Tirando uma dúvida
“Nem sempre a verdade nos liberta, às vezes ela é o nosso maior arrependimento”. — Jessica Oliveira.
Rei Carl
Na manhã seguinte...
Já estava acordado, porém, não tinha saído de minha cama pelo motivo de que não estou me sentindo muito bem. Meu estômago estava doendo demais e parecia que iria vomitar sangue a qualquer momento. Mas não poderia passar o dia todo deitado, pois, tenho que cumprir as minhas obrigações como o Rei de Inglaterra.
Então, decidi tentar me levantar. Juntei todas as minhas forças e quando estava quase conseguindo sentar-me na cama, senti uma tontura muito forte que fez-me voltar a deitar no mesmo instante. Teve um momento que pude sentir o gosto do sangue na minha garganta, mas estava fazendo de tudo para não vomitar e acabar me sujando todo.
Com as poucas forças que ainda me restavam, virei-me para o meu lado direito e levantei rapidamente para pegar um copo de água na esperança do líquido vermelho que estava em minha garganta descesse com o mesmo. E de que alguma forma, isso me fizesse melhorar instantaneamente. Até pensei em tomar a poção que o Peter havia trago há algum tempo, mas achei que não fosse necessário.
Acabei sendo ingênuo novamente, assim que bebi os primeiros goles de água, comecei a engasgar-me e então, virei de lado rapidamente, pois, sabia o que iria acontecer. Acabei vomitando uma mistura do que tinha jantado ontem à noite e sangue em uma quantidade enorme. Senti a minha vida indo embora com este líquido nojento no chão de meu quarto.
Senti muita fraqueza em meu corpo, pensei por alguns segundos na possibilidade de que não iria aguentar mais. E aceitar o fato de que não iria estar vivo amanhã, mas sim de que fosse morrer hoje mesmo. Posso estar sendo exagerado ou dramático, mas não aguentava mais esta vida de sempre: passar mal e achar que não iria aguentar mais. Preferia a morte do que viver assim para sempre.
Após ter limpado a minha boca com as mãos, esperei acalmar-me e recuperar as minhas forças para que sejas o suficiente para chamar alguma criada a fim de limpar esse chão sujo de vômito. Fiquei refletindo sobre como seria a minha vida, se a minha adorável Rainha e o meu filho não estivessem mortos, aposto que eu não teria virado um bêbado e muito menos, teria ficado doente por causa disso.
Mas agora és tarde demais e tenho que arcar com as consequências, irei de ter que aceitar o fato de que os meus dias estão contados. Já que eu duvidava de que iria conseguir envelhecer com esta doença, que parece me matar a cada dia que passa. Mas não posso ficar me lamentando agora, então respirei fundo:
— Criadas venham aqui agora, seu Rei estás ordenando! — Gritava o mais alto que podia, mesmo achando que ninguém viria para atender-me.
Não demorou muito para que aparecesse alguém, pelo menos és o que achava já que tinha virado do lado esquerdo que era onde a porta se encontrava e podia jurar que tinha visto algumas sombras do outro lado da mesma. Então, ouço alguém bater rapidamente como se sua vida dependesse disso:
— Podes entrar seja lá quem for. — Falei enquanto tampava a boca, porque achava que iria vomitar mais uma vez.
Com isso, vi que era uma criada e se não me falha a memória, ela se chamava Helena e acho que a única que sei o nome mesmo, já que as outras eu sempre erro por achar que os nomes são parecidos. Ela aproximou-se de mim com um semblante de quem estava toda apreensiva, às vezes achava que tinha medo de mim:
— O que desejas, senhor? — Perguntou sem ao menos olhar diretamente aos meus olhos.
— Quero que limpe o chão do outro lado da minha cama, acabei sujando de vômito e desde já peço desculpas por estás a fazendo limpar esta sujeira mais uma vez. Peço-lhe discrição, não quero que ninguém saiba disso. Podes fazer isso para o seu Rei? — Fiz a mesma pergunta que sempre faço para ela, pois, era a única que deixava fazer isso já que me passava um pouco de confiança.
— Tudo bem, este és o meu trabalho. Como estás, senhor? — Perguntou com um semblante de quem estava levemente preocupada.
— Ainda estou me sentindo mal, mas não como estava na hora que aconteceu isso aqui que estás no chão, e agradeço pela sua preocupação. Limpe isso logo antes que alguém entre no quarto e veja isso. — Falei enquanto temia que realmente acontecesse isso.
— Sim senhor, irei buscar as coisas e já volto para limpar o mais rápido que puder. — Disse já se retirando de meu quarto.
Uma hora depois...
Ela tinha voltado e limpou com toda a paciência do mundo. Eu já não me encontrava mais no meu quarto, pois, me recusava a deixar os meus deveres como Rei de lado, só porque não estava muito bem de saúde. Mas antes de começar a cumprir todos eles hoje, tomei um banho. E usei uma roupa que continha as mesmas cores que tem nestas paredes do castelo, que eram azuis com alguns detalhes douradas.
Às vezes eu achava que só tinha roupas com estas cores, quase todos os dias usava isso e depois achei uma besteira de minha parte de ficar pensando nestas coisas, já que tinha mais o que fazer. E agora me encontrava tomando o café da manhã com Isabelle e o Peter que parecem ter acordado animados, principalmente ela que não parava de falar nem por um minuto.
Ficava dizendo que aprendeu várias coisas na cozinha com as criadas e que gostaria de me mostrar, até me fez um pedido para que experimentasse tudo que ela fosse fazer para mim. E eu fiquei sem saber no que responder, mas acabei dizendo que iria sim comer tudo e espero que ela seja boa na cozinha, porque não quero morrer por causa disso.
Enfim, após ter terminado o café da manhã, passei o dia todo cumprindo os meus deveres e depois de ter concluído, decidi ir até à biblioteca. Já que acabei lembrando de que teria que escrever uma carta para a Duquesa Elizabeth. E assim que entrei no cômodo, sentei na cadeira, peguei um papel, uma pena e um tinteiro.
Comecei a escrever e fiz de tudo para ser bem preciso ao meu pedido. Espero muito que ela aceite. Assim que terminei, chamei uma criada, pedi que levasse e entregasse para algum menino que és pago para entregar as cartas. Estava quase esquecendo, mas lembrei de dizer que era para entregar à Duquesa Elizabeth. Após ter a dito isso, a mesma saiu às pressas da biblioteca.
Pronto, agora tudo estás feito e o que me resta és de esperar pela resposta da mesma, já que não aguentava mais em ver a Isabelle comendo que nem uma esfomeada. Enfim, sinto que a Duquesa irás ensinar tudo que uma dama tem o dever de saberes para se comportar perante a nossa sociedade.
Isabelle
Nestes últimos dias, aprendi muitas coisas e uma delas é que tenho certeza de que a minha mãe iria sentir muito orgulho de mim por aprender a cozinhar. Pois, a coitada passou uma boa parte de sua vida tentando me ensinar, mas digamos que não dava muito certo já que sempre acabava queimando ou deixando muito salgada ou doce demais.
Cheguei até a contar para o Rei o que estava aprendendo na cozinha com as criadas e acho que irei fazer algumas coisas para ele comer. Espero que goste, já que quero mostrar isso para a Duquesa Elizabeth um dia. Faz muito tempo que não a vejo e acho que nem deve estar mais lembrada de mim, pois, não tivemos muito tempo de convívio.
Mas acho melhor não fazer nada para o Rei comer, porque tenho certo receio de fazer ele passar mal, já que não sou tão habilidosa na cozinha ainda. Então, resolvi desistir desta ideia, principalmente porque ele está em tratamento. E não é recomendável comer algumas coisas, o que tinha aprendido não dá para ele comer, pelo menos não por agora.
Enfim, passei uma boa parte do tempo na cozinha e às vezes andava pelo jardim que era enorme. Muitas vezes, pensava na possibilidade de me perder lá e era um dos meus lugares favoritos do castelo do Rei. Me trazia uma paz imensa e não via o tempo passar de jeito nenhum.
Quando estava prestes a anoitecer, o Rei me chamou para termos uma conversa a sós lá na biblioteca e é claro que atendi ao seu pedido, o acompanhei até entrarmos naquele cômodo. Assim que entramos, o mesmo me pediu para que fechasse a porta para não correr o risco de sermos interrompidos.
Confesso que estranhei um pouco de seu pedido, fiquei pensando o que será de tão importante para que ele não queira que todos saibam disso. Então, assim que nos sentamos ele ficou por alguns instantes me encarando. E isso estava me assustando, comecei a achar que ele iria me dá um sermão por ter feito alguma coisa errada ou algo do tipo.
Então, a Majestade respirou fundo, olhou para os lados como se tivesse procurando as palavras certas para começar esta conversa, bom, pelo menos foi o que me pareceu:
— Não sei em como te dizer isso, mas... Notei que você não sabe se portar diante de um almoço ou jantar com outras pessoas, tu comes de uma maneira esquisita e parece que passou dias sem se alimentar. Desculpe se isso estás constrangendo-te, mas não consegui encontrar outra forma de te dizer isso. E queria te comunicar que, mandei uma carta para a Duquesa Elizabeth e fiz um pedido para que a mesma tornar-se tua professora de bons modos, a fim de você aprender a se comportar perante a sociedade. Só estou esperando que ela me responda e quando isso acontecer, tu retornarás ao castelo dela. — Disse enquanto me olhava fixamente.
— Bom, não estava esperando por isso e me sinto envergonhada por não saber comer de uma forma elegante para vocês e, peço desculpas se os deixei constrangidos com a minha presença na mesa. — Falei tentando conter as minhas lágrimas.
— Não precisa se desculpar, és que não tinha como mais adiar essa conversa e também, tive que arranjar alguma solução para este pequeno problema. Acho que era só isso que eu queria te comunicar, podes voltar para os seus aposentos, Isabelle. — Disse soltando um suspiro no final.
— Sim, senhor! Foi bom passar por este tempo neste castelo contigo, quer dizer, tirando a parte do calabouço e daquelas torturas. — Falei tentando quebrar este clima tenso que tinha se criado entre nós.
— Tu és engraçada, vou sentir falta de ter a sua presença neste castelo, já que foi uma luz que iluminou este lugar que se tornou tão sombrio desde a morte de minha Rainha. — Disse com um sorriso em seu rosto.
— Também sentirei saudades do senhor, principalmente de nossas conversas e até sentirei falta do Conselheiro Peter, mesmo achando ele um ser estranho. — Falei enquanto levantava da cadeira.
— Ele não és estranho, só não és bem compreendido. — Disse soltando uma risada no final.
Com isso, o Rei Carl se levantou e andamos em direção à porta, assim que paramos em frente, o mesmo abriu e saímos rapidamente. Andamos em direções diferentes e fui até ao meu quarto, já que não estava com vontade de fazer mais nada, e acho que nem irei descer para jantar.
E sim, estou muito envergonhada e sem coragem de comer perto deles, nunca pensei que alguém iria me dizer que como que nem uma esfomeada. Quer dizer, quando era pequena acho que já vi a minha mãe brigando comigo por está comendo de uma forma errada. E que devia parar de me lambuzar na frente de outras pessoas.
Enfim, assim que já me encontrava em meu quarto — tinha fechado a porta na intenção de que ninguém fosse me incomodar — andei em direção à janela. Porque achava que se ficasse olhando a paisagem em volta do castelo iria me relaxar e esquecer por este momento que para mim, foi um tanto constrangedor.
Passei uma boa parte da noite fazendo isso e aquela paisagem me deixava mais fascinada a cada segundo. Sei que já devia está acostumada e nem ligar mais para isso. Só que para mim, aquilo tudo nunca iria perder a graça e também é uma terapia que acabei encontrando para mim, já que morria de saudades de casa. E aquela paisagem me acalmava de uma certa forma, me lembrava um pouco de lá.
Três dias se passaram...
Já fazia algum tempo que o Rei Carl tinha mandado a carta para a Duquesa Elizabeth e parece que até agora a mesma não tinha retornado. Então, cheguei a pensar que esta era a forma dela de dizer que não aceita em ser a minha professora. E que também não gostaria de me ver, pois, só a trouxe problemas e ter tirado a paz em seu castelo. Já que a sua irmã do meio parecia odiar a minha presença lá e com isso, elas não estavam se entendendo muito bem.
Bom, pelo menos era isso que tinha observado nos poucos dias que tinha passado naquele lugar. E não sei se seria realmente uma boa ideia voltar, já que não queria trazer mais problemas nas vidas deles. Mas estava com muita vontade de revê-la e também da pequena Melanie, estas duas eram as únicas que pareciam gostar de mim. Ao contrário daqueles gêmeos que pareciam planejar a minha morte constantemente.
Enfim, ainda era de manhã e estava tentando criar aquela coragem de sair do quarto. Já que mesmo ter passado alguns dias após aquela conversa constrangedora com o Rei Carl. Ainda não conseguia andar pelo castelo em paz, pois, achava que até o meu jeito de andar era errado para eles. E sei que isso possa parecer ridículo de minha parte, que eu deveria não ligar para estas coisas ou no que as pessoas pensam de mim, mas digamos que estes são uns dos meus piores defeitos.
Devia ter aprendido com os meus irmãos, eles sim sabem não ligar para o que dizem deles. Porque estão sempre fazendo coisas que para muitos são ridículas ou absurdas. E eles sempre me disseram que, se tal coisa te faz feliz, então, não tem o porquê esperar pela aprovação de outras pessoas. Pois, não adianta fazer algo que eles aprovam se não está te fazendo feliz de jeito nenhum.
Bom, realmente queria ser assim como eles só que o destino não quis isso para mim. E então, passei uma boa parte da minha vida tentando agradar a todos. Mesmo que isso não estivesse me fazendo feliz nem por um minuto e me odeio por isso.
Assim que voltei de meus pensamentos, respirei fundo e andei em direção à porta do quarto. O abri e saí no mesmo instante, o tranquei e passei pelo corredor que dava acesso às escadas. Assim que me aproximei dos degraus, desci uma por uma até chegar ao grande salão que para mim daria uma ótima sala de estar.
Andei até chegar à cozinha do castelo, resolvi tomar o meu café da manhã lá já que tinha certeza que as criadas não iriam me julgar pela forma que como ou de sentar à mesa. Enfim, assim que cheguei naquele cômodo, sentei na pequena cadeira de madeira que tinha naquela enorme cozinha. Que estava cheia de pessoas e comidas espalhadas para tudo que era canto. Às vezes me perguntava onde que ficava a geladeira neste lugar, pois, tinha certeza que estas comidas não duravam mais do que dois dias fora.
Mas depois recordei que não tinham inventado ainda e costumavam guardar em uma espécie de armazém mesmo. Porém, eu tinha certeza que acabava desperdiçando muitos alimentos e jogavam fora porque estavam estragados. Ou seja, impossível de serem consumidos até pelos porcos.
Assim que saí de meus pensamentos, senti alguém cutucar o meu ombro e isso me fez virar para trás pra saber quem era:
— Aqui estás uma sopa de legumes e um pedaço de pão, me desculpe por estar te oferecendo só isso. Mas és que sobrou apenas isso do café da manhã, já que a senhorita demorou a descer de seus aposentos. — Disse, Helena, um pouco sem graça.
— Não tem problema, aposto que deve está muito gostoso e na próxima vez, irei levantar mais cedo. — Falei com um sorriso em meu rosto.
Com isso, comecei a comer como se fosse a melhor coisa do mundo e para mim, meio que eram mesmo. Enquanto estava comendo, fiquei pensando e me perguntando como que o Rei Carl descobriu sobre a minha existência e de que estava neste Reino. Sei que devia ter pensado nessas coisas assim que fui parar no calabouço há mais de dois meses. Mas naquela época estava apavorada demais para ter este tipo de pensamento, já que temia sobre a minha vida.
Acho que mais tarde irei perguntar para o mesmo em como descobriu sobre mim. E não sei por que, mas tenho leves suspeitas com aqueles guardas reais que Elizabeth e eu encontramos na entrada do Reino naquele dia. Se não me engano, os nomes deles eram Phillippe e o outro, até hoje não descobri. Eles foram os únicos que me viram além da família da Duquesa, apesar de que também tinham aqueles homens lá na taverna.
Bom, só sei que deve ter sido alguém que tenha falado de mim para o Rei Carl. E espero que ele me conte quem foi, pois, duvido que a Majestade seja algum vidente ou algo do tipo.
Algumas horas depois...
Após ter passado uma boa parte do dia na cozinha e no jardim do castelo, resolvi entrar e procurar pelo Rei Carl. Espero que o mesmo não esteja ocupado com os seus afazeres e que tenha um tempinho para conversar comigo. Já que preciso muito saber como que ele soube da minha existência aqui no Reino.
Pensei em procurá-lo na biblioteca, já que ele costumava passar um bom tempo lá. E assim que me aproximei do mesmo, bati na porta na esperança de que alguém fosse me atender. Mas após alguns minutos, percebi que não aparecia ninguém e então, deduzi que o Rei não estava lá dentro.
Então, agora resolvi ir até ao salão do conselho que não ficava muito longe da biblioteca. Quando me aproximei da porta do salão, respirei fundo e bati na porta. Após algumas batidas, ouvi passos vindo em direção do outro lado e olhei para a maçaneta que começou a girar.
Torci muito para que fosse ele e pela minha surpresa, era a Vossa Majestade que me olhou no tanto assustado e levemente confuso:
— Me desculpe se estiver incomodando o senhor, mas preciso tirar uma dúvida... — Falei toda sem graça, porém, acabei sendo interrompida por ele que me olhava surpreso pela minha presença.
— Não precisas se desculpar, já estava terminando uma reunião com o Conselheiro Peter. Vou te pedir para que me espere por mais alguns minutos, prometo que assim que terminar tudo, irei tirar qualquer dúvida que tenhas, pode ser? — Disse soltando um suspiro no final.
— Pode ser, senhor. — Confirmei enquanto tentava controlar a vontade de fazer a tal pergunta.
Com isso, ele deu alguns passos para trás e fechou a porta, agora não me restou nada a fazer a não ser esperar por sei lá quanto tempo. Sei que ele disse que já estava terminando a reunião, mas vai saber quanto tempo irá durar. Enfim, resolvi encostar na parede ao lado da porta.
Após ter pensado em mil coisas nesse meio tempo, finalmente ouço alguns passos vindo do outro lado da porta. E então, presumi de que a reunião já deve ter acabado. Nunca fiquei tão feliz em toda a minha vida por causa de um término de uma reunião. Então, me afastei da parede e me posicionei de frente para a porta.
Quando abriu, vi o Conselheiro Peter saindo daquele salão com um semblante irritado em seu rosto, ele nem olhou para mim e só seguiu o seu caminho. Aposto que as coisas não saíram conforme o que tinha planejado, não teria como explicar esta reação do mesmo a não ser esta.
Confesso que fiquei curiosa para saber qual foi o assunto ou proposta que o Rei Carl não aprovou, para que ele tenha saído do salão daquele jeito. Mas enfim, depois pergunto para o Peter quando ele estiver mais calmo, já que a minha prioridade no momento era outro.
Após a saída do Peter, a Majestade me pediu para que entrasse e que fosse o mais breve possível. E foi isso que fiz, entrei e o mesmo trancou a porta, andamos em direção às duas cadeiras e depois nos sentamos rapidamente.
O encarei por alguns instantes, porque estava procurando as palavras certas para fazer a tão esperada pergunta que me deixou bastante perturbada durante o dia todo. Respirei fundo e resolvi perguntar o que vier em minha mente na hora:
— Senhor, sabe que estou aqui a mais de dois meses e sei que a pergunta que o farei, não tenha tanta importância assim. Já que foi algo que aconteceu há algum tempo, mas preciso tirar esta dúvida da minha cabeça de uma vez por todas. Como que o senhor soube da minha presença em seu Reino? O que quero dizer é que, quem lhe contou sobre mim, sendo que os únicos que sabiam eram a Duquesa Elizabeth, os irmãos dela e o dono de uma taverna? Ah e também daquele Lorde lá que não consigo me recordar do nome agora. — Perguntei já me arrependendo por achar que falei mais do que devia, tenho quase certeza de que esqueci de citar mais algumas pessoas.
— Por que não me perguntou assim que saiu de meus calabouços? — Perguntou sendo direto.
— Eu sei que possa soar estranho, mas esta pergunta só surgiu na minha mente hoje. — Respondi e pude sentir as minhas bochechas queimarem de tão sem graça que fiquei.
— Bom, respondendo a tua pergunta, foi o Conselheiro Peter que me falou, agora não me perguntes como que ele descobriu. E a única coisa que tinha me dito era que suspeitava de que você fosse uma espiã de um Reino que queres encontrar algum jeito para começar uma guerra conosco. Mas graças aos Deuses, ele estava errado sobre a senhorita no final das contas. — Disse soltando um suspiro no final.
— Tinha que ser ele, mas confesso que estava achando que tinha sido outra pessoa e não o Peter. — Falei revirando os olhos.
— Ele só estava cumprindo o papel de Conselheiro de que és sempre me manter informado sobre tudo do que aconteces no Reino e por favor, tente entendê-lo. — Pediu após notar a mudança do meu olhar, que antes estava confuso para quem estava planejando matar alguém.
— Sinto muito. Mas neste exato momento, não posso te prometer isso. — O respondi e levantei rapidamente em direção à porta sem ao menos olhar para trás.
Assim que abri a porta, saí com os passos pesados e largos em direção aos aposentos daquele cretino do Peter e podia sentir o sangue ferver dentro de mim:
— Aquele homem me paga, por culpa dele sofri por tudo aquilo lá no calabouço por dois meses — Falei baixinho, quase em um sussurro, para que só eu mesma pudesse ouvir.
Alguns instantes depois...
Finalmente cheguei ao quarto daquele idiota, mas antes de bater naquela porta, fiquei me perguntando o real motivo do por quê ele fez isso comigo. Não me engolia este papo de que ele estava apenas cumprindo o seu papel como Conselheiro do Rei. E agora tudo estava explicado, o porquê que ele sempre me tratava do jeito estranho.
Apesar de que em