Capítulo 04: Orfanato!?
A menina, muito simpática, sorri e me responde:
— Olá! Sou Jennifer, Jennifer Simpson. Você está no Orfanato de Granite ... Mas e você, quem é?
— Orfanato!? — perguntei assustada.
— Sim...
Jennifer iria continuar a falar, porém é interrompida com a porta ao lado sendo aberta. Apareceram uma mulher alta e de cabelos escuros e mais três meninas, sendo uma loira, uma de cabelos castanhos como os meus, mas com a pele morena, e uma ruiva de cabelos curtos.
— Oh! Finalmente, você acordou! Estávamos nós todas aqui preocupadas, viu? — disse a mulher mais velha se aproximando da cama onde eu estava deitada. — Meu nome é Margaret Elmor, sou a diretora daqui do Orfanato de Granite...
— Espera! Orfanato? Por que tô num orfanato? Aconteceu alguma coisa com meus pais? — Esquecendo-me dos bons modos, acabei cortando a senhorita Elmor. Ao mesmo tempo, eu estava confusa, realmente alterada com o choque de informações que tinha acabado de receber.
"— Como assim, orfanato?" — pensei nervosamente.
— Bem, minha querida, achamos você desacordada à margem do lago que fica aqui perto, daí decidimos te trazer pra cá — respondeu Margaret Elmor educadamente.
— Muito obrigada... Mas eu não sou órfã! — emendei rápido.
— Oh claro! Nesse caso, nós telefonamos para os seus pais e eles vêm te buscar aqui, tudo bem? — disse Margaret.
— Ah sim, por favor! — falei agitada.
— A propósito, qual o seu nome? — perguntou ela.
— Meu nome é Helena Cortez. — Fiz uma pausa. — E meus pais se chamam Pedro e Rafaela Cortez. — Acabei dizendo o nome dos meus pais para já ir adiantando o "serviço" da senhorita Elmor.
— E... Desculpa lhe perguntar, mas como você foi parar perto daqui? No lago? — perguntou Margaret um pouco desconcertada.
Quando eu estava prestes a responder, eis que ouvimos batidas na porta. Notei as quatro meninas trocarem um olhar cúmplice.
— Oh! Tenho que atender a porta. Meninas, fiquem aqui e façam companhia à Helena, certo? — disse a senhorita Elmor.
Enquanto Margaret saía, Jennifer tentava puxar assunto comigo:
— Então, quantos anos você tem, Helena?
Percebendo a simpatia e a educação dela, decidi não ser indelicada. Mesmo nervosa com toda a situação, tratei de conversar:
— Tenho treze anos.
— É próxima da nossa idade, a gente tem catorze — afirmou ela olhando para as outras garotas. — A propósito, estas aqui são Laura — Referiu-se à loira —, Ann — Apontou para a morena — e Lotte. — Indicou para a ruiva.
— Seja bem-vinda, Helena, embora nós quatro aqui estejamos já saindo daqui do orfanato: a gente vai ser adotada — disse Lotte radiante.
— Ah minha nossa! Cheguei num bom dia, eu acho... — Apesar de tudo aquilo ocorrendo, fiquei um pouco feliz por aquelas meninas que mal conhecia.
E como se um pensamento chegasse de encontro à minha cabeça, eu disse:
— Esperem aí! É por isso que vocês estão com essas carinhas de felicidade? Quem bateu à porta é a pessoa que vai adotar vocês, não?
— Não exatamente — respondeu Laura. — Parece ser a empregada do nosso futuro pai que vem nos pegar aqui.
— E falando no nosso futuro pai, por sinal, se trata de um cara ricaço e que mora numa mansão! — disse Ann já dando pulinhos de alegria.
Abri um sorrisinho discreto para elas. Nesse ínterim, reparei em algo que me deixou intrigada: o vestuário das quatro garotas era um tanto fora de época, elas pareciam até uns personagens de filme antigo. Jennifer, Laura e Ann usavam uma espécie de saia ou vestido, extremamente longos. Já Lotte preferia vestir roupas mais largas e confortáveis – isso, aliado ao seu curto cabelo, poderia fazer com que alguém de longe a confundisse com um garoto... Não sou a pessoa mais entendida de moda ou algo do gênero, mas que esse jeito de vestir delas me deixou com a pulga atrás da orelha, ah, deixou sim! Meus pensamentos foram cortados quando a senhorita Elmor entrou no quarto e anunciou:
— Jennifer, Laura, Ann, Lotte, a senhorita Mary chegou.
As quatro garotas sorriram e saíram do quarto.
— Helena — disse Margaret para mim —, caso esteja sentindo bem, pode nos acompanhar até a sala, tudo bem?
Acenei com a cabeça. Como não estava me sentindo mal e nem nada, decidi me levantar e acompanhá-las. Quando chego à sala, percebi as malas (que julguei pertencerem às meninas) feitas e uma mulher loira e muito bem vestida falar com a voz mansa:
— É um prazer rever meninas tão lindas como vocês... — Quando ela me viu, fez uma pausa. — E quem seria você?
Quando eu estava prestes a me pronunciar, a senhorita Elmor me cortou:
— Esta é Helena. Uma menina que a gente encontrou desacordada aqui perto. Estamos "caçando" os pais dela...
A moça de nome Mary pareceu me encarar como se estivesse me analisando. De repente, ela falou:
— Senhorita Elmor, posso conversar a sós contigo no seu escritório?
— Claro, senhorita Mary! — respondeu Margaret.
Elas se dirigiram até onde julguei ser o tal escritório. As meninas, eufóricas, ficam conversando, entre elas, sobre os planos que fariam no novo lar, ao passo que permaneci quieta. Após um bom tempo, surgiram novamente as senhoritas Elmor e Mary.
— Helena — disse Margaret olhando para mim —, a senhorita Mary entrou em contato com o senhor Simon Barrows, que é agora o pai adotivo das garotas aqui. Ele tem uma proposta para você: ele quer te adotar também! — concluiu dando um sorriso.
— Me adotar? Mas como? Eu tenho família já! Eu disse que não era órfã! — rebati sem muita educação, mas parece que Margaret nem ligou.
— Sim, eu ainda vou entrar em contato com seus pais e, se necessário, até com a polícia. Mas, ao menos ele quer que você passe uns dias na mansão dele com as meninas... É para fazer um teste, entende? — continuou a senhorita Elmor.
— Vai Helena! Aceita ficar com a gente um pouco... Nós pouco nos conhecemos! — disse Jennifer tentando me incentivar.
— Vai Helena! — prosseguiu Laura.
— Fica mais um pouco com a gente! — insistiu Ann.
— A gente pode se divertir juntas! — falou Lotte.
Ainda fiquei dividida entre permanecer no orfanato e ir até que Mary se manifestou:
— Façamos o seguinte, meu anjo. você fica por uma semana conosco na mansão do senhor Barrows. Se até lá, a senhorita Elmor não conseguir encontrar sua família, você volta para o orfanato. Quem sabe o senhor Barrows não entra com seu pedido de adoção, hein?
Essa última possibilidade de não achar meus pais me fez gelar. Com os incentivos das meninas e como se tratava apenas de passar, no máximo, uma semana na casa do senhor Barrows, eu estava quase aceitando a proposta, mesmo porque já estava em um lugar desconhecido mesmo.
— Além disso — continuou Mary —, a senhorita Elmor disse que te achou sem nada, sem nenhum pertence. O senhor Simon Barrows teria muito mais condições de dar essas coisas que você agora não tem, como itens para higiene pessoal, não é mesmo?
Fiquei ainda pensativa até que Margaret se pronunciou:
— Helena, vou ter que ser franca com você e também com as outras meninas. A adoção de Jennifer, Laura, Ann e Lotte veio numa hora propícia, pois o orfanato de Granite está passando por uma crise grave. Falta investimento para nós e meu emprego aqui está ameaçado. Logo, se você quiser, por acaso, permanecer aqui comigo, há uma possibilidade muito, mas muito grande mesmo, de você ter que ser removida daqui para outro orfanato... Sabe-se lá se será um lugar mais distante... Mais afastado até mesmo dos seus pais, se é que eles ainda vivos...
O desespero me bateu. Não sei se por conta de ir para um lugar desconhecido mais ainda ou essa última frase da senhorita Elmor em relação aos meus pais. Eu tinha certeza que eles estavam vivos!
— Outra coisa — continuou —, foi como a senhorita Mary falou: vai ser apenas uma experiência de uma semana. Quem sabe até lá eu não consiga brigar pelo espaço aqui e até te ajudo a encontrar os seus pais, não? Mas também preciso de concentração e tempo para pensar e, com todas vocês em boas mãos, eu ficaria um pouco mais tranquila.
Eu estava num beco sem saída e, acho que sob pressão, aceitei então a proposta que me foi feita. Percebi um sorriso de satisfação vindo da senhorita Mary, mas não dei muita bola. Nem preciso dizer que as garotas comemoraram horrores. Assim. Jennifer, Laura, Ann e Lotte foram adotadas levando eu como uma "irmã provisória".
O que aconteceria conosco nessa mansão? Até aquele momento, não saberia lhes dizer...
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Notas do autor: Bem, Helena já caiu no mundo dos games e o jogo que ela vai lidar é Clock Tower: the first fear, jogo de 1995 para Super Nintendo (SNES) e do gênero Survival Horror. As personagens inseridas na capa deste capítulo são a protagonista do jogo - a Jennifer - e outras do elenco principal, como as amigas da Jennifer (Laura, Ann e Lotte) e a senhorita Mary.
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