com minhas observações a princípio. Ele foi muito cauteloso comigo; ele sentiu, eu Tenho certeza de que, na emoção de descobrir sua verdadeira identidade, ele me contou um pouco demais. Ele teve o cuidado de nunca revelar tanto novamente, mas não podia retirar o que havia deixado escapar em sua excitação, nem o que a Sra. Cole havia confiado em mim, mas teve o bom senso de nunca tentar me seduzir como seduzia tantos de meus colegas.
— Ao subir na escola, ele reuniu em torno de si um grupo de amigos dedicados; chamo-os assim, por falta de um termo melhor, como já indiquei, Riddle sem dúvida não sentia afeição por nenhum deles. Esse grupo tinha uma tipo de glamour sombrio dentro do castelo. Eles eram uma coleção heterogênea; uma mistura dos fracos buscando proteção, os ambiciosos buscando alguma glória compartilhada e os bandidos gravitando em torno de um líder que pudesse mostrar a eles formas mais refinadas de crueldade. Em outras palavras, eles foram os precursores dos Comensais da Morte e, de fato, alguns deles se tornaram os primeiros Comensais da Morte depois de deixar Hogwarts.
Harry lançou um olhar discreto para Charlie, que ficou ligeiramente tenso e enrijeceu ao mencionar os seguidores do Lorde das Trevas.
— Rigidamente controlados por Riddle, eles nunca foram detectados em delitos abertos, embora seus sete anos em Hogwarts tenham sido marcados por uma série de incidentes desagradáveis aos quais eles nunca foram satisfatoriamente ligados, o mais sério dos quais foi, é claro, a abertura do Câmara Secreta, que resultou na morte de uma menina.Como você sabe, Hagrid foi injustamente acusado desse crime.
— Não consegui encontrar muitas lembranças de Riddle em Hogwarts. — continuou Dumbledore, colocando sua mão murcha na penseira. — Poucos que o conheceram então estão preparados para falar sobre ele; eles estão muito apavorados. O que eu sei, descobri depois que ele deixou Hogwarts, depois de muito esforço, depois de rastrear aqueles poucos que poderiam ser enganados para falar, depois de pesquisar registros antigos e questionando testemunhas trouxas e bruxas.
— Aqueles a quem pude persuadir a falar me disseram que Riddle era obcecado por sua linhagem. Isso é compreensível, é claro; ele havia crescido em um orfanato e naturalmente desejava saber como foi parar ali. Depois de algum tempo, ele foi forçado a aceitar que seu pai nunca havia posto os pés em Hogwarts.Acredito que foi então que ele abandonou o nome para sempre, assumiu a identidade de Lord Voldemort e começou suas investigações sobre a família de sua mãe, anteriormente desprezada.
— Tudo o que ele tinha para se basear era o único nome 'Marvolo', que ele sabia, por aqueles que administravam o orfanato, era o nome do pai de sua mãe. Finalmente, após uma pesquisa meticulosa, através de livros antigos de famílias bruxas, ele descobriu a existência da linha sobrevivente de Slytherin.No verão de seu décimo sexto ano, ele deixou o orfanato para o qual ele retornava anualmente e partiu para encontrar seus parentes Gaunt.
— Foi Morfin Gaunt, tio de Tom Riddle, quem revelou a verdade por trás da história da concepção de seu sobrinho. Agora, embora não haja evidências para nos mostrar o que aconteceu depois desse caso, acho que podemos supor o que aconteceu a seguir. Em retaliação, Voldemort atacou seu tio, pegou sua varinha e começou sua caça. apostou no pai que nunca o quis. Então, ele voltou ao casebre Gaunt, executou uma mágica complexa que implantaria uma falsa memória na mente de seu tio, colocou a varinha de Morfino ao lado de seu dono inconsciente, embolsou o antigo anel que ele usava, e partiu.
— Então Morfino foi acusado de assassinato? E nunca percebeu que não tinha cometido isso?
— Nunca. — confirmou Dumbledore. — Ele deu, se bem me lembro, uma confissão completa e arrogante.
— Mas como é que o Ministério não percebeu que Voldemort tinha feito tudo isso com Morfino? — Harry perguntou com raiva. — Ele era menor de idade na época, não era? Achei que eles pudessem detectar magia de menores!
— Você está certo - eles podem detectar a magia, mas não o perpetrador. — explicou Dumbledore, sorrindo levemente ao ver a expressão de grande indignação no rosto de Harry. — Você vê, eles são incapazes de dizer quem realizou a mágica. Eles dependem de pais bruxos e bruxos para impor a obediência de seus filhos enquanto estão dentro de suas paredes. É difícil decidir se deve ou não responsabilizar uma criança em uma casa cheia de bruxos e bruxas maiores de idade.
— Bem, isso é besteira. — rebateu Harry. — Olha o que aconteceu aqui, olha o que aconteceu com o Morfino!
— Eu concordo. — assentiu Dumbledore, falando tão calmo como sempre. — O que quer que Morfino fosse, ele não merecia morrer como morreu, culpado por assassinatos que não cometeu. Mas está ficando tarde, e peço desculpas por desviar do assunto da discussão. Eu queria que você visse esta outra memória antes de nós parte. Então agora, rapazes, se vocês ficarem de pé...
Dumbledore levantou-se, e Charlie viu que ele estava novamente segurando uma pequena garrafa de cristal cheia de memórias peroladas. — Tive muita sorte em coletar isso. — disse ele, enquanto despejava a massa brilhante na penseira. — Como você vai entender quando tivermos experimentado. Vamos?
[Entrando na memória]
Charlie se aproximou da bacia de pedra com Harry e se curvou obedientemente até que seu rosto afundou na superfície da memória; ele sentiu a sensação familiar de cair no nada e então pousou na frente de um homem que reconheceu imediatamente.
Era um Horace Slughorn muito mais jovem. Charlie estava tão acostumado com ele careca que achou a visão de Slughorn com cabelo grosso, brilhante e cor de palha bastante desconcertante; parecia que ele tinha a cabeça coberta de palha, embora já houvesse uma careca brilhante do tamanho de um galeão em sua coroa. Seu bigode, menos volumoso do que naqueles dias, era louro-ruivo. Ele não era tão gordo quanto o Slughorn que Charlie conhecia, embora os botões dourados em seu colete ricamente bordado estivessem exigindo bastante esforço. Com os pezinhos apoiados em um pufe de veludo, ele estava sentado bem recuado em uma confortável poltrona de braços, uma das mãos segurando uma pequena taça de vinho, a outra vasculhando uma caixa de abacaxi cristalizado.
Charlie olhou em volta quando Dumbledore e Harry apareceram ao lado dele e viram que eles estavam no escritório de Slughorn. Meia dúzia de garotos estavam sentados ao redor de Slughorn, todos em assentos mais duros ou mais baixos que o dele, e todos no meio da adolescência. Charlie reconheceu Voldemort imediatamente. Seu rosto era o mais bonito e ele parecia o mais relaxado de todos os garotos. Sua mão direita repousava negligentemente sobre o braço de sua cadeira; com um sobressalto, Charlie viu que ele estava usando o anel preto e dourado de Servolo: ele já havia matado o pai.
— Senhor, é verdade que o professor Merrythought está se aposentando?
— Tom, Tom, se eu soubesse não poderia te dizer. — Slughorn deu de ombros, balançando um dedo reprovador coberto de açúcar para Riddle, embora arruinando o efeito levemente ao piscar. — Devo dizer que gostaria de saber onde você consegue suas informações, garoto; você é mais experiente do que metade do pessoal.
Riddle sorriu; os outros meninos riram e lançaram-lhe olhares de admiração.
— Com sua incrível capacidade de saber coisas que você não deveria, e sua bajulação cuidadosa das pessoas que importam - obrigado pelo abacaxi, a propósito, você está certo, é o meu favorito...
Como vários dos meninos riram, algo muito estranho aconteceu. De repente, toda a sala se encheu de uma espessa névoa branca, de modo que Charlie não conseguia ver nada além dos rostos de Dumbledore e Harry, que estavam parados ao lado dele. Então a voz de Slughorn soou através da névoa, estranhamente alta: — Você vai errar, garoto, marque minhas palavras.
A névoa se dissipou tão repentinamente quanto apareceu e, no entanto, ninguém fez nenhuma alusão a ela, nem parecia que algo incomum havia acabado de acontecer. Desnorteado, Charlie olhou em volta enquanto o pequeno relógio dourado sobre a mesa de Slughorn batia onze horas.
— Meu Deus, já está na hora? — Slughorn admirado. — É melhor vocês irem, rapazes, ou todos nós estaremos em apuros. Lestrange, eu quero sua redação até amanhã ou será detenção. O mesmo vale para você, Avery.
Slughorn se levantou de sua poltrona e carregou seu copo vazio até sua mesa enquanto os garotos saíam. Voldemort, no entanto, ficou para trás. Charlie percebeu que ele havia se demorado deliberadamente, querendo ser o último na sala com Slughorn.
— Olhe bem, Tom. — disse Slughorn, virando-se e encontrando-o ainda presente. — Você não quer ser pego fora da cama fora do horário, e você monitor...
— Senhor, eu queria te perguntar uma coisa.
— Pergunte, então, meu garoto, pergunte!
— Senhor, eu queria saber o que você sabe sobre... Sobre Horcruxes?
E aconteceu tudo de novo: a densa névoa encheu a sala de forma que Charlie não podia ver Slughorn ou Voldemort; apenas Harry e Dumbledore, que sorria serenamente ao lado dele. Então a voz de Slughorn ressoou novamente, exatamente como antes.
— Eu não sei nada sobre Horcruxes e não contaria a você se soubesse! Agora saia daqui imediatamente e não deixe que eu pegue você mencionando-os novamente!
— Bem, é isso. — Dumbledore falou placidamente ao lado de Charlie. — Hora de ir.
E os pés de Charlie deixaram o chão para cair, segundos depois, de volta ao tapete em frente à mesa de Dumbledore.
[Saindo da memória]
— Isso é tudo que existe? — perguntou Harry inexpressivamente, enquanto os três voltavam para o escritório do diretor.
Dumbledore havia dito que essa era a lembrança mais importante de todas, mas não conseguia ver o que havia de tão significativo nela. Reconhecidamente, a névoa e o fato de que ninguém parecia ter notado era estranho, mas fora isso nada parecia ter acontecido, exceto que Voldemort havia feito uma pergunta e não obteve uma resposta.
— Como você deve ter notado. — Dumbledore olhou entre os dois garotos, sentando-se atrás de sua mesa. — Essa memória foi adulterada.
— Adulterada? — Charlie repetiu, sentando-se também. Harry seguiu o exemplo logo depois.
— Certamente. — disse Dumbledore. — Professor Slughorn se intrometeu com suas próprias lembranças.
— Mas por que ele faria isso?
— Porque, eu acho, ele tem vergonha do que lembra. — Dumbledore entrelaçou os dedos e os descansou sobre o estômago. — Ele tentou retrabalhar a memória para se mostrar sob uma luz melhor, apagando as partes que não deseja que eu veja. É, como você deve ter notado, feito de maneira muito grosseira, e isso é bom, pois mostra que a verdadeira memória ainda está lá sob as alterações.
Harry e Charlie se entreolharam, ligeiramente confusos.
— Uma vez eu disse a você que o professor Slughorn tinha algo que eu desejava profundamente. — Dumbledore falou com um tom que provocava um simples lembrete. — É isso. A parte que falta nesta memória. E então, pela primeira vez, estou dando lição de casa para vocês dois. Será seu trabalho persuadir o Professor Slughorn a divulgar a memória real, que sem dúvida será nossa mais importante informação crucial.
Charlie o encarou.
— Mas certamente, avô. — ele disse, mantendo sua voz tão respeitosa quanto possível. — Deve haver uma opção mais eficiente - por que você não poderia usar Legilimência? Ou Veritaserum, talvez?
— Professor Slughorn é um bruxo extremamente capaz que espera os dois. — Dumbledore descartou a ideia rapidamente, apesar do rosto caído dele e do filho. — Ele é muito mais talentoso em Oclumência do que o pobre Morfin Gaunt, e eu ficaria surpreso se ele não carregasse um antídoto para Veritaserum com ele desde que eu o coagi a me dar essa farsa de lembrança.
— Não, acho que seria tolice tentar arrancar a verdade do professor Slughorn pela força, e poderia fazer muito mais mal do que bem; não desejo que ele deixe Hogwarts. No entanto, ele tem suas fraquezas como o resto dos nós, e acredito que vocês dois são os únicos capazes de penetrar em suas defesas. É muito importante que asseguremos a verdadeira memória, Charles... Que importante, só saberemos quando tivermos visto a coisa real. Então, boa sorte... E boa noite.
Um pouco surpreso com a dispensa abrupta, Harry se levantou rapidamente. — Boa noite senhor.
Charlie seguiu. — Boa noite, vovô.
Então, ao fechar a porta do escritório atrás dele e de Harry, ele ouviu distintamente Phineas Nigellus dizer: — Não consigo ver por que eles deveriam ser capazes de fazer isso melhor do que você, Dumbledore.
— Eu não esperava que você o fizesse, Phineas. — respondeu Dumbledore, e Fawkes, a Fênix, deu outro grito baixo e musical.
★
No dia seguinte, Harry e Charlie confidenciaram a Ron e Hermione sobre a tarefa que Dumbledore havia dado a eles, embora separadamente, pois Charlie ainda se recusava a permanecer na presença de Ron por mais tempo do que o necessário para lhe dar um olhar de desprezo.
E assim, Charlie discutiu alegremente suas descobertas com Hermione depois que Harry voltou de lidar com Ron. Como esperado, Hermione teve uma visão mais sombria sobre a revelação.
— Ele deve estar determinado a esconder o que realmente aconteceu se Dumbledore não conseguiu arrancar dele. — ela disse em voz baixa, enquanto eles estavam no pátio deserto e coberto de neve no intervalo. — Horcruxes... Horcruxes... Eu nunca ouvi falar deles...
— Você não ouviu?
Charlie ficou um pouco desapontado; ele esperava que Hermione pudesse lhe dar uma pista sobre o que eram Horcruxes.
— Eles devem ser magia negra realmente avançada, ou por que Voldemort iria querer saber sobre eles? Acho que vai ser difícil obter a informação, Charlie, você terá que ter muito cuidado sobre como abordar Slughorn, pense bem uma estratégia...
— Aparentemente, Ron acha que Harry e eu deveríamos ficar para trás depois de Poções esta tarde. — Charlie resmungou, explodindo de uma vez. — Harry concorda com ele, é claro, porque quando o julgamento de Ickle Ronniekins falhou.
Hermione suspirou, parando em seu caminho para dar-lhe um olhar severo. — Charlie, por favor, você não pode apenas...
— Não. — Charlie bufou, enfiando as mãos nos bolsos enquanto parava também. — Ele beijou você, Hermione, e eu não estou bem com isso.
— E embora eu entenda isso... — disse Hermione simpaticamente, aproximando-se para entrelaçar suas mãos. — Você sabe perfeitamente bem que isso não significa nada.
— Talvez não para você. — Charlie estreitou os olhos sobre o rosto desdenhoso de Hermione, tentando não ceder ao modo como os dedos dela acariciavam sua pele. — Mas aquele idiota ruivo é implacável quando se trata de você.
Hermione sorriu levemente, seu coração batia tão irregularmente em seu peito que ela nem percebeu o apelido carinhoso que saiu de seus lábios antes que fosse tarde demais:
— Cuidado, querido, você está começando a parecer um pouco ciumento.
Felizmente, o garoto em questão não pareceu perceber o deslize, e as bochechas de Hermione, que já estavam em um tom brilhante de rosa por causa do frio, mascaravam seu rubor de vergonha.
Charlie zombou, parado na neve até os tornozelos. — Eu não estou com ciúmes.
— Bom. — sorriu Hermione, e ela se inclinou para colocar um beijo gentil em sua bochecha; os lábios dela eram quentes contra a pele gelada dele. — Porque você não tem razão para ser.
E com uma leve risada, Charlie se permitiu sorrir enquanto descansava sua testa contra a dela. Eles ficaram parados por um momento, seus narizes se tocando, tentando resistir à tentação de se agarrar no pátio. Mas, finalmente, eles foram separados um do outro quando o sinal tocou para sinalizar o início da aula. Com as mãos ainda entrelaçadas, caminharam juntos pela neve.
As aulas de Poções eram bastante desconfortáveis hoje em dia, visto que Charlie, Harry, Ron e Hermione tinham que dividir uma mesa. Hoje, porém, o grupo parecia mais dividido do que nunca, pois Charlie e Hermione haviam se isolado em um lado da mesa com seus caldeirões, enquanto Harry estava sentado ao lado de Ron, que tinha uma expressão como se desejasse se desculpar.
Mas antes que Ron pudesse dizer qualquer coisa, Slughorn estava pedindo silêncio da frente da sala.
— Acalme-se, acalme-se, por favor! Rápido, agora, muito trabalho para esta tarde! Terceira Lei de Golpalott... Quem pode me dizer? Mas a Srta. Granger pode, é claro!
Hermione recitou em alta velocidade: — A Terceira-Lei de Golpalott afirma que o antídoto para um veneno misturado será igual a mais do que a soma dos antídotos -para-cada-um-dos-componentes-separáveis.
— Precisamente! — sorriu Slughorn. — Dez pontos para Grifinória! Agora, se aceitarmos a Terceira Lei de Golpalott como verdadeira...
Charlie teria que aceitar a palavra de Slughorn de que a Terceira Lei de Golpalott era verdadeira, porque ele não havia entendido nada dela. Ninguém, além de Hermione, parecia estar seguindo o que Slughorn disse a seguir também.
— ... O que significa, é claro, que assumindo que alcançamos a identificação correta dos ingredientes da poção pelo Revelaspell de Scarpin, nosso objetivo principal não é o relativamente simples de selecionar antídotos para esses ingredientes em si mesmos, mas descobrir que adicionado componente que irá, por um processo quase alquímico, transformar esses elementos díspares...
Abrindo sua cópia de Advanced Potion-Making, Charlie começou a rabiscar distraidamente nas margens. O recém-descoberto benefício de voltar a ter boas relações com Hermione significava que ele sempre poderia contar com ela para ajudá-lo a sair de problemas quando ele não conseguia entender o que estava acontecendo.
