Voltando para ao castelo de Elizabeth
"Despedidas nunca serão fáceis de se lidar, mas é preciso para que possamos seguir em frente e ter novas experiências". — Jessica Oliveira.
Assim que já estava parada em frente a porta da biblioteca real, abri a porta sem nem bater antes, já que não tinha me restado nem um pingo de gentileza ou educação. E por sorte ou ironia do destino, o mesmo se encontrava sentado numa cadeira e parecia que estava imerso na história de um livro que estava lendo.
Do tipo que nem percebeu à minha presença neste cômodo, pelo menos era a única explicação que passou na minha cabeça. Sei que isso soou um pouco arrogante de minha parte, mas estava muito irritada para repensar sobre estas atitudes.
Então dei alguns passos até me aproximar de uma prateleira de livros, que parecia ser feita de uma madeira nobre e que estava encostada na parede do lado esquerdo da biblioteca. Peguei o maior livro e andei em direção da mesa próxima ao Conselheiro Peter, sem pensar em duas vezes, simplesmente o joguei sob aquele móvel com toda a força que ainda me restava.
Com isso, Peter se assustou e com esta sua reação, fez que o livro que estava segurando caísse no chão:
— Mas que impertinência, como ousas entrar nesta biblioteca e me assustares desta forma, senhorita!? — Disse ainda se recompondo do susto que acabara de levar.
— Oh, me desculpe por atrapalhar a sua hora sagrada de leitura. — Falei com um tom de sarcasmo.
— Não brinque com a sua sorte, já que és a favorita do Rei Carl. Ele podes ter um coração bom, mas não posso dizer o mesmo sobre o meu. — Disse me fuzilando pelos olhos.
— E acha que isso pode me assustar? Ah, me poupe. — O respondi tentando transparecer que o que ele acabou de dizer não me assustou nenhum pouco.
— Meu dia foi deveras difícil, então podes dizer o que tanto queres e se retire da minha frente, não estou com paciência para lidar com mais ninguém hoje. — Disse soltando um suspiro enquanto se agachava para pegar o livro que tinha caído no chão.
— Deu para perceber quando você saiu da outra biblioteca sem olhar para trás. Vou direto ao ponto, porque também não estou afim de passar nem mais um minuto no mesmo ambiente que você. — Falei enquanto me segurava para não jogar este livro que estava sob à mesa na cabeça do mesmo.
— Mas que insolente, tu sabes que posso muito bem chamar os guardas para te levar de volta para o calabouço? — Esbravejou enquanto me encarava.
— Se acha que isso, irá me amedrontar? Pode ter certeza que está enganado. — Falei o fuzilando com os olhos.
— Digas logo o que tanto queres, não estou com tempo e nem com paciência para lidar com crianças. — Disse com um tom de sarcasmo.
— Ok! Então, gostaria de saber se foi você mesmo que contou para o Rei sobre a minha presença no Reino? Quer dizer, como descobriu sobre mim? — Perguntei enquanto tentava controlar as minhas emoções e buscar ser a mais racional possível.
— Sério que queres saber sobre algo que aconteceu há muito tempo? Francamente... — Perguntou soltando uma risada de deboche no final.
— Me responda antes que eu seja obrigada a jogar este livro na sua cabeça. — Falei perdendo a paciência.
— O que será que fiz na vida passada para merecer isso!? Pois bem, foram um dos meus guardas reais de confiança, John, me contou alguns dias antes de você parar naquele calabouço. Satisfeita? Agora podes se retirar desta biblioteca e me deixar em paz. — Falou enquanto revirava os olhos.
Confesso que fiquei espantada quando o ouvi dizer que foi aquele guarda e nunca pensei que ele iria fazer isso comigo, apesar de quê, quando ele me viu ao lado da Duquesa naquele dia, deu para perceber de que ele não foi muito com a minha cara. Ao contrário do outro, que no começo parecia que iria me pegar a força para levar até ao calabouço, mas não fez isso porque a Elizabeth não deixou.
E para mim, quem iria fazer este tipo de coisa seria o Phillippe já que estava louco para me prender e o outro, nunca que iria desconfiar do outro. Mas enfim, assim que voltei dos meus pensamentos, fiquei encarando o Conselheiro que aparentava está se irritando com o silêncio que se formou diante de nós após esta revelação que acabara de me contar.
Mas quando finalmente estava pronta para respondê-lo de uma forma que ele merecia, ouço o barulho da porta que estava atrás de mim se abrir e então me virei imediatamente por conta do susto que levei. Vi que era a Helena, uma das criadas do castelo, que aparentava estar muito ofegante como se tivesse corrido uma maratona até chegar aqui na biblioteca:
— Me... me desculpem por interromper as vossas conversas, mas a Majestade queres a presença de todos do castelo para ao grande salão. — Disse Helena enquanto tentava recuperar o fôlego.
— Isso és muito estranho! O que ele quer falar conosco? — Perguntou Peter que franziu a sua testa assim que ouviu o que a criada tinha dito.
— Também gostaria de saber, senhor! Mas ele não quis nos dizer nada, só nos ordenou que chamássemos todos até ao grande salão. Por favor me acompanhem, não queremos fazê-lo esperar e acabar irritando-o. — Disse Helena um pouco apreensiva.
Com isso, o Conselheiro Peter apenas deixou o seu livro em cima da cadeira onde se encontrava sentado antes, começou a andar em direção até a porta e eu fiz o mesmo, ignorando a nossa pequena discussão que tivemos um pouco antes da Helena entrar. Confesso que por alguns segundos tive uma vontade imensa de voar no pescoço dele, mas a raiva se deu o lugar para a curiosidade que começou a invadir a minha mente, pois, fiquei me perguntando o que será que o Rei Carl quer tanto falar conosco.
Alguns minutos depois...
Assim que saímos da biblioteca, passamos pelos corredores do castelo até chegarmos ao grande salão que a Helena tinha nos mencionado e realmente, todo mundo até mesmo os que cuidavam dos jardins se faziam presentes. Sei que isso pareceu que estava os desmerecendo, mas é que achei estranho ver todo mundo aqui e agora a minha curiosidade aumentou mais ainda.
“O que será que aconteceu, para que ele tenha nos pedido para nos reunirmos neste lugar? Será que ele recebeu alguma ameaça de outro Reino e quer nos comunicar de que entraremos em guerra contra eles?”, estas perguntas não paravam de martelar na minha cabeça.
Ok, sei que isso possa parecer um exagero de minha parte e que o Rei só queira nos dizer outra coisa que está longe de ser isso. Mas todos estes anos que passei na escola e das poucas vezes que prestava atenção nas aulas de história, eu sabia que na Idade Média, os grandes Reinos adoravam travar uma guerra por qualquer motivo. Talvez esteja errada, já que nunca dei atenção sobre as aulas mesmo.
Acabei me despertando de meus pensamentos, quando ouço alguém chamar pelo meu nome:
— Senhorita Isabelle, senhorita Isabelle! — Helena me chamava insistentemente.
— O que foi? — Perguntei enquanto tentava voltar para o mundo real.
— A Majestade irá se pronunciar agora, por favor não demonstres que não estás prestando atenção nas palavras que sairão dos lábios dele, porque o mesmo detesta que façamos isso. — Me avisava com um semblante de quem estava muito preocupada.
— Me desculpe, farei o possível para prestar atenção no que ele for nos falar. — Falei um pouco sem graça.
Pouco tempo depois, enquanto todos que se faziam presentes no salão e aparentavam estar cansados de esperar pela chegada do Rei. Tiveram alguns que estavam perdendo a paciência e diziam que iriam questionar por esta demora. Já outros, diziam que estavam curiosos para saber sobre este tal comunicado.
Confesso que estava pensando em sair dali, já que provavelmente o assunto deve ser muito séria para uma forasteira como eu, não deveria saber. Então quando estava dando alguns passos para trás em direção no mesmo corredor que tinha vindo, percebo que alguns começaram a se curvar para mim, bom, era o que estava aparecendo por alguns segundos até que:
— Podem se levantar, por favor! — Ouço uma voz grave que estava vindo diretamente atrás de mim.
Após ouvir isso, me virei em direção de onde saiu aquela voz e foi quando pude ter a certeza que eles não tinham se curvado para mim, mas sim, para o Rei Carl. Mas era óbvio que era para ele, não sei porquê cheguei a pensar por um segundo que seria para mim e eu o olhei fazendo o possível para disfarçar a cena que tinha acabado de criar na minha mente:
— Oi, Majestade! Estava aqui à quanto tempo? — Perguntei um pouco sem jeito.
— Cheguei agora mesmo, senhorita Isabelle! Por favor, podes dá-me licença? — Perguntou com um leve sorriso em seu rosto.
— Me desculpe por estar atrapalhando o seu caminho, senhor. — Falei enquanto dava alguns passos para dar passagem a ele.
— Obrigado! — Disse e com isso andou até chegar ao centro do grande salão.
Assim que parou de andar, ficou por alguns instantes parado sem dizer uma única palavra até que o Conselheiro Peter tossiu na tentativa de chamar atenção de todos e principalmente do Rei:
— Me desculpe, senhor! Mas o que gostaria de nos anunciar? — Perguntou e podia ver claramente a impaciência estampada em seu rosto.
— Eu já iria falar agora, mas fez o favor de me atrapalhar. — Respondeu um pouco irritado.
— Me desculpe, não foi a minha intenção. — Disse e finalizou soltando um suspiro.
O Rei pareceu ignorá-lo, pois, nem ao menos olhou para ele:
— Bom, gostaria de comunicá-los que a nossa convidada Isabelle González irá embora hoje à noite, pois, voltarás a morar com a Duquesa Elizabeth que ensinará a ter bons modos e... — Disse e acabou sendo interrompido pelo Conselheiro.
— Era só isso? Se eu soubesses que era este tipo de anúncio, nem teria comparecido aqui. — Disse enquanto revirava os olhos.
— Silêncio!!! Agora voltem aos seus afazeres. — Ordenou e logo em seguida se retirou do grande salão.
Algumas horas se passaram...
Já estava começando a anoitecer e até agora estou sem acreditar que voltarei ao castelo de Elizabeth, fiquei pensando se fui uma péssima hóspede aqui ou pelo simples fato de que não sei me portar diante de uma mesa de jantar. Mas enfim, o que importa agora é que verei ela novamente e farei o possível para ser uma ótima aluna.
Desde o comunicado do Rei Carl naquele salão enorme, Peter e eu não nos falamos mais e até acabei esquecendo um pouco do nosso pequeno desentendimento, já que a minha mente acabou sendo ocupada com isso agora. Bom, passei o resto do dia arrumando as minhas coisas com a ajuda da criada Helena e por sorte não eram muitas coisas já que sendo que uma boa parte foram alguns presentes que o Rei tinha me dado e todos couberam em duas bagagens.
Enfim, já me encontrava pronta lá no quarto só esperando que alguém aparecesse dizendo que chegou alguém para buscar-me e por incrível que pareça, não demorou muito para que isso realmente acontecesse. Pois, ouvi algumas batidas vindas do outro lado da porta e então andei em direção a mesma, a abri:
— Já chegaram? — Perguntei já indo direto ao assunto para a Helena.
— Sim, senhora! Mas antes que vá, a Majestade quer despedir-se da senhorita. — Disse enquanto se dirigia na direção das minhas duas bagagens.
— Tudo bem, Helena, sentirei muita falta de você e não estou dizendo por gentileza, mas sim porque você foi uma grande amiga para mim em todo este tempo que passei por aqui. Posso te dá um abraço? — Perguntei torcendo que ela não me achasse estranha mais do que já achava.
— O quê? Mas a senhorita tem certeza que queres me abraçar mesmo? És que nenhum hóspede já ousou abraçar alguma criada. — Disse toda envergonhada e mal conseguia olhar para mim.
— Deixe disso, vem cá! — Falei e logo em seguida eu a abracei fortemente e, isso a deixou paralisada.
— Senhorita, não podemos deixar a Vossa Majestade nos esperando. — Disse enquanto tentava desfazer do abraço.
— Já entendi isso, então vamos? — Falei enquanto pegava uma das minhas bagagens e ela fez o mesmo logo após.
Depois deste pequeno momento fofo que a Helena fez questão de estragar, saímos do quarto e andamos em direção às escadas que davam acesso ao salão principal do castelo. Assim que descemos todos os degraus, andamos mais um pouco até encontrarmos com o Rei que estava nos esperando no salão principal próximo da porta que seria onde que iria passar e entrar em uma carruagem.
Enfim, após ter me aproximado do Rei fiz uma reverência e o mesmo me puxou para um abraço, confesso que fiquei sem reação, pois, não estava esperando isso, principalmente dele:
— Quero que se cuides lá e se comporte, faça tudo que a Duquesa disser-lhe, pode fazer isso para mim? — Perguntou assim que desfez o abraço.
— Juro que irei tentar senhor e espero que siga as minhas instruções para que possa melhorar o mais rápido possível. — Falei enquanto tentava conter as minhas lágrimas e acabei falhando no final.
— Eu farei o possível e não esqueças de mim. — Disse com uma voz embargada.
— Irei visitá-lo sempre... — Falei e acabei sendo interrompida por uma voz rouca.
— Desculpe-me estragar este momento lindo, mas acho que chegou a sua carruagem, senhorita Isabelle. — Falou o Conselheiro Peter que nem se esforçou para disfarçar a tamanha satisfação pela minha saída do castelo.
— Você sempre fazendo questão em ser um inconveniente, não é, Peter? — Falei enquanto o encarava com desdém.
— Só estou fazendo o meu trabalho. — Respondeu e logo em seguida abriu a porta para mim.
Com isso, andamos em direção à porta até ficar alguns passos para a carruagem que fui recebida com um sorriso gentil do homem que tinha me trago até aqui antes:
— Senhorita, por favor podes entrar! — Disse enquanto abria a porta da carruagem.
Assim que entrei, o mesmo fechou a porta e fez a reverência ao Rei Carl. Com isso, ele subiu na carruagem e bateu as rédeas para os cavalos que imediatamente saíram em disparada. Fiquei olhando para trás até os perder de vista e agora espero que ocorra tudo bem lá no castelo da Duquesa Elizabeth e de seus irmãos.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro