Capítulo 13: Os cavaleiros do pôr do sol
Descemos daquele trem e começamos a explorar aquele vale. Havia uma trilha, cujo final deu para uma grande montanha que, ainda bem, não era tão íngreme que não pudéssemos subir caminhando.
Mal começamos a subida e notamos duas rochas descambando montanha abaixo ao nosso encontro! Sem que precisássemos combinar (e não haveria tempo), saltamos bem na hora de evitar o choque.
— Isso não foi obra da natureza — observou Steve.
E dito e certo: de cara, notamos alguns bandidos também por lá.
— Se ha bandidos aquí es porqué estamos no camino cierto! — afirmou Cormano.
E batata! Conforme íamos subindo aquela montanha, mais marginais iam aparecendo. Chegamos num ponto em que não era possível prosseguir a subida, porém, à nossa frente, havia uma corda bamba estendida, presa ao chão como se fosse um varal sobre um abismo. Além desse vão, notamos que o caminho continuava. Assim como da outra vez em que derrotamos Dark Horse, não tivemos outro jeito: fomos obrigados a passar para o outro lado (que não estava perto, a propósito) usando a força dos nossos braços. Nem preciso dizer que estava quase rezando para não cair de uma altura de não sei quantos metros...
Alcançamos, enfim, sãos e salvos o outro lado. Andamos mais um pouco e, quando estávamos passando por um local com altas rochas fixas no solo fazendo um círculo, lembrando Stonehenge (que vi nas aulas de História), o vento de repente ficou mais forte... Um homem, de pele vermelha, sem camisa, com uma calça azul-claro e uma pena nos longos cabelos negros, saltou até quase perto de nós. Na hora o reconheci – era o Chefe Wigwam, mais um que deveríamos caçar!
— Preparem-se, oh vocês da pele branca! — Ele já foi nos desafiando.
Outra batalha se iniciou. Mais uma vez, lidávamos com mais um assecla de Richard Rose que não usava armas de fogo: Wigwam manejava facas. Apesar desse detalhe, ele era bom na defensiva – conseguia desviar com muita facilidade dos nossos disparos, saltando para as rochas gigantes que estavam naquele lugar e, quando ele pulava, lançava suas facas a fim de nos cortar.
— Cuidado, pessoal! Essas facas podem conter algum veneno — alertou-nos Steve.
A luta estava intensa. De um lado, nós, que estávamos, no máximo, acertando alguns tiros de raspão no nosso adversário e com alguns cortes no corpo, contudo vivos (o que mostrava que as lâminas não estavam envenenadas). Do outro, o índio que – de tanto pular para tentar evitar nossos disparos – aparentava estar se cansando. Tive uma ideia genial:
— Rapazes, atirem nas rochas gigantes e saiam daqui do círculo. Rápido! É o meu plano!
Eles, a princípio, me olharam com dúvida, mas fizeram o que eu pedi. Eu os imitei e, saindo daquele círculo de pedras, Wigwam, com um pouco de raiva, foi para cima de mim:
— Se pensa que vão me pegar...
Não concluiu a frase, pois algumas balas o acertaram em cheio, mas não ao ponto de matá-lo. Ele ficou agachado no chão, rendido e com uma expressão dolorosa.
— Meu plano foi o seguinte: — falei — ficaríamos nesse tiroteio sem fim, logo pensei "E se atirássemos contra as rochas, será que as balas não ricocheteariam?". Como o Chefe Wigwam saltava do solo para as rochas e vice-versa, achei então que, quando ele pulasse para cá, os tiros o pegariam. Só não pensei que fosse tão rápido...
— Muito bem, Helena! Mas agora temos que concluir o que começamos... — disse Steve, já se direcionando para o nosso adversário e apontando a sua arma.
Mas repentinamente, uma voz feminina foi ouvida:
— Não! Por favor!
Uma bela moça de cabelos negros e também de pele vermelha abraçou o chefe, ficando entre ele e nós, que estávamos prontos para efetuarmos nossos disparos.
— Não atirem no meu irmão! Ele apenas está seguindo ordens! — ela continuou, aflita.
Entreolhamo-nos surpresos com aquilo.
— Richard Rose estava chantageando meu irmão — a moça declarou entre lágrimas. — Ele falou que mataria todo o nosso povo se Wigwam não cooperasse com ele...