— ... E então... — terminou Slughorn. — Eu quero que cada um de vocês venha e pegue um desses frascos da minha mesa. Vocês devem criar um antídoto para o veneno dentro dele antes do final da aula. Boa sorte, e não esqueça suas luvas de proteção!
Hermione havia deixado seu banquinho e estava a meio caminho da mesa de Siughorn antes que o resto da classe percebesse que era hora de se mexer, e quando Harry, Ron e Charlie voltaram para a mesa, ela já havia derramado o conteúdo de seu frasco em seu caldeirão e estava acendendo um fogo embaixo dele.
— É uma pena que o Príncipe não possa te ajudar muito com isso, Harry. — ela disse alegremente enquanto se endireitava. — Você tem que entender os princípios envolvidos desta vez. Sem atalhos ou truques!
Charlie observou enquanto Harry, que estava claramente irritado com o comentário, abriu o veneno que havia tirado da mesa de Siughorn, despejou-o em seu caldeirão e acendeu o fogo embaixo dele. No entanto, alguns segundos depois, ficou bastante claro que ele não tinha a menor ideia do que deveria fazer a seguir, pois ficou parado olhando para seus amigos, inconscientemente pedindo ajuda.
Em total contraste, Charlie estava surpreendentemente bem, graças a Hermione, é claro, que começou a sussurrar as instruções em seu ouvido sempre que seu amante não oficial parecia precisar de ajuda. De vez em quando, ela se inclinava em seu corpo para transmitir suas dicas sobre como preparar a poção com sucesso. No entanto, Charlie sabia secretamente que era tudo um estratagema para ela fechar o espaço entre eles e passar as pontas dos dedos sobre o peito de uma maneira provocante. Charlie não reclamou de suas demonstrações flagrantes de afeto, veja bem, mas encontrou conforto em seu toque.
Do outro lado da sala, Slughorn olhou esperançoso para o caldeirão de Harry em seu primeiro circuito da masmorra, preparando-se para exclamar de alegria como sempre fazia, e em vez disso retirou a cabeça apressadamente, tossindo, quando o cheiro de ovos podres o inundou. ele. A expressão de Hermione não poderia ser nada presunçosa; ela detestava ser superada em todas as aulas de Poções. Ela agora estava decantando os ingredientes misteriosamente separados de seu veneno em dez frascos de cristal diferentes. Mais para evitar assistir a essa visão irritante do que qualquer outra coisa, Harry se curvou sobre o livro do Príncipe Mestiço e virou algumas páginas com força desnecessária.
E lá estava, rabiscado em uma longa lista de antídotos.
Basta enfiar um bezoar goela abaixo.
As palavras provocaram uma lembrança anterior dentro de Harry, e foi algo que o Professor Snape mencionou na primeira aula de Poções:
— Um bezoar é uma pedra retirada do estômago de uma cabra, que protege da maioria dos venenos.
Não era uma resposta para o problema de Golpalott, e se Snape ainda fosse o professor deles, Harry não teria ousado fazê-lo, mas este era um momento para medidas desesperadas. Charlie observou enquanto o garoto de óculos corria em direção ao armário da loja e remexeu dentro dele, afastando chifres de unicórnio e emaranhados de ervas secas até encontrar, bem no fundo, uma pequena caixa de papelão na qual estava rabiscada a palavra 'Bezoars' .
Harry abriu a caixa no momento em que Slughorn gritou. — Faltam dois minutos, pessoal! — dentro havia meia dúzia de objetos marrons enrugados, parecendo mais rins secos do que pedras de verdade. Harry pegou um, colocou a caixa de volta no armário e voltou correndo para seu caldeirão.
— Acabou o tempo! — chamou Slughorn cordialmente. — Bem, vamos ver como você se saiu! Blaise... O que você tem para mim?
Lentamente, Slughorn moveu-se pela sala, examinando os vários antídotos. Ninguém havia terminado a tarefa, embora Hermione estivesse tentando colocar mais alguns ingredientes em sua garrafa antes que Slughorn a alcançasse. Charlie havia caído em seu banquinho, descansando a cabeça nas mãos e sorrindo para o rosto confuso de Hermione. Ron havia desistido completamente e estava apenas tentando evitar respirar a fumaça pútrida que saía de seu caldeirão. Harry ficou lá esperando, o bezoar agarrado em uma mão ligeiramente suada.
Slughorn chegou à mesa por último. Ele jogou a poção de Charlie em sua direção e passou para a de Ron com uma expressão indecifrável. Ele não se deteve sobre o caldeirão de Ron, mas recuou rapidamente, sentindo um pouco de ânsia de vômito.
— E você, Harry. — ele disse. — O que você tem para me mostrar?
Harry estendeu a mão, o bezoar em sua palma. Charlie torceu uma sobrancelha para seu melhor amigo, que simplesmente acenou com a cabeça para o velho livro vandalizado que ele aprendeu a amar. Compreendendo o que havia acontecido imediatamente, Charlie suspirou. Honestamente, não foi surpresa que o Príncipe Mestiço tenha vindo em socorro de Harry mais uma vez.
Slughorn olhou para o bezoar por dez segundos. Harry se perguntou, por um momento, se ele iria gritar com ele. Então ele jogou a cabeça para trás e caiu na gargalhada.
— Você tem coragem, garoto! — ele explodiu, pegando o bezoar e segurando-o para que a classe pudesse vê-lo. — Oh, você é como sua mãe... Bem, não posso culpá-la... Um bezoar certamente funcionaria como um antídoto para todas essas poções!
Hermione, que estava com o rosto suado e fuligem no nariz, parecia lívida. Seu antídoto inacabado, contendo cinquenta e dois ingredientes, incluindo uma mecha de seu próprio cabelo, borbulhou lentamente atrás de Slughorn, que não tinha olhos para ninguém além de Harry.
— E você pensou em um bezoar sozinho, não é, Harry? — ela perguntou com os dentes cerrados.
— Esse é o espírito individual que um verdadeiro fabricante de poções precisa! — disse Slughorn alegremente, antes que Harry pudesse responder. — Assim como sua mãe, ela tinha a mesma compreensão intuitiva da preparação de poções. Oh, sim, ele sem dúvida aprendeu com Lily... Sim, Harry, sim, se você tiver um bezoar em mãos, é claro, isso resolveria... Embora como não funcionam em tudo, e são bem raros, ainda vale a pena saber como misturar antídotos...
A única pessoa na sala parecendo mais zangada do que Hermione era Malfoy, que Charlie ficou feliz em ver, havia derramado algo que o fazia parecer um gato enjoado. Antes que qualquer um deles pudesse expressar sua fúria por Harry ter sido o primeiro da classe por não fazer nenhum trabalho, o sinal tocou.
— Hora de fazer as malas! — anunciou Slughorn. — E dez pontos extras para a Grifinória por pura ousadia!
Ainda rindo, ele voltou para sua mesa na frente da masmorra.
Charlie e Harry ficaram para trás, demorando muito para arrumar suas malas, pois eles subconscientemente concordaram em confrontar Slughorn depois da aula. Com um rápido adeus a Hermione, Charlie observou enquanto ela e Ron deixavam a sala, parecendo bastante irritado com o elogio de Harry.
Assim que a sala ficou vazia, deixando apenas os dois grifinórios e seu professor na sala, Charlie olhou para Harry e sussurrou: — Como você acha que vamos fazer isso?
Antes que Harry pudesse responder, no entanto, Slughorn veio apressado para ver o que era o assalto.
— Vamos, agora, rapazes, vocês vão se atrasar para a próxima aula neste ritmo. — disse ele afavelmente, fechando os fechos de ouro em sua maleta de pele de dragão.
— Na verdade, senhor... — Harry começou, lembrando-se irresistivelmente de Voldemort; Charlie se preparou internamente para o que estava por vir. — Nós queríamos te perguntar uma coisa.
— Pergunte, então, meu caro menino, pergunte...
— Senhor, estávamos nos perguntando se você sabia alguma coisa sobre... Sobre Horcruxes?
Slughorn congelou. Seu rosto redondo parecia afundar em si mesmo. Ele lambeu os lábios e disse com voz rouca: — O que você disse?
Charlie limpou a garganta. — Eu perguntei se você sabe alguma coisa sobre Horcruxes, senhor. Veja...
— Seu avô colocou você nisso, não foi?
A voz de Slughorn havia mudado completamente. Não era mais genial, mas chocado, apavorado. Ele remexeu no bolso da camisa e tirou um lenço, enxugando a testa suada.
— Dumbledore mostrou a vocês dois aquela... Aquela memória. — murmurou Slughorn, seus olhos estreitos. — Não é?
Charlie e Harry trocaram um olhar.
— Sim. — eles disseram simultaneamente, decidindo na hora que era melhor não mentir.
— Sim, claro. — murmurou Slughorn baixinho, ainda enxugando seu rosto branco. — Claro... Bem, se vocês viram essa memória, rapazes, vocês saberão que eu não sei nada - nada... — ele repetiu a palavra com força. — Sobre Horcruxes!
Ele pegou sua maleta de pele de dragão, enfiou o lenço de volta no bolso e marchou para a porta da masmorra.
— Senhor. — implorou Charlie desesperadamente. — Nós apenas pensamos que poderia haver um pouco mais na memória...
— Você fez? — latiu Slughorn. — Então vocês dois estavam errados, não estavam? ERRADOS!
Ele gritou alto o suficiente para as prateleiras tremerem e então, antes que Charlie ou Harry pudessem dizer outra palavra, bateu a porta da masmorra atrás de si.
★
Nem Ron nem Hermione foram simpáticos quando Harry e Charlie contaram a eles sobre sua entrevista desastrosa. Hermione ainda estava furiosa com a maneira como Harry havia triunfado sem fazer o trabalho direito. Ron estava ressentido por Harry não ter lhe dado um bezoar também.
— Teria parecido estúpido se nós dois tivéssemos feito isso! — exclamou Harry irritado, vindo em sua própria defesa. — Olha, eu tive que tentar amolecê-lo para que pudéssemos perguntar a ele sobre Voldemort, não é? Oh, você vai se controlar! — ele acrescentou exasperado, enquanto Ron estremecia ao som do nome.
Decepcionado com seu fracasso, Charlie refletiu pelos próximos dias sobre o que fazer a seguir com Slughorn. Ele decidiu que, por enquanto, deixaria Slughorn pensar que havia esquecido tudo sobre Horcruxes; certamente era melhor induzi-lo a uma falsa sensação de segurança antes de voltar ao ataque. Quando nem Charlie nem Harry questionaram Slughorn novamente, o mestre de Poções voltou ao seu tratamento afetuoso usual para com eles e parecia ter removido o assunto de sua mente.
Charlie esperou um convite para uma de suas pequenas festas noturnas, determinado a aceitar desta vez, mesmo que tivesse que remarcar o treino de Quadribol. Infelizmente, porém, tal convite não chegou. E assim, ele verificou com Hermione e Harry: nenhum deles havia recebido um convite e nem, pelo que sabiam, ninguém mais. Charlie não pôde deixar de se perguntar se isso significava que Slughorn não era tão esquecido quanto parecia, ou se ele estava simplesmente determinado a não dar a eles nenhuma oportunidade adicional de questioná-lo.
Enquanto isso, a biblioteca de Hogwarts falhou com Hermione pela primeira vez na memória viva. Ela ficou tão chocada que até esqueceu que estava irritada com Harry por seu truque com o bezoar.
— Não encontrei uma única explicação para o que as Horcruxes fazem! — ela disse a ele e a Charlie, durante o tempo livre entre as aulas. — Nenhum! Eu já passei pela seção restrita e até mesmo nos livros mais horríveis, onde eles dizem como preparar as poções mais horríveis - nada! Tudo o que consegui encontrar foi isso, na introdução de 'Magick Moste Evil', ouçam 'Da Horcrux, a mais perversa das invenções mágicas, não falaremos nem daremos instruções' quero dizer, por que mencioná-la, então? — ela disse impacientemente, fechando o velho livro; soltou um gemido fantasmagórico. — Oh, cale a boca. — ela retrucou, colocando-o de volta em sua bolsa.
A neve derreteu ao redor da escola quando fevereiro chegou, para ser substituída por uma umidade fria e triste. Nuvens cinza-arroxeadas pairavam baixas sobre o castelo e uma chuva fria constante tornava os gramados escorregadios e lamacentos. O resultado disso foi que a primeira aula de Aparatação do sexto ano, marcada para um sábado de manhã para que nenhuma aula normal fosse perdida, ocorreu no Salão Principal em vez de no terreno.
Quando Charlie, Harry e Hermione chegaram ao Salão (Rony havia descido com Seamus), eles descobriram que as mesas haviam desaparecido. A chuva batia contra as janelas altas e o teto encantado girava escuro acima deles enquanto eles se reuniam na frente dos professores McGonagall, Snape, Flitwick e Sprout - os chefes da casa - e um pequeno bruxo que Charlie pensou ser o instrutor de aparatação do Ministério. Ele era estranhamente incolor, com cílios transparentes, cabelos ralos e um ar insubstancial, como se uma única rajada de vento pudesse levá-lo embora. Charlie se perguntou se os constantes desaparecimentos e reaparições de alguma forma diminuíram sua substância, ou se essa constituição frágil era ideal para qualquer um que desejasse desaparecer.
— Bom dia. — disse o mago do Ministério, quando todos os alunos chegaram e os chefes das casas pediram silêncio. — Meu nome é Wilkie Twycross e serei seu Instrutor de Aparatação do Ministério pelas próximas doze semanas. Espero poder prepará-lo para seu teste de Aparatação neste tempo...
— Malfoy, fique quieto e preste atenção! — latiu a professora McGonagall.
Todos olharam em volta. Malfoy estava com um tom rosa opaco; ele parecia furioso ao se afastar de Crabbe, com quem parecia ter uma discussão sussurrada. Charlie olhou rapidamente para Snape, que também parecia aborrecido, embora Charlie suspeitasse fortemente que isso era menos por causa da grosseria de Malfoy do que pelo fato de McGonagall ter repreendido alguém de sua casa.
— ... A essa altura, muitos de vocês podem estar prontos para fazer o teste. — continuou Twycross, como se não tivesse havido interrupção. — Como você deve saber, geralmente é impossível aparatar ou desaparatar dentro de Hogwarts. O diretor suspendeu este encantamento, puramente dentro do Salão Principal, por uma hora, para permitir que você pratique. Posso enfatizar que você não será capaz de aparatar fora das paredes deste Salão, e que seria imprudente tentar.
Houve uma grande confusão e empurrão quando as pessoas se separaram, se chocaram e ordenaram que outras saíssem de seu espaço. Os chefes das casas moviam-se entre os alunos, colocando-os em posição e interrompendo as discussões.
— Charlie, onde você está indo? — perguntou Hermione, pois Charlie havia se arrastado para frente, saindo de seu alcance antes mesmo que ela pudesse tentar agarrá-lo.
Não tendo ouvido, Charlie não respondeu; ele estava se movendo rapidamente pela multidão, passando pelo lugar onde o Professor Flitwick estava fazendo tentativas ruidosas de posicionar alguns Corvinais, todos os quais queriam estar perto da frente, passando pela Professora Sprout, que estava colocando os Lufa-Lufas na linha, até que, desviando-se ao redor de Ernie Macmillan, ele conseguiu se posicionar bem atrás da multidão, logo atrás de Malfoy, que estava aproveitando a agitação geral para continuar sua discussão com Crabbe, parado a um metro e meio de distância e parecendo amotinado.
— Eu não sei quanto tempo mais, certo? — Malfoy atirou nele, alheio a Charlie parado bem atrás dele. — Está demorando mais do que eu pensava. —
Crabbe abriu a boca, mas Malfoy pareceu duvidar do que ele ia dizer.
— Olha, não é da sua conta o que estou fazendo, Crabbe, você e Goyle apenas façam o que mandarem e fiquem de olho!
— Se eu quisesse que meus amigos ficassem de olho em mim, eu diria a eles o que estou fazendo. — Charlie murmurou, apenas alto o suficiente para Malfoy ouvi-lo.
Malfoy girou no mesmo lugar, sua mão voando para sua varinha, mas naquele exato momento os quatro Chefes de Casa gritaram. — Silêncio! — e o silêncio caiu novamente. Malfoy virou-se lentamente para a frente.
— Obrigado. — disse Twycross. — Agora, então...
Ele acenou com a varinha. Aros de madeira antiquados apareceram instantaneamente no chão na frente de cada aluno.
— As coisas importantes a serem lembradas ao aparatar são os três Ds! — gritou Twycross, sua voz carregada. — Destino, Determinação, Deliberação! Passo um: fixe sua mente firmemente no destino desejado...
E com isso, a aula começou. A primeira tentativa deles foi absolutamente horrível. A segunda tentativa não foi melhor que a primeira. O terceiro foi tão ruim. Só no quarto momento algo emocionante aconteceu. Houve um grito horrível de dor e todos olharam em volta, apavorados, ao ver Susan Bones, da Lufa-Lufa, cambaleando em seu arco com a perna esquerda ainda parada a um metro e meio de onde ela havia começado.
Os chefes de casa convergiram para ela; houve um grande estrondo e uma nuvem de fumaça roxa, que se dissipou para revelar Susan soluçando, reunida com a perna, mas parecendo horrorizada.
— O splinching, ou a separação de partes aleatórias do corpo. — explicou Twycross desapaixonadamente. — Ocorre quando a mente está insuficientemente determinada. Você deve se concentrar continuamente em seu destino e mover-se, sem pressa, mas com deliberação... Assim.
Twycross deu um passo à frente, virou-se graciosamente no local com os braços estendidos e desapareceu em um redemoinho de mantos, reaparecendo no fundo do salão. — Lembre-se dos três Ds. — disse ele. — E tente novamente... Um - dois - três.
Mas uma hora depois, o Splinching de Susan ainda era a coisa mais interessante que havia acontecido. Twycross não parecia desanimado. Prendendo a capa no pescoço, ele apenas disse: — Até o próximo sábado, pessoal, e não se esqueçam: Destino. Determinação. Deliberação.
Com isso, ele acenou com a varinha, seu equipamento desaparecendo, e saiu do Salão acompanhado pela Professora McGonagall. A conversa começou imediatamente quando as pessoas começaram a se mover em direção ao Hall de Entrada.
