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𓏲 . THE BOY WHO LOVED . .៹♡
CAPÍTULO SESSENTA E NOVE
─── CHAMADA RECEBIDA E UM POR TODOS
— PODE TER SIDO UMA MENINA. — sugeriu Hermione, enquanto os quatro do núcleo sentavam-se ao redor da sala comunal, imaginando a verdadeira identidade do Príncipe Mestiço. — Acho que a caligrafia parece mais com a de uma menina do que com a de um menino.
Durante a última semana de aulas de Poções, Harry continuou a seguir as instruções do Príncipe Mestiço onde quer que se desviassem das de Libatius Borage, com o resultado de que na quarta aula Slughorn estava delirando sobre as habilidades de Harry, dizendo que raramente havia ensinado alguém tão talentoso. Nem Charlie, Ron nem Hermione ficaram encantados com isso.
Embora Harry tivesse se oferecido para compartilhar seu livro com cada um deles, Ron tinha mais dificuldade em decifrar a caligrafia do que Harry, e não podia arriscar a suspeita de ler em voz alta. Por outro lado, Charlie optou por não aperfeiçoar Poções, já que ele era muito teimoso para dar a Slughorn a oportunidade de usá-lo como algo para se gabar. Hermione, enquanto isso, seguia resolutamente com o que chamava de instruções 'oficiais', mas tornou-se cada vez mais mal-humorada à medida que produzia resultados piores do que os do príncipe.
— O Enigma do Príncipe, ele era chamado. — Harry apontou, abafando uma risada enquanto brandia o livro. — Quantas meninas foram príncipes?
Hermione parecia não ter resposta para isso. Ela apenas franziu a testa e afastou seu ensaio sobre Os Princípios da Rematerialização de Ron, que estava tentando lê-lo de cabeça para baixo.
Charlie se esticou no sofá da sala comunal, examinando a visão ao seu redor enquanto seus amigos continuavam a brigar.
Ele avistou Lilá Brown do outro lado da sala, olhando esperançosamente para ele, seus olhos brilhando com um lampejo de desejo final. Ele engoliu em seco, inquieto, rapidamente alertando seus olhos para o relógio em sua mão. Agindo rapidamente, ele se levantou e juntou suas coisas.
— Espere, onde você está indo? — questionou Hermione, olhando para cima de uma vez com uma leve carranca.
— São cinco para as nove. — Charlie deu de ombros, levantando sua mochila sobre o ombro. — Eu estava pensando em ir ver meu avô antes do toque de recolher.
— Diga a ele que dissemos oi. — Harry acenou, e ele, Ron e Hermione assistiram Charlie sair pelo buraco do retrato.
Charlie prosseguiu por corredores desertos, embora tivesse que se colocar apressadamente atrás de uma estátua quando a professora Trelawney apareceu em uma esquina, resmungando consigo mesma enquanto embaralhava um baralho de cartas de aparência suja, lendo-as enquanto caminhava.
— Dois de espadas: conflito. — ela murmurou, enquanto passava pelo lugar onde Charlie havia se agachado, escondido. — Sete de espadas: um mau presságio. Dez de espadas: violência. Valete de espadas: um jovem moreno, possivelmente perturbado, alguém que não gosta do questionador...
Ela parou, bem do outro lado da estátua de Charlie.
— Bem, isso não pode estar certo. — disse ela, aborrecida, e Charlie a ouviu se mexer vigorosamente enquanto partia novamente, deixando nada além de um cheiro de xerez para trás. Charlie esperou até ter certeza de que ela havia saído, então se apressou novamente até chegar ao ponto no corredor do sétimo andar onde uma única gárgula estava encostada na parede.
— Acid Pops. — ele anunciou, e a gárgula saltou para o lado; a parede atrás dela deslizou e uma escada de pedra em espiral em movimento foi revelada, na qual Charlie pisou, de modo que ele foi carregado em círculos suaves até a porta com a aldrava de latão que levava ao escritório de Dumbledore.
O menino levantou a mão esquerda, batendo suavemente.
— Entre. — veio a voz suave de Dumbledore do outro lado da porta.
— Boa noite, avô. — disse Charlie, entrando no escritório do diretor com o menor sorriso.
— Ah, boa noite, Charles! Entre meu menino, entre! — sorriu Dumbledore, evidentemente radiante enquanto acenava para Charlie em sua mesa. — Gostando de suas aulas?
— Eu suponho. — Charlie deu de ombros, acenando para Fawkes antes de se sentar em uma das poltronas de Dumbledore.
— Você devia estar ocupado. — acrescentou Dumbledore, fixando os óculos na ponta do nariz. — Ouvi dizer que você já tem uma detenção sob seu cinto.
— Sim. — Charlie começou desajeitadamente, mas Dumbledore não parecia muito severo.
— Eu combinei com o Professor Snape que você cumprirá sua detenção no próximo sábado. — ele assentiu, folheando as páginas do pergaminho em sua mesa. — Eu disse a ele que apreciaria a oportunidade de entender o motivo de sua explosão estranha antes que ele o repreendesse por isso.
— Certo. — disse Charlie, que tinha assuntos mais urgentes em mente do que a detenção de Snape, e agora olhava em volta disfarçadamente para evitar os olhos importunos de seu avô. — Tenho certeza que Snape ficou muito emocionado com isso.
O escritório circular parecia exatamente como sempre; os delicados instrumentos de prata repousavam sobre mesas de pernas fusiformes, soltando fumaça e zunindo; retratos de diretores e diretores anteriores cochilavam em seus porta-retratos, e a magnífica fênix de Dumbledore, Fawkes, estava em seu poleiro atrás da porta, observando Charlie com grande interesse.
— Agora, Charles. — Dumbledore começou, suspirando exasperado. — Não vamos esquecer que você trouxe isso para si mesmo. Severus estava simplesmente fazendo seu trabalho, e devo insistir que você respeite isso.
— Respeito é conquistado. — Charlie murmurou sombriamente, balançando a cabeça de uma vez. — E verdade seja dita, o Professor Snape não merece meu respeito... Não depois de tudo o que ele fez.
— Bem, sinto muito que você se sinta assim. — disse Dumbledore, recostando-se em sua poltrona aparentemente derrotado. — Na minha opinião, no entanto, Severus, embora evidentemente falho, provou ser um trunfo sempre que a Ordem precisou dele. Acho que talvez...
— Acho que talvez você superestime as habilidades dele. — Charlie resmungou, mais duro do que pretendia. — Cuidado, avô, a confiança pode sair muito cara, principalmente se for investida na pessoa errada.
Houve um momento de silêncio no qual Dumbledore fixou seus profundos olhos azuis no chão, sem querer deixar seu neto saber de sua evidente aflição. O céu lá fora estava preto como tinta e as lâmpadas no escritório de Dumbledore pareciam brilhar mais intensamente do que antes.
— Mesmo depois de todos esses anos, eu ainda não consigo entender o que está acontecendo dentro da sua cabeça. — sussurrou Dumbledore cuidadosamente. — Acho que não tenho ninguém além de mim para culpar por isso... Fazer você praticar Oclumência em uma idade tão jovem com certeza provou ter tornado sua mente impenetrável. Talvez se você pudesse me fornecer uma ideia de por que você...
— Por que você não pergunta ao seu bom amigo, Professor Snape, sobre o que aconteceu? Estou curioso para saber o que ele vai dizer a você. — Charlie sugeriu sarcasticamente, deixando as palavras saírem sem esforço de sua boca. — Além disso, tenho certeza que você vai confiar em tudo o que ele lhe disser muito mais do que você jamais se importaria em acreditar em mim.
— Eu sinceramente espero que você não acredite nisso. — Dumbledore disse incrédulo, seus olhos azuis arregalados enquanto sua cabeça se voltava para seu neto. Ele engoliu em seco, inquieto, — Vamos seguir em frente, então? Não quero aborrecê-lo mais.
Charlie suspirou, balançando a cabeça relutantemente, — Por favor.
O menino se virou novamente, mas com o canto do olho, ele viu. Sentado em uma das mesinhas de pernas pontiagudas que sustentavam tantos instrumentos de prata de aparência frágil, havia um feio anel de ouro com uma grande pedra preta rachada. Dumbledore seguiu os olhos de Charlie, sentando-se imediatamente ereto em sua cadeira.
— Então, diga-me, Charles. — Dumbledore pressionou, querendo desesperadamente ignorar o anel. — E suas atividades fora da sala de aula? Elas lhe trazem satisfação?
Charlie hesitou, confuso. — Desculpe?
— Percebi que você passa muito tempo com a Srta. Granger. — disse Dumbledore, levantando uma sobrancelha sugestiva. — Não se pode deixar de imaginar...
— Nós somos amigos. — Charlie interrompeu, seus olhos arregalados e suas bochechas coradas. — Ela é brilhante, veja bem, e incrivelmente bonita... Mas não... Apenas amigos.
— Estranho. — murmurou Dumbledore, ligeiramente surpreso. — Eu poderia jurar que a professora McGonagall havia mencionado algo para mim no semestre passado sobre uma escapada noturna na Torre de Astronomia...
Um pequeno sorriso atrevido apareceu nos lábios de Charlie quase instantaneamente, enquanto as memórias de seu aniversário de um ano com Hermione inundaram sua cabeça, repetindo-se em um loop constante.
— Isso é o que eu pensei. — riu Dumbledore, seus olhos brilhando com esperança. — Então, eu queria saber se não podemos marcar um jantar... Eu gostaria de saber mais sobre a garota que deixou meu neto tão apaixonado.
Em um instante, o leve rubor desapareceu das bochechas de Charlie. A compreensão caiu sobre o menino, pesando-o como uma tonelada de tijolos. Surpreendeu-o, para dizer o mínimo, como o comentário mais involuntariamente esperançoso poderia fazer seu coração se partir em pedacinhos novamente.
— Isso não será necessário. — ele murmurou por fim, a emoção obstruindo sua garganta.
— Oh, não quero que ela me conheça, é isso? — Dumbledore sorriu atrevidamente, inconsciente da mudança repentina na atmosfera. — Medo de que eu vou envergonhá-lo?
— Não é isso. — Charlie dispensou, seus olhos desajeitadamente fixados na abotoadura em seu pulso esquerdo. — Hermione e eu... Bem, não estamos mais juntos.
Dumbledore hesitou, olhando o menino por cima do aro dos óculos. Charlie observou uma onda de confusão surgir nos profundos olhos azuis de seu avô, mas engoliu em seco inquieto quando o olhar nos olhos de Dumbledore foi imediatamente substituído por um de compreensão, como se cada pequena coisa de repente tivesse feito todo o sentido.
— Ah, entendo. — suspirou Dumbledore, juntando as mãos. — Isso explica tudo, então.
— Explica o quê?
— Bem, seu comportamento recente, é claro. — disse Dumbledore, com naturalidade. — As súbitas explosões de agressão, brigas nas dependências da escola, respostas aos professores... Você está agindo porque está com o coração partido.
Charlie soltou uma risada leve e amarga. — Você está brincando, certo?
— Você está ferido, Charles, e está atacando. — retrucou Dumbledore, falando em um tom que era incrivelmente filosófico. — Já faz um tempo desde que eu tinha sua idade, veja bem, mas imagino que a dor aguda do amor ainda dói do mesmo jeito.
— Perdoe-me. — disse Charlie, totalmente pasmo com o quão pouco seu avô parecia entender. — Mas você não poderia estar mais errado. Você não tem absolutamente nenhuma ideia do que está falando.
— Isso está certo? — perguntou Dumbledore, e Charlie instantaneamente percebeu que ele havia se preparado para perguntas iminentes. — Então, talvez você possa me explicar o que exatamente tem passado pela sua cabeça nas últimas semanas.
Charlie fez uma pausa para entender completamente a gravidade da situação. Ele abriu a boca em refutação, surpreso, mas Dumbledore simplesmente ergueu a mão para rejeitá-lo. Com o peito arfando, Charlie olhou nos olhos azuis de Dumbledore e ficou maravilhado com o quão inocentes eles pareciam. Surpreendeu-o como a mera visão de seu avô agora incutiu tal sentimento de traição na boca do estômago.
— Você sabe. — Charlie cuspiu com os dentes cerrados, seus olhos estreitos. — Para alguém que não queria me chatear ainda mais, você parece estar se esforçando para criticar coisas que não têm nada a ver com você.
— Você pode me culpar? — Dumbledore perguntou retoricamente, seu rosto carregado de preocupação. — Você parece que não dorme há semanas... Você está tão pálido quanto alguém que ainda não experimentou o calor do sol... E tão magro quanto uma vara no Salgueiro Lutador. Você parece grave doente, meu caro rapaz, e você não consegue me ajudar a entender o porquê. Estranho, devo acrescentar, porque você nunca escondeu coisas de mim antes. Pelo que me lembro, na verdade, sempre estivemos juntos nisso.
— Você não entenderia. — disse Charlie curtamente, seus olhos escurecidos pela dor escondida dentro dele.
— Suposições ousadas geralmente levam à ignorância. — rebateu Dumbledore, divagando em uma tentativa autêntica de reconciliação. — Agora, estou bem ciente dos meus erros quando se trata de você. Seu relacionamento com seu pai sempre foi manchado, e foi meu erro que o colocou na posição em que estava durante o verão. Por isso, estou desculpe. Em retrospectiva, eu deveria ter lutado mais para protegê-lo... Eu sei que falhei com você uma vez, mas estou aqui para ajudá-lo agora. Por favor, deixe-me ajudá-lo. Acredite em mim, se eu pudesse voltar e mudar do jeito que as coisas aconteceram, eu iria. Se ao menos eu estivesse lá...
Não aguentando mais, Charlie se levantou abruptamente, batendo as mãos na mesa em um ataque de raiva. Dumbledore congelou, olhando para o neto como se estivesse olhando para um estranho que passava na beira da estrada. Charlie estremeceu, resistindo ao desejo de estremecer quando o desenho purulento sob suas vestes ferveu o sangue em suas veias.
— Sim, mas você não estava lá, estava? — ele retrucou, sentindo uma raiva desconhecida correr por seu corpo ao ver seu avô. — Então, até onde eu sei, você não tem mais o direito de fingir que estamos nisso juntos.
Dominado pela emoção, Charlie se virou, puxando sua mochila com raiva, e se lançou para a porta do escritório, atrapalhando-se com a maçaneta. Ele finalmente o encontrou e abriu a porta tão aberta que ela bateu na parede.
— Charles. — Dumbledore gritou mais uma vez atrás de sua mesa, e Charlie parou, mas não se virou para encará-lo. — Entendo sua frustração, acredite, entendo... Mas, independente disso, estou aqui sempre que quiser conversar.
Houve uma pausa na qual Charlie apertou a maçaneta da porta com mais força, os nós dos dedos ficando brancos.
— Até lá, no entanto. — Dumbledore pressionou, embora houvesse evidente desdém em sua voz. — Por favor, diga ao Sr. Potter que, a partir deste próximo fim de semana, eu gostaria de começar suas aulas particulares.
Charlie inclinou a cabeça ligeiramente para trás, intrigado. — Aulas particulares?
— No qual vamos descobrir as profundezas escondidas no passado de Voldemort. — explicou Dumbledore, depois de pensar por um momento. — A partir deste ponto, o Sr. Potter e eu estaremos deixando o firme fundamento do fato e viajando juntos através dos pântanos sombrios da memória em matagais de suposições mais selvagens. Ao fazer isso, esperamos descobrir a verdade inegável da profecia que você adquirida no último semestre no Departamento de Mistérios.
Houve um breve momento em que Charlie pensou em falar em retaliação, mas mordeu a língua, pois percebeu que havia deixado sua raiva tomar conta dele com muita frequência nessa situação. Em vez disso, ele balançou a cabeça lentamente e voltou para a porta.
— Tenho certeza que o Sr. Potter estará bem inclinado a divulgar tudo o que descobrirmos para você e seus amigos. — disse Dumbledore, inclinando a cabeça ligeiramente. — Por agora, no entanto, desejo-lhe uma boa noite.
Charlie não disse nada e deixou que seus pés o arrastassem orgulhosamente para fora da sala. Antes de cruzar a soleira, no entanto, um silvo suave escapou de seus lábios, pois houve uma sensação repentina de ardência nas veias que corriam ao longo de seu antebraço esquerdo.
Observando seu neto sair em pânico frenético, as suspeitas de Dumbledore pareciam aumentar.
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Descendo as escadas correndo, Charlie agarrou ansiosamente seu antebraço esquerdo, estremecendo quando o tecido de suas vestes roçou o deign infeccionado profundamente esculpido em sua pele. Ele saltou para o corredor, praguejando baixinho enquanto a gárgula de pedra voltava ao seu lugar.
A dor percorria todo o corpo de Charlie e ele não conseguia se concentrar em mais nada. Ele quase não registrou nada quando caiu no chão murchando de dor, parando na frente de uma porta esculpida com ruínas de prata. Então, de repente, parecia que seu antebraço estava sendo queimado de dentro para fora.
Charlie começou a ter esperança de escapar ileso do pedido do Lorde das Trevas, mas agora, enquanto choramingava silenciosamente para si mesmo em um corredor abandonado, ele percebeu que era um tolo por pensar que Voldemort era capaz de misericórdia.
Ele olhou em volta, verificando se havia alguém por perto, antes de arregaçar a manga, revelando a marca negra por baixo. Era como uma mancha, estragando sua pele pálida. Charlie traçou a língua da cobra com o dedo e não pôde evitar o gemido baixo de dor que saiu de sua boca. A Marca Negra agora estava queimando com um carmesim vermelho-sangue.
A agonia que Charlie sentiu foi quase insuportável, e algumas lágrimas vazaram de seus olhos quando ele os fechou. Ele sabia o que isso significava, é claro, o Lorde das Trevas estava chamando por ele, esperando sua chegada ao seu lado. A dor era simplesmente demais e Charlie começou a se sentir tonto no chão. Ele engasgou e gemeu alto, jogando-se contra a parede de pedra o mais forte possível e embalando seu braço contra ele.
— Faça isso parar. — ele murmurou para si mesmo, com lágrimas escorrendo pelo rosto. — Por favor, faça isso parar.
Como se fosse uma deixa, a voz de Fenwick de repente começou a falar em um loop assustador na cabeça de Charlie, provocando-o com o mesmo veneno na voz de seu pai que dava pesadelos ao menino sempre que ele dormia.
Responda quando for chamado... Responda quando for chamado... Sua tarefa é simples... Responda quando for chamado... Se não o fizer, haverá consequências...
— Não. — Charlie rosnou, batendo a cabeça contra a parede. — Não posso... Não vou.
Ele balançou a cabeça furiosamente, tentando limpá-la das vozes paranóicas e em pânico que o atacavam. O coração de Charlie parecia prestes a sair do peito.
Encolhido no canto, Charlie esperou que a dor diminuísse, lembrando-se constantemente de não se render aos desejos de Voldemort. Eventualmente, depois do que pareceram horas, a sensação de queimação chegou ao fim e a dor parou tão abruptamente quanto começou.
Tentando manter o que restava de dignidade, Charlie se levantou do chão e enxugou as lágrimas que manchavam seu rosto. Os nervos cresceram dentro dele enquanto ele olhava para a Marca Negra, que agora estava desbotando para sua cor preta normal.
Charlie estava atordoado neste momento, gotas de suor estavam se formando em sua testa. Ele cambaleou para fora da pequena alcova em que se encontrava, usando as paredes do castelo como apoio até que finalmente reuniu força suficiente para ficar de pé sozinho.
Os corredores estavam assustadoramente vazios, e Charlie moveu-se apressadamente na direção da Torre da Grifinória, mantendo sua respiração o mais silenciosa possível enquanto seu batimento cardíaco acelerava em estranha euforia. Ele estava desesperado em sua tentativa de chegar ao seu dormitório, esperando forçar-se a dormir para esquecer tudo o que acabara de acontecer.
Então, muito de repente, assim que ele dobrou a esquina, com o braço esquerdo firmemente agarrado ao peito, Charlie colidiu com força com alguém que ele ainda não tinha visto.
— Bem, olá, bonitão. — sussurrou uma voz baixa e rouca que imediatamente chamou toda a atenção de Charlie.
Com os olhos arregalados e pensando rapidamente em seus pés, Charlie recuou em pânico, puxando a manga do roupão para baixo, antes de olhar para cima bem a tempo de ver o rosto perturbado de Romilda Vane olhando para ele.
— Romilda. — Charlie respirou inquieto, lutando contra um gole pesado. — Desculpe, eu não vi você...
— Tudo bem, doçura. — Romilda gritou, agarrando as mãos de Charlie e segurando-as carinhosamente. — Na verdade, eu estava procurando por você.
Romilda se aproximou ainda mais, de modo que seus rostos ficaram a apenas alguns centímetros de distância. Seus olhos escuros olharam para ele com uma expressão que fez o coração de Charlie disparar de medo. Ele podia sentir a respiração dela em seu rosto, e seu estômago se apertou de ansiedade.
— Sim? — Charlie engasgou, sua mente agora longe da Marca Negra enquanto Romilda olhava em seus olhos com uma intenção assustadora. — Pelo que?
— Bem, nós não conseguimos terminar nossa conversa no trem outro dia. — Romilda ronronou, desenhando círculos nas costas das mãos de Charlie. — Eu pensei que talvez pudéssemos conversar, você sabe, sem Granger estragar o momento.
Charlie hesitou por um momento, seus olhos procurando uma saída. Ele estava gritando internamente consigo mesmo, implorando desesperadamente, enquanto seus olhos procuravam uma saída para sua situação atual.
— Romilda. — ele disse em advertência, já que praticamente podia ouvir os protestos futuros de Hermione no fundo de sua mente por sequer ter tido tal ideia.
— Nada vai nos parar agora. — Romilda sussurrou, evidentemente ignorando o tom de objeção de Charlie. — Finalmente podemos ir naquele encontro sobre o qual conversamos...
— Você falou sobre. — Charlie corrigiu, revirando os olhos ligeiramente.
— Certo. — Romilda deu de ombros, sorrindo contente para si mesma, apesar da falta de interesse de Charlie. — De qualquer forma, estou ansiosa pela possibilidade de pegar uma cerveja amanteigada com você há meses... Então, o que você me diz?
— Romilda. — Charlie suspirou, finalmente soltando as mãos dela. — Você e eu... Isso nunca vai acontecer, ok? Por favor, entenda isso.
— Por que não? Vamos... Por favor? — Romilda fez beicinho, arrastando um dedo lentamente pela frente de suas vestes, enquanto seus olhos de corça olhavam para ele timidamente através das franjas de seu cabelo. Charlie balançou a cabeça, e ela bufou em aborrecimento. — Isso é sobre Granger? Porque se for, tenho certeza que se você me desse a chance, eu poderia fazer você esquecer tudo sobre ela.
— Isso não é possível. — Charlie franziu a testa, balançando a cabeça exasperadamente. — Acredite em mim, eu tentei.
— Bem, deixe-me tentar. — Romilda piscou, e Charlie ficou maravilhado com sua persistência.
Ele gemeu esfarrapado, passando as mãos pelos cabelos. Sua mente tropeçou, sem saber exatamente onde começar sua grande refutação.
— Ouça. — Charlie disse gentilmente, tentando poupar os sentimentos da garota pelo que parecia ser a centésima vez. — Estou lisonjeado com seus avanços, honestamente, mas eu preferiria que continuássemos apenas amigos.
Romilda permaneceu imóvel, piscando por alguns momentos com a boca aberta, até que finalmente disse: — Charlie, por que você não me dá uma chance?
— Bem, porque eu...
A inevitável dor de cabeça da conversa torturante foi finalmente suspensa quando uma pancada em seu ombro fez Charlie avançar ligeiramente, forçando-o a recuperar o equilíbrio para evitar colidir com Romilda novamente. Segundos depois, seu perpetrador foi revelado, e Charlie deu a ela um sorriso hesitante.
— Bem, o que temos aqui? — chamou Elaina Dumont em uma cantoria. Ela olhou para os dois grifinórios com um sorriso travesso, — Ei Char... E oh, Romilda! Claro, agora tudo faz sentido. Veja, eu estava me perguntando por que o corredor de repente cheirava a inegável desespero... Mas parece que encontrei minha resposta.
Charlie mordeu a língua, sufocando a risada que ameaçava escapar de seus lábios. Romilda, que não achou esse comentário tão engraçado quanto Charlie achou, cruzou os braços em uma postura de coragem.
— Que diabos você quer? — ela exigiu de Elaina, seus lábios franzidos. — Estou te incomodando?
— Eu, e vários outros, tenho certeza. — riu Elaina, enviando uma piscadela atrevida na direção de Charlie. — Mas isso está longe de ser o ponto. Veja, eu estava simplesmente me perguntando por que você pode estar vagando pelos corredores depois do toque de recolher... Não há necessidade de hostilidade, queridas.
— E o que é isso para você? — estalou Romilda, claramente desconsiderando o comentário final de Elaina. — Charlie e eu estávamos claramente no meio de alguma coisa!
— Eu não ligo muito para o seu tom. — disse Elaina, forçando um sorriso educado.
— Sim? Bem, eu não me importo muito com a sua opinião.
— Cuidado. — Elaina interrompeu com um aviso, e Charlie ergueu uma sobrancelha curiosa. — Eu acho que você descobrirá que é do seu interesse pensar antes de falar outra palavra. Isto é, é claro, a menos que você esteja deliberadamente pedindo uma detenção.
Romilda balançou a cabeça, rindo levemente, — O quê? Isso deveria me assustar? Você e eu sabemos que estarei muito longe antes que você possa chamar um professor aqui para me repreender.
— Quem disse alguma coisa sobre chamar um professor? — rebateu Elaina, sorrindo enquanto apontava para um distintivo verde brilhante preso em suas vestes.
Os olhos de Romilda se arregalaram de medo, — Como você...? Espera, você não pode fa...
— Posso fazer o que quiser. — resmungou Elaina, e Charlie ficou maravilhado com a autoridade em sua voz. — Eu sou a monitora encarregado deste corredor. Ou seja, minha paciência para o seu comportamento está se esgotando. Então, por que você não nos faz um favor e vai embora?
As duas garotas se entreolharam, seus olhos queimando de ódio. Por fim, Romilda balançou a cabeça e virou-se abruptamente para Charlie, acenando para ele. Com um último olhar para Elaina, ela caminhou pelo corredor, permitindo que Charlie soltasse um suspiro de alívio ao sair.
— Obrigado por isso. — disse ele a Elaina, uma vez que Romilda desapareceu fora do alcance da voz.
— Não mencione isso. — Elaina encolheu os ombros, substituindo sua expressão sem graça por uma de felicidade em um instante. Ela olhou para Charlie com curiosidade, — Então, você vai me dizer por que está nos corredores tão tarde? Gostaria de um passeio noturno, não é?
Charlie sorriu suavemente, balançando a cabeça. — Eu fui ver meu avô, e então Romilda me encurralou antes que eu pudesse voltar para a sala comunal.
— Como ela costuma fazer. — riu Elaina, e as duas partiram na direção da Torre da Grifinória. — Aquela pobre garota é incrivelmente persistente quando se trata de você.
— Oh, eu estou bem ciente. — Charlie suspirou, passando as mãos pelos cabelos. — Não sei quantas vezes devo dizer a ela que não estou interessado.
— Talvez você devesse dizer a ela que ainda tem sentimentos por Granger. — sugeriu Elaina esperançosamente, e o rosto de Charlie caiu ligeiramente. — Então, novamente, isso nunca pareceu impedi-la antes...
— Certo: — Charlie suspirou, sua boca se contorcendo.
— Desculpe. — Elaina disse abruptamente, sua voz repentinamente tímida. — Eu não queria, você sabe, aborrecê-lo ao mencionar Hermione... Merlin, eu sou incrivelmente sem tato.
— Não se preocupe com isso, honestamente. — Charlie riu levemente, encontrando humor na situação. — Não é como se eu pudesse evitá-la para sempre.
Elaina olhou para ele com ceticismo, não convencida. — Você sabe, é muito admirável fingir que toda essa coisa de separação não está incomodando você. Você não tem que mentir para mim embora... Eu sei o quanto você se importava com ela.
Charlie resistiu à vontade de engolir em seco, murmurando: — Fui eu quem terminou com ela.
— Certo, você vê, essa é a parte que eu nunca entendi muito bem. — assentiu Elaina, vasculhando seu cérebro enquanto eles continuavam a andar. — É estranho, não é? O Charlie de dois anos atrás era um idiota triste e indefeso quando pensou que havia perdido Hermione para aquele bastardo búlgaro... Agora, você espera que eu acredite que você a deixou ir de bom grado? Você deve ser incrivelmente idiota se você acha que eu acreditaria nisso.
Charlie hesitou, com medo de que mesmo o menor movimento pudesse revelar seu segredo mais profundo e sombrio de alguma forma. Elaina o pegou desprevenido com sua verificação da realidade, deixando-o assustado com o resultado potencial da conversa.
— Eu não sou a mesma pessoa que era há dois anos. — ele sussurrou sombriamente.
Elaina desacelerou um pouco e olhou para ele, percebendo seu jeito defensivo. — E por que isso?
Charlie deu de ombros, enquanto os dois subiam as escadas rolantes. Seus olhos se arregalaram em descrença, no entanto, quando outro tapa colidiu com seu braço. Quase instantaneamente, ele olhou para cima com as sobrancelhas franzidas.
— Oi! Pra que foi isso?
— Porque você é um idiota mentiroso. — Elaina rebateu, com tanta certeza que até Charlie acreditou que merecia apanhar por um mero momento. — Então, você vai me dizer o que está acontecendo com você? Ou eu tenho que colocar algum juízo em você?
— Isso não é muito típico de monitor. — rebateu Charlie, tentando desesperadamente desviar.
— Bem, isso é bom então, porque eu não sou realmente uma monitora. — Elaina sorriu maliciosamente, e Charlie ergueu uma sobrancelha curiosa em sua direção. — Eu só concordei em ajudar Parkinson com suas rondas de monitor porque ela estava desesperada em sua busca por Malfoy, que, devo acrescentar, não deu a mínima para ninguém desde o início do semestre.
As orelhas de Charlie se aguçaram, intrigadas. — Por que você diz isso?
— Ninguém realmente o vê mais. — explicou Elaina, apesar de sua leve confusão sobre por que Charlie estava interessado. — Ele nunca está na sala comunal e raramente aparece no Salão Principal. Quer dizer, até Crabbe e Goyle parecem um pouco perdidos sem ele.
— Alguma ideia do que ele está fazendo? — Charlie perguntou, soando estranhamente como Harry. — Onde ele vai?
— Não sei, e honestamente? Eu não me importo. — bocejou Elaina, claramente despreocupada. — O que há com o seu súbito interesse afinal? Malfoy tem algo a ver com o motivo de você estar agindo de forma estranha?
Charlie balançou a cabeça, caminhando mais rápido em direção à Torre da Grifinória. — Você não vai deixar isso passar, vai?
— Sem chance. — riu Elaina, bagunçando levemente o cabelo de Charlie. — Mas parece que sua teimosia vai ser um problema maior do que eu pensava inicialmente. Fique tranqüilo, no entanto, isso significa apenas que terei que procurar ajuda adicional.
— Vá em frente. — Charlie desafiou, enquanto os dois caminhavam por um atalho que os levava ao retrato da Mulher Gorda. — Embora eu me sinta inclinado a dizer a você que isso não vai fazer nenhum bem. Apesar de sua preocupação, eu estou perfeitamente bem.
— No segundo em que você acreditar nisso, eu vou. — disse Elaina, com os lábios franzidos de satisfação. — Eu vou perguntar a Harry sobre isso, eu tenho que falar com ele sobre aulas particulares de qualquer maneira.
Charlie riu. — Harry? Como seu tutor?
— Sim, isso é um problema? — defendeu Elaina, seu tom diferente de qualquer coisa que Charlie já tinha ouvido antes. — Quero dizer, ele é o melhor da nossa aula de Poções, e eu estou ficando para trás. Sem falar que ele era um ótimo professor quando estávamos no promotor!
— Eu não estou dizendo que ele não era. — Charlie disse sugestivamente, seus lábios se curvando em um sorriso malicioso. — É só... Bem, uh, você não tem namorado?
— Não posso ter um tutor porque tenho namorado? — repetiu Elaina, extremamente confusa. — Lógica interessante aí, Char.
— Estupidez. — afirmou Charlie, levantando as mãos em sinal de rendição. — Faz parte do meu charme...
Ele parou, pois sua atenção foi atraída pelo vislumbre que ele havia previsto brevemente acima do ombro de Elaina. A uma curta distância, Hermione e Ron estavam caminhando em direção a eles, presumivelmente voltando de suas rondas de monitores, mas Charlie engoliu em seco mesmo assim.
A mandíbula de Charlie se apertou enquanto Hermione parecia estar rindo sem pensar de algo que Ron havia dito. Havia um ciúme inegável que pulsava em suas veias ao som da risadinha distante de Hermione, e de repente ele teve o desejo de dar um soco no nariz de Ron.
Tenha certeza, no entanto, o ciúme de Charlie não era unilateral.
Assim que Hermione avistou seu ex-namorado parado com Elaina, seu rosto caiu significativamente, enquanto Ron parecia totalmente abatido com sua repentina falta de interesse. Ele pareceu entender, no entanto, quando os dois se juntaram a Elaina e Charlie no retrato da Mulher Gorda.
— Hermione, oi! Ron, como você está? — Elaina sorriu, tentando fazer luz de uma situação evidentemente tensa.
— Tudo bem. — Ron grunhiu, enfiando as mãos nos bolsos.
Os olhos de Hermione dançaram entre Charlie e Elaina, evidentemente tentando decifrar uma possível razão para os dois ficarem sozinhos após o toque de recolher.
— O que vocês dois estão fazendo aqui? — ela perguntou, tentando ao máximo parecer despreocupada. — Aconteceu alguma coisa?
— Não, está tudo bem. — Elaina assegurou instantaneamente, mas tudo o que Charlie fez foi se mexer desajeitadamente em seus pés. — Eu só estava me certificando de que Charlie voltasse para sua sala comunal... Eu o encontrei vagando pelos corredores. — ela acrescentou, sorrindo para Charlie para subconscientemente dizer a ele, 'você é bem-vindo por não mencionar Romilda'.
— Ele não poderia ter voltado sozinho? — perguntou Hermione, com um pouco mais de força do que pretendia.
— Oh, bem, sim, suponho que ele poderia...
— Como foram suas rondas de monitor? — interveio Charlie, seus olhos de repente se estreitando em Ron, que se escondia atrás de seus cabelos ruivos. — Você se divertiu?
— Eu posso te fazer a mesma pergunta. — rebateu Hermione, levantando uma sobrancelha sugestiva entre as outras duas pessoas em questão.
— O que exatamente você está tentando insinuar?
— Eu não sei, Charlie, o que você acha?
— Quantas vezes devo te dizer...
— Certo. — disse Elaina, batendo palmas em despedida. — Então, eu vou indo, mas vocês três fiquem à vontade para conversar entre si.
E tão rapidamente quanto Elaina Dumont veio em auxílio de Charlie, ela agora o jogou para os leões, deixando-o em seu confronto com Ron e Hermione sem pensar duas vezes.
Houve um momento de silêncio enquanto Charlie examinava Hermione minuciosamente. No entanto, apesar de seus olhares descontentes, ambos não podiam negar a maneira como seus estômagos davam cambalhotas sempre que se olhavam.
Não sendo capaz de aguentar por muito mais tempo, Charlie quebrou a tensão ao se virar para o retrato da Mulher Gorda, gritando: — Quid Agis.
— Sim, querido, entre. — respondeu a mulher na pintura, balançando-se para a frente.
Charlie praticamente pulou pelo buraco do retrato e foi vítima do silêncio da Torre da Grifinória. Ele ficou parado por alguns momentos, sua respiração pesada enquanto Hermione e Ron entravam atrás dele; o buraco do retrato se fechando logo depois.
Quase imediatamente, Charlie pôde sentir o olhar penetrante de Hermione em seu rosto, silenciosamente exigindo respostas que ele era teimoso demais para dar. Egoisticamente, ele balançou a cabeça enquanto subia com intenção febril as escadas para seu dormitório, fechando a porta atrás de si antes que Ron ou Hermione tivessem a chance de protestar.
Charlie puxou as cortinas de sua cama de dossel e desabou na cama, sobrecarregado com os acontecimentos da noite. Ele ouviu a porta reabrir segundos depois, seguida pelo rangido da cama de Ron quando o ruivo se arrastou para debaixo das cobertas.
Um suspiro pesado escapou dos lábios de Charlie enquanto ele olhava para o abismo escuro da sala. Com tantas coisas passando por sua cabeça, levou horas até que ele finalmente sucumbisse ao silêncio, graciosamente recebendo o descanso que merecia.
★
Como Hermione havia previsto, os períodos livres do sexto ano não eram as horas de relaxamento feliz que Ron esperava, mas momentos para tentar acompanhar a grande quantidade de dever de casa que eles estavam recebendo. Eles não apenas estudavam como se tivessem provas todos os dias, mas as aulas em si se tornaram mais exigentes do que nunca.
Charlie mal entendia metade do que a professora McGonagall dizia a eles ultimamente; até mesmo Hermione teve que pedir para ela repetir as instruções uma ou duas vezes. Feitiços não-verbais agora eram esperados, não apenas em Defesa Contra as Artes das Trevas, mas também em Feitiços e Transfiguração, e quase todo mundo estava realmente lutando para fazer os feitiços funcionarem sem dizer encantamentos em voz alta.
Um resultado de sua enorme carga de trabalho e das horas frenéticas praticando feitiços não-verbais foi que Charlie, Harry, Ron e Hermione até agora não conseguiram encontrar tempo para visitar Hagrid e explicar por que nenhum deles continuou com Cuidado. das Criaturas Mágicas. O meio-gigante havia parado de vir para as refeições na mesa dos funcionários, um sinal sinistro, e nas poucas ocasiões em que passaram por ele nos corredores ou nos jardins, ele misteriosamente não os notou ou ouviu suas saudações.
— Nós temos que explicar. — disse Hermione, olhando para a enorme cadeira vazia de Hagrid na mesa dos professores no sábado seguinte no café da manhã.
— Temos testes de Quadribol esta manhã! — gemeu Ron, mastigando um pedaço de bacon. — Além disso, o que temos a explicar? Como vamos dizer a ele que odiamos sua matéria estúpida?
— Ei, cuidado com o tom, seu idiota esperto. — rosnou Charlie, batendo na nuca de Ron. — Nós não odiamos o assunto dele.
— Fale por você, eu não esqueci dos explosivins. — murmurou Rony, esfregando a nuca. — E eu estou te dizendo agora, nós escapamos por um triz. Eu nem estava lá quando Hagrid divagou sobre seu irmão gormless, mas pelo que Harry me disse, foi lamentável. Eu estou te dizendo, nós estaria ensinando Grawp a amarrar os cadarços se tivéssemos ficado.
— Eu odeio não falar com o Hagrid. — murmurou Hermione, parecendo chateada.
— Nós vamos descer depois do Quadribol. — Charlie a assegurou imediatamente, e os olhos de Hermione brilharam para ele com amor pela primeira vez desde a discussão.
— Mas os testes podem levar a manhã toda, há um número bastante grande de pessoas que se inscreveram. — acrescentou Harry, sentindo-se um pouco nervoso com os testes. — Não sei por que o time ficou tão popular de repente.
— Ah, qual é, Harry. — gemeu Hermione, repentinamente impaciente. — Não é o Quadribol que é popular, é você! Você nunca foi tão interessante e, francamente, nunca foi tão fantasioso.
Charlie engasgou com seu pedaço de torrada, seus olhos se arregalando em descrença. Hermione lançou-lhe um olhar de desdém antes de um sorriso malicioso surgir em seus lábios.
— Algo errado, Charlie? — ela perguntou, olhando timidamente para ele através das franjas de seu cabelo. — Foi algo que eu disse?
Balançando a cabeça, Charlie cutucou furiosamente seus ovos com o garfo, sem ousar olhar nos olhos de Hermione. Ao lado dele, a respiração de Ron começou a ficar irregular e pesada.
— Isso é o que eu pensei. — Hermione cantarolou, voltando-se para Harry. — Como eu estava dizendo, todo mundo sabe que você está dizendo a verdade agora, não é? Todo o mundo mágico teve que admitir que você estava certo sobre Voldemort está de volta e que você realmente lutou com ele duas vezes nos últimos dois anos. Eles também estão chamando você de 'o escolhido' - bem, vamos lá, você não consegue ver por que as pessoas são fascinadas por você?
Harry estava achando o Salão Principal muito quente de repente, suas bochechas corando quando ele lançou um rápido olhar para a mesa da Sonserina em busca de Elaina Dumont.
Ainda assim, Hermione continuou. — E você passou por toda aquela perseguição do Ministério quando eles estavam tentando fazer com que você fosse instável e mentiroso...
— Lembra quando aqueles cérebros me pegaram no Ministério? — interrompeu Rony, sacudindo as mangas. — Você ainda pode ver as cicatrizes, olhe!
— Seu ponto? — sibilou Charlie, estranhamente irritado com a inferioridade de Ron. — Você não me vê brandindo as marcas nas costas da minha mão onde aquela mulher nojenta e parecida com um sapo me atacou, não é?
— E não faz mal que você tenha crescido cerca de trinta centímetros durante o verão também. — Hermione terminou, ignorando as brigas de Ron e Charlie.
— Eu sou alto. — disse Ron, como se tivesse ficado mudo, e o aperto de Charlie aumentou em torno de seu garfo de forma inconseqüente.
As corujas do correio chegaram, descendo pelas janelas salpicadas de chuva, espalhando gotas de água em todos. A maioria das pessoas estava recebendo mais correspondência do que o normal; pais ansiosos estavam ansiosos para ouvir seus filhos e tranqüilizá-los, por sua vez, de que tudo estava bem em casa. Para grande consternação de Charlie, ele não havia recebido nenhuma correspondência desde o início do semestre. O silêncio de seu pai o deixou incrivelmente ansioso, especialmente depois que ele lutou contra o chamado da Marca Negra.
Charlie foi tirado de seus pensamentos, no entanto, quando viu a Edwiges branca como a neve circulando entre todas as corujas marrons e cinzas. Ela pousou na frente de Harry carregando um pacote grande e quadrado. Um momento depois, um pacote idêntico pousou na frente de Ron, esmagando sob ele sua coruja minúscula e exausta, Pigwidgeon.
— Ah! — disse Harry, desembrulhando o pacote para revelar uma nova cópia de Advanced Potion-Making, fresca da Flourish and Blotts.
— Ah, que bom. — sussurrou Hermione, encantada. — Agora você pode devolver aquela cópia pichada.
— Você está louca? — Harry ficou boquiaberto, com os olhos arregalados. — Vou ficar com ele! Olha, já pensei nisso...
Ele puxou a velha cópia de Advanced Potion-Making de sua bolsa e bateu na capa com sua varinha, murmurando. — Diffindo!
A tampa caiu.
Ele fez a mesma coisa com o livro novinho em folha (Hermione parecia escandalizada). Ele então trocou as tampas, bateu em cada uma e disse: — Reparo!
Lá estava o exemplar do Príncipe, disfarçado de livro novo, e ali estava o exemplar novo da Floreios e Borrões, parecendo totalmente de segunda mão.
— Vou devolver o novo ao Slughorn, ele não pode reclamar, custou nove galeões.
Hermione apertou os lábios, parecendo zangada e desaprovadora, mas foi distraída por uma terceira coruja pousando na frente dela carregando a cópia daquele dia do Profeta Diário. Ela o desdobrou apressadamente e examinou a primeira página.
— Alguém que conhecemos morreu? — perguntou Ron com uma voz decididamente casual; ele fazia a mesma pergunta toda vez que Hermione abria o jornal.
— Não, mas houve mais ataques de dementadores, — murmurou Hermione, lendo rapidamente. — E uma prisão.
— Excelente, quem? — disse Harry, pensando em Bellatrix Lestrange.
— Stan Shunpike. — anunciou Hermione, apontando para sua foto em movimento de Azkaban.
— O que? — sussurrou Harry, assustado.
— 'Stanley Shunpike, condutor do popular transporte bruxo do Nôitibus, foi preso sob suspeita de atividade dos Comensais da Morte. O Sr. Shunpike, 21, foi levado sob custódia ontem à noite depois de uma batida em sua casa em Clapham...
— Stan Shunpike, um Comensal da Morte? — Charlie repetiu atônito, lembrando-se do jovem irregular que conhecera três anos antes. — Não tem jeito.
— Ele pode ter sido colocado sob a Maldição Imperius. — sugeriu Ron razoavelmente. — Você nunca pode contar.
— Não parece. — dispensou Hermione, que ainda estava lendo. — Aqui diz que ele foi preso depois de ser ouvido falando sobre os planos secretos dos Comensais da Morte em um pub. — ela olhou para cima com uma expressão preocupada no rosto. — Se ele estivesse sob a Maldição Imperius, dificilmente ficaria por aí fofocando sobre os planos deles, não é?
— Parece que ele estava tentando fazer parecer que sabia mais do que sabia. — disse Ron, balançando a cabeça. — Não foi ele quem alegou que se tornaria Ministro da Magia quando estava tentando conversar com aquelas Veela?
— Sim, é ele. — afirmou Harry. — Eu não sei o que eles estão fazendo, levando Stan a sério.
— Eles provavelmente querem parecer que estão fazendo alguma coisa. — encolheu os ombros Hermione, franzindo a testa. — As pessoas estão apavoradas - você sabe que os pais das gêmeas Patil querem que eles voltem para casa? E Eloise Midgen já foi retirada. O pai dela a pegou ontem à noite.
— Espere o que? — Charlie perguntou, olhando para Hermione em descrença. — Você não pode estar falando sério! Estamos falando de Hogwarts. O que poderia ser mais seguro? Temos Aurores, e todos aqueles feitiços protetores extras, e temos Dumbledore!
— Acho que não o pegamos o tempo todo. — sussurrou Hermione com muito cuidado, olhando para a mesa dos professores por cima do Profeta. — Você não percebeu? O assento dele tem estado tão vazio quanto o de Hagrid na semana passada.
Charlie olhou para a mesa dos professores e seu coração afundou ao vê-la. A cadeira do diretor estava realmente vazia. Na verdade, agora que Hermione havia mencionado isso, Charlie não via seu avô desde a discussão acalorada de uma semana atrás. De repente, um sentimento de culpa se formou em seu estômago, ameaçando arruiná-lo de dentro para fora.
— Talvez ele tenha deixado a escola para fazer algo com a Ordem. — sugeriu Harry em voz baixa. — Quero dizer... Está tudo parecendo sério, não está?
Hermione, Charlie e Ron não responderam a essa pergunta, mas Charlie sabia que todos estavam pensando a mesma coisa. Houve um incidente horrível no dia anterior, sabe, quando Hannah Abbott foi tirada da aula de Herbologia para saber que sua mãe havia sido encontrada morta. Eles não tinham visto Hannah desde então.
Quando eles deixaram a mesa da Grifinória cinco minutos depois para ir ao campo de Quadribol, eles passaram por Lilá Brown e Parvati Patil. Lembrando o que Hermione havia dito sobre os pais dos gêmeos Patil querendo que eles deixassem Hogwarts, Charlie não ficou surpreso ao ver que os dois melhores amigos estavam sussurrando juntos, parecendo aflitos.
O que o surpreendeu, no entanto, foi que quando ele se aproximou deles, Parvati de repente cutucou Lilá, que olhou em volta e deu ao menino de olhos castanhos um largo sorriso. Charlie piscou para ela, então devolveu o sorriso, antes de continuar seu caminho.
Harry e Ron resistiram à tentação de rir, percebendo que seu amigo não se importava em dar atenção a Lilá. Hermione, no entanto, parecia fria e distante durante todo o caminho até o estádio através da garoa fria e enevoada, e partiu para encontrar um lugar nas arquibancadas sem se despedir de Charlie.
Como Harry esperava, os testes duraram a maior parte da manhã. Metade da Grifinória parecia ter aparecido, desde os primeiros anos que estavam segurando nervosamente uma seleção das terríveis vassouras da velha escola, até os sétimos anos que se destacavam dos demais, parecendo friamente intimidadores. O último incluía um menino grande e de cabelos crespos que Charlie reconheceu imediatamente do Expresso de Hogwarts.
— Nós nos conhecemos no trem, no compartimento do velho Sluggy. — disse ele com confiança, saindo da multidão para apertar a mão de Charlie, mas o menino mais novo não se mexeu. — Cormac McLaggen, vou sair para o goleiro.
— Você não tentou no ano passado, não é? — perguntou Harry quando Charlie não falou, notando o tamanho de McLaggen e pensando que ele provavelmente bloquearia todos os três aros do gol sem ao menos se mexer.
— Eu estava na ala hospitalar quando eles realizaram os testes. — explicou McLaggen, com certa arrogância. — Comi meio quilo de ovos Doxy por uma aposta.
— Certo. — Charlie murmurou com os dentes cerrados, imaginando o quão estúpido alguém deve ser para comer voluntariamente meio quilo de ovos Doxy. — Bem... Se você pudesse esperar ali.
Charlie apontou para a borda do campo, perto de onde Hermione estava sentada. Ele pensou ter visto um lampejo de aborrecimento passar pelo rosto de McLaggen, mas ficou surpreso quando a expressão de McLaggen mudou imediatamente ao ver Hermione nas arquibancadas. A expressão em seu rosto agora era de puro desejo, e Charlie cerrou os punhos ao vê-lo.
— Ei, Hawthorne, esse é sua amiga Granger, não é? — McLaggen gritou arrogantemente, mas seus olhos nunca desviaram da direção de Hermione. — Você acha que poderia me apresentar algum dia? Eu não me importaria de falar pelo primeiro nome, se é que você me entende.
Charlie se lançou para frente, totalmente preparado para bater na cabeça de Cormac, mas parou assim que Harry se colocou entre eles.
— Não. — Harry advertiu, empurrando para trás o torso de Charlie. — Não aqui, não agora. Vamos, companheiro, vamos começar.
Com um aceno relutante, Charlie ajudou Harry a definir uma tarefa básica, pedindo a todos os candidatos para o time que se dividissem em grupos de dez e voassem uma vez ao redor do campo.
Esta parecia ter sido a decisão certa. Os dez primeiros eram formados por alunos do primeiro ano, e não poderia ter sido mais claro que eles quase nunca haviam voado antes. Apenas um menino conseguiu permanecer no ar por mais de alguns segundos e ficou tão surpreso que imediatamente se chocou contra uma das traves do gol.
O segundo grupo era formado por dez das garotas mais idiotas que Charlie já conhecera, que, quando ele apitou, simplesmente caíram na gargalhada e se agarraram umas às outras. Romilda Vane estava entre eles, e ela observou Charlie com olhos famintos, pensando que ele parecia extremamente desejável em seu uniforme de Quadribol. Por fim, Harry disse a eles para deixarem o campo, eles o fizeram com bastante entusiasmo e foram sentar na arquibancada para importunar todos os outros.
O terceiro grupo se acumulou no meio do campo. A maior parte do quarto grupo veio sem vassouras. O quinto grupo eram Corvinais.
— Se houver mais alguém aqui que não seja da Grifinória. — rugiu Charlie, que estava começando a ficar seriamente irritado. — Saia agora, por favor!
Houve uma pausa, então aqueles poucos Corvinais saíram correndo do campo, bufando de tanto rir.
Depois de duas horas, muitas reclamações e vários acessos de raiva, um envolvendo um Comet Two Sixty acidentado e vários dentes quebrados, Harry e Charlie encontraram três artilheiros; Gina Weasley, que era particularmente boa em desviar de balaços; Katie Bell, que voltou ao time após uma excelente prova; e Charlie, é claro, que superou toda a competição e marcou dezessete gols.
Embora satisfeito com suas escolhas, Charlie também gritou até ficar rouco com os muitos reclamantes e agora estava travando uma batalha semelhante com os batedores rejeitados.
— Essa é minha decisão final, e se você não sair do caminho dos Guardiões, eu vou enfeitiçar você. — ele berrou.
Nenhum dos batedores escolhidos tinha o antigo brilho de Fred e Jorge, mas Harry e Charlie ainda estavam razoavelmente satisfeitos com eles. Jimmy Peakes, um garoto de peito largo do terceiro ano, que conseguiu acertar um ovo de ganso na nuca de Harry com um balaço ferozmente atingido; e Ritchie Coote, que parecia magro, mas mirou bem. Eles agora se juntaram a Katie e Ginny nas arquibancadas para assistir à seleção de seu último membro da equipe.
Para grande consternação de Charlie, Harry o convenceu deliberadamente a deixar o julgamento dos Keepers para o final, esperando por um estádio mais vazio e menos pressão sobre Ron. Infelizmente, porém, todos os jogadores rejeitados e várias pessoas, que desceram para assistir depois de um longo café da manhã, já haviam se juntado à multidão, de modo que estava maior do que nunca.
À medida que cada goleiro voava até os aros do gol, a multidão rugia e vaiava na mesma medida. Charlie olhou para Ron, que sempre teve problemas com os nervos; alguém poderia esperar que vencer a partida final no último semestre pudesse curá-lo, mas aparentemente não... Ron era um tom delicado de verde.
Nenhum dos cinco primeiros candidatos defendeu mais de dois gols cada. Para grande decepção de Charlie, Cormac McLaggen defendeu quatro pênaltis em cinco. No último, no entanto, ele disparou na direção completamente errada como se tivesse sido magicamente persuadido...
No entanto, a multidão riu e vaiou, forçando McLaggen a voltar ao chão rangendo os dentes. Pouco depois, Ron parecia prestes a desmaiar enquanto montava seu Cleansweep Eleven.
— Boa sorte! — gritou uma voz das arquibancadas, e Charlie ficou arrasado ao ver Hermione como a fonte de alegria. Ele gostaria de ter escondido o rosto nas mãos, como ela fez um momento depois, mas pensou que, como capitão, deveria mostrar um pouco mais de coragem, e então se virou para assistir Ron fazer seu julgamento com uma pequena carranca.
Para a surpresa de todos, Ron defendeu um, dois, três, quatro, cinco pênaltis seguidos. Encantado, e resistindo a se juntar aos aplausos da multidão com dificuldade, Harry virou-se para McLaggen para dizer-lhe que, infelizmente, Ron o havia derrotado, apenas para encontrar o rosto vermelho de McLaggen a centímetros do seu. Ele recuou apressadamente.
— Sua irmã realmente não tentou. — acusou McLaggen ameaçadoramente, uma veia pulsando em sua têmpora. — Ela deu a ele uma defesa fácil.
— Bobagem. — disse Harry friamente. — Essa foi a que ele quase errou.
McLaggen deu um passo mais perto de Harry, que se manteve firme desta vez, e Charlie imediatamente ficou em alerta máximo quando se aproximou deles para controlar a situação.
— Me dê outra chance.
— Não. — resmungou Charlie, vindo em defesa imediata de Harry. — Você teve sua chance. Você defendeu quatro. Ron defendeu cinco. O goleiro de Ron, ele ganhou de forma justa. Agora, saia do caminho.
Charlie pensou por um momento que McLaggen poderia socá-lo, mas, surpreendentemente, o garoto do sétimo ano se contentou com uma careta feia e saiu furioso, rosnando o que parecia ser uma ameaça ao ar. Harry deu um tapinha nas costas de Charlie como um agradecimento, e os dois se viraram para encontrar seu novo time sorrindo para eles.
— Muito bem. — Harry resmungou, meio aliviado que os julgamentos finalmente terminaram. — Você voou muito bem...
— Você foi brilhante, Ron!
Mais uma vez, Charlie foi forçado a acalmar sua respiração desdenhosa enquanto Hermione descia correndo da arquibancada. Não ajudou, veja bem, quando Ron parecia extremamente satisfeito consigo mesmo, ficando ainda mais alto que o normal, enquanto sorria para o time e para Hermione.
Forçando-se a se acalmar o suficiente para marcar o primeiro treino completo para a quinta-feira seguinte, Charlie se despediu rapidamente do resto do time antes de seguir Harry, Ron e Hermione até a cabana do Hagrid. Um sol aguado tentava agora romper a nuvem, pois finalmente parara de garoar.
— Achei que ia perder aquele quarto pênalti. — Ron estava dizendo alegremente. — Tiro complicado de Katie, você viu, teve um pouco de efeito...
— Sim, sim, todos nós vimos. — concordou Hermione, parecendo divertida enquanto se divertia com a ostentação de Ron.
— Eu fui melhor do que McLaggen de qualquer maneira. — disse Ron, com o nariz empinado. — Você o viu se arrastando na direção errada na quinta? Parecia que ele tinha sido confundido...
Para a surpresa de Charlie, Hermione ficou com um tom muito profundo de rosa com essas palavras. Ron não notou nada; ele estava muito ocupado descrevendo cada uma de suas outras penalidades em detalhes amorosos. Harry, no entanto, ergueu uma sobrancelha curiosa na direção de Charlie, afirmando a crença de seu amigo na semelhança de pensamento.
Não houve tempo suficiente para insistir no assunto, pois o grande hipogrifo cinza, Bicuço, apareceu, amarrado na frente da cabana de Hagrid. Ele estalou seu bico afiado como navalha quando eles se aproximaram e virou sua enorme cabeça para eles.
— Oh, querido. — sussurrou Hermione nervosamente. — Ele ainda é um pouco assustador, não é?
— Pare com isso, você montou nele, não foi? — gemeu Ron, e Harry acenou com a cabeça, relembrando com carinho.
Charlie deu um passo à frente e se curvou para o hipogrifo sem quebrar o contato visual ou piscar. Depois de alguns segundos, Bicuço também se curvou.
— Como vai você? — Charlie perguntou a ele em voz baixa, avançando para acariciar sua cabeça emplumada. — Você está bem aqui com o Hagrid?
— Oi! — rugiu uma voz rouca.
Hagrid tinha virado a passos largos o canto de sua cabana vestindo um grande avental florido e carregando um saco de batatas. Seu enorme cão de caça, Fang, estava em seus calcanhares; Fang deu um latido estrondoso e saltou para a frente.
— Afaste-se dele! Ele vai arrancar seus dedos - oh. São vocês.
Fang estava pulando em cima de Harry e Ron, tentando lamber suas orelhas. Hagrid se levantou e olhou para todos eles por uma fração de segundo, então se virou e entrou em sua cabine, batendo a porta atrás de si.
— Isso não é bom. — disse Hermione boquiaberta, parecendo chocada.
— Não se preocupe com isso. — Charlie murmurou sombriamente, enquanto caminhava até a porta, batendo ruidosamente. — Hagrid! Abra, nós só queremos conversar!
Não havia nenhum som de dentro.
— Tudo bem então. — Charlie bufou, puxando sua varinha. — Se você não abrir esta porta, eu irei em frente e a abrirei.
— Charlie! — gritou Hermione, parecendo chocada. — Você não pode possivelmente...
— Quem disse? — Charlie deu de ombros, sua voz firme como sempre. — Você acha que nós andamos até aqui só para bater a porta na nossa cara? Você tem outra coisa vindo se você...
Mas antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, a porta se abriu de novo como Charlie sabia que aconteceria, e lá estava Hagrid, olhando para ele com raiva e parecendo, apesar do avental florido, positivamente alarmante.
— Eu sou professor! — ele rugiu para Charlie, e o menino estremeceu levemente. — Um professor, Hawthorne! Como ousa ameaçar arrombar minha porta!
— Sinto muito, senhor. — murmurou Charlie, enfatizando a última palavra enquanto guardava a varinha no bolso.
Hagrid parecia atordoado, — Desde quando você me chama de 'senhor'?
— Desde quando você me chama de 'Hawthorne'?
— Oh, muito inteligente. — rosnou Hagrid, seu rosto caindo ligeiramente. — Muito divertido. Isso sou eu enganado, não é? Tudo bem, entre então, seu pequeno ingrato...
Resmungando sombriamente, ele recuou para deixá-los passar. Harry, Hermione e Ron correram atrás de Charlie. Hermione parecia bastante assustada, mas respirou com facilidade quando seu ex-namorado lhe deu um breve aceno de cabeça para tranqüilizá-la.
— Bem? — disse Hagrid mal-humorado, enquanto os quatro grifinórios se sentavam ao redor de sua enorme mesa de madeira, Canino deitando sua cabeça imediatamente no joelho de Charlie e babando em seu uniforme. — O que é isso? Está com pena de mim? Acha que estou sozinho ou summat?
— Não. — dispensou Harry imediatamente. — Queríamos ver você.
— Sentimos sua falta! — acrescentou Hermione trêmula.
— Sentiu minha falta, não é? — bufou Hagrid, balançando a cabeça. — Sim. Certo.
Ele andava de um lado para o outro, preparando o chá em sua enorme chaleira de cobre, resmungando o tempo todo. Finalmente, ele colocou quatro canecas do tamanho de um balde de chá marrom na frente deles e um prato de seus bolos de pedra. Harry estava com fome o suficiente até mesmo para a comida de Hagrid, e pegou um de uma vez.
— Hagrid. — sussurrou Hermione timidamente, quando ele se juntou a eles na mesa e começou a descascar suas batatas com uma brutalidade que sugeria que cada tubérculo havia feito um grande mal a ele. — Nós realmente queríamos continuar com Trato das Criaturas Mágicas, você sabe. — Hagrid deu outra grande bufada. Charlie achou que alguns bichos-papões haviam pousado nas batatas e ficou interiormente agradecido por eles não ficarem para o jantar.
— Nós fizemos! — exclamou Hermione, parecendo convincente. — Mas nenhum de nós poderia encaixá-lo em nossos horários!
— Sim. Certo. — repetiu Hagrid, parecendo descontente.
Houve um som engraçado de esmagamento e todos olharam em volta; Hermione soltou um pequeno grito, enquanto Ron saltou de seu assento e correu ao redor da mesa para longe do grande barril parado no canto que eles tinham acabado de notar. Estava cheio do que pareciam larvas de um pé de comprimento, viscosas, brancas e se contorcendo.
— O que são, Hagrid? — perguntou Harry, tentando parecer interessado ao invés de revoltado, mas largando seu bolo de pedra do mesmo jeito.
— Apenas larvas gigantes. — Hagrid deu de ombros, continuando a descascar suas batatas.
— E eles se tornam...? — disse Ron, parecendo apreensivo.
— Eles não vão crescer entre nada. — murmurou Hagrid tristemente. — Eu os peguei para alimentar Ter Aragogue.
E sem aviso, ele começou a chorar.
— Hagrid! — exclamou Hermione, levantando-se de um salto, correndo ao redor da mesa pelo caminho mais longo para evitar o barril de larvas e colocando um braço em volta dos ombros trêmulos dele. — O que é?
— É... Ele... — Hagrid engoliu em seco, seus olhos negros como besouros brilhando enquanto ele enxugava o rosto com o avental. — É... Aragogue... Acho que ele está morrendo... Ele ficou doente durante o verão e não está melhorando... Não sei o que farei se ele... Se ele... Estamos juntos há tanto tempo...
Hermione deu um tapinha no ombro de Hagrid, parecendo completamente sem nada para dizer. Charlie soube imediatamente como ela se sentia. Ele sabia que Hagrid presenteava um cruel dragão bebê com um ursinho de pelúcia, o vira sussurrar sobre escorpiões gigantes com ventosas e ferrões, tentar argumentar com seu brutal meio-irmão gigante, mas este era talvez o mais incompreensível de todos os seus monstros. fantasias... A gigantesca aranha falante, Aragogue, que morava nas profundezas da Floresta Proibida e da qual ele, Harry e Ron escaparam por pouco quatro anos antes.
— Há... Há algo que possamos fazer? — Hermione perguntou, ignorando as caretas frenéticas e balançando a cabeça de Ron.
— Eu não acho que haja, Hermione. — engasgou Hagrid, tentando parar o fluxo de suas lágrimas. — Veja, o resto da tribo... A família de Aragogue... Eles estão ficando um pouco engraçados agora que ele está doente... Um pouco inquieto...
— Sim, acho que vimos um pouco desse lado deles. — disse Ron em voz baixa, estremecendo enquanto as memórias atormentavam sua cabeça.
— Eu não acho que seria seguro para qualquer um, exceto para mim, chegar perto da colônia no momento. — Hagrid terminou, assoando o nariz com força no avental e olhando para cima. — Mas obrigado pela oferta, Hermione... Significa muito.
Depois disso, a atmosfera melhorou consideravelmente, pois embora nenhum dos garotos tivesse mostrado qualquer inclinação para alimentar larvas gigantes para uma aranha gigantesca e assassina, Hagrid parecia ter certeza de que eles gostariam de ter feito isso e se tornaram seus amigos habituais. auto mais uma vez.
— Ar, eu sempre soube que vocês achariam difícil me espremer em seus horários. — ele disse rispidamente, servindo-lhes mais chá. — Mesmo se você aplicar para Time-Turners...
— Nós não poderíamos ter feito isso. — refutou Hermione. — Nós quebramos todo o estoque de Vira-Tempos do Ministério quando estávamos lá no verão passado. Estava no Profeta Diário.
— Ar, bem então. — disse Hagrid, encolhendo os ombros. — Não há como você ter feito isso... Desculpe, eu estou, você sabe, eu só estou preocupado com Aragogue... E eu me perguntei se, se o professor Grubbly-Plank tivesse ensinando sim...
Sem hesitar, todos os quatro afirmaram categoricamente e falsamente que o professor Grubbly-Plank, que havia substituído Hagrid algumas vezes, era um péssimo professor, com o resultado de que, quando Hagrid os dispensou do local ao anoitecer, ele parecia bastante alegre.
— Estou morrendo de fome. — gemeu Harry, uma vez que a porta se fechou atrás deles e eles estavam correndo pelo terreno escuro e deserto.
— Sim, eu também. — Charlie murmurou, seu estômago roncando. — Você tem sorte, companheiro, eu tenho aquela detenção com Snape esta noite. Eu não acho que terei muito tempo para o jantar.
Ao entrarem no castelo, avistaram Cormac McLaggen entrando no Salão Principal. Ele precisou de duas tentativas para passar pelas portas; ele ricocheteou na moldura na primeira tentativa. Ron apenas deu uma gargalhada de satisfação e caminhou para o Salão atrás dele; Harry seguindo rapidamente em seus calcanhares. Charlie, no entanto, pegou o braço de Hermione e a segurou.
— O que? — sussurrou Hermione defensivamente, seu corpo ficando tenso com o toque dele.
— Se você me perguntar. — Charlie sussurrou, inclinando-se ligeiramente. — McLaggen parece estar confuso esta manhã. Estranho, não é, já que ele estava bem na frente de onde você estava sentado.
Hermione corou, mas se era pelo fato de ela ter sido pega em flagrante ou por causa da proximidade deles, Charlie não sabia dizer.
— Oh, tudo bem então, eu consegui. — ela sussurrou, seus olhos teimosamente evitando os de Charlie. — Mas você deveria ter ouvido o jeito que ele estava falando sobre Ron e Gina! De qualquer forma, ele tem um temperamento desagradável, você viu como ele reagiu quando não entrou - você não iria querer alguém assim no time.
— Eu suponho. — Charlie deu de ombros, dando a ela o benefício da dúvida. — Sim, suponho que seja verdade. Mas isso não foi um pouco desonesto, Hermione? Quer dizer, você é monitora, não é?
— Oh, cale a boca. — Hermione retrucou, e Charlie sorriu vitoriosamente. — E não fique tão surpreso. Não é a primeira vez que quebro uma regra da escola... Você deveria saber disso melhor do que ninguém.
— Eu deveria? — Charlie questionou provocando, movendo-se para trás até que suas costas batessem na parede de pedra do corredor atrás deles.
— Mhm. — Hermione cantarolou, inclinando-se para que sua respiração fizesse cócegas na pele extremamente sensível de Charlie. — Ou você esqueceu que meninos e meninas não podem dividir a cama? Parece que quebramos essa regra em várias ocasiões... Talvez você se lembre.
Charlie respirou rapidamente, subconscientemente lambendo os próprios lábios que ele descobriu estarem secos. — Claro, como eu poderia esquecer?
De repente, o silêncio caiu sobre eles, aprisionando-os em um mundo próprio. Seus olhos estavam presos em um olhar incrivelmente intenso. Charlie colocou uma mão ao lado da cabeça de Hermione, pairando sobre ela enquanto a outra mantinha suas próprias mãos seguramente entrelaçadas nas dele.
— Por que continuamos fazendo isso? — Hermione perguntou finalmente, horrorizada com o quão fraca e ofegante sua voz soava. — Você me provoca assim, e então amanhã, você vai fingir que isso nunca aconteceu... Por favor, apenas me diga porque você está tão determinado a me afastar... Eu te imploro, Charlie.
— Porque. — Charlie sussurrou, inconsciente das palavras que iriam sair de sua boca. Hermione sentiu seu coração pular uma batida, já que Charlie não parecia capaz de tirar os olhos de seus lábios. — Se eu não fizer isso, você vai...
— O que vocês dois estão fazendo aqui? — perguntou Rony, reaparecendo na porta do Salão Principal e parecendo suspeito.
Hermione sentiu como se um balde de água fria tivesse sido jogado sobre ela quando Charlie rapidamente se virou, seu cabelo escondendo o olhar de desdém em seu rosto, e soltou as mãos de Hermione para que ela se sentisse incrivelmente vulnerável de repente.
— Nada. — Charlie sibilou furiosamente; por alguma razão, ele parecia ainda mais descontente com a aparência do ruivo do que em um dia normal.
— Desculpe. — Ron resmungou, parecendo desesperado entre seus dois amigos. — Eu estava interrompendo alguma coisa?
— Não, de jeito nenhum... Está tudo bem, Ron. — Hermione disse calmamente, interrompendo antes que Charlie tivesse a chance de explodir. Ela passou pelo garoto ruivo, liderando o caminho de volta para o Salão Principal. — Bem, vamos lá, então... Harry provavelmente está se perguntando para onde fomos.
Com a maior relutância, Charlie deixou que seus pés o levassem adiante. O cheiro de rosbife fez seu estômago doer de fome, mas eles mal haviam se sentado na mesa da Grifinória, juntando-se finalmente a Harry, quando o professor Slughorn apareceu, pairando sobre eles com um sorriso.
— Charlie! Harry! Apenas os dois que eu esperava ver! — ele explodiu alegremente, girando as pontas de seu bigode de morsa e estufando sua enorme barriga. — Eu estava esperando encontrar você antes do jantar! O que você acha de um jantar hoje à noite em meus quartos? Nós estamos tendo uma festinha , apenas algumas estrelas em ascensão, tenho McLaggen chegando e Zabini, a charmosa Melinda Bobbin - não sei se algum de vocês a conhece? A família dela é dona de uma grande rede de boticários - e, claro, espero muito muito que a senhorita Granger vai me favorecer vindo também.
Slughorn fez uma pequena reverência para Hermione ao terminar de falar. Era como se Ron não estivesse presente; Slughorn nem sequer olhou para ele.
— Não posso ir, professor. — disse Charlie imediatamente. — Eu tenho uma detenção com o Professor Snape.
— Oh, querido. — murmurou Slughorn, seu rosto caindo comicamente. — Querido, querido, eu estava contando com você, Charles! Bem, agora, vou ter que dar uma palavrinha com Severus e explicar a situação. Tenho certeza que vou conseguir convencê-lo a adiar sua detenção. Sim, vejo vocês dois mais tarde!
Ele se apressou para fora do salão sem permitir uma chance para qualquer refutação, e Charlie afundou em seu assento, aparentemente derrotado.
— Ele não tem chance de persuadir Snape. — ele encolheu os ombros, no momento em que Slughorn estava fora do alcance da voz. — Esta detenção já foi adiada uma vez; Snape fez isso por Dumbledore, mas não fará isso por mais ninguém.
— Gostaria que você viesse. — sussurrou Hermione ansiosamente, claramente mais alto do que pretendia enquanto suas bochechas coravam. — Bem, uh, eu só q-quero dizer que seria bom se todos pudéssemos ir. —
— Nem todos nós. — retrucou Rony, que não parecia ter gostado de ser ignorado por Slughorn. — Caso você tenha esquecido, eu não fui convidado.
★
A sala comunal estava muito lotada quando eles voltaram depois do jantar, já que a maioria das pessoas já havia terminado o jantar, mas os quatro principais ainda conseguiram encontrar uma mesa livre e se sentaram.
Ron, que estava de mau humor desde o encontro com Slughorn, cruzou os braços e franziu a testa para o teto. Hermione estendeu a mão para pegar um exemplar do Evening Prophet, que alguém havia deixado abandonado em uma cadeira.
— Alguma coisa nova? — perguntou Harry, tentando puxar conversa.
— Na verdade não... — Hermione havia aberto o jornal e estava examinando as páginas internas. — Oh, olhe, seu pai está aqui, Ron - ele está bem! — ela acrescentou rapidamente, pois Ron olhou em volta alarmado. — Apenas diz que ele foi visitar a casa dos Malfoys. Escute... 'Esta segunda busca na residência dos Comensais da Morte parece não ter produzido nenhum resultado. Arthur Weasley do Escritório para Detecção e Confisco de Feitiços Defensivos Falsificados e a Protective Objects disse que sua equipe estava agindo de acordo com uma dica confidencial.'
— Sim, meu! — exclamou Harry, parecendo completamente satisfeito. — Eu disse a ele em Kings Cross sobre Malfoy e aquela coisa que ele estava tentando fazer Borgin consertar! Bem, se não está na casa deles, ele deve ter trazido o que quer que seja para Hogwarts com ele...
— Mas como ele pode ter feito isso, Harry? — perguntou Hermione retoricamente, largando o jornal com um olhar surpreso. — Fomos todos revistados quando chegamos, não fomos?
— Você estava? — disse Harry, surpreso. — Eu não estava!
— Oh não, claro que não, eu esqueci que você estava atrasado. — Hermione franziu a testa, chateada consigo mesma. — Bem, Filch passou por cima de todos nós com Sensores de Sigilo quando chegamos aos portões. Qualquer objeto das Trevas teria sido encontrado, eu sei que Crabbe teve uma cabeça encolhida confiscada. Então, você vê, Malfoy não pode ter trazido em qualquer coisa perigosa!
Momentaneamente frustrado, Harry observou Ginny brincar com Arnold, o pigmeu Puff, seu novo animal de estimação, por um tempo antes de ver uma maneira de contornar essa objeção.
— Alguém mandou para ele por coruja, então. — ele sugeriu teimosamente. — Sua mãe ou alguém.
— Todas as corujas estão sendo checadas também. — respondeu Hermione, balançando a cabeça. — Filch nos disse isso quando estava colocando aqueles Sensores de Sigilo em todos os lugares que podia alcançar.
Realmente perplexo desta vez, Harry não encontrou mais nada para dizer. Não parecia haver nenhuma maneira de Malfoy ter trazido um objeto perigoso ou das Trevas para a escola. Ele olhou esperançoso para Charlie, que estava sentado com os braços cruzados, olhando para o céu escuro da noite através da janela próxima.
— Você consegue pensar em alguma maneira Malfoy?
— Largue isso, Harry, — gritou Charlie de uma vez, a Marca Negra formigando sua pele.
— Sim. — acrescentou Ron, soando incrivelmente amargo. — Dá um descanso a esse maldito Malfoy.
— Ouça, não é minha culpa que Slughorn convidou Charlie, Hermione e eu para sua festa estúpida! Então, cuidado com o seu tom sangrento, sim? — rosnou Harry, disparando.
— Bem, como não fui convidado para nenhuma festa. — zombou Ron, levantando-se novamente. — Acho que vou para a cama.
Ele saiu pisando duro em direção à porta dos dormitórios masculinos, deixando Charlie, Harry e Hermione olhando para ele.
— Charlie? — veio a voz de Neville Longbottom, que quebrou o silêncio recém-encontrado quando apareceu de repente no ombro de Charlie. — Eu tenho uma mensagem para você.
— Do professor Slughorn? — Charlie perguntou, sentando-se, esperança brilhando em seus olhos.
— Não... Do Professor Snape. — Neville franziu a testa, e o coração de Charlie afundou. — Ele disse que você deve vir ao escritório dele às oito e meia desta noite para fazer sua detenção, uh, não importa quantos convites para festas você tenha recebido. Além disso, ele queria que você soubesse que estará separando vermes podres de bons, para usar em Poções, e, bem, ele diz que não há necessidade de trazer luvas de proteção.
— Certo, — Charlie murmurou, recostando-se na cadeira. — Muito obrigado, Nev.
A mente de Charlie disparou com pensamentos enquanto ele olhava pela janela. Ele ficou maravilhado com a agressividade recém-descoberta que foi incutida profundamente dentro dele, incomparável com o que ele sentiu com Ron, McLaggen ou mesmo Dumbledore.
Professor Snape... Eu vou fazer da sua vida um inferno, Charlie pensou amargamente. Talvez então possamos nos entender.
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