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Capítulo 5

- Tempos sombrios -

Algo terrível estava prestes a acontecer e o tempo sabia. Rajadas de vento arrebatiam a cidade, levando cachecóis pelos ares e despenteado os cabelos daqueles que andavam pelas ruas. Embora invisível à multidão, Arcturus Black também não estava imune a tempestade.

O garoto caminhava pela passarela à margem do rio Tâmisa, agarrando o casaco com força enquanto observava a faixa prateada que cortava a cidade ao meio. Ele havia sido convocado para a primeira missão como Comensal da Morte, e mesmo sabendo que o que estava prestes a fazer era horrível, parte sua estava entorpecida, como se alguém tivesse desligado um interruptor e tudo que restara dentro dele fosse escuridão.

Arcturus parou na calçada rente a ponte do Millennium, dali era possível ver inúmeros turistas atravessando a ponte, a cúpula da Catedral de St. Paul's e as estruturas de vidro e aço que se erguiam da outra margem como agulhas costurando o céu.

Com a varinha em mãos, o garoto apontou para o céu e murmurou:

— Morsmordre.

O resultado foi imediato. Uma grande sombra encobriu o sol, afundando sobre cidade como uma onda impenetrável; a escuridão destruiu as cores, abraçando as casas e os monumentos. De onde quer que olhassem, era possível ver a figura de um crânio composto por estrelas de esmeralda e uma cobra saindo da boca como uma língua.

Arcturus continuou parado na mesmo lugar, esperando. Logo, dois vultos cortaram o céu em sua direção, rápidos e afiados como flechas lançadas pelos deuses. O Volanspectrum era o primeiro feitiço a ser ensinado aos Comensais da Morte, próprio para fugas rápidas e desaparecer sem deixar rastros.

Draco Malfoy e Theodore Nott surgiram das sombras esvoaçantes. Os dois usavam calças de couro, botas de combate e casaco preto que lembrava uma armadura. O uniforme dos Comensais da Morte.

— Black. — Draco o cumprimentou com um aceno de cabeça. O outro garoto continuou em silêncio, parecendo tenso. — o que ele mandou a gente fazer?

— Destruam a ponte. — explicou Arcturus, sinalizando com a cabeça o alvo. — depois precisamos dar um jeito de capturar Garrick Ollivander.

— Que grande merda. — suspirou Nott, com uma careta.

Draco também não parecia muito animado, seu rosto ficara consideravelmente mais pálido, mas ele colocou a máscara de demônio esculpida em marfim negro sobre o belo rosto e sumiu num enevoado de trevas. Theodore o seguiu um segundo depois.

A ponte do Millennium era suspensa em aço e bases de ferro, com arcos múltiplos, uma passarela para pedestres e uma apenas para carros. Arcturus acompanhou com os olhos enquanto os dois garotos ziguezagueavam ao redor da ponte para conseguir lançar os feitiços de destruição nas pilastras que a sustentavam.

As bases logo explodiram e as correntes de aço se soltaram com um estalo, projetando dezenas de carros para as profundezas do rio. O caos fora imediato, alarmes de carros disparavam, as pessoas gritavam e choravam, blocos de concreto caiam na água com um barulho ensurdecedor.

Arcturus observara a destruição de longe, sem conseguir esboçar nenhuma reação. Ele devia se sentir culpado, não é? Devia estar triste com tudo aquilo, com as pessoas que perderam as vidas por sua causa... Então porque não conseguia sentir nada? Porque a sensação era apenas do vazio? Seus pensamentos eram contraditórios e perturbadores, e ele se perguntava constantemente o que diabos estava acontecendo dentro de sua cabeça.

(...)

Aurora havia se esquecido do quanto era pacífico estar na Toca. Acostumada apenas com o caos incessante da grande Londres, estar na casa dos Weasley era como ir para um mundo completamente diferente. A Toca ficava no alto de uma colina verdejante, no fim de uma estrada longa e isolada. Ao redor havia apenas campos cobertos de capim e trevos, e os únicos outros moradores eram os grilos e as cigarras.

— Aurora! — exigiu Ginny. — se eu tiver que perguntar novamente como estou vou jogar esse pincel de maquiagem em você...

Levantando-se do parapeito da janela, Aurora virou-se para a amiga e levantou braços em rendição. Ginny a encarou com os olhos cerrados pelo espelho da penteadeira rosa, terminando de aplicar cor às bochechas.

— Uau, acho que você é a garota mais bonita que já vi.

— Não seja uma puxa saco. — A ruiva revirou os olhos. Aurora riu, mas de fato, Ginny estava deslumbrante. Seus cabelos estavam presos pela metade, com duas tranças que se encontravam atrás da cabeça, a maquiagem leve destacava a própria beleza e era possível ver as sardinhas fofas em seu nariz.

— Estou falando sério, só Harry mesmo para ser tão cego com aqueles óculos gigantes.

— Pare com isso, ele só é um pouquinho lerdo. — Ginny deu um sorrisinho culpado, as bochechas ficaram ainda mais coradas.

Aurora riu, sentando-se na cama enquanto a observava. O quarto de Ginny era pequeno, mas adorável e aconchegante. Em uma das paredes, havia um grande pôster da banda bruxa Esquisitonas e, na outra, uma foto de Guga Jones, capitã do time de quadribol Harpias de Holyhead.

Ao levantar-se da penteadeira, Ginny deu uma voltinha, exibindo o vestido vermelho rodado.

— Ouvi Rony dizer que é a cor favorita dele.

— Então certifique-se de que esteja usando essa cor em baixo também... — disse Aurora, com malícia.

Ginny a encarou com o queixo caído, preparando-se para atirar a primeira coisa que encontrasse na direção de Aurora. Porém, a porta se escancarou contra a parede e a Sra. Weasley apareceu ali, com as mãos nos quadris, vestindo um avental florido cujo uma varinha saia pela borda do bolso esquerdo.

— Vamos meninas, a mesa já está sendo posta e preciso de ajuda com os pratos!

— Dessa vez você se safou! — sussurrou Ginny, com os olhos estreitos, seguindo a mãe para fora do quarto.

Ainda rindo, Aurora deu uma última olhada no espelho, escovando o vestido azul turquesa com as mãos, então seguiu as duas em direção ao primeiro andar.

Pela janela da escada, era possível ouvir um estrépito de coisas que batiam do lado de fora. A origem do barulho vinha de Fred e George, que faziam duas mesas voarem alto pelo gramado e colidirem, cada qual tentando derrubar a outra no chão. Harry e Rony observavam a cena achando graça, mas Hermione, escorada junto à sebe, parecia tentar esconder a aflição.

A mesa de Fred bateu na de George com um estrondo e perdeu uma das pernas, que caiu ao chão. Todos eles se encararam num silencio cômico e um segundo depois a cabeça da Sra. Weasley apareceu pela janela.

– Mas o que é isso? – berrou ela. — Perderam a cabeça de vez?! Se essa velharia acabar estragando vocês vão ver!

Rindo, Fred e George devolveram as mesas em segurança ao chão, juntaram-nas pelas extremidades e, então, com um golpe de varinha, Fred colou de volta a perna da mesa e conjurou as toalhas.

Com tudo em seu devido lugar, a Sra. Weasley ordenou que começassem a levar as travessas de comida para a mesa. Devido ao número de pessoas, decidiram que o jantar ia ser do lado de fora; o que fez com que Aurora, Ginny e Hermione passassem a tarde inteira capturando as galinhas e trancando-as no galinheiro, enquanto os gêmeos e Rony varriam o quintal e tiravam as folhas velhas.

Harry fora o único que pôde descansar durante a tarde toda, mas isso não o impediu de comer feito um fazendeiro que voltara da lavoura assim que os pratos foram servidos.

Conforme o jantar ocorria, Aurora conseguiu convencer Arcturus a contrabandear um pouco de vinho de flor de sabugueiro à ela, o qual ele e os gêmeos estavam servindo escondido de baixo da mesa. Mas mesmo com o álcool e a áurea calorosa do verão, parecia impossível relaxar. O porque estava no fato de que Harry não havia conversado com ela durante o dia inteiro, apenas lançado olhares de esguelha quando pensava que Aurora não estava vendo, olhares que demonstravam seu desconforto com ela ali.

– Fred, não bata nele! – ralhou a Sra. Weasley, puxando Aurora para realidade.

— Arcturus está duvidando que não consigo subir a colina correndo sem vomitar! — exclamou o ruivo, como se fosse uma explicação óbvia e plausível. George começou a rir.

A Sra. Weasley estreitou os olhos na direção dos gêmeos, então balançou a cabeça em descontentamento.

— Sinceramente...

Quando todos terminaram de comer, as estrelas já brilhavam na escuridão feito tinta respingada. Os mais velhos foram se refugiar lá dentro, mas Aurora e os outros ficaram no jardim para brincar de capturar gnomos.

Cansada e de barriga cheia, não demorou muito tempo para que ela saísse do jogo e se sentasse num dos banquinhos de madeira em baixo das árvores, recuperando o fôlego. Para sua surpresa, passou-se alguns minutos e Harry apareceu ao seu lado.

— Ei Aurora. — disse ele, parecendo envergonhado e sem jeito.

— Oi Harry. — Aurora abriu um pequeno sorriso. — Feliz aniversário.

— Obrigado. — ele balançou a cabeça, evitando o contato visual.

— Fiquei sabendo que está ficando aqui nos
Weasley agora.

— Dumbledore achou que seria mais seguro do que... — ele parou, engolindo as palavras.

— Ele está certo. — havia certa amargura no tom dela. Afinal, Aurora sabia o final da frase sem que ele precisasse dizê-la. Antes de Sirius morrer e de todas aquelas audiências, existia a perspectiva de que Harry saísse da casa dos tios abusivos para morar com seu padrinho na Mansão Black.

Percebendo o jeito que soara, Harry virou-se para encara-la, coçando a nuca. A luz da lua batia num ângulo que refletia seus olhos esverdeados atrás das lentes finas dos óculos.

— Sinto muito, não quis dizer desse jeito. E-eu...

— Falou sem pensar? — disparou Aurora, a sobrancelha erguida de modo sínico. — está tudo bem, Potter, já conheço o discurso.

Harry suspirou profundamente.

— Olhe Aurora, sei que está brava sobre as coisas que eu disse depois do que aconteceu no ministério, mas eu realmente não queria... — houve uma pausa. — não sei onde estava com a cabeça, eu estava com raiva e descontei em você. Sinto muito mesmo.

Aurora ficou em silêncio por alguns segundos, quando falou, havia indignação e dor em suas palavras:

— Só não entendo como teve coragem de pensar que eu ajudaria eles... que eu faria algum mal contra meu próprio pai!

— Eu estava errado e me arrependi mesmo!

— Pode ter se arrependido mas ainda não mudou sua opinião. — a expressão dela era severa, seus braços estavam cruzados e os dentes cerrados. — Você me olha como se eu fosse uma intrusa aqui, Potter. Como se eu fosse atacar qualquer um de vocês a qualquer momento!

— É claro que não! — ele arregalou os olhos, surpreso, as bochechas adquiriram um tom rosado. — Você só não deixou algumas coisas claras naquele dia, e eu...

— Então me pergunte, mas sem fazer nenhuma especulação! — explodiu ela.

Harry bufou, batendo as mãos no colo como se estivesse prestes a desistir daquela discussão. Mas então sua expressão endureceu e ele a encarou com a testa franzida:

— Eu vi você com Malfoy, na Travessa do Tranco. O que estava fazendo lá com ele, Aurora?

Aurora piscou, sem acreditar no que ouvira.

— Você me seguiu? — a voz dela soou aguda e fria.

— Eu estava preocupado. — explicou-se Harry.

— Comigo? — zombou Aurora, rindo. — eu não estava fazendo nada demais, estava apenas procurando um pertence meu. O ministério tem a mania de descartar itens na Burkin&Burks, satisfeito?

Harry ficou em silêncio. A boca formou uma linha reta e um sulco apareceu entre as sobrancelhas grossas.

— E Malfoy?

— Eu não sei, Harry. — Aurora respondeu, cansada. — Mas pelo que vi ele não estava fazendo nada de errado.

— Como pode ter tanta certeza? Como pode defendê-lo? Você não vê que ele é um deles?! — uma veia saltou no pescoço dele. — O que aconteceu com você, Aurora?

— Não aconteceu nada comigo! Malfoy me ajudou, pelo incrível que pareça e ele não fez nada de errado.

— Então foi assim que fugiram de lá? — acusou Harry, incapaz de deixar a questão de lado. — Porque Malfoy te ajudou?

Aurora abriu a boca, sem saber como responder aquela pergunta cretina.

— Sinceramente, não entendo, Aurora... — Harry suspirou, pela feição, parecia decepcionado. — Como pôde ir com ele? Como pôde fugir e abandonar Sirius?

— Eu não sabia o que fazer... — respondeu ela, havia um bolo em sua garganta.

— Você devia ter lutado! — Harry cerrou os punhos. — Devia ter ficado lá e lutado com a gente! Devia ser uma de nós ao invés de... de andar com esse bando de...

Aurora apertou as mãos frias com força sobre o colo.

— Fale, Potter.

— Eles não são confiáveis. Não são seus amigos de verdade!

— Ei, está tudo bem por aqui? — perguntou Hermione. Devia ter corrido até ali, porque um toque de cor animava suas bochechas.

Os dois estiveram tão focados na discussão que sequer perceberam ela se aproximando.

— Tudo ótimo, só estou esperando Harry terminar de me acusar de estar envolvida com Voldemort. — Aurora abriu um sorriso sarcástico.

— Não seja tão dramática. — ele revirou os olhos.

— Porque você não vai se ferrar? — As palavras deixaram os lábios de Aurora antes que fosse possível segura-las. Os olhos azuis estavam acessos de ódio.

— Ei, o que deu em vocês dois?! — Hermione parecia chocada. — Harry por favor, não me diga que está falando sobre aquilo de novo.

— Ela tem que saber quem eles são de verdade. — o garoto apoiou os cotovelos nos joelhos, desviando novamente o olhar.

— Harry só está sendo paranoico, Aurora. Não se preocupe. — Hermione disse, com um sorriso tenso. — no fundo ele sabe que está exagerando.

— Você precisa contar. — disse Harry de repente, ainda sem encara-la. — se souber de algo, qualquer coisa que possa nos ajudar, vai precisar dizer.

— Sei disso. — respondeu Aurora, entredentes.

— Ótimo.

O silêncio caiu sobre eles como um manto pesado. A raiva e a tristeza eram como tijolos pesados sendo amontoados em seu estômago. Aurora levantou-se, incapaz de ficar ali por mais um segundo sequer.

Com os braços ao redor de si, ela voltou para dentro da casa, a fim de encontrar Remus e pedir para irem embora. Felizmente o encontrou na cozinha, onde todos estavam sentados em volta de uma mesa de madeira escovada, nas cadeiras de espaldar alto.

– E, como se tudo isso não bastasse... – dizia o senhor Weasley. Ninguém percebera ela entrando pela porta dos fundos. – os dementadores estão por toda parte, atacando as pessoas a torto e a direito.

— Eles estão se reproduzindo. É isto que está provocando a névoa em pleno verão. — explicou Lupin. — E encontraram o corpo de Igor Karkaroff em um barraco no norte do país. Sobre o local pairava a Marca Negra, aliás, para ser franco, fiquei surpreso que ele tenha sobrevivido quase um ano depois de desertar os Comensais da Morte.

— Ainda ousaram sugerir que aqueles dois homicídios bárbaros divulgados com estardalhaço eram consequência da falta de policiamento. — disse o patriarca da família ruiva, parecendo indignado. — É obvio que foi obra de você sabe quem, Amélia Bones foi encontrada morta em um aposento trancado por dentro, e também Emelina Vance.

— E a desculpa do furacão inesperado que ocorrera no oeste do país e causara tantos prejuízos a pessoas e propriedades... — bufou Bill, o filho mais velho dos Weasley.

— Aquilo foi um verdadeiro caos, a Seção de Contrainformação tem trabalhado vinte e quatro horas por dia, equipes de obliviadores estão em campo tentando alterar a memória de todos os trouxas que viram o que realmente aconteceu. — comentou o sr. Weasley, num suspiro. — não sabem nem se vão conseguir reconstruir a ponte.

Enquanto conversavam, Aurora percebeu uma pilha de jornais no balcão da cozinha. Ela se aproximou sem que percebessem e folheou os papéis. Num deles, a matéria dizia:

"Uma sensação de perigo se apoderou do país.

"Ninguém se sente seguro" disse os moradores da região, depois que os assassinatos de Bones e Vance foram anunciados. Além disso, poucos dias depois, Garrick Ollivander fora levado à força e sua loja ficara destruída.
As pessoas estão desesperadas, e os ataques vem sendo cada vez mais frequentes. O último causara inúmeros feridos, com a fatídica destruição da ponte do Millennium, que ameaçou expor o mundo bruxo aos trouxas. Árvores foram arrancadas, telhados destruídos, postes vergados, e ferimentos pavorosos... o número de mortos vem aumentando a cada dia."

— Não disseram nada. — todos os olhos viraram-se para Aurora, finalmente percebendo que ela estivera ali o tempo todo. A garota sacudiu os jornais. — Sobre meu pai ser inocente, não saiu nenhuma matéria sobre a verdade.

A senhora Weasley pigarreou, com um sorriso amarelo.

— Querida, não acha que é melhor...

— Por que não falaram nada? — retorquiu Aurora, alternando o olhar entre Remus e o sr. Weasley. — há essa altura já deviam ter informado sobre isso, não é?

— Sinto muito, Aurora. — o homem ruivo massageou a testa, visivelmente tenso. — Sirius agora é passado. A questão é que estamos em guerra, e é preciso tomar algumas medidas. Afirmar que o Ministério cometeu um erro desse tamanho faria a população se sentir desprotegida. Além de que ninguém vai querer colaborar se souberem de algo e correr o risco de ser mandado à Azkaban. Vão manter esse segredo pelo maior tempo possível.

Aurora ficou em silêncio, digerindo as palavras. Sirius agora é passado... algo a ser esquecido.

— Com licença... — sussurrou ela, saindo da cozinha. Aquele comentário teve o mesmo efeito de esfregar limão e sal numa ferida sangrenta recém-aberta.

A visão estava embaçada de umidade quando Aurora virou o corredor, tentando chegar ao banheiro antes que as lágrimas caíssem. Mas então chocou-se contra alguém, fazendo com que ela se desequilibrasse.

— Que susto, Arcturus! — exclamou Aurora, assim que o rosto do primo entrou em foco. Ela limpou o canto dos olhos com o dedo. — O que está fazendo aqui?

— Ah, eu estava... saindo do banheiro. — respondeu, tossindo. Os olhos dele estudaram o rosto de Aurora com preocupação. — Está tudo bem? Você está com uma cara estranha.

— Quero ir pra casa.

— O que aconteceu? — Arcturus a encarava com desconfiança, os olhos azuis eram como um espelho para ela.

— Nada demais, só estou cansada, pode falar com o tio por favor?!

— Claro. — concordou, mesmo parecendo não ter acreditado em uma palavra. Ele se inclinou e a beijou na testa, os lábios estavam gelados, mas Aurora abriu um pequeno sorriso.

Quando voltaram para o Largo Grimmauld, a Mansão Black já abrigava a escuridão como uma velha amiga. Sem energia para qualquer outra coisa, Aurora deitou-se sob o véu das sombras, ouvindo pela janela os ruídos de Londres lá fora, o coração se apertando súbita e dolorosamente.

O aniversário de Harry não fora tão desastroso quanto pensava, mas nem de longe havia sido agradável. Apesar de detestar brigar com Potter, o que mais a estava incomodando era o conteúdo das últimas notícias e a tensão que os mais velhos exalavam.

Aurora tentou calar os pensamentos, mas era impossível. Não conseguia entender porque Voldemort arriscaria expor o mundo bruxo com toda aquela destruição, não conseguia entender o que ele queria sequestrando e matando pessoas inocentes.

As dúvidas e hipóteses eram como uma fumaça negra girando em volta de sua cabeça, uma sombra pousando em seu ombro.

De repente, Aurora ouviu o inconfundível ruído da porta do quarto de Arcturus ser aberta. As perguntas em sua cabeça se tornaram quase ensurdecedoras. Ela sentou-se na cama, aguçando os ouvidos, havia um desespero crescente no peito, algo mesclado a angústia e ansiedade.

Ela poderia tentar ocultar a curiosidade, assim como fazia com luto e com todas as questões dolorosas de sua vida. Mas outra parte sua ansiava por dar um fim em tudo aquilo. Ansiava por uma resposta, precisava disso.

Cedendo a curiosidade, Aurora abriu a porta com um clique e saiu silenciosamente para o corredor. Todos os cômodos estavam escuros, mas ela seguiu Arcturus escada a baixo, o corpo em estado de alerta a cada corredor que virava.

Lá fora, a noite parecia subitamente mais quieta e silenciosa, como se o mundo inteiro estivesse prendendo a respiração diante do que estava prestes a ser revelado.

Aurora seguiu Arcturus por ruas desertas, mal iluminadas por lampiões, a ansiedade pesando forte no coração a cada passo. Pelo modo que andava, Aurora sabia que ele estava tenso, olhando para os lados como se conferisse que não havia ninguém aos arredores.

As ruas foram ficando casa vez mais solitárias e escuras, escuras como a morte. Numa delas, a única fonte de luz provinha de uma cabine telefônica vermelha. Para sua surpresa, Arcturus adentrou a cabine e apertou três vezes o número sete.

Com os olhos cerrados e uma expressão de horror, Aurora viu o corpo do primo desaparecer um segundo depois. Uma chave de portal... pensou ela, ainda mais intrigada.

Quando a cabine se deu por vazia de novo, Aurora atravessou a rua correndo e adentrou-a. Os vidros estavam cobertos de listas de horários dos ônibus e chicletes colados. Seus dedos tremiam enquanto digitavam os números, e quando o último "bip" soou, ela teve a sensação de que um gancho dentro do seu umbigo fora irresistivelmente puxado para a frente. Seus pés deixaram o chão, avançando em meio ao uivo do vento e ao rodopio de cores.

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