— Como você fez? — perguntou Ron, correndo em direção a Harry e Charlie, que havia manobrado seu caminho de volta para os Grifinórios. — Acho que senti algo da última vez que tentei - uma espécie de formigamento nos pés.
— Acho que seus tênis são muito pequenos. — disse uma voz atrás deles, e Hermione passou por eles, sorrindo.
— Eu não senti nada. — Harry deu de ombros, ignorando a interrupção. — Acho que fiquei um pouco desanimado com a coisa toda do Splinching... E você, Charlie?
Charlie deu de ombros, seus olhos fixos em outro lugar. — Eu não me importo com isso agora...
Ron piscou. — O que você quer dizer, você não se importa... Você não quer aprender a aparatar?
— Eu não estou preocupado, sério. Eu tenho coisas mais importantes para me preocupar. — resmungou Charlie, olhando por cima do ombro para ver onde Malfoy estava, e acelerando quando eles entraram no Hall de Entrada. — Olha, se apresse, sim? Tem uma coisa que eu quero fazer...
Perplexos, Harry e Ron seguiram Charlie de volta à Torre da Grifinória correndo. Eles foram temporariamente detidos por Pirraça, que havia trancado uma porta no quarto andar e se recusava a deixar qualquer um passar até que ateassem fogo em suas próprias calças, mas os três garotos da Grifinória simplesmente voltaram e pegaram um de seus atalhos de confiança. Em cinco minutos, eles estavam subindo pelo buraco do retrato.
— Você vai nos dizer o que estamos fazendo, então? — Ron perguntou, ofegando ligeiramente. Harry franziu as sobrancelhas em confusão.
— Aqui em cima. — Charlie acenou, e ele atravessou a sala comunal e liderou o caminho através da porta para a escada dos meninos.
O dormitório deles estava, como Charlie esperava, vazio. Ele abriu o baú de Harry e começou a remexer nele, enquanto seus dois amigos o observavam com impaciência.
— Oi! Por que você está mexendo aí? Caramba, acabei de resolver tudo!
— Charlie?
— Malfoy está usando Crabbe e Goyle como vigias. Ele estava discutindo com Crabbe agora mesmo. Eu quero saber... Aha.
Ele o havia encontrado, um quadrado dobrado de pergaminho aparentemente em branco, que ele agora alisou e bateu com a ponta de sua varinha.
— Eu juro solenemente que não estou tramando nada de bom.
Imediatamente, o Mapa do Maroto apareceu na superfície do pergaminho. Aqui estava um plano detalhado de cada um dos andares do castelo e, movendo-se ao redor dele, os minúsculos pontos pretos rotulados que significavam cada um dos ocupantes do castelo.
— Ajude-me a encontrar Malfoy.
Ele colocou o mapa em cima da cama e ele, Harry e Ron se inclinaram sobre ele, procurando.
— Lá! — disse Ron, depois de um minuto ou mais. — Ele está na sala comunal da Sonserina, olha... Com Parkinson, Zabini, Crabbe e Goyle...
Charlie olhou para o mapa, desapontado, mas se recompôs quase imediatamente.
— Eu preciso que você fique de olho nele de agora em diante. — Charlie disse a Harry com urgência. — E no momento em que você o vir espreitando em algum lugar com Crabbe e Goyle vigiando do lado de fora, ele estará usando a velha Capa da Invisibilidade e partirá para descobrir o que ele é...
Ele se interrompeu quando Neville entrou no dormitório, trazendo consigo um forte cheiro de material chamuscado, e começou a vasculhar seu baú em busca de um par de calças novas.
★
Apesar da determinação de Charlie em descobrir o que Malfoy estava tramando, Harry não teve sorte nas semanas seguintes.
Embora ele consultasse o mapa sempre que podia, às vezes fazendo visitas desnecessárias ao banheiro entre as aulas para procurá-lo, Harry não viu Malfoy em nenhum lugar suspeito. Reconhecidamente, ele viu Crabbe e Goyle se movendo pelo castelo sozinhos com mais frequência do que o normal, às vezes permanecendo parado em corredores desertos, mas nessas ocasiões Malfoy não estava apenas longe deles, mas impossível de localizar no mapa. Isso era muito misterioso.
Quando Harry revelou suas descobertas, Charlie brincou com a possibilidade de que Malfoy estivesse realmente deixando o terreno da escola, mas não conseguia ver como ele poderia estar fazendo isso, dado o alto nível de segurança que agora operava dentro do castelo. Ele só podia supor que Harry estava perdendo Malfoy entre as centenas de minúsculos pontos pretos no mapa.
Fevereiro mudou para março sem nenhuma mudança no clima, exceto que ficou ventoso e úmido. Para indignação geral, um aviso foi colocado em todos os quadros de avisos das salas comunais informando que a próxima viagem a Hogsmeade havia sido cancelada. Rony estava furioso.
— Foi no meu aniversário! — ele disse: — Eu estava ansioso por isso!
— Não é uma grande surpresa, não é? — Harry deu de ombros. — Não depois do que aconteceu com Katie.
Ela ainda não tinha voltado do St. Mungo's. Além disso, outros desaparecimentos foram relatados no Profeta Diário, incluindo vários parentes de alunos de Hogwarts.
— Mas agora tudo o que tenho que esperar é a estúpida Aparição! — Ron resmungou, suas orelhas vermelhas nas pontas. — Grande presente de aniversário...
Três aulas depois, Aparatação estava se mostrando tão difícil como sempre, embora mais algumas pessoas tivessem conseguido se Splinchar. A frustração aumentava e havia uma certa dose de ressentimento em relação a Wilkie Twycross e seus três Ds, que inspiraram uma série de apelidos para ele, sendo os mais educados Bafo de Cachorro e Cabeça de Estrume.
— Feliz aniversário, Ron. — sorriu Harry, quando eles foram acordados no dia primeiro de março por Seamus e Dean saindo ruidosamente para o café da manhã. — Tenha um presente.
Charlie sentou-se em sua cama no momento em que Harry jogou o pacote na cama de Ron, onde se juntou a uma pequena pilha deles que deve ter sido entregue por elfos domésticos durante a noite. Um sentimento de culpa tomou conta de Charlie imediatamente, pois depois de tudo o que havia acontecido com ele e Ron, ele havia se esquecido de dar um presente de aniversário para o ruivo.
— Saúde. — disse Rony sonolento, e enquanto rasgava o papel, Charlie saiu da cama, abriu seu próprio baú e começou a remexer nele à procura de um velho par de luvas de goleiro de Oliver Wood, que havia sido dado a ele como despedida. presente. Ele jogou fora metade do conteúdo de seu baú antes de encontrá-lo escondido sob as meias enroladas nas quais ainda guardava o pingente da herança da família Hawthorne que ganhara no Natal cinco anos antes.
— Aqui. — ele murmurou, levando as luvas do goleiro até a cama de Ron e colocando-as sobre a pilha. — Eu, uh, não tive tempo de embrulhá-las.
— Legal, Charlie! — impressionou Ron entusiasticamente, brandindo as luvas do goleiro em suas mãos. Com um rápido olhar para o rosto sorridente do ruivo, Charlie deu um rápido aceno com a cabeça, silenciosamente concordando em deixar Ron ter um dia de normalidade.
— Sem problema. — ele disse com um encolher de ombros, e Charlie assistiu enquanto Ron desembrulhava seus presentes; de vez em quando soltava uma exclamação de prazer.
— Seriamente bom curso este ano! — ele anunciou, segurando um pesado relógio de ouro com símbolos estranhos na borda e minúsculas estrelas em movimento em vez de ponteiros. — Viu o que mamãe e papai me deram? Caramba, acho que vou atingir a maioridade ano que vem também...
— Legal. — Charlie murmurou, dando uma olhada no relógio antes de espiar por cima do ombro para olhar para Harry, que curiosamente estava procurando no Mapa do Maroto por qualquer sinal de Malfoy. — Alguma coisa? — ele perguntou ao garoto de óculos, esperando uma mudança na resposta usual.
— Não, infelizmente. — disse Harry, olhando para cima. — Não o vejo em lugar nenhum.
Onde estava Malfoy?
Harry não parecia estar na mesa da Sonserina no Salão Principal, tomando café da manhã... Ele não estava nem perto de Snape, que estava sentado em seu escritório... Ele não estava em nenhum dos banheiros ou na ala hospitalar...
— Querem um? — disse Rony com voz rouca, segurando uma caixa de caldeirões de chocolate.
— Não, obrigado. — Charlie recusou educadamente, virando a cabeça para trás. — Malfoy se foi de novo?
— Não pode ter feito isso. — Ron murmurou, enfiando um segundo Caldeirão na boca enquanto deslizava para fora da cama para se vestir. — Vamos. Se você não se apressar, terá que aparatar com o estômago vazio... Pode ser mais fácil, suponho...
Ron olhou pensativo para a caixa de Caldeirões de Chocolate, então deu de ombros e se serviu de um terceiro.
Harry bateu no mapa com sua varinha, murmurou. — Travessura feita. — embora não tivesse sido, e se moveu para começar o dia. Charlie rapidamente seguiu o exemplo, vestindo lentamente suas vestes escolares, sua mente muito ocupada para prestar atenção ao desenho purulento esculpido em sua pele.
Tinha que haver uma explicação para os desaparecimentos periódicos de Malfoy, mas Charlie simplesmente não conseguia imaginar o que poderia ser. A melhor maneira de descobrir seria segui-lo, mas mesmo com a Capa de Invisibilidade de Harry essa era uma ideia impraticável. Ele ainda tinha aulas, treino de quadribol, dever de casa e aparatação, o que significava que não poderia seguir Malfoy pela escola o dia todo sem que sua ausência fosse notada.
Voltando a si, ele se virou para encarar seus dois amigos. — Pronto?
Ele e Harry estavam a meio caminho da porta do dormitório quando perceberam que Ron não havia se mexido, mas estava apoiado na cabeceira da cama, olhando pela janela lavada pela chuva com um olhar estranhamente desfocado no rosto.
— Rony? Café da manhã.
— Eu não estou com fome.
Harry o encarou.
— Eu pensei que você acabou de dizer...
— Bem, tudo bem, eu vou descer com vocês. — suspirou Ron. — Mas eu não quero comer.
Charlie o examinou com desconfiança.
— Você acabou de comer meia caixa de Caldeirões de Chocolate, não foi?
— Não é isso. — Ron suspirou novamente. — Você... Você não entenderia.
— É justo. — disse Harry, intrigado, enquanto se virava para abrir a porta.
— Pessoal! — gritou Ron de repente.
— O que?
— Cara, eu não aguento!
— Você não aguento o quê? — Charlie perguntou, agora começando a se sentir definitivamente alarmado. Ron estava bastante pálido e parecia prestes a vomitar.
— Não consigo parar de pensar nela! — disse Ron com voz rouca.
Charlie ficou boquiaberto com ele. Ele não esperava por isso e não tinha certeza se queria ouvir. Amigos eles podem ser, mas se Ron começasse toda a discussão sobre Hermione novamente, ele teria que bater o pé.
— Por que isso te impede de tomar café da manhã? — Harry perguntou, tentando injetar uma nota de bom senso no processo.
— Acho que ela não sabe que eu existo. — Ron murmurou com um gesto desesperado.
— Ela definitivamente sabe que você existe. — Charlie balançou a cabeça, seus punhos cerrados levemente. — Ela é sua melhor amiga há seis anos, não é?
Rony piscou.
— De quem você está falando?
— De quem você está falando? — Charlie questionou, com uma sensação cada vez maior de que toda a razão havia sumido da conversa.
— Romilda Vane. — murmurou Ron suavemente, e todo o seu rosto pareceu se iluminar quando ele disse isso, como se atingido por um raio da mais pura luz do sol.
Os três se encararam por quase um minuto inteiro, antes de Harry dizer: — Isso é uma piada, certo? Você está brincando.
— Eu acho... Harry, eu acho que a amo. — disse Rony com a voz estrangulada.
— Ok? — sussurrou Harry, perplexo, enquanto caminhava até Ron para dar uma olhada melhor nos olhos vidrados e na tez pálida. — Ok... Diga isso de novo com uma cara séria. —
— Eu a amo. — repetiu Ron sem fôlego. — Você viu o cabelo dela, é todo preto, brilhante e sedoso... E os olhos dela? Seus grandes olhos escuros? E ela...
— Isso é muito engraçado e tudo mais... — disse Charlie impacientemente. — Mas acabou a piada, certo? Esqueça isso.
Ele se virou para sair; ele havia dado dois passos em direção à porta quando um golpe violento o atingiu na orelha direita. Cambaleando, ele olhou em volta. O punho de Ron foi puxado para trás, seu rosto estava contorcido de raiva; ele estava prestes a atacar novamente.
Charlie reagiu instintivamente; sua varinha estava fora do bolso e o encantamento veio à mente sem pensamento consciente: — Protego!
Ron gritou quando seu punho colidiu com o escudo e ele foi lançado voando para trás, derrubando-o por um momento até que ele caiu com força em seu traseiro.
— Para o que foi aquilo? — Charlie berrou, os nós dos dedos apertando sua varinha.
— Você a insultou, Charlie! Você disse que era uma piada! — gritou Rony, que estava lentamente se levantando, o sangue subindo para suas bochechas. — Mas não é! Estou apaixonado por ela!
— Tudo bem, tudo bem, você está apaixonado por ela! Mas você já a conheceu? — retaliou Charlie, sua voz ficando mais alta. — Ou você apenas se orgulha de se apaixonar por mulheres que estão originalmente interessadas em mim?
Ron atacou novamente, preparado para atacar, mas Harry interveio antes que ele pudesse acertar.
— Já chega! Isso é loucura. — ele ridicularizou, mantendo os dois a uma distância de um braço do outro. — Sinceramente, Ron, o que aconteceu...
E então ele viu a caixa aberta na cama de Ron e a verdade o atingiu com a força de um troll em disparada.
— Onde você conseguiu esses caldeirões de chocolate?
— Eles foram um presente de aniversário! — gritou Ron, girando lentamente no ar enquanto lutava para se libertar. — Eu ofereci um a vocês dois, não ofereci?
— Você apenas os pegou do chão, não foi?
— Eles caíram da minha cama, certo? Deixe-me ir!
— Eles não caíram da sua cama, seu idiota, você não entendeu? São os Caldeirões de Chocolate que Romilda Vane deu a Charlie antes do Natal e estão todos enriquecidos com poção do amor!
Percebendo o que havia acontecido, Charlie gemeu em suas mãos. — Porra, devo ter jogado fora do meu baú quando estava procurando as luvas do goleiro.
Mas apenas uma palavra dessa conversa parecia ter sido registrada por Ron.
— Romilda? — ele repetiu. — Você disse Romilda? Harry, você a conhece? Pode me apresentar?
Charlie encarou o apaixonado Ron, cujo rosto agora parecia tremendamente esperançoso, e lutou contra um forte desejo de rir. Uma parte dele - a parte mais próxima de sua orelha direita latejante - estava bastante entusiasmada com a ideia de deixar Ron ir e vê-lo enlouquecer até que os efeitos da poção passassem... Mas, por outro lado, eles deveriam ser amigos e, embora isso evidentemente não significasse muito para Ron, o altruísmo de Charlie não permitia que ele declarasse amor eterno por Romilda Vane.
— Vou apresentá-lo, Ron. — disse Charlie, pensando rápido, e ganhando um olhar curioso de Harry. — Ela estará no escritório de Slughorn.
— Por que ela vai estar lá? — perguntou Ron ansiosamente, correndo para acompanhá-lo enquanto Charlie caminhava até a porta.
— Ah, ela tem aulas extras de Poções com ele. — acrescentou Harry, inventando freneticamente, pois ele pareceu entender o plano de Charlie.
E sem outra palavra, os três desceram para a sala comunal e passaram pelo buraco do retrato. Charlie estava um pouco preocupado que Slughorn pudesse estar tomando café da manhã, mas ele atendeu a porta de seu escritório na primeira batida, vestindo um roupão de veludo verde e uma touca de dormir combinando e parecendo um tanto turvo.
— Charles... — ele murmurou. — É muito cedo para uma ligação... Geralmente durmo até tarde no sábado...
— Professor, sentimos muito por incomodá-lo. — disse Charlie o mais silenciosamente possível, enquanto Ron ficou na ponta dos pés, tentando ver além de Slughorn em seu quarto. — Mas meu amigo Ron engoliu uma poção do amor por engano. Você poderia fazer um antídoto para ele, certo? Eu o levaria até Madame Pomfrey, mas não devemos ter nada das Gemialidades dos Weasley e, você sabe... Perguntas embaraçosas...
Slughorn parou por um momento, olhando para Harry. — Eu pensei que você poderia ter preparado um remédio para ele, Harry, um especialista em poções como você?
— Er... — disse Harry, um tanto distraído pelo fato de que Ron estava agora dando uma cotovelada nas costelas dele na tentativa de forçar sua entrada na sala. — Bem, eu nunca misturei um antídoto para uma poção do amor, senhor, e quando eu acertar, Ron pode ter feito algo sério...
Prestativamente, Ron escolheu esse momento para reclamar. — Não consigo vê-la, Harry. Ele a está escondendo?
— Esta poção estava dentro do prazo? — perguntou Slughorn, agora olhando Ron com interesse profissional. — Eles podem fortalecer, você sabe, quanto mais tempo eles são mantidos.
— Isso explicaria muito. — ofegou Charlie, agora decididamente lutando com Ron para impedi-lo de derrubar Harry e Slughorn. — É o aniversário dele, professor. — acrescentou implorando.
— Ah, tudo bem, entre, então, entre. — disse Slughorn, cedendo. — Tenho o necessário aqui na minha bolsa, não é um antídoto difícil...
Ron irrompeu pela porta do escritório superaquecido e lotado de Slughorn, tropeçou em um banquinho com borlas, recuperou o equilíbrio agarrando Charlie pelo pescoço e murmurou: — Ela não viu isso, viu?
— Ela ainda não chegou. — Charlie disse a ele, observando Slughorn, enquanto ele abria seu kit de poções e adicionava algumas pitadas de algo a um pequeno frasco de cristal.
— Isso é bom. — disse Ron fervorosamente. — Como estou?
— Muito bonito. — disse Slughorn suavemente, entregando a Ron um copo com um líquido transparente. — Agora beba isso, é um tônico para os nervos, mantenha você calmo até ela chegar, você sabe.
— Brilhante. — sorriu Ron ansiosamente, e ele engoliu o antídoto ruidosamente.
Charlie, Harry e Slughorn o observavam. Por um momento, Ron sorriu para eles. Então, muito lentamente, seu sorriso cedeu e desapareceu, para ser substituído por uma expressão de extremo horror.
— De volta ao normal, então? — disse Harry, sorrindo. Slughorn riu. — Muito obrigado, professor.
— Não mencione isso, meu garoto, não mencione isso. — Slughorn riu, enquanto Ron desabou em uma poltrona próxima, parecendo devastado. — Levanta-me, é disso que ele precisa. — Slughorn continuou, agora apressado em direção a uma mesa cheia de bebidas. — Eu tenho cerveja amanteigada, eu tenho vinho, eu tenho uma última garrafa deste hidromel envelhecido em carvalho... Hmm... Pretendo dar isso a Dumbledore no Natal... Ah bem... — ele encolheu os ombros. — Ele não pode perder o que nunca teve! Por que não abrimos agora e comemoramos o aniversário do Sr. Weasley? Nada como um bom espírito para afugentar as dores do amor decepcionado...
Ele riu novamente e Charlie se juntou a ele. Esta foi a primeira vez que ele se viu quase sozinho com Slughorn desde sua desastrosa primeira tentativa de extrair a verdadeira memória dele. Talvez, se ele pudesse manter Slughorn de bom humor... Talvez se eles bebessem bastante do hidromel amadurecido em carvalho...
— Aí está você, então. — sorriu Slughorn, entregando a Charlie, Harry e Ron um copo de hidromel para cada um, antes de erguer o seu. — Bem, feliz aniversário, Ralph...
— Ron. — sussurrou Harry.
Mas Charlie, que não parecia estar ouvindo o brinde, já havia jogado o hidromel na boca e engolido.
Houve um segundo, pouco mais que uma batida de coração, em que Harry soube que havia algo terrivelmente errado e Slughorn, ao que parecia, não.
— E que você tenha muitos mais...
— Charlie!
Charlie deixou cair o copo; ele meio que se levantou da cadeira e então caiu, suas extremidades estremecendo incontrolavelmente. A espuma escorria de sua boca e seus olhos saltavam das órbitas.
— Professor! — Harry berrou. — Faça alguma coisa!
— Oh deus, oh deus, oh deus. — Ron cantou ansiosamente, andando pela sala. — O que diabos aconteceu?
Mas Slughorn parecia paralisado pelo choque. Charlie se contorceu e engasgou; sua pele estava ficando azul.
— O que... Mas... — balbuciou Slughorn.
Harry saltou sobre uma mesa baixa e correu em direção ao kit de poções aberto de Slughorn, tirando potes e bolsas, enquanto o som terrível da respiração gorgolejante de Charlie enchia a sala. Então ele encontrou - a pedra enrugada semelhante a um rim que Slughorn havia tirado dele em Poções.
Ele se jogou de volta para o lado de Charlie, abriu sua mandíbula e enfiou o bezoar em sua boca. Charlie deu um grande estremecimento, um suspiro estridente e seu corpo ficou flácido e imóvel.
★
— Não exatamente como eu imaginei passar meu aniversário, para ser honesto. — Ron suspirou, afundando em sua cadeira. — Mas estou feliz que ele esteja bem.
Era noite; a ala hospitalar estava silenciosa, as janelas fechadas, as lâmpadas acesas. A de Charlie era a única cama ocupada. Harry, Hermione, Ron, Gina e Elaina estavam sentados ao redor dele; eles passaram o dia todo esperando do lado de fora das portas duplas, tentando ver o interior sempre que alguém entrava ou saía. Madame Pomfrey só os deixou entrar às oito horas. Fred e Jorge chegaram às dez e meia.
— Não é aqui que imaginamos que daríamos a você seu presente de aniversário. — disse George severamente, entregando um grande presente embrulhado para Ron e sentando-se ao lado de seu irmão.
— É. — Fred assentiu, olhando brevemente para o estado inconsciente de Charlie. — Não é exatamente o cenário ideal.
— Conte-me sobre isso. — George soltou uma risada leve e triste. — O plano original era encontrar vocês enquanto vocês estavam em Hogsmeade...
— Você estava em Hogsmeade? — perguntou Gina, olhando para cima.
— Estávamos pensando em comprar o Zonko's. — disse Fred com tristeza. — Uma filial de Hogsmeade, você sabe, mas será de grande valia para nós se vocês não puderem mais sair nos fins de semana para comprar nossas coisas... Mas isso não importa agora.
Ele puxou uma cadeira ao lado de Harry e olhou para o rosto pálido de Charlie mais uma vez.
— Como exatamente isso aconteceu, Harry?
Harry recontou a história que já havia contado, pelo menos uma centena de vezes, para Dumbledore, para McGonagall, para Madame Pomfrey, para Hermione, para Elaina e para Ginny.
— ... E então eu coloquei o bezoar em sua garganta e sua respiração se acalmou um pouco. Slughorn correu para pedir ajuda, McGonagall e Madame Pomfrey apareceram, e eles trouxeram Charlie aqui. Eles acham que ele vai ficar bem. Madame Pomfrey diz que vai ter que ficar aqui mais ou menos uma semana... Continuar tomando Essência de Arruda...
— Caramba, foi uma sorte você ter pensado em um bezoar. — murmurou George em voz baixa.
— Sorte que havia uma no quarto. — disse Harry, que ficava ficando frio ao pensar no que teria acontecido se ele não tivesse conseguido colocar as mãos na pequena pedra.
Hermione deu uma fungada quase inaudível. Ela estivera excepcionalmente quieta o dia todo. Tendo se lançado, com o rosto pálido, até Harry fora da ala hospitalar e exigido saber o que havia acontecido. Ela quase não participou da discussão obsessiva de Harry, Ron, Elaina e Ginny sobre como Charlie havia sido envenenado, mas apenas ficou ao lado deles, com o maxilar cerrado e parecendo assustado, até que finalmente eles tiveram permissão para vê-lo.
— E Dumbledore sabe?
Harry acenou com a cabeça. — Ele foi vê-lo algumas vezes, mas imagino que ele esteja em seu escritório agora, imaginando como contar ao pai de Charlie. Independentemente disso, tenho certeza que ele estará de volta em breve.
— Talvez fosse melhor se o ministro Hawthorne não soubesse. — sugeriu Elaina, engolindo em seco quando todos se viraram para ela. — Quero dizer, todos nós sabemos que a última coisa que Charlie iria querer é ver seu pai quando ele acordasse.
— Embora isso possa ser verdade. — murmurou Ginny fracamente. — Ele ainda é o pai dele.
— Isso não o torna menos monstro...
Houve uma pausa enquanto todos observavam Charlie resmungar um pouco durante o sono.
Fred limpou a garganta. — Então definitivamente havia veneno em sua bebida?
— Deve ter sido. — confirmou Harry imediatamente; ele não conseguia pensar em mais nada e ficou feliz com a oportunidade de começar a discutir o assunto novamente. — Slughorn despejou...
— Será que ele conseguiria colocar algo no copo de Charlie sem que você visse?
— Provavelmente. — disse Harry. — Mas por que Slughorn iria querer envenenar Charlie?
— Não faço ideia. — Fred deu de ombros, franzindo a testa. — Você não acha que ele pode ter misturado os copos por engano? Quer pegar você?
— Por que Slughorn iria querer envenenar Harry? — perguntou Elaina, com os olhos arregalados.
— Quem sabe? — Ron entrou na conversa. — Mas deve haver um monte de gente que gostaria de envenenar Harry, não é? O 'Escolhido' e tudo isso?
Ginny arqueou uma sobrancelha. — Então você acha que Slughorn é um Comensal da Morte?
— Tudo é possível. — murmurou Ron sombriamente. Elaina e Harry trocaram um olhar rápido antes de desviar os olhos para o braço esquerdo de Charlie... Se ao menos o resto deles soubesse.
— Ele pode estar sob a Maldição Imperius. — sugeriu George, tentando pensar nas infinitas possibilidades.
— Ou ele pode ser inocente. — respondeu Ginny. — O veneno poderia estar na garrafa, caso em que provavelmente era para o próprio Slughorn.
— Quem iria querer matar Slughorn?
— Dumbledore acha que Voldemort queria Slughorn ao seu lado. — confessou Harry. — Slughorn esteve escondido por um ano antes de vir para Hogwarts... — ele pensou na memória que Dumbledore ainda não havia conseguido extrair de Slughorn. — E talvez Voldemort o queira fora do caminho, talvez ele pense que pode ser valioso para Dumbledore.
— Mas você disse que Slughorn estava planejando dar aquela garrafa para Dumbledore no Natal. — Ginny o lembrou. — Então o envenenador poderia facilmente estar atrás de Dumbledore.
— Então o envenenador não conhecia Slughorn muito bem. — disse Hermione, falando pela primeira vez em horas e soando como se tivesse um forte resfriado. — Qualquer um que conhecesse Slughorn saberia que havia uma boa chance de ele guardar algo assim para si mesmo.
Ao som da voz de Hermione, Charlie farfalhou sob os lençóis. Todos ficaram em silêncio, observando-o ansiosamente, mas depois de murmurar incompreensivelmente por um momento, ele apenas começou a roncar.
