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𓏲 . THE BOY WHO LOVED . .៹♡
CAPÍTULO TRINTA
─── FELICIDADES E LÁGRIMAS
EM UMA TENTATIVA de não ficar muito preocupado com a previsão de Trelawney, Harry colocou todo o seu foco na última partida de Quadribol da temporada. A partida Grifinória x Sonserina aconteceria no primeiro sábado após as férias da Páscoa.
Sonserina estava liderando o torneio por exatamente duzentos pontos. Isso significava que a Grifinória precisava vencer a partida por mais do que esse valor para ganhar a Copa. Isso também significava que o fardo de vencer recaiu em grande parte sobre Harry. Charlie ajudaria marcando tantos pontos quanto pudesse, é claro, mas no final das contas tudo se resumiria a Harry pegando o pomo.
Toda a Grifinória estava obcecada com a ideia de vencer a partida. A Grifinória não ganhava a Copa de Quadribol desde que o lendário Jack Weasley, o segundo irmão mais velho de Ron, era apanhador. Então, naturalmente, a inimizade entre Malfoy contra Charlie e Harry estava em alta.
Nunca, na memória de ninguém, uma partida foi abordada em uma atmosfera tão carregada. Quando as férias terminaram, a tensão entre as duas equipes e suas casas estava no ponto de ruptura. Uma série de pequenas brigas eclodiram nos corredores, resultando em um incidente desagradável em que um quarto ano da Grifinória e um sexto ano da Sonserina acabaram na ala hospitalar com alho-poró brotando de suas orelhas.
Charlie ou Harry não podiam ir para a aula sem os sonserinos esticando as pernas e tentando fazê-los tropeçar; Crabbe e Goyle continuavam aparecendo onde quer que fossem, e se afastando parecendo desapontados quando os viram cercados por pessoas.
Todas as atividades habituais foram abandonadas na sala comunal da Grifinória na noite anterior à partida. Até Hermione havia largado seus livros.
— Não consigo trabalhar, não consigo me concentrar. — Disse ela nervosamente.
Havia muito barulho. Fred e George Weasley estavam lidando com a pressão sendo mais barulhentos e exuberantes do que nunca. Oliver Wood estava agachado sobre uma maquete de um campo de Quadribol no canto, cutucando pequenas figuras com sua varinha e murmurando para si mesmo, Angelina e Katie estavam rindo das piadas de Fred e George. Charlie estava sentado com Harry, Ron e Hermione, afastados do centro das coisas, tentando não pensar no dia seguinte, porque não queria ficar muito na cabeça sobre a coisa toda.
— Você vai ficar bem, você sabe. — Hermione disse a ele, percebendo o estado problemático do menino enquanto ele estava sentado na cadeira ao lado dela.
Charlie olhou para ela e sorriu levemente, sem saber com o que responder. Ele olhou para Harry e praticamente podia ver o estômago do menino se contorcendo.
— Nós temos isso. — Charlie murmurou, alto o suficiente para seus amigos ouvirem, mas ele não sabia se estava dizendo isso para eles ou para si mesmo.
Harry assentiu, convincentemente, — Sim.
Foi um alívio quando Wood de repente se levantou e gritou: — Equipe! Cama!
Depois de ter uma boa noite de sono pela primeira vez em anos, Charlie acordou na manhã seguinte sentindo-se mais preparado para a partida do que nunca. Ele rapidamente se preparou antes de acordar Harry.
Harry, Charlie e o resto do time da Grifinória entraram no Salão Principal naquele dia sob enormes aplausos. Charlie não pôde deixar de sorrir amplamente ao ver que as mesas da Corvinal e da Lufa-Lufa estavam aplaudindo também. A mesa da Sonserina zombou alto quando eles passaram. O garoto de olhos castanhos também notou que Malfoy estava ainda mais pálido que o normal.
Wood passou todo o café da manhã incitando sua equipe a comer, sem tocar em nada. Em seguida, ele os apressou para o campo antes que alguém tivesse terminado, para que pudessem ter uma ideia das condições.
Ao saírem do Salão Principal, todos aplaudiram novamente.
— Boa sorte, Harry! — Chamou Cho Chang quando eles estavam prestes a sair.
Harry sentiu-se corar ao que Charlie, é claro, teve que zombar - eles eram como irmãos, afinal.
Toda a equipe da Grifinória falhou em falar uns com os outros enquanto vestiam suas vestes escarlates; estavam todos muito nervosos. Charlie ainda teve que sair do vestiário por um momento para tomar um pouco de ar fresco.
Ao sair da sala, Charlie engasgou com admiração, pois o estádio já estava lotado com centenas de estudantes de cada casa em pé em apoio. Ele podia ver o breve contorno de seu avô nas arquibancadas ao longe para o qual ele sorriu - Dumbledore não havia perdido uma das partidas de seu neto.
O menino de olhos castanhos respirou fundo e exalou enquanto inclinou a cabeça para baixo. Ele estava sentindo um turbilhão de emoções no momento atual: ansiedade, nervosismo, felicidade, alegria, medo.
— Você está bem?
Uma voz familiar atrás dele falou em um tom reconfortante.
Quando ele olhou para cima e se virou, seus olhos se iluminaram e, de repente, tudo estava bem. Tudo o que o preocupava um minuto atrás, evaporou no ar simplesmente porque lá estava ela... Hermione Granger, sorrindo para Charlie como se soubesse do efeito que ela tinha sobre ele.
— O que você está fazendo aqui atrás? — O menino perguntou.
— Eu queria ver como você estava antes do jogo começar. — Hermione explicou enquanto se aproximava dele.
Charlie sorriu suavemente, — Estou bem, considerando todas as coisas. Acho que podemos vencer isso.
— Bem, — Hermione apertou os lábios, — acho que você não vai precisar de sorte extra então.
Charlie ergueu uma sobrancelha ao ouvir o tom dela antes de provocar, perigosamente, — Eu vou pegar qualquer sorte que eu puder.
Ele pensou que seria o fim da conversa.
Ele pensou que ela iria rir, dizer boa sorte e ir embora.
Imagine sua surpresa quando a garota de cabelos espessos se aproximou ainda mais dele, agarrou-o suavemente pelo pescoço, puxou-o para baixo e deu-lhe um beijo doce e demorado na bochecha.
O corpo inteiro de Charlie congelou por um momento enquanto o calor corava em seu rosto. Seu coração estava batendo mais rápido do que deveria.
Você sabe, para uma garota que queria continuar amiga, ela com certeza estava enviando alguns sinais confusos na direção do garoto, mas ele não podia reclamar seriamente.
O garoto de olhos castanhos não abriu os olhos por um momento depois que os lábios dela deixaram sua bochecha. Em vez disso, ele sussurrou alto o suficiente para ela ouvir: — Ok, agora eu sei que vamos vencer.
Hermione riu timidamente.
Ela honestamente não podia acreditar que tinha acabado de fazer isso, mas acabou tendo o efeito que ela queria, então ela não podia lutar contra o rubor que apareceu em seu rosto.
— Para dar sorte. — Ela o imitou com um sorriso, — você sabe, só por precaução.
Antes que Charlie tivesse tempo de processar, ela correu para as arquibancadas da Grifinória com uma pequena risada de paquera.
Deus, aquela garota ia ser a morte dele.
★
Qualquer efeito que Hermione tivesse em Charlie parecia valer a pena porque o garoto de olhos castanhos era imparável no campo de Quadribol.
Ele estava marcando pontos a torto e a direito, e tinha feito uma única manobra para a Grifinória com uma vantagem de sessenta pontos - tudo que Harry tinha que fazer era pegar o pomo. Não foi fácil, no entanto, a Sonserina estava jogando sujo.
Em várias ocasiões, Charlie teve que se acalmar antes de atacar os batedores da Sonserina por atacá-lo descaradamente, às vezes, quando ele nem tinha a goles na mão.
No entanto, os batedores visando Charlie permitiram a Angelina a oportunidade de marcar, aumentando a vantagem de sessenta pontos, já que o placar agora era de noventa a vinte.
Harry e Charlie trocaram um olhar feliz do outro lado do campo quando Angelina marcou.
— Vai! Vai! Vai! — Charlie pediu ao amigo - se ele pegasse aquele pomo, eles ganhavam.
Harry estava se aproximando de Malfoy - ele se agachou no cabo da vassoura enquanto Bole mandava um balaço para ele - ele estava nos tornozelos de Malfoy - ele estava nivelado.
Harry se jogou para frente, tirou as duas mãos da vassoura. Ele tirou o braço de Malfoy do caminho e-
— SIM!
Ele saiu do mergulho, com a mão no ar, e o estádio explodiu. Harry voou acima da multidão, um estranho zumbido em seus ouvidos. A pequena bola dourada estava apertada em seu punho, batendo as asas desesperadamente contra seus dedos.
Wood estava correndo em direção a ele, meio cego pelas lágrimas; Charlie imediatamente voou e agarrou Harry pelo pescoço e gritou animadamente em seu ombro. Os meninos sentiram dois grandes baques quando Fred e George pularam sobre eles; então houve os sons das vozes de Angelina e Katie, — Nós ganhamos a Copa! Nós ganhamos a Copa!
Emaranhados em um abraço de muitos braços, o time da Grifinória afundou, gritando com voz rouca, de volta à terra.
Onda após onda de torcedores carmesim se derramava sobre as barreiras para o campo. Mãos estavam chovendo em suas costas. Então Charlie e o resto da equipe foram puxados nos ombros da multidão. Empurrado para a luz, ele viu Hagrid, Rebocado com rosetas carmesim. — Vocês os derrotaram, Charlie e Harry, vocês os derrotara! Espere até eu contar Bicuço!
Lá estava Percy, pulando para cima e para baixo como um maníaco, toda a dignidade esquecida. A Professora McGonagall estava soluçando mais ainda do que Wood, enxugando os olhos com uma enorme bandeira da Grifinória; e lá, abrindo caminho na direção de Harry e Charlie, estavam Ron e Hermione. As palavras falharam.
Sem dizer nada, Charlie caiu de pé e puxou Hermione para um abraço apaixonado. A garota suspirou satisfeita, mas não teve tanto tempo quanto gostaria para aproveitar o momento, já que Ron e Harry praticamente pularam em cima deles em comemoração.
Todos simplesmente sorriram quando Charlie e Harry foram levados para as arquibancadas, onde Dumbledore estava esperando com a enorme Taça de Quadribol.
Alvo colocou a Taça nas mãos de seu neto e observou com a expressão mais feliz enquanto Charlie dava um lado para Harry antes de ambos erguerem a Taça no ar, a multidão abaixo deles enlouquecendo.
Eles fizeram isso, eles realmente fizeram isso!
Deus, que pena que não havia dementadores por perto. Naquele momento, Charlie e Harry poderiam facilmente ter produzido o maior Patrono do mundo.
★
A euforia de finalmente ganhar a Copa de Quadribol durou pelo menos uma semana. Até o clima parecia estar comemorando; à medida que junho se aproximava, os dias se tornavam sem nuvens e abafados, e tudo que qualquer um tinha vontade de fazer era passear pelo terreno e se jogar na grama com vários copos de suco de abóbora gelado.
Mas eles não podiam.
Os exames estavam quase chegando e todos os alunos entraram em um modo de estudo sério. Até Fred e George foram vistos trabalhando; eles estavam prestes a tirar seus NOMS (Níveis Ordinários de Magia).
Percy estava se preparando para fazer seus NIEMS (Testes de Magia Desagradavelmente Exaustivos), a mais alta qualificação que Hogwarts oferecia. Como Percy esperava entrar no Ministério da Magia, ele precisava de notas altas. Ele estava ficando cada vez mais nervoso e punia severamente qualquer um que perturbasse o silêncio da sala comunal à noite.
Na verdade, a única pessoa que parecia mais ansiosa que Percy era Hermione.
Charlie, Harry e Ron tinham desistido de perguntar a ela como ela conseguia assistir a várias aulas ao mesmo tempo, mas eles não conseguiram se conter quando viram o cronograma de exames que ela havia elaborado para si mesma. A primeira coluna dizia:
Segunda-feira
9 horas, Aritmancia
9 horas, Transfiguração
Almoço
1h, Feitiços
1 hora, Runas Antigas
— Hermione? — Ron disse cautelosamente, porque ela estava propensa a explodir quando interrompida esses dias. — Er, você tem certeza que você copiou esses tempos certo?
— O que? — retrucou Hermione, pegando a agenda de exames e examinando-a. — Sim, claro que tenho.
— Há algum ponto em perguntar como você vai se sentar para dois exames ao mesmo tempo? — Riu Charlie, suavemente.
— Não. — Disse Hermione, mas seu rosto se suavizou quando ela percebeu que era a voz dele, e sorriu suavemente em sua direção. As coisas voltaram ao normal entre eles, finalmente.
A garota de cabelos espessos então se dirigiu aos três meninos na frente dela. — Algum de vocês viu meu exemplar de Numerologia e Gramática?
— Ah, sim, eu peguei emprestado para ler um pouco antes de dormir. — Disse Ron, mas bem baixinho. Hermione começou a mexer em montes de pergaminhos, completamente inconsciente de que Harry e Charlie estavam tentando abafar suas risadas.
★
Harry, Charlie, Ron e Hermione, independentemente de seus exames, tiveram muitas oportunidades para falar com Hagrid, especialmente com a execução de Bicuço se aproximando.
Mesmo que ele passasse a maior parte de seu tempo com Hagrid, Charlie conseguiu passar com sucesso em todos os seus exames. Embora ele não quisesse admitir, o menino de olhos castanhos era particularmente habilidoso quando se tratava de seus trabalhos escolares. Concedido, ele não era tão bom quanto Hermione, mas ele ainda superou as expectativas, se não, alcançando mais alto.
Após seu exame final, o menino de olhos castanhos decidiu visitar seu avô enquanto esperava que seus amigos terminassem o deles.
Ele caminhou pelo castelo com um sorriso satisfeito. Quando ele passava por seus colegas, Charlie os cumprimentava como sempre fazia, no entanto, surpreendeu-o quando uma garota em particular o parou para dizer olá.
Enquanto ele estava subindo um lance de escadas, Romilda Vane, uma garota do terceiro ano da Grifinória, se moveu na frente dele, — Ei, Charlie.
O garoto ficou surpreso ao ver a garota se afastar descaradamente da conversa que estava tendo com Lavender Brown quando ele chegou.
No entanto, ele colocou um sorriso estranho no rosto quando disse: — Oi.
— Eu só queria dizer, — Romilda falou em um tom bastante paquerador enquanto se aproximava dele, — que eu achei você absolutamente brilhante na final de Quadribol, incrivelmente brilhante, na verdade.
Charlie congelou por um momento, sem saber o que dizer. Depois de um segundo, ele decidiu: — Obrigado, eu acho.
Antes que Romilda tivesse a chance de persegui-lo ainda mais, Charlie se desculpou da conversa, pois se sentia extremamente embaraçado. Ele continuou subindo as escadas em direção ao escritório de seu avô, mas podia ouvir os guinchos fracos e excitados de Romilda e Lavender enquanto subia.
Quando ele estava fora de vista das meninas, ele balançou a cabeça em descrença enquanto se aproximava do escritório. Claro, Romilda Vane era indubitavelmente atraente... Mas ela não era-
Seus pensamentos foram interrompidos quando a porta do escritório de seu avô se abriu com uma pressa incrível. Saiu seu pai, em seu costumeiro terno listrado e chapéu, com seu avô, em suas famosas vestes roxas, seguindo rapidamente atrás dele.
— Olá, Charles. — Seu pai disse enquanto olhava para ele. — Acabou de fazer um exame, eu espero? Quase terminando?
— Eu terminei, na verdade. — Disse Charlie simplesmente, mas ele não pôde deixar de estreitar os olhos.
O que o pai dele estava fazendo aqui?
— Adorável dia. — Disse Fenwick, com um sorriso torto no rosto. — Pena. Pena.
Dumbledore suspirou profundamente antes de olhar para seu neto. Charlie podia ver a dor atrás de seus olhos.
Isso não pode ser bom.
— Seu pai está aqui em uma missão desagradável, Charles. O Comitê para Descarte de Criaturas Perigosas exigiu uma testemunha da execução de Bicuço. Como Fenwick precisava visitar Hogwarts para verificar a situação dos Black, ele foi convidado a intervir.
O rosto de Charlie caiu, — A execução está marcada para hoje?
— De fato. — Disse Fenwick, orgulhoso. — Assim que tirarmos essa besta abandonada por Deus do caminho, podemos voltar para o verdadeiro criminoso à solta - Sirius Black.
— Você não pode fazer isso. — Disse Charlie com firmeza, antes de tentar implorar, — Por favor, pai. Eu nunca pedi nada até hoje. Por favor, não mate Bicuço, ele é inocente! As ações de Malfoy são injustas-
— Eu observaria seu tom sobre um dos meus queridos colegas, Charles. — Fenwick avisou enquanto seus olhos se estreitavam em direção ao filho. — A palavra do Comitê é final. A execução está acontecendo hoje, quer você goste ou não. Eu não vou permitir que eu ou o Ministério sofra as consequências de outro ataque não autorizado.
— Mas Hagrid-
— Tem sorte de ainda ter um emprego! — Dispensou Fenwick, muito severamente, cortando seu filho completamente. — Estou falando sério, Charles. Você está bem fora de sua jurisdição. Corra agora, antes que diga algo que certamente se arrependerá. Como posso lhe assegurar, haverá consequências se você decidir defender aquela criatura imunda novamente.
Charlie se encolheu, mas ainda olhou para seu avô para implorar com os olhos.
Antes que Dumbledore pudesse responder, dois bruxos entraram pelas portas do castelo atrás dele. Um era tão antigo que parecia estar murchando diante de seus olhos; o outro era alto e robusto, com um bigode fino nas costas.
Charlie percebeu que eram representantes do Comitê para Eliminação de Criaturas Perigosas, porque o bruxo muito velho olhou para a cabana de Hagrid e disse com uma voz fraca: — Querido, querido, estou ficando velho demais para isso... Não é, Hawthorne?
O homem de bigode preto acariciava algo em seu cinto; Charlie olhou e viu que ele estava passando um polegar largo ao longo da lâmina de um machado brilhante.
O menino de olhos castanhos abriu a boca para dizer algo, mas Fenwick foi rápido em repreendê-lo mais uma vez: — Nem mais uma palavra.
Com isso, Fenwick foi se dirigir aos dois homens na porta, deixando Charlie ao lado de seu avô.
Dumbledore falou quando Fenwick estava bem longe de ouvir, — Sinto muito, Charles.
O menino simplesmente balançou a cabeça em descrença quando encontrou os olhos de seu avô, murmurando tristemente: — Isso não é justiça.
Então, Charlie deu meia-volta e correu para fora do corredor em direção ao salão comunal da Grifinória. Ele não tinha parado de correr desde o corredor, então, quando ele passou pela porta do retrato, ele estava sem fôlego enquanto estava na frente de seus três amigos, que por coincidência estavam sentados ao lado da lareira.
— Charlie? — Hermione disse assustada, ao notar o estado do garoto e rapidamente se levantou do sofá para confortá-lo, — O que aconteceu?
O menino deu de ombros gentilmente enquanto se dirigia aos três, — Nós temos que ir ver Hagrid. A execução de Bicuço está acontecendo agora.
Os rostos de Harry, Hermione e Ron caíram quando Charlie saiu rapidamente da sala mais uma vez. Os três trocaram um olhar preocupado antes de correr atrás do amigo.
Os quatro grifinórios correram pelo castelo antes de tropeçar no pátio. Enquanto estavam lá, eles ouviram os gritos arrepiantes de um corvo, que estava à espreita ao redor do carrasco, que estava sentado em um toco, afiando o machado em sua mão. Quando ele olhou para cima e viu as crianças olhando para ele com horror, ele lhes deu um sorriso malicioso.
Não demorou muito para os quatro continuarem seu caminho. Charlie guiou Harry, Ron e Hermione pelo castelo um pouco mais até chegarem ao terreno do castelo.
— Eu não posso acreditar que eles vão matar Bicuço! — Hermione disse horrorizada, — Isso é horrível demais.
Charlie parou ao ouvir as risadas familiares de Malfoy, Crabbe, Goyle e Zabini de perto.
Com certeza, quando eles viraram a última esquina antes da Cabana de Hagrid, os quatro testemunharam os sonserinos espreitando atrás de um grupo de menires monolíticos, com binóculos na mão.