Lembrei-me então do que me fora dito antes:
"— Suspeita-se que Richard comande esquemas de roubo de madeira em larga escala e que isso tenha ligação com massacres de nativos."
Essa cena da mulher que não pensou duas vezes quando se jogou sobre o irmão prestes a ser executado me comoveu. Até me lembrei dos meus pais e a saudade apertou... E com um grande nó na minha garganta, respondi:
— Tudo bem, moça... Não iremos atirar nele!
Ela sorriu. Já estávamos prontos para nos virarmos quando o ameríndio, que acabamos de derrotar, disse:
— Sir. Rose não está longe daqui. Caminhando durante umas duas horas floresta abaixo, vocês encontrarão o forte onde ele está escondido. Para facilitar a viagem de vocês e também em agradecimento por terem poupado minha vida, ofereço alguns cavalos que estão após a descida dessa montanha.
Assentimos e descemos aquele relevo. De fato, encontramos quatro belíssimos cavalos que estavam pastando. Montamos (mais uma vez, eu fiquei no mesmo animal que Cormano) e começamos o galope.
Quando chegamos à floresta, novamente, capangas que estavam montados em outros animais e em carruagens quiseram nos deter, ou atirando ou lançando toras para que os nossos equinos tropeçassem, tentando nos derrubar. Felizmente, conseguimos nos livrar de todos até que, de repente, paramos... O motivo? Um estranho homem, gordo, careca e com os lábios excessivamente grandes se encontrava em cima de um forte de madeira com uma enorme metralhadora. Era ninguém mais e ninguém menos que Paco Loco, o último capanga-mor de Richard Rose!
Tivemos que abandonar aqueles cavalos. Na verdade, fiquei com a impressão de que aqueles animais se assustaram com a cara do boca-mole. Nós nos aproximamos do forte e o vilão começou a bater freneticamente no peito desnudo, dizendo alguma coisa que não pude compreender. Ele já foi dando as nossas "boas-vindas" disparando contra nós. Contudo, não era tão rápido no gatilho, já que conseguíamos desviar com certa facilidade das suas balas.
— Apesar de ele ser lento ao manusear aquela arma, qualquer tiro vindo dela pode ser fatal! — Novamente, Steve nos alertava.
A estratégia adotada por nós cinco foi simples: Paco Loco atirava e depois dava um tempo para recomeçar os disparos, portanto, era nesse meio tempo que agíamos tentando acertá-lo. Bingo! Depois de dois tiros vindo dos revólveres de Steve e Billy, que acertaram as suas pernas, duas balas das escopetas de Bob e Cormano, que atingiram seus braços e, finalmente, um disparo meu que pegou em cheio seu coração, Loco caiu daquele forte soltando um berro. Quando pensamos que nos livramos dele, ouvimos a sua voz:
— Hasta la bye bye!
E começou a atirar com o intuito de nos acertar!
Deitamo-nos no chão rapidamente até não ouvirmos mais nada. Paco tinha parado com os tiros, deu um suspiro e fechou os seus olhos... Para sempre.
Olhamo-nos satisfeitos um para o outro e então ficamos encarando aquele forte.
— Como vamos entrar aí? — perguntou Billy.
Não éramos de guardar nenhum tipo de explosivo conosco. Assim, começamos a procurar por alguma coisa que nos ajudasse a destruir aquele portão de madeira que guardava o esconderijo de Richard Rose. De repente, encarei o corpo morto de Paco Loco e percebi um certo volume vindo de um dos bolsos de sua calça. Aproximei-me dele e retirei uma dinamite.
— Meninos! Aqui! — gritei. — Achei algo que Paco Loco guardava com ele!
Eles sorriram satisfatoriamente e Cormano deu a ideia:
— Con algunos gravetos, podemos acender la dinamita.
E foi o que Steve fez: colocou a dinamite bem no centro daquele portão de madeira, pegou alguns gravetos, fez o fogo ao esfregá-los, rapidamente transportou a chama para a dinamite e, com isso, aguardamos o que queríamos – a explosão da entrada daquele forte.
"— A batalha final contra Richard Rose se aproxima, todos os seus comparsas de confiança já foram derrotados." — A ansiedade me dominava.
Entramos e, um pouco à frente, avistamos o que parecia ser um riacho e algumas construções de madeira sobre palafitas ao pé de uma colina. Andamos mais um pouco e questionei:
— Será que essa água abaixo é funda?
Minha pergunta foi respondida quando Bob pisou na água, certificando que era rasa. Seguimos o nosso rumo pelo terreno alagado. Não demorou para que alguns foras-da-lei tentassem nos parar, porém os eliminamos facilmente. Até essa parte, nada muito difícil, embora eu tenha reconhecido que a segurança dentro daquele forte estava muito bem reforçada – os bandidos que vinham em defesa de Richard eram numerosos mesmo.
Passamos aquelas construções e chegamos a uma ladeira com calçamento que nos levaria colina acima. Havia mais capangas nesse trecho, mas também nada demais para cinco atiradores que já estavam calejados com todo aquele bang bang.
Eis que chegamos numa parte em que um lindo e majestoso tapete vermelho cobria o chão e um belo corrimão enfeitado com vasos de flores nos ladeou. Continuamos subindo e logo estávamos no topo da colina. Pudemos ver – circundada por um gramado com flores – uma suntuosa mansão com janelas muito bem acabadas, sendo que cada uma dispunha de uma sacada com parapeito de madeira envernizada. Mais para frente, nos deparamos com uma grande porta e, no andar de cima, uma varanda com um parapeito coberto de rosas, que servia de apoio para um par de esculturas de leões nas extremidades e para um vaso de flores no meio. Também havia duas varandas menores que ladeavam a do meio, sem portas e com os parapeitos mais simples. Nisso, uma voz foi ouvida:
— Olá, velhos amigos!
Olhamos para a porta daquela casa e avistamos um homem loiro, vestido com um terno branco e camisa vermelha, assim como os coldres à sua cintura, sapatos brilhantes e uma indefectível, e cafona, rosa na boca.
"— Que gracinha!" — pensei irônica. Às vezes, não sei como conseguia agir de maneira sarcástica diante de situações como aquela...
— Finalmente, é o Richard Rose! — Steve estava eufórico.
Richard então fechou a porta onde estava e, em questão de segundos, se posicionou sobre a varanda no meio do andar superior.
Começou mais uma troca de tiros. Sir. Rose, além de bom no gatilho, era bom na defensiva, já que a cada tiro que dávamos para tentar acertá-lo, ele se escondia por trás daquelas estátuas. Além disso, capangas dele vinham de várias direções. Alguns tentavam nos deter pelo chão (onde estávamos) e outros conseguiam acessar as duas sacadas laterais do piso superior da casa.
A estratégia adotada por nós foi a seguinte: eu atirava nos marginais que vinham pelas sacadas; Billy disparava contra os que vinham pelo chão; Cormano e Bob tentavam, com as suas escopetas, derrubar as esculturas de leão que protegiam o malfeitor; e Steve atirava contra o próprio Richard. Isso tudo somada à nossa tentativa de defesa e desvio das balas dos nossos inimigos.
Depois de um tempo, não vieram mais capangas. Quase ao mesmo tempo, Bob e Cormano tinham conseguido destruir o "escudo" que protegia o nosso adversário-mor. Furioso, Richard Rose deu um salto rápido em direção ao chão e, ao aterrissar, começou a disparar. Nós desviamos e continuamos a atirar. Percebi que, por mais que, às vezes, acertássemos o seu tronco, o fora-da-lei não esboçava nenhuma expressão de dor ou algo do tipo. Mesmo assim, não paramos com as armas. Até que ele caiu bem em frente à porta daquela casa, dando um grito, aparentemente derrotado.
— Nós... conseguimos!? — indaguei em uma mistura de curiosidade e alegria.
Aproximamo-nos dele e, num movimento rápido, Richard se levantou. Deu uma risada maligna e, do seu tronco, caiu um objeto que parecia ser de um metal muito resistente – isso explicava o porquê de ele não sentir nada quando o acertávamos antes: aquilo que ele usava era um tipo de colete à prova de balas!
A luta iria recomeçar. Porém, quando todos nós tentamos apertar nossos gatilhos, para o nosso desespero, nenhuma bala saiu, ou seja, estávamos sem munições! Richard Rose deu outra risada maléfica e disse friamente:
— Estive estudando vocês. As notícias do seu sucesso sobre aqueles ladrões correram por todo o oeste, especialmente a jovem dama que derrotou os gêmeos do crime sozinha. — Ele olhou para mim e eu me arrepiei. — Vocês são bons atiradores, mas gastam munição demais... Foi por isso que os atraí usando aquele meu trem de carga que deve tê-los conduzido até o vale e, consequentemente, para o meu esconderijo... Claro que queria que algum dos meus três subordinados os aniquilasse, mas agora eu mesmo vou acabar com todos vocês!
Ele então apertou compulsivamente o revólver que estava portando. Tentamos escapar, mas como ele era rápido no gatilho, alguns tiros nos acertaram nos membros – minha perna esquerda acabou sendo ferida no processo. Sufoquei um grito de dor e, mancando, fui o mais rápido que pude em direção daquela porta, entrando na casa.
— Uuuuuh mocinha! Eu vou te pegar... — Richard Rose falou em voz alta, também adentrando a residência e com a intenção de me amedrontar.
O bandido deve ter me visto e foi no meu encalço. Rezei para que ele não tivesse feito nada de mal aos rapazes enquanto que eu tentava ir o mais acelerado possível. No interior daquela mansão, subi alguns lances de escada e me vi no piso superior. Rapidamente, avistei aquela sacada onde o nosso vilão estava no início da batalha, fui até lá e tombei rendida. De lá de cima, percebi os meus amigos ainda vivos e conscientes, embora feridos. Agradeci mentalmente por aquilo. Instantes depois, Richard chegou até onde eu estava.
— Quais são as suas últimas palavras, senhorita? — ele disse apontando sua arma para mim.
— Você se precipitou... — rebati secamente.
E sem perder tempo, joguei nele uma bomba de "efeito coceira" que estava escondida comigo. Na hora, ele se pôs a quase arrancar o próprio couro, largando o revólver, ao mesmo tempo em que me xingava de tudo quanto era nome.
— O que você fez sua maldita? — ele berrava.
Não respondi. Apenas me levantei e o empurrei daquele lugar, o que fez com que ele caísse de costas para o chão, gritando de dor e ainda se coçando. Os meninos viram aquilo e logo se aproximaram de Rose. Mais do que rapidamente, gritei:
— Cormano! Pegue!
Joguei para ele a arma que o malfeitor estava em posse. Cormano a pegou e antes de atirar, pude ouvir Richard falando:
— Que má sorte de minha parte!
O homem mexicano apertou o gatilho, matando-o. Eles comemoraram mais um sucesso de uma missão (que, por sinal, fora bem longa) e eu desci de onde estava. Ao chegar embaixo, Cormano veio logo me abraçar com lágrimas nos olhos. Steve gritou, alegre:
— Três hips para a Helena! Hip hip...
— Hurra! — os outros o completaram jogando os seus chapéus.
— Hip hip...
— Hurra!
— Hip hip...
— Hurra!
— Ah! Que isso gente? Não foi nada... — retruquei envergonhada.
Estávamos ainda em êxtase. Do nada, tudo começou a desaparecer, inclusive os rapazes.
"— Isso de novo não!" — pensei, me lembrando do que ocorreu a Jennifer na torre do relógio.
Eles então se aproximaram de mim e Cormano se pronunciou:
— Mi muchacha, amamos ter te conocido, pero todo aquí era apenas un juego... La señorita concluyó más un, pero pasarás por más una historia...
"— Ele está falando que nem Jennifer quando me separei dela..." — recordei-me com lágrimas nos olhos.
— Cormano... Bob... Billy... Steve... — falei já emocionada. — Não quero me separar assim de vocês... — Me recompus. — Mas se esse é o meu destino, vou cumpri-lo! Podem deixar! — E dei um sorriso confiante e triste ao mesmo tempo.
Eles me deram um abraço coletivo e Cormano me beijou na testa, dizendo:
— Adiós... niña Helena!
Comecei a chorar e respondi:
— Adeus Steve, Billy e Bob, obrigado por tudo! E adeus... — Tentei engolir o choro mais uma vez. — Cormano...
Eles sorriram e sumiram. Tudo de novo ficou preto e me vi mais uma vez caindo sabe-se lá para onde. Gritei.
Dessa vez, meu corpo não bateu em lugar nenhum, logo não desmaiei. Senti um par de braços fortes me segurando assim que a queda cessou. Olhei para quem seria meu mais novo salvador e vi um homem muito bonito de longos cabelos negros e que parecia estar muito espantado. Ficamos nos encarando por uns instantes e, em seguida, ele disse:
— Pelos deuses!
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Notas do autor: E sai Sunset Riders e entra um novo jogo para que a nossa Helena encare. Qual será?
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