As portas da enfermaria se abriram, fazendo todos pularem: Hagrid veio caminhando em direção a eles, seu cabelo salpicado de chuva, seu casaco de pele de urso esvoaçando atrás dele, uma besta na mão, deixando um rastro de pegadas enlameadas do tamanho de um golfinho por todo o chão.
— Lixo na floresta o dia todo! — ele ofegou. — Aragog está pior, eu estou lendo para ele - não levantei para jantar até agora e então a Professora Sprout me contou sobre Char! Como ele está?
— Nada mal. — Harry o informou. — Eles dizem que ele vai ficar bem.
— Não mais do que seis visitantes por vez! — disse Madame Pomfrey, saindo apressada de seu escritório.
— Charlie iria querer todos nós aqui. — George apontou. — Além disso, você não tem outros pacientes de qualquer maneira.
— Oh, bem, eu suponho... — murmurou Madame Pomfrey, que parecia ter sido pega de surpresa pela franqueza do gêmeo Weasley. Para cobrir sua confusão, ela se apressou para limpar as pegadas enlameadas dele com sua varinha.
— Eu não acredito nisso. — resmungou Hagrid com a voz rouca, balançando sua grande cabeça desgrenhada enquanto olhava para Charlie. — Apenas não acredite... Olhe para ele deitado lá... Quem iria querer machucá-lo, hein?
— Isso é exatamente o que estávamos discutindo. — Harry franziu a testa. — Não sabemos.
— Alguém não poderia ter rancor contra o time de Quadribol da Grifinória, poderia? — disse Hagrid ansiosamente. — Primeiro Katie, agora Char...
George balançou a cabeça. — Não consigo ver ninguém tentando acabar com um time de Quadribol.
— Wood poderia ter matado os Sonserinos se pudesse ter escapado impune. — disse Fred razoavelmente.
— Bem, eu não acho que seja Quadribol, mas acho que há uma conexão entre os ataques. — atribuiu Hermione calmamente, suas mãos descansando ao lado de Charlie como se ela estivesse esperando que ele a alcançasse.
— Como você resolveu isso? — perguntou Fred.
— Bem, por um lado, ambos deveriam ter sido fatais e não foram, embora tenha sido pura sorte. E por outro lado, nem o veneno nem o colar parecem ter atingido a pessoa que deveria ser morta. Claro.. — ela acrescentou pensativamente. — Isso torna a pessoa por trás disso ainda mais perigosa de certa forma, porque eles não parecem se importar com quantas pessoas eles acabam antes de realmente atingirem sua vítima. —m
Antes que alguém pudesse responder a esse pronunciamento sinistro, as portas da ala hospitalar se abriram mais uma vez e Dumbledore apareceu, conduzindo o grupo de Snape, McGonagall e Slughorn, que ainda segurava os restos da garrafa de hidromel em suas mãos, pela enfermaria em direção a sua casa. cama cercada do neto. Eles ficaram satisfeitos com o fato de Charlie se recuperar totalmente em sua última visita à enfermaria; agora Dumbledore colocou a mão no ombro de Harry e apertou afetuosamente.
— Eu não posso te agradecer o suficiente, Harry. — ele disse, a emoção obstruindo sua garganta. — Serei eternamente grato por seu raciocínio rápido. Usando um bezoar. Você deve estar muito orgulhoso de seu aluno, hein, Horace?
Slughorn piscou, seus olhos paralisados no menino inconsciente. — Hm? Oh. Sim... Muito orgulhoso.
— Agora, embora eu ache que todos concordamos que as ações de Potter foram heróicas. — concordou McGonagall, sua expressão ligeiramente desdenhosa. — A questão permanece sobre por que eles eram necessários.
— Por que, de fato... — Dumbledore parou, e ele se moveu em direção a Slughorn para pegar a garrafa meio vazia de hidromel, que ainda continha um pedaço de papel de presente, de suas mãos. — Isso parece ser um presente, Horace. Você não se lembra por acaso de quem lhe deu esta garrafa, não é? — ele abriu a garrafa e deu uma cheirada. — Que, aliás, possui toques notavelmente sutis de alcaçuz e cereja... Quando não poluído com veneno, é claro.
Snape deu um passo à frente, pegando a garrafa de Dumbledore e inspecionando seus restos. Ele estreitou os olhos para Slughorn. — Eu acredito que o Diretor te fez uma pergunta, Horace... Quem te deu esta garrafa?
— B-Bem, você vê, eu não sei...
Mas antes mesmo que as palavras saíssem da boca de Slughorn, as portas da enfermaria se abriram novamente. Desta vez, no entanto, o perpetrador foi seguido por Madame Pomfrey aos berros, que exigiu que o intruso saísse imediatamente.
— Onde ele está? Ele está perguntando por mim? Por favor, eu preciso vê-lo, você não entende!
Para grande surpresa de todos, Romilda Vane abriu caminho entre o grupo que cercava a cama do hospital; muitos ficaram confusos com sua presença, mas Hermione, que a sentiu chegando como um caso grave de gripe suína, ficou em alerta, com os punhos cerrados em fúria.
— O que ela está fazendo aqui? — Romilda berrou, sua expressão ligeiramente surpresa enquanto Hermione a encarava.
— Eu posso te fazer a mesma pergunta! — Hermione retaliou, a tristeza em sua voz agora substituída por agressão.
— E por que isso? — Romilda zombou. — Estou preocupada com o bem-estar de Charlie, só isso!
— Você está brincando? Você é a razão dele estar aqui em primeiro lugar! — gritou Hermione, e Elaina teve que impedi-la de atacar. — Se você não tivesse passado para ele aqueles caldeirões de chocolate infundidos com poções do amor, então Charlie e Harry não precisariam trazer Ron ao escritório de Slughorn!
— Eu não tenho ideia do que você está falando. — Romilda negou, cruzando os braços em uma postura feroz enquanto tentava soar convincente na frente do corpo docente de Hogwarts. — Além disso, até algumas semanas atrás, você e Charlie estavam brigados. Então, não me faça rir. Você só fez as pazes com ele agora que de repente ele ficou todo interessante!
— Ele foi envenenado, seu idiota! — Hermione riu violentamente; o resto da sala era uma mistura de confusão e diversão. — E, para constar, Charlie e eu resolvemos nossas diferenças. Agora, como você ainda não percebeu, suas fantasias delirantes estão se tornando indubitavelmente patéticas.
— A única coisa patética aqui é você, Granger. — Romilda retrucou, evidentemente ignorando que seu chefe de casa estava parado um metro à sua esquerda. Antes que qualquer coisa pudesse acontecer, no entanto, Charlie ficou inquieto mais uma vez, rolando de costas, desviando a atenção de todos do confronto acalorado.
— Ha! Viu? Ele sente minha presença! Estou aqui, Charlie, estou aqui...
— Her - mi - one... — Charlie resmungou inesperadamente de sua cama de hospital, seus olhos lutando para permanecer fechados. — Her - mi - one...
Em uma névoa, ele estendeu a mão para ela cegamente. Com as bochechas corando febrilmente, Hermione sentou-se na beira da cama e pegou a mão dela. Assim como antes, Charlie caiu inconsciente novamente, seu corpo imóvel, mas sua mão permaneceu firmemente entrelaçada com a de Hermione.
Vibrando com uma raiva recém-descoberta, Romilda soltou um suspiro trêmulo, apertou a mandíbula e rapidamente saiu da sala antes que qualquer comentário do tipo 'eu avisei' ecoasse no ar.
Em total contraste, Dumbledore sorriu: — Ah, ser jovem e sentir a dor aguda do amor. Vamos, pessoal, acredito que meu neto está bem cuidado.
E enquanto Dumbledore conduzia todos de volta para fora da sala, Elaina deliberadamente se inclinou para Harry, seus narizes quase se tocando, e sussurrou: — Bem, ele demorou bastante, você não acha?
Sem esperar por uma resposta, Elaina saiu da sala junto com os outros. Harry a observou partir, irremediavelmente apaixonado, e somente quando a porta se fechou atrás dela, ele se virou. No canto, Ron ainda estava sentado na poltrona do hospital, estudando a nuca de Hermione, sua expressão triste enquanto a mão dela segurava a de Charlie.
Não muito tempo depois, Ron se levantou e foi até a saída também, batendo a mão no ombro de Harry ao passar. — Vamos dar a eles algum tempo a sós, sim?
Harry acenou com a cabeça, mas olhou para seus dois amigos mais uma vez, bem a tempo de pegar o olhar de Hermione quando ela olhou para cima, um largo sorriso estampado em seus lábios.
— Como essa coisa de levar as coisas devagar está funcionando para você, Hermione? — ele perguntou com uma leve risada.
Com isso, Hermione corou ainda mais, balançando a cabeça. — Oh, cale a boca.
E com isso, Harry seguiu atrás de Ron, fechando a porta atrás de si e deixando Charlie e Hermione sozinhos na ala hospitalar vazia.
Ela ficou sentada por um momento, admirando as feições de seu rosto com um sorriso; seu coração palpitava cada vez que Charlie inconscientemente apertava sua mão. E somente quando o sol começou a se pôr pelas janelas, Hermione Granger foi forçada a deixá-lo, mas não antes de se inclinar, colocar um beijo suave nos lábios dele e murmurar:
— Eu também te amo, Charlie... Boa noite.
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