O menino de olhos castanhos gemeu, — Sim, e só piorou.
Harry, Charlie, Ron e Hermione se aproximaram de Malfoy e seus capangas, permitindo que eles escutassem a conversa.
— Você está vendo aquele imbecil grande e choramingando?! Oh, isso vai ser rico. Eu te disse que meu pai disse que eu posso ficar com a cabeça? — Draco brincou antes de se virar e olhar para os grifinórios que estavam atrás dele. — Ah. Vocês vieram ver o show?
Antes mesmo que Charlie percebesse, Hermione tinha ido em direção a Draco com sua varinha na mão, — Seu... Nojento... Nojento... Malvado... Pequena barata!
Malfoy tropeçou contra uma das árvores, de olhos fechados de medo enquanto Hermione enfiava a ponta da varinha sob o queixo dele.
— Hermione! Não! — Ron gritou, — Ele não vale a pena.
A garota de cabelos espessos deu um aceno relutante enquanto abaixava sua varinha. Malfoy, sem saber o que estava por vir, começou a rir do blefe da garota, até que...
BOOM!
Rápida como um raio, Hermione acertou um gancho de direita na mandíbula de Malfoy, derrubando-o de costas.
Atordoado, Malfoy ficou de pé, segurou o rosto e correu de volta pelo castelo. Não muito tempo depois, Crabbe, Goyle e Zabini o seguiram, bufando de descrença.
Hermione sorriu vitoriosa enquanto os observava se afastarem, — Isso foi bom.
Charlie olhou para ela com a maior admiração. Se ele não tinha se apaixonado por ela antes, com certeza estava agora. Essa foi provavelmente a coisa mais incrível que o garoto já viu - uau.
— Não apenas bom, — disse ele em um tom que era uma mistura de espanto e admiração, — isso foi brilhante.
★
Eles chegaram à cabana de Hagrid e bateram. Ele demorou um minuto para responder e, quando o fez, estava pálido e trêmulo.
— Vocês não deveriam ter vindo! — Hagrid sussurrou, mas ele se afastou e eles entraram. Hagrid fechou a porta rapidamente.
Hagrid não estava chorando, nem se jogou no pescoço deles. Parecia um homem que não sabia onde estava ou o que fazer. Esse desamparo era pior de assistir do que lágrimas.
— Querem um pouco de chá? — Ele perguntou. Suas grandes mãos tremiam quando ele pegou a chaleira.
— Onde está Bicuço, Hagrid? — Perguntou Charlie hesitante.
— E-eu o levei para fora. — Disse Hagrid, derramando leite por toda a mesa enquanto enchia a jarra. — Ele está preso em meu canteiro de abóboras. Achei que ele deveria ver as árvores e-e sentir o cheiro de ar fresco antes-
A mão de Hagrid tremeu tão violentamente que a jarra de leite escorregou de sua mão e se estilhaçou no chão.
— Eu faço isso, Hagrid. — Disse Hermione rapidamente, correndo e começando a limpar a bagunça.
— Há outro no armário. — Disse Hagrid, sentando-se e enxugando a testa na manga. Harry olhou para Ron e Charlie, que olharam para trás desesperadamente.
— Não há nada que alguém possa fazer, Hagrid? — Harry perguntou ferozmente, sentando-se ao lado dele. — Dumbledore-
— Ele tentou. — Disse Hagrid. — Ele disse a eles que Bicuço está bem, mas eles estão com medo... Você sabe como Lucius Malfoy é... E o carrasco, Macnair, ele é um velho amigo de Malfoy... Mas será rápido e limpo... E eu estarei ao lado dele-
Hagrid engoliu em seco. Seus olhos corriam por toda a cabana como se procurassem algum resquício de esperança ou conforto.
— Dumbledore vai descer enquanto i-isso acontece. Escreveu-me esta manhã. Disse que quer ficar comigo. Grande homem, Dumbledore.
Hermione, que estava vasculhando o armário de Hagrid em busca de outro jarro de leite, soltou um soluço pequeno e rapidamente abafado. Ela se endireitou com o novo jarro nas mãos, lutando contra as lágrimas.
— Nós vamos ficar com você também, Hagrid. — Ela começou, mas Hagrid balançou sua cabeça desgrenhada.
— Você tem que voltar para o castelo. Eu disse a você, eu não quero que você fique olhando. E você não deveria estar aqui de qualquer maneira... Se o Ministro Hawthorne e Dumbledore pegarem vocês sem permissão, vocês vão estar em apuros, especialmente você, Char.
Lágrimas silenciosas agora escorriam pelo rosto de Hermione, mas ela as escondeu de Hagrid, apressada fazendo chá. Charlie instantaneamente foi até ela na cozinha, confortando-a silenciosamente, mas não trazendo muita atenção para isso, sob o risco de perturbar ainda mais Hagrid. Hermione sorriu em meio às lágrimas para o menino de olhos castanhos, enquanto pegava a garrafa de leite para colocar um pouco na jarra, ela soltou um grito.
— Ron, eu não acredito - é Perebas!
Ron ficou boquiaberto para ela, — Do que você está falando?
Hermione carregou a jarra de leite até a mesa e a virou de cabeça para baixo. Com um guincho frenético e muita luta para voltar para dentro, Perebas, o rato, veio deslizando sobre a mesa.
— Perebas! — Disse Ron inexpressivamente. — Perebas, o que você está fazendo aqui?
Ele agarrou o rato lutando e o segurou contra a luz. Perebas parecia terrível. Ele estava mais magro do que nunca, grandes tufos de cabelo haviam caído deixando grandes áreas carecas, e ele se contorcia nas mãos de Ron como se estivesse desesperado para se libertar.
— Está tudo bem, Perebas! — Disse Ron. — Sem gatos! Não há nada aqui para machucá-lo!
Uma jarra de vidro na prateleira havia se quebrado. Enquanto Hermione se movia para pegar a pedra irregular, uma segunda pedra entrou na janela e atingiu Charlie com força na parte de trás da cabeça. O menino se virou e seus olhos se fixaram na janela, seu rosto caindo com a visão.
— Ah, Hagrid.
O meio-gigante se levantou e se moveu para ver o que Charlie estava olhando. O rosto normalmente corado de Hagrid ficou da cor de pergaminho.
— Eles estão vindo.
Harry, Ron e Hermione se viraram para se juntar a Charlie em seu olhar pela janela.
Um grupo de homens desciam os degraus distantes do castelo. Na frente estava Dumbledore, sua barba prateada brilhando ao sol poente. Ao lado dele estava Fenwick Hawthorne. Atrás deles vinha o fraco e velho membro do Comitê e o carrasco, Macnair.
— Vocês tem que ir. — Disse Hagrid. Cada centímetro dele estava tremendo. — Eles não devem encontrá-lo aqui... Vão agora.
Ron enfiou Perebas no bolso instantaneamente, enquanto Charlie trocava um olhar com Hermione, que parecia mais triste do que nunca.
— Eu vou deixar vocês saírem pelos fundos. — Disse Hagrid.
Eles o seguiram até a porta de seu quintal. Charlie se sentiu estranhamente irreal, e ainda mais quando viu Bicuço a alguns metros de distância, amarrado a uma árvore atrás do canteiro de abóboras de Hagrid.
Bicuço parecia saber que algo estava acontecendo. Ele virou a cabeça afiada de um lado para o outro e bateu as patas no chão nervosamente. Charlie sentiu uma onda de tristeza passar por ele enquanto observava a aparência da fera fantástica - ele não queria que Bicuço morresse.
— Está tudo bem. — Ele disse suavemente. — Está bem.
Hagrid virou-se para Harry, Charlie, Ron e Hermione.
— Vão em frente. — Disse ele. — Vão em frente.
Mas eles não se mexeram.
— Hagrid, não podemos-
— Nós vamos dizer a eles o que realmente aconteceu-
— Eles não podem matá-lo- —
— Isso não é justo-
— Vão! — Disse Hagrid ferozmente. — Já é ruim o suficiente sem vocês com problemas e tudo!
Eles não tinham escolha a não ser ir embora.
Lentamente, em uma espécie de transe horrorizado, Hermione puxou os meninos para frente. Eles ouviram vozes na frente da cabana enquanto se agachavam atrás de uma abóbora muito grande.
Hagrid olhou para o lugar para onde eles tinham acabado de desaparecer antes de voltar para sua cabana quando alguém bateu na porta da frente.
Charlie apertou a mandíbula ao ouvir seu pai fazer seu grande discurso para Hagrid sobre por que Bicuço teve que ser executado. O menino de olhos castanhos fervia de raiva, ele não podia acreditar que isso ia realmente acontecer.
Ele tinha que agir rápido se quisesse salvar Bicuço, então ele se moveu para dar um passo para fora de seu esconderijo em direção ao Hipogrifo, mas Harry foi rápido em agarrar seu braço.
— Que diabos está fazendo? — Ele sussurrou, mas seu tom ainda estava levemente elevado.
Charlie olhou para ele incrédulo, — O quê? Nós devemos deixá-lo morrer?
— Não há nada que possamos fazer! — Ron argumentou.
O pequeno debate foi interrompido quando as quatro de suas cabeças se voltaram para os adultos na Cabana de Hagrid.
No entanto, Charlie pulou um pouco quando viu, com o canto do olho, Hermione sacudir a cabeça para trás na direção da floresta atrás dela. Ela olhou curiosamente para os galhos enquanto dançavam estranhamente.
— O quê? O que é? — Charlie sussurrou.
— Nada... — Hermione sussurrou, olhando entre Charlie e os galhos, — Eu pensei que tinha acabado de ver... Deixa pra lá.
Antes que os adultos tivessem a chance de avistá-los, Harry empurrou seus amigos para a frente para voltarem para o castelo, mas Charlie não se moveu.
Ele não queria deixar Bicuço.
Ele não podia.
Ele tinha que fazer alguma coisa.
Ele teve que-
— Por favor, Charlie. — Hermione implorou. — Não aguento, não aguento.
O garoto encontrou os olhos cheios de lágrimas de Hermione e soube que tinha que ir embora. Por mais que ele não quisesse deixar o Hipogrifo, ele definitivamente não queria ver a garota de cabelos espessos chorar.
Ele olhou para Bicuço uma última vez.
Sinto muito, Charlie pensou enquanto deixava Hermione puxá-lo para frente.
Os quatro grifinórios começaram a subir o gramado inclinado em direção ao castelo. O sol estava afundando rápido agora; o céu tinha se tornado um cinza claro e tingido de púrpura, mas a oeste havia um brilho vermelho-rubi.
Ron parou de repente.
— Ah, por favor, Ron. — Começou Hermione.
— É Perebas, ele não fica parado.
Ron estava curvado, tentando manter Perebas no bolso, mas o rato estava enlouquecendo; guinchando loucamente, girando e se debatendo, tentando cravar os dentes na mão de Ron.
— Perebas, sou eu, seu idiota, sou Ron. — Ron sibilou.
Eles ouviram uma porta se abrir atrás deles e vozes de homens.
— Ron, nós temos que nos mover, eles vão fazer isso. — Harry respirou.
— Ok, Perebas, fique parado.
Eles caminharam para a frente; Charlie, como Hermione, estava tentando não ouvir o murmúrio de vozes atrás deles.
Ron parou novamente.
— Eu não posso segurá-lo. Perebas, cale a boca, todos vão nos ouvir-
O rato estava guinchando descontroladamente, mas não alto o suficiente para encobrir os sons que vinham do jardim de Hagrid. Houve uma confusão de vozes masculinas indistintas, um silêncio e então, sem aviso, o inconfundível zunido e o baque de um machado.
Hermione parou abruptamente no local e se virou para enfrentar o horror.
— Eles fizeram isso! — Ela sussurrou. — E-Eu não acredito que e-eles fizeram isso!
Charlie não perdeu tempo antes de puxar Hermione em seus braços enquanto olhava colina abaixo em direção à Cabana de Hagrid. Ele a deixou chorar e tremer em seu ombro enquanto os braços dela envolviam seu pescoço.
Logo, Harry se apoiou em Hermione para confortá-la ainda mais, enquanto Ron colocou uma mão reconfortante no ombro de Charlie. Os quatro olharam incrédulos.
Todos os quatro não conseguiram conter as lágrimas.
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