032
𓏲 . THE BOY WHO LOVED . .៹♡
CAPÍTULO TRINTA E DOIS
─── VOLTAR NO TEMPO E COMETER UM CRIME
CHARLIE FICOU PARADO com os olhos bem fechados. Ele se sentiu muito grogue. Seus membros pareciam chumbo; suas pálpebras pesadas demais para levantar, suas costelas doendo de dor. Ele queria ficar aqui, nesta cama confortável, para sempre.
— O que mais me surpreende é o comportamento dos dementadores... Você realmente não tem idéia do que os fez recuar, Snape?
— Não, Ministro... Quando cheguei, eles estavam voltando para suas posições nas entradas.
— Extraordinário. E ainda Black, meu filho, Harry e a garota-
— Todos inconscientes quando os alcancei. Amarrei e amordacei Black, naturalmente, conjurei macas e os trouxe de volta ao castelo.
Houve uma pausa. O cérebro de Charlie parecia estar se movendo um pouco devagar, pois as palavras que ele ouvia pareciam estar sendo processadas lentamente, tornando-as difíceis de entender.
Depois de um tempo, ele abriu os olhos.
Tudo estava um pouco borrado. Ele estava deitado na ala hospitalar escura. No final da enfermaria, ele podia ver Madame Pomfrey de costas para ele, curvada sobre uma cama. Charlie apertou os olhos. O cabelo ruivo de Ron era visível sob o braço de Madame Pomfrey.
Charlie moveu a cabeça sobre o travesseiro. À sua esquerda estava Harry, bem acordado, e na cama à sua direita estava Hermione. O luar estava caindo sobre sua cama. Seus olhos também estavam abertos. Ela parecia petrificada dando ao garoto o déjà vu da época em que ela estava realmente petrificada - oh deus, aquela imagem assombrada.
Quando Hermione viu que Charlie estava acordado, ela pressionou um dedo nos lábios, então apontou para a porta da ala hospitalar. Estava entreaberta, e as vozes de seu pai e Snape vinham do corredor lá fora.
Madame Pomfrey agora vinha andando rapidamente pela enfermaria escura até a cama de Charlie. Os três grifinórios se viraram para ela. Ela estava carregando o maior bloco de chocolate que eles já tinham visto em suas vidas.
— Ah, você acordou! — Ela disse rapidamente. Ela colocou o chocolate na mesa de cabeceira de Charlie e começou a quebrá-lo com um pequeno martelo.
— Como está a perna de Ron?
— Ele vai viver. — Disse Madame Pomfrey sombriamente. — Quanto a você, você ficará aqui até que essas suas costelas fraturadas se recuperem adequadamente. Hawthorne, o que você pensa que está fazendo?
Charlie sentou-se, tirou as cobertas de si mesmo e pegou sua varinha antes de ir para a porta.
— Preciso ver meu avô. — Disse ele.
— Hawthorne, — disse Madame Pomfrey suavemente, — está tudo bem. Eles pegaram Black. Ele está trancado lá em cima. Os Dementadores vão dar o beijo a qualquer momento agora.
— O QUE?
Harry agora tinha saltado da cama; Hermione tinha feito o mesmo. O grito de Harry foi ouvido no corredor do lado de fora; no segundo seguinte, Fenwick e Snape entraram na enfermaria.
— Charles, o que é isso? — Perguntou Fenwick, parecendo agitado. — Você deveria estar na cama - ele comeu algum chocolate? — Ele perguntou a Madame Pomfrey ansiosamente.
— Pai, escute! — Charlie implorou. — Sirius Black é inocente! Peter Pettigrew forjou sua própria morte! Nós o vimos hoje à noite! Você não pode deixar os Dementadores fazerem isso com Sirius, ele é-
Mas o Ministro estava balançando a cabeça com um pequeno, mas torcido sorriso no rosto.
— Charles, meu querido menino, você está muito confuso, você passou por uma provação terrível, deite-se, agora, temos tudo sob controle.
— VOCÊ NÃO TEM! — Harry gritou atrás de Charlie enquanto se movia para o seu lado. — VOCÊ TEM O HOMEM ERRADO!
— Ministro, escute, por favor. — Hermione disse; ela havia se apressado ao lado de seus amigos e estava olhando implorando para o rosto de Fenwick. — Eu também o vi. Era o rato de Ron, ele é um Animago, Pettigrew, quero dizer, e-
— Você vê, ministro? — Disse Snape. — Confundidos, os três... Black fez um trabalho muito bom neles.
— NÃO ESTAMOS CONFUNDIDOS! — Harry rugiu.
— Ministro! Professor! — Disse Madame Pomfrey com raiva. — Eu devo insistir que vocês vão embora. Potter é meu paciente, e ele não deve ficar angustiado!
— Não estou angustiado, estou tentando contar a eles o que aconteceu! — Harry disse furioso. — Se eles apenas ouvissem-
Mas Madame Pomfrey de repente enfiou um grande pedaço de chocolate na boca de Harry; ele engasgou, e ela aproveitou a oportunidade para forçá-lo de volta para a cama.
— Agora, por favor, ministro, essas crianças precisam de cuidados. Por favor, saia.
A porta se abriu novamente. Era Dumbledore. Charlie não perdeu tempo antes de correr para seu avô para defender seu caso.
— Avô, Sirius Black-
— Pelo amor de Deus! — Disse Madame Pomfrey
histericamente. — Isso é uma ala hospitalar ou não? Diretor, devo insistir-
— Minhas desculpas, Poppy, mas eu preciso de uma palavra com meu neto, Sr. Potter e Srta. Granger. — Disse Dumbledore calmamente. — Acabei de falar com Sirius Black-
— Suponho que ele lhe contou o mesmo conto de fadas que plantou na mente dessas crianças? — Cuspiu Snape. — Algo sobre um rato e Pettigrew estar vivo.
— Essa, de fato, é a história de Black. — Disse Dumbledore, examinando Snape de perto através de seus óculos de meia-lua.
— E minhas provas não contam para nada? — Rosnou Snape. — Peter Pettigrew não estava na Casa dos Gritos, nem vi nenhum sinal dele no local.
— Isso foi porque você foi nocauteado, Professor! — Disse Hermione seriamente. — Você não chegou a tempo de ouvir.
— Senhorita Granger, SEGURE SUA LÍNGUA!
— Agora, Snape, — disse Fenwick, divertido, — a jovem nascida trouxa está claramente perturbada em sua mente, não devemos responsabilizá-la.
— Eu gostaria de falar com Charlie, Harry e Hermione a sós. — Disse Dumbledore abruptamente. — Fenwick, Severus, Poppy - por favor, nos deixem.
— Eu sinto muito? — Fenwick ficou surpreso. — É do meu filho que você está falando.
— Estou bem ciente disso, Fenwick. — Alvo disse simplesmente. — No entanto, há coisas que eu gostaria de discutir com meu neto e seus amigos sozinho. Não vejo nenhuma razão para que isso seja um problema?
Charlie sorriu suavemente, — Não vejo nenhum problema.
— Brilhante. — Dumbledore disse alegremente enquanto compartilhava um olhar vitorioso com seu neto.
— Diretor! — Gaguejou Madame Pomfrey. — Eles precisam de tratamento, eles precisam de descanso.
— Isso não pode esperar. — Disse Dumbledore. — Eu devo insistir.
Madame Pomfrey franziu os lábios e caminhou para seu escritório no final da enfermaria, batendo a porta atrás dela. Fenwick lançou um pequeno olhar a Dumbledore antes de consultar o grande relógio de bolso de ouro pendurado em seu colete.
— Os dementadores já devem ter chegado. — Disse ele. — Eu vou encontrá-los. Alvo, é melhor eu ver você lá em cima.
Ele foi até a porta e a segurou aberta para Snape, mas Snape não se moveu.
— Você certamente não acredita em uma palavra da história de Black? — Snape sussurrou, seus olhos fixos no rosto de Dumbledore.
— Eu gostaria de falar com Charlie, Harry e Hermione a sós. — Dumbledore repetiu.
Snape girou nos calcanhares e marchou pela porta que Fenwick ainda segurava. Ela se fechou atrás deles, e Dumbledore se virou para Charlie, Harry e Hermione. Os três começaram a falar ao mesmo tempo, até mesmo Ron entrou na conversa de sua cama de hospital.
— Vovô, por favor! Black está falando a verdade. Nós vimos Pettigrew, ele escapou quando o Professor Lupin se transformou em lobisomem-
— Ele é um rato-
— Pettigrew fingiu sua morte-
— Sirius foi enquadrado-
Mas Dumbledore ergueu a mão para conter a enxurrada de explicações.
— É a vez de vocês ouvirem, e eu imploro que vocês não me interrompam, porque há muito pouco tempo. — Disse ele calmamente. — Não há um pingo de prova para apoiar a história de Black, exceto sua palavra - e a palavra de quatro bruxos de treze anos não convencerá ninguém. A voz de uma criança, por mais honesta e verdadeira que seja, não tem sentido para aqueles que esqueceram como ouvir.
— Professor Lupin pode te dizer- — Harry disse, incapaz de se conter.
— Professor Lupin está no meio da floresta, incapaz de dizer nada a ninguém. Quando ele for humano novamente, será tarde demais, Sirius estará pior do que morto. Eu poderia acrescentar que os lobisomens são tão desconfiados pela maioria de nossa espécie, que seu apoio contará muito pouco e o fato de que ele e Sirius são velhos amigos-
Charlie tentou raciocinar, — Mas-
— Ouça-me, Charles. É tarde demais, você me entende? Você deve ver que a versão dos eventos do Professor Snape é muito mais convincente do que a sua.
— Ele odeia Sirius. — Hermione disse desesperadamente. — Tudo por causa de algum truque estúpido que Sirius fez com ele quando eles eram crianças-
— Sirius não agiu como um homem inocente. O ataque à Mulher Gorda; entrando na Torre da Grifinória com uma faca. Sem Pettigrew, vivo ou morto, não temos chance de reverter a sentença de Sirius.
Charlie levantou uma sobrancelha, — Mas você acredita em nós?
— Eu acredito, — disse Dumbledore calmamente, — mas eu não tenho poder para fazer outros homens verem a verdade, ou para anular seu pai.
Os rostos dos quatro grifinórios caíram. Eles haviam se acostumado com a ideia de que Dumbledore poderia resolver qualquer coisa. Eles esperavam que Dumbledore tirasse alguma solução incrível do ar.
Mas não... Sua última esperança se foi.
— O que nós precisamos, — disse Dumbledore lentamente, e seus olhos azuis claros mudaram de
Charlie para Hermione, — é mais tempo.
— Mas- — Hermione começou, e então seus olhos
ficaram muito redondos. — OH!
— Agora, preste atenção. — Disse Dumbledore, falando muito baixo e muito claramente. — Sirius está trancado no escritório do professor Flitwick no sétimo andar. Décima terceira janela da direita da Torre Oeste. Se tudo correr bem, você poderá salvar mais de uma vida inocente esta noite. Mas lembre-se disso, você não deve ser visto... Srta. Granger, você conhece a lei, você sabe o que está em jogo... Você não deve ser vista.
Nem Charlie nem Harry tinham ideia do que estava acontecendo. Dumbledore deu meia-volta e olhou para trás quando chegou à porta.
— Vou trancá-la. Faltam... — Ele consultou seu relógio, — Cinco minutos para meia-noite. Srta. Granger, três voltas devem ser suficientes. Boa sorte.
— O que diabos foi isso? — Ron perguntou de sua cama de hospital.
— Boa sorte? — Harry repetiu enquanto a porta se fechava atrás de Dumbledore.
Charlie deu de ombros enquanto olhava para Hermione em busca de respostas, — Três voltas? Do que ele está falando? O que devemos fazer?
Mas Hermione estava se atrapalhando com a gola de seu suéter, puxando de baixo dele uma corrente de ouro muito longa e muito fina.
— Desculpe, Ron, mas já que você não consegue andar. — Ela disse com urgência antes de se virar para Charlie e Harry, — Rápido! Vamos!
Os dois garotos se moveram em direção a ela, completamente confusos. Ela estava segurando a corrente. Charlie viu uma pequena ampulheta brilhante pendurada nele.
— Aqui.
Ela jogou a corrente no pescoço de Charlie, gentilmente antes de enrolá-la no pescoço de Harry também.
— Preparados? — Ela perguntou sem fôlego.
A testa de Harry franziu, — Espere, o quê?
— O que estamos fazendo? — Charlie perguntou, completamente perdido.
Hermione virou a ampulheta três vezes.
De repente, Charlie teve a sensação de que estava voando muito rápido, para trás. Um borrão de cores e formas passou por ele, seus ouvidos estavam latejando. Como se uma fita estivesse sendo rebobinada, cada momento que ocorria na ala hospitalar durante o dia havia piscado em uma velocidade vertiginosa. O tempo todo, do lado de fora da janela, a escuridão deu lugar ao crepúsculo e o sol 'não se pôs', retornando ao seu lugar no horizonte baixo.
E então Charlie sentiu o chão firme sob seus pés, e tudo entrou em foco novamente.
Ele estava parado ao lado de Hermione e Harry na agora deserta ala hospitalar e um raio de sol dourado estava caindo sobre o chão pavimentado vindo das janelas. Ele olhou descontroladamente para Hermione, a corrente da ampulheta cortando seu pescoço.
— Mione, o que?
— O que acabou de acontecer? — Harry perguntou, completamente atordoado. — Onde Ron foi?
Hermione ignorou os dois meninos e olhou para o relógio na parede, — Sete e meia. Onde estávamos às sete e meia?
— Huh? — Charlie franziu as sobrancelhas antes de olhar para Harry, que estava ali confuso, — Não sei, na casa de Hagrid?
— Vamos! — Hermione disse instantaneamente, agarrando o braço de Charlie e puxando-o para frente, — Nós não podemos ser vistos.
O garoto de olhos castanhos deixou Hermione guiá-lo pelo castelo, enquanto Harry os seguia de perto. Logo, eles alcançaram a saída que os levaria à Cabana de Hagrid.
No entanto, quando Charlie e Harry continuaram em frente, Hermione colocou um braço na frente deles para segurá-los.
— Hermione, você pode nos dizer o que está acontecendo? O que devemos fazer? — Charlie sussurrou.
Mas a garota simplesmente o silenciou enquanto levantava a mão, espiando por trás da parede. Um pouco surpreso, Charlie seguiu seu olhar, assim como Harry, e os dois piscaram em descrença.
Do outro lado do terreno, Charlie se viu, junto com Harry, Ron e Hermione, prestes a enfrentar Malfoy, Crabbe, Goyle e Zabini.
— Mas isso... — Harry parou, completamente pasmo. — Isso é... Nós. Isso não é... Normal.
Charlie olhou para Hermione instantaneamente, procurando respostas - esta situação era completamente insana.
Como se pudesse ler sua mente, Hermione ergueu o pequeno colar de ampulheta de ouro mais uma vez.
— Você vê isso? — Ela perguntou. — Este é um Vira-Tempo. McGonagall me deu no primeiro semestre. É assim que eu tenho feito todas as minhas aulas o ano todo.
Os olhos de Charlie se arregalaram, — Você quer dizer que voltamos no tempo?
— Isso é completamente insano! — Harry entrou na conversa.
— Dumbledore queria que voltássemos a este momento. — Explicou Hermione. — Claramente aconteceu algo que ele quer que mudemos.
Então, um estalo suave foi ouvido à distância, fazendo com que os três olhassem para baixo da colina mais uma vez. Malfoy tinha acabado de ser atingido, e agora estava segurando seu rosto enquanto caía de costas.
Charlie tinha um sorriso divertido estampado em seu rosto enquanto sussurrava para Hermione: — Ótimo soco, a propósito. Foi ainda melhor na segunda vez.
Hermione deu uma risadinha antes de tirar seus dois amigos de vista enquanto Malfoy e seus capangas passavam correndo por eles.
Segundos depois, os três saíram de seu esconderijo. Charlie olhou para baixo da colina, ainda maravilhado com a visão de si mesmo, Hermione, Harry e Ron descendo a encosta para a cabana de Hagrid.
Seus olhos castanhos mudaram para o canteiro de abóboras, e ele sorriu, apontando o que viu para seus amigos, — Olha! Bicuço ainda está vivo!
— É claro! — Hermione disse com um sorriso quando ela finalmente entendeu. — Lembre-se do que Dumbledore disse. Se conseguirmos, mais de uma vida inocente pode ser poupada!
— Bicuço? — Harry perguntou, — Mas como Bicuço vai nos ajudar a salvar Sirius?
De repente, Charlie juntou as peças, — Não é óbvio? Meu avô acabou de nos dizer onde fica a janela - a janela do escritório de Flitwick! Onde eles prenderam Sirius! Voamos até a janela e salvamos Sirius! Sirius pode escapar com Bicuço - eles podem escapar juntos!
Pelo que Charlie podia ver no rosto de Hermione, ela parecia aterrorizada.
— Se conseguirmos isso sem sermos vistos, será um milagre!
— Bem, nós temos que tentar, não é? — Disse Harry, que estava muito feliz com a possibilidade de isso funcionar.
Os três desceram em direção à cabana. Enquanto Bicuço se banqueteava com um furão, Charlie, Harry e Hermione se esconderam atrás de uma pilha de abóboras.
— Agora? — Charlie sussurrou, referindo-se a liberar o hipogrifo - ele estava ansioso para salvar a fera fascinante.
— Não! — Disse Hermione rapidamente. — Seu pai tem que ver Bicuço antes de resgatá-lo! Caso contrário, eles vão pensar que Hagrid o libertou!
— Isso vai nos dar cerca de sessenta segundos. — Disse Harry, engolindo em seco - isso estava começando a parecer impossível.
Naquele momento, houve um estrondo de porcelana quebrando de dentro da cabana de Hagrid.
— Aquele é o Hagrid quebrando a jarra de leite. — Hermione sussurrou. — Eu vou encontrar Perebas em um momento.
Com certeza, alguns minutos depois, eles ouviram o grito de surpresa de Hermione.
— Espere, — disse Harry de repente, — e se n-nós simplesmente corrermos até lá e pegarmos Pettigrew-
— Não! — Disse Hermione em um sussurro aterrorizado. — Você não entende? Estamos quebrando uma das mais importantes leis bruxas! Ninguém deveria mudar o tempo, ninguém! Você ouviu Dumbledore, se formos vistos-
— Só seríamos vistos por nós mesmos e Hagrid!
Charlie balançou a cabeça, — Harry, o que você acha que faria se se visse invadindo a casa de Hagrid?
— E-eu teria achado que enlouqueci, — disse Harry enquanto abaixava a cabeça, — ou que havia alguma magia negra acontecendo.
— Exatamente! — Hermione continuou. — Você não entenderia - você pode até se atacar! Você não vê? A
Professora McGonagall me disse que coisas horríveis aconteceram quando os bruxos se intrometeram com o tempo... Muitos deles acabaram matando seus
eus passados ou futuros por engano!
— Ok! — Disse Harry. — Foi apenas uma ideia, eu apenas pensei-
Mas antes que ele pudesse terminar, Charlie o cutucou e apontou para o castelo. Ambos, Harry e Hermione moveram suas cabeças alguns centímetros para ter uma visão clara; Dumbledore, o
ministro Hawthorne, o antigo membro do Comitê, e Macnair, o carrasco, estavam descendo a colina.
— Eles estão vindo e... — Hermione parou enquanto olhava de volta para a Cabana. — Nós não vamos embora... Por que não vamos?
Nesse momento, no chão ao lado dela, Hermione notou a mesma pedra irregular de antes. Instantaneamente, ela o pegou na mão, levantou-se um pouco e o arremessou pela janela aberta.
O som da jarra de vidro quebrando foi ouvido dentro da cabana.
Harry olhou para a garota incrédulo, — Você está brava?!
Hermione o ignorou, entretanto, rapidamente assobiando outra pedra pela janela e ricocheteou na nuca de Charlie.
O garoto de olhos castanhos praticamente podia sentir a dor de novo, e instantaneamente acariciou a
parte de trás de sua cabeça, — Isso doeu, sabe?
Os olhos de Hermione se arregalaram, — Oh meu Deus, eu sinto muito!
Charlie deu de ombros com uma pequena risada quando seu pai e seus colegas chegaram à porta de Hagrid.
— Estamos prestes a sair! — Hermione respirou.
E com certeza, momentos depois, a porta dos fundos de Hagrid se abriu, e Charlie viu a si mesmo, Ron, Harry e Hermione saindo com Hagrid. Foi, sem dúvida, a sensação mais estranha de sua vida, ver seu eu passado assim.
— Está tudo bem, Bicuço, está tudo bem. — Disse o passado de Charlie.
Assim como antes de Hagrid se livrar deles enquanto voltava para dentro para abrir a porta. Enquanto as versões anteriores de si mesmos se dirigiam para seu esconderijo, Charlie, Hermione e Harry correram para as árvores logo atrás deles.
Os três observaram seu passado por trás dos troncos da árvore, mas Hermione deu um passo adiante enquanto puxava um galho um pouco e disse: — É realmente assim que meu cabelo é visto de trás?
— Shhh! — Charlie sussurrou enquanto a puxava de volta, colocando uma mão sobre sua boca enquanto Harry estava em uma árvore ao lado deles, com os olhos arregalados.
A Hermione do passado jogou a cabeça para trás, os galhos dançando estranhamente, exatamente como esperado.
Hermione podia ouvir o coração de Charlie batendo devido à proximidade de seus corpos. Ela até olhou para ele com admiração, não prestando atenção nas vozes de seu eu do passado trocando de conversa antes de todos dispararem colina acima.
Quando a barra estava limpa, Charlie tirou a mão, e deu a Hermione um rápido olhar que dizia, — Ufa! Isso foi perto.
Harry espiou sua cabeça primeiro, certificando-se de que seus eus passados estavam realmente fora de vista. Depois dele, Charlie e Hermione saíram das árvores e foram em direção a Bicuço.
Charlie podia ouvir a voz de seu pai quando ele se aproximou, — É a decisão do Comitê para Eliminação de Criaturas Perigosas que o hipogrifo, Bicuço, deve ser executado esta noite ao pôr do sol.
O menino alcançou o Hipogrifo em um tempo recorde. Com cuidado para não piscar, Charlie olhou para os ferozes olhos alaranjados de Bicuço mais uma vez e fez uma reverência. Bicuço caiu de joelhos escamosos e depois se levantou novamente.
Rapidamente, Charlie começou a desamarrar Bicuço do poste enquanto Harry e Hermione observavam.
— Condenado à execução por decapitação, a ser executada pelo carrasco nomeado pelo Comitê, Walden Macnair.
— Vamos, Bicuço, — Charlie murmurou, — vamos, vamos ajudá-lo. Rápido... Em silêncio.
— Como testemunhado abaixo. Hagrid, você assina aqui.
Quando desamarrado, Charlie começou a puxar o hipogrifo para frente, mas Bicuço não conseguiu se mover.
— Bem, vamos acabar com isso. — Disse a voz esganiçada do membro do Comitê de dentro da cabine de Hagrid. — Hagrid, talvez seja melhor se você ficar aqui dentro.
— Não, e-eu quero ficar com ele... Eu não quero que ele fique sozinho.
Passos ecoaram de dentro da cabine.
— Bicuço, mova-se! — Charlie sibilou.
O menino puxou com mais força a corda em volta do pescoço de Bicuço. O hipogrifo começou a andar, farfalhando as asas irritado. Eles ainda estavam a três metros de distância da floresta, bem à vista da porta dos fundos de Hagrid.
— Um momento, por favor, Macnair. — Veio a voz de Dumbledore. — Você precisa assinar também.
Os passos pararam. Charlie puxou a corda. Bicuço estalou o bico e andou um pouco mais rápido.
O rosto branco de Hermione estava saindo de trás de uma árvore enquanto Harry olhava cautelosamente para a cabana.
— Charlie, depressa! — Hermione murmurou.
Ele ainda podia ouvir a voz de seu avô falando de dentro da cabana. Ele deu a corda outra chave. Bicuço começou um trote relutante. Chegaram às árvores.
— Rápido, rápido! — Hermione gemeu, saindo de trás de sua árvore, agarrando a corda também e adicionando seu peso para fazer Bicuço se mover mais rápido.
Harry olhou por cima do ombro antes de seguir seus amigos e a fera de volta para a floresta; eles agora estavam bloqueados de vista; eles não conseguiam ver o jardim de Hagrid.
— Pare! — Harry sussurrou. — Eles podem nos ouvir.
A porta dos fundos de Hagrid se abriu com um estrondo. Harry, Charlie, Hermione e Bicuço ficaram parados; até o hipogrifo parecia estar ouvindo atentamente.
— Cadê? — Disse a voz esganiçada do membro do Comitê. — Onde está a besta?
— Foi amarrado aqui! — Disse o carrasco furiosamente. — Eu vi! Aqui!
— Que extraordinário. — Disse Dumbledore. Havia uma nota de diversão em sua voz.
— Bicuço! — Disse Hagrid com voz rouca.
Houve um ruído sibilante e o baque de um machado. O carrasco parecia tê-lo balançado com raiva. Então veio o uivo, e desta vez eles puderam ouvir as palavras de Hagrid através de seus soluços.
— Se foi! Se foi! Abençoado seja o bico, ele se foi! Musta se libertou! Bicuço, espertinho!
Bicuço começou a se esforçar contra a corda, tentando voltar para Hagrid. Charlie, Harry e Hermione agarraram a corda, apertaram a corda e fincaram os calcanhares no chão da floresta para detê-lo.
— Alguém o desamarrou! — O carrasco estava rosnando. — Devemos vasculhar o terreno, a floresta.
— Macnair, se Bicuço foi realmente roubado, você realmente acha que o ladrão o levou a pé? — Perguntou Dumbledore, ainda parecendo divertido. — Procure nos céus, por favor... Hagrid, eu poderia tomar uma xícara de chá ou um conhaque grande.
— Claro, professor. — Disse Hagrid, que parecia fraco de felicidade. — Entre, entre.
Os três grifinórios ouviram atentamente. Ouviram passos, os palavrões suaves do carrasco, o estalo da porta e depois o silêncio mais uma vez.
— E agora? — Sussurrou Charlie, bufando levemente enquanto puxava a corda de Bicuço.
— Nós vamos ter que nos esconder aqui. — Disse Hermione, que parecia muito abalada. — Precisamos esperar até que eles voltem para o castelo. Então esperamos até que seja seguro voar com Bicuço até a cela de Sirius. Ele não estará lá por mais algumas horas.
Ela olhou nervosamente por cima do ombro para as profundezas da floresta. O sol estava se pondo agora.
— Nós vamos ter que nos mudar. — Disse Harry, pensando muito. — Temos que ser capazes de ver o Salgueiro Lutador, ou não saberemos o que está acontecendo.
— Ok, — disse Hermione, pegando mais firme na corda de Bicuço, — mas lembrem-se que temos que ficar fora de vista.
Eles se moveram ao redor da borda da floresta, a escuridão caindo densamente ao redor deles, até que eles estavam escondidos atrás de um grupo de árvores através do qual eles podiam ver o Salgueiro.
— Lá está Lupin! — Disse Harry de repente.
Quando o Salgueiro Lutador começou a se debater, sua violência estranhamente silenciada a essa distância, Lupin pega uma vara, dá um nó na base da árvore e instantaneamente o Salgueiro se acalmou.
Charlie assistiu com admiração, — Espere até Fred e George ouvirem sobre isso!
Alguns momentos se passaram desde que Lupin desceu às raízes da árvore, então a voz de Hermione alertou o garoto de volta para a árvore.
— Olha! É Snape!
Enquanto Snape descia também, Charlie virou-se para seus amigos, — E agora vamos esperar.
— Agora esperamos.
Os três estavam sentados nas sombras que se alongavam enquanto esperavam que seus eus passados se reunissem na superfície.
— Pessoal. — Harry falou quebrando o silêncio e fazendo com que Hermione e Charlie o olhassem com curiosidade.
— Sim?
— Antes, — ele começou, — na beira do lago... Quando estávamos com Sirius... Eu vi alguém... Que fez os Dementadores irem embora, com um Patrono muito poderoso.
— Sim, eu também os vi. — Disse Charlie lentamente. — Mas... Eu pensei que talvez tivesse imaginado... Eu não estava pensando direito... Eu desmaiei logo depois.
— Quem você acha que foi? — Hermione questionou.
— Não sei, — disse Charlie com um encolher de ombros, — mas deve ter sido um mago muito poderoso, para afastar todos aqueles dementadores.
— Eu acho... — Harry engoliu em seco, sabendo o quão estranho isso ia soar. — Acho que foi meu pai.
Charlie imediatamente olhou para Hermione e viu que sua boca estava totalmente aberta agora. Ela estava olhando para ele com uma mistura de alarme e pena. Ele retribuiu o mesmo olhar - nenhum dos dois sabia o que dizer.
— Harry, seu pai est- — Hermione disse calmamente.
— Eu sei. — Harry disse tristemente. — Só estou dizendo o que vi.
Charlie e Hermione assentiram, não querendo pressionar ainda mais o amigo. O menino de olhos castanhos desviou o olhar para além das árvores, de volta para o Salgueiro Lutador.
— Aqui vamos nós. — Disse ele, levantando-se.
Hermione e Harry se levantaram. Bicuço ergueu a cabeça. Eles viram Ron e Charlie sairem primeiro escalando o buraco nas raízes. Então veio Hermione com Harry e o inconsciente Snape. Em seguida vieram Lupin e Black, apontando suas varinhas agressivamente para Pettigrew enquanto o empurravam para o chão.
Harry estudou seu passado enquanto conversava com seu padrinho. O presente Harry estava sorrindo de orelha a orelha.
— Você vê Sirius falando comigo? — Ele perguntou fazendo com que Charlie e Hermione assentissem, — Ele está me pedindo para ir morar com ele.
— Sério? — Hermione perguntou com um sorriso.
Charlie se moveu para colocar uma mão de apoio no ombro de Harry, — Isso é incrível, cara.
Harry acenou com a cabeça, sua voz estava desejosa, — Quando nós o libertarmos, eu nunca mais terei que voltar para a casa dos Dursley. Eu vou dizer a ele que eu gostaria de morar em algum lugar no campo. Eu acho que ele gostaria que depois de todos esses anos em Azkaban. Seremos apenas eu e ele quando tudo isso acabar.
Charlie ouviu os desejos de seu amigo atentamente, desconsiderando o fato de que seu coração estava começando a bater muito rápido. Ele olhou para o céu. A qualquer momento, aquela nuvem ia se mover para o lado e mostrar a lua.
Harry e Charlie trocaram um olhar depois de observarem Peter Pettigrew atentamente com um olhar das árvores - quase concordando sobre o que deveriam fazer.
— Pessoal, — Hermione murmurou como se soubesse exatamente o que eles estavam pensando, — nós temos que ficar parados. Não devemos ser vistos. Não há nada que possamos fazer.
— Então vamos deixar Pettigrew escapar de novo. — Disse Harry calmamente.
— Como você espera encontrar um rato no escuro? — Retrucou Hermione. — Não há nada que possamos fazer! Voltamos para ajudar Sirius; não deveríamos estar fazendo mais nada!
Charlie suspirou, — Tudo bem!
A lua deslizou por trás de sua nuvem. Eles viram as pequenas figuras do outro lado do terreno pararem. Então eles viram movimento.
— Lá vai Lupin. — Sussurrou Hermione. — Ele está se transformando.
Um rugido feroz foi ouvido quando silhuetas gêmeas - o cachorro e o lobisomem - pularam na grama alta. Charlie observou como as versões anteriores dele, Hermione e Harry perseguiram Sirius.
O garoto de olhos castanhos rapidamente se virou para Harry, — Você vai até o lago e vê quem está lançando o Patrono. Hermione e eu vamos preparar Bicuço para a fuga de Sirius.
Harry começou a correr. Ele não tinha nenhum pensamento em sua cabeça, exceto seu pai... Se fosse ele... Se realmente fosse ele... Ele tinha que saber.
Então, no que parecia ser uma câmera lenta, Charlie se viu sendo confrontado por Lupin em sua forma de lobisomem. O menino engoliu em seco - isso não parecia bom, mesmo desse ângulo.
000000000000000000000000000000000000000000000!
Charlie virou-se e viu Hermione, as mãos cobrindo a boca, soltando um uivo alto.
Ele instantaneamente cobriu a boca dela mais uma vez, — O que você está fazendo?
A garota deu de ombros, — Salvando sua vida!
Charlie olhou de volta para a grama alta, Lupin ainda estava congelado em sua forma de lobisomem. Como esperado, ele começou a se aproximar do passado de Charlie mais uma vez.
000000000000000000000000000000000000000000000!
Desta vez o menino não a impediu.
— Obrigado. — Ele disse agradecido: — Mas nós temos que nos mudar.
— Por quê? Nós devemos-
— Hermione, olhe!
A garota virou a cabeça na direção que ele apontava; o lobisomem começou a avançar em direção a eles a toda velocidade.
— Certo, não pensei nisso. — Hermione disse, um pouco assustada, — CORRA!
Charlie e Hermione correram para salvar suas vidas, deixando Bicuço para trás, enquanto corriam para dentro da floresta antes de se esconderem atrás de uma grande árvore.
Eles podiam ouvir os rosnados altos e os passos do lobisomem ao redor deles. Ao se aproximar da árvore, os dois se desviaram silenciosamente na direção oposta, até que o lobisomem... Desapareceu.
— Bicuço, — Hermione sussurrou, — nós temos que encontrá-lo.
Então, o som de um galho quebrando assustou os dois jovens grifinórios. Lá estava Lupin, a cinco metros de distância, esperando pacientemente. Sem saber, Charlie e Hermione saíram, mas congelaram instantaneamente.
O lobisomem se equilibrou, preparando-se para atacar. Hermione gritou de medo quando Charlie passou os braços em volta dela, ambos curvados, aterrorizados, pensando que este era o fim.
As árvores ao redor deles começaram a tremer com a fúria de um furacão, enquanto Bicuço avançava pela clareira, escondendo Charlie e Hermione. O lobisomem rosnou com raiva e começou a atacar. Mas com reflexos rápidos como um relâmpago, as garras de Bicuço cortaram o ar, a apenas alguns centímetros do rosto de Lupin.
O lobisomem parou, os olhos brilhando de raiva, e então uivou alto antes de se virar e correr para a floresta.
Charlie e Hermione olharam para cima para ver Bicuço batendo as asas com orgulho, enquanto observava o lobisomem desaparecer. Então, sem ter tempo para perceber o que estava acontecendo, Hermione passou os braços em volta do pescoço de Charlie e enterrou o rosto em seu peito.
— Isso foi tão assustador. — Ela respirou, sua voz tremendo ligeiramente.
O menino instantaneamente a confortou acariciando suas costas e tentando aliviar o clima brincando, — Professor Lupin está tendo uma noite muito difícil.
Hermione deu uma risadinha, se afastando, mas não soltando. Ela olhou nos olhos do menino. Seus olhos normalmente escuros estavam iluminados ao luar. A garota de cabelos espessos corou levemente - eles ainda tinham que falar sobre seu quase beijo nas raízes do Salgueiro Lutador.
— Charlie.
O menino engoliu em seco. Ele iria em frente - dane-se essa coisa de amigos. Ele queria beijá-la. Ele queria compartilhar um momento íntimo com ela depois de quase enfrentar a morte porque, honestamente, a vida era curta demais para mentir para si mesmo sobre o que ele realmente queria.
Quase como se ela lesse sua mente, Hermione deu ao menino um pequeno aceno de cabeça, dando-lhe um sinal de que ela queria beijá-lo tanto quanto queria beijá-la.
Lentamente, o menino se inclinou, ignorando a percepção do que estava para acontecer, pois isso só o faria pensar duas vezes sobre o que estava fazendo.
Então, quando os lábios estavam prestes a se tocar-
Um assobio agudo e o bater agressivo das asas de Bicuço fizeram com que eles se afastassem um do outro.
Caramba, seu hipogrifo estúpido.
Charlie soltou um gemido abafado e irritado enquanto olhava na direção de Bicuço. A besta estava olhando para o céu. Ambos, Charlie e Hermione seguiram seu olhar, e viram centenas de Dementadores se movendo em direção ao lago.
Certo, quase esqueci, Harry precisava da ajuda deles, Sirius ainda precisava ser resgatado.
Hermione suspirou, triste, — Vamos.
Os dois partiram em direção ao lago com Bicuço seguindo atrás deles. O lago se aproximava cada vez mais, mas não havia sinal de ninguém. Na margem oposta, Charlie podia ver pequenos vislumbres de prata - suas próprias tentativas de um Patrono.
Então, eles avistaram um arbusto na beira da água. Charlie viu Harry espiando desesperadamente através das folhas atrás dele. Ele e Hermione se agacharam ao lado de Harry, os vislumbres de prata se extinguiram de repente.
Uma empolgação aterrorizada percorreu Harry - a qualquer momento.
— Vamos! — Ele murmurou, olhando ao redor. — Onde você está? Pai, vamos.
Mas ninguém veio.
Harry levantou a cabeça para olhar para o círculo de dementadores do outro lado do lago.
Um deles estava baixando o capô. Era horas do socorrista aparecer, mas ninguém estava vindo ajudar desta vez.
Então ele o atingiu - ele entendeu.
— Charlie! — Harry disse, levantando-se e se jogando do arbusto, — Eu preciso de sua ajuda.
O garoto de olhos castanhos assentiu. Ele nem precisou pensar duas vezes antes de se levantar de trás do arbusto e ajudar seu amigo. Hermione ficou parada, segurando Bicuço enquanto Charlie estava ao lado de Harry, com sua varinha na mão.
Os dois trocaram um olhar e assentiram. Rapidamente, o menino de olhos castanhos pensou no momento mais feliz, ele conseguiu pensar:
— Por que você está falando comigo?
— Eu não deveria estar falando com você?
— Não, é só, depois do nosso primeiro encontro ontem-
— Eu já disse para você não se arrepender pelo que aconteceu. Eu não sou de dar um nó na minha varinha por causa de um simples mal-entendido.
Ela sorriu para ele. Deus, aquele maldito sorriso. Foi neste momento que eles encontraram seu terreno comum.
— Venha então. Eu acompanho você até a a aula de Transfiguração.
Daquele momento em diante, eles eram amigos.
Daquele momento em diante, a vida de Charlie mudou para sempre.
A partir daquele momento, ele ainda não havia percebido, foi o começo de Charlie Hawthorne se apaixonando por Hermione Granger.
— EXPECTO PATRONUM!
Da ponta de sua varinha estourou, não uma nuvem informe de névoa como antes, mas um animal prateado ofuscante. Ele apertou os olhos, tentando ver o que era. Parecia um pássaro de algum tipo. Ele estava voando sobre o Patrono de Harry, semelhante a um cavalo, sobre a superfície negra do lago.
Charlie o viu abaixar a cabeça e mergulhar nos enxames de dementadores... Ele voou ao redor das formas negras no chão, e os dementadores estavam caindo para trás, se espalhando, recuando para a escuridão... Eles se foram.
Os dois patronos se viraram. Eles voltaram para seus criadores através da superfície imóvel da água. O Patrono de Harry não era um cavalo... Era um veado, assim como o de seu pai. O Patrono de Charlie também não era um pássaro comum... Era um falcão.
★
— Eu não posso acreditar... Vocês conjuraram um Patrono que afugentou todos aqueles Dementadores! Isso é uma magia muito, muito avançada. — Hermione falou com admiração quando seus dois amigos voltaram para ela e Bicuço.
— Eu sabia que poderíamos fazer isso desta vez, — disse Harry, — porque nós já tínhamos feito isso... Isso faz sentido?
Charlie assentiu, — Senti o mesmo, companheiro.
Hermione colocou as mãos nas costas de Bicuço e Charlie lhe deu uma ajuda. Então ele colocou o pé em um dos galhos mais baixos do arbusto e subiu na frente dela. Harry tinha pegado as costas, enquanto Charlie puxava a corda de Bicuço de volta sobre seu pescoço e a marrava no outro lado de seu colarinho como rédeas - ele finalmente iria montar Bicuço.
— Preparada? — Ele sussurrou para Hermione. — É melhor você me segurar.
Ele jurou que podia sentir o pequeno sorriso no rosto de Hermione contra suas costas enquanto cutucava Bicuço com os calcanhares.
Bicuço voou direto para o ar escuro. Charlie agarrou seus flancos com os joelhos, sentindo as grandes asas subindo poderosamente sob eles.
Hermione o segurava bem apertado pela cintura; ele podia ouvi-la murmurar: — Oh, não, eu não gosto disso, oh, eu realmente não gosto disso.
Charlie fez Bicuço avançar. Eles estavam deslizando silenciosamente em direção aos andares superiores do castelo... Ele puxou com força o lado esquerdo da corda, e Bicuço se virou.
Harry estava tentando contar as janelas passando.
— Uau! — Ele disse, quando Bicuço começou a desacelerar, e eles se viram parando.
— Ele está lá! — Harry disse, avistando Sirius enquanto eles se levantavam ao lado da janela. Ele estendeu a mão e, quando as asas de Bicuço caíram, foi capaz de bater com força no vidro.
Black olhou para cima. Harry viu seu queixo cair. Ele pulou da cadeira, correu para a janela e tentou abri-la, mas estava trancada.
— Afaste-se! — Hermione o chamou, e ela pegou sua varinha, ainda segurando a parte de trás da camisa de Charlie com a mão esquerda.
— Bombarda!
A janela se abriu.
— C-como- — disse Black fracamente, olhando para o hipogrifo.
— Vamos lá, não há muito tempo. — Disse Charlie, segurando Bicuço firmemente em cada lado de seu pescoço elegante para mantê-lo firme.
Black colocou uma mão em cada lado da moldura da janela e levantou a cabeça e os ombros para fora dela. Em segundos, ele conseguiu passar uma perna sobre as costas de Bicuço e subir no Hipogrifo atrás de Harry.
— Ok, Bicuço, levante! — Disse Charlie, sacudindo a corda. — Até a torre - vamos.
O hipogrifo deu um movimento de suas poderosas asas e eles estavam subindo novamente, tão alto quanto o topo da Torre Oeste. Bicuço aterrissou com um estrondo nas ameias, e Harry, Charlie e Hermione escorregaram dele de uma vez.
Black olhou para os três grifinórios com admiração, — Eu serei eternamente grato por isso. Para vocês três.
Sirius virou-se para Hermione com um sorriso, — Você realmente é a bruxa mais brilhante da sua idade.
Então ele desviou o olhar para Charlie, — Sua mãe ficaria tão orgulhosa do jovem que você está se tornando. Cuide de Harry para mim enquanto eu estiver fora, sim?
O garoto de olhos castanhos tinha um sorriso largo no rosto quando se virou para olhar para Harry, — Claro.
Foi quando Sirius olhou para seu afilhado.
— Vamos nos ver de novo. — Disse ele, suavemente.
Ele apertou os lados de Bicuço com os calcanhares. Harry, Charlie e Hermione pularam para trás quando as enormes asas se ergueram mais uma vez, o hipogrifo decolou no ar. Ele e seu cavaleiro ficaram cada vez menores à medida que se afastavam cada vez mais. Então uma nuvem passou pela lua... Eles se foram.
★
— Harry! Charlie!
Hermione estava puxando suas mangas, olhando para o relógio. — Nós temos exatamente dez minutos para voltar para a ala hospitalar sem que ninguém nos veja - antes que Dumbledore tranque a porta.
— Ok, — disse Harry, desviando o olhar do céu, — vamos.
Os três deslizaram pela porta atrás deles e desceram uma escada de pedra em espiral, em direção à enfermaria. Eles correram o mais rápido que puderam antes de finalmente chegar à entrada da ala hospitalar.
A porta se abriu e as costas de Dumbledore apareceram.
— Eu vou trancá-lo. — Eles o ouviram dizer. — Faltam cinco minutos para a meia-noite. Srta. Granger, três voltas devem ser suficientes. Boa sorte.
Dumbledore saiu da sala, fechou a porta e pegou sua varinha para trancá-la magicamente. Em pânico, Harry, Charlie e Hermione correram para frente. Dumbledore olhou para cima, e um largo sorriso apareceu sob o longo bigode prateado.
— Nós iremos? — Ele disse baixinho.
— Conseguimos! — Sisse Charlie sem fôlego. — Sirius se foi, em Bicuço.
Dumbledore sorriu para eles, mas rapidamente franziu as sobrancelhas, — Fez o quê?
Charlie, Hermione e Harry se entreolharam com curiosidade enquanto Alvo lhes dava um último sorriso malicioso antes de começar a andar pelo corredor, — Boa noite!
Charlie balançou a cabeça com uma risada, — Que velho estranho.
Harry e Hermione riram junto com ele enquanto voltavam para a ala hospitalar. Estava vazio, exceto por Ron, que ainda estava deitado imóvel na cama ao fundo.
— Como vocês chegaram lá?! — Ele disse, totalmente confuso. — Eu estava falando com você lá!
Hermione riu, — O que ele está falando, rapazes?
— Não sei. — Charlie disse divertido.
— Honestamente, Ron, — Harry contribuiu para a piada, — como alguém pode estar em dois lugares ao mesmo tempo?
★
Os próximos dias em Hogwarts foram um turbilhão.
Hagrid ficou muito feliz com a fuga milagrosa de Bicuço. O pai de Charlie havia instruído que todos os dementadores fossem removidos do terreno; não havia mais necessidade deles. Lupin havia se demitido, ele acreditava que não deveria ser permitido perto de alunos durante suas transformações. E Snape estava lívido, curioso para saber como Sirius escapou mais uma vez.
Mas nada disso importava - o final do ano se aproximava e Charlie queria aproveitar ao máximo com seus amigos.
No último dia do semestre, Charlie estava sentado no escritório de Dumbledore, relembrando a noite em que ele, Harry e Hermione salvaram Sirius e Bicuço.
No meio da conversa, Charlie olhou para o anel em seu dedo e acariciou a joia cuidadosamente antes de perceber a conexão entre seu Patrono e o símbolo no anel.
O menino instantaneamente olhou para seu avô, mas ficou surpreso ao ver Alvo olhando para ele com um sorriso largo.
— Você sabe, — ele começou, enquanto se sentava contente atrás de sua mesa, — o Falcão é uma criatura bastante singular. Eles tendem a se ligar a almas perturbadas que decidiram se livrar dos velhos e maus hábitos que são colocados sobre eles, para voar pelo caminho certo e difícil. Sua natureza os puxa para a escuridão, mas eles escolheram viver para a luz.
Charlie não disse nada, ao invés disso ele ficou quieto, seu coração batendo rapidamente enquanto Dumbledore continuava.
— Seu pai tem sido inflexível em colocar suas ideologias em você desde que você era pequeno, mas para minha surpresa, você não fez nada, mas recusou. Assim como eu sei, sua mãe teria feito. — Ele disse com um sorriso orgulhoso. — Você continua a viver à imagem dela, provando uma teoria que eu tive de que aqueles que nos amam, nunca nos deixam de verdade. Sua mãe é a luz pela qual você escolheu viver. Eu vi isso por um bom tempo, e é por isso que não foi um choque para mim, descobrir que seu Patrono assumiu a forma de um Falcão, já que você é uma verdadeira personificação do que ele representa.
Charlie sorriu levemente, mas então se lembrou da aula de Trelawney e do que o Falcão quis dizer quando leram as folhas de chá.
— O Falcão deve significar um inimigo mortal. — Ele expirou. — Pelo menos, é assim que Trelawney vê.
— Talvez, a professora Trelawney esteja certa. — Alvo disse suavemente. — No entanto, muitas vezes relacionamos um inimigo a outro indivíduo, quando, na realidade, nossos maiores inimigos vivem dentro de nós.
O menino de olhos castanhos ergueu uma sobrancelha, incitando seu avô a continuar.
— Como eu disse antes, você é muito bom, Charles. — Explicou Alvo. — Você é alguém capaz de ter tudo o que deseja na ponta dos dedos, mas seu altruísmo não permite que você faça isso em detrimento da felicidade dos outros. Você está mais do que disposto a sacrificar sua própria felicidade por quem você ama. O que é ora, você não é nada além de seu pior inimigo.
— Não entendo -
— Bem, pense dessa forma. — Dumbledore pressionou. — Às vezes, é difícil perceber que você está se afogando, quando você está tentando tanto ser a âncora para todos os outros.
O garoto de olhos castanhos engoliu em seco, absorvendo a informação. Seu amor seria sua queda?
— Você vai entender à medida que envelhecer. — Dumbledore sorriu para seu neto. — Por enquanto, seja criança. Aproveite sua vida, é o que sua mãe gostaria.
O menino assentiu lentamente, sorrindo para o avô, sem dizer uma palavra. Charlie deu uma última olhada em seu anel, antes de se dirigir para a porta.
★
Quando o Expresso de Hogwarts parou na estação na manhã seguinte, Charlie estava pronto para se despedir de seus amigos, pois mais um ano havia chegado ao fim.
— Então, eu estive pensando nos feriados. — Disse Ron. — Charlie e Harry, vocês têm que vir e ficar com a gente. Eu vou consertar isso com mamãe e papai, então eu ligo para vocês. Eu sei como usar esse negócio agora.
— Um telefone, Ron. — Disse Hermione.
— Honestamente, você deveria fazer Estudo dos Trouxas ano que vem.
Ron a ignorou.
— É a Copa Mundial de Quadribol neste verão! Que tal, pessoal? Venham e fiquem, e nós vamos ver! Papai geralmente consegue ingressos no trabalho.
— Já estou ansioso por isso — , disse Charlie com um sorriso.
Harry concordou com a cabeça, — Parece ótimo.
Charlie se despediu de Harry e Ron enquanto eles
embarcavam no trem, mas Hermione havia demorado.
Ela queria falar com ele sobre o que aconteceu, mas não conseguia admitir o que estava acontecendo entre eles em voz alta. Ela já recusou uma vez, mas isso foi por causa de tudo que estava acontecendo. Agora, não havia nada que os impedisse de explorar o que poderia vir desses momentos de 'chamada de perto'.
Charlie a encarou, desafiando-a com os olhos, tentando fazê-la falar primeiro para cortar a tensão.
— Eu vou sentir sua falta, você sabe. — Ela disse suavemente.
O menino sorriu um pouco, — Eu aposto que você vai.
Hermione balançou a cabeça para ele antes de rir um pouco dando ao menino o sinal verde para rir junto com ela. Quando os dois desceram de suas risadas, eles imediatamente se abraçaram em um abraço apertado.
O som da última chamada para o embarque é que os passageiros os separaram. Os dois se afastaram, e Charlie ajudou a garota de cabelos espessos a colocar suas coisas no compartimento - os dois se despediram agridoce.
Quando Hermione foi dar um passo no trem, ela surpreendeu Charlie quando ela girou nos calcanhares rapidamente e correu de volta para ele, dando um beijo provocante no canto de sua boca.
Ela falou em um sussurro rouco enquanto se afastava: — Eu menti... Nós definitivamente somos muito mais que amigos.
Mas antes que o menino tivesse a chance de responder, ela recuou de volta para o trem, que acelerou em direção à estação de King's Cross.
Charlie ficou ali sorrindo largamente, um rubor corando em suas bochechas - ele mal podia esperar para o verão começar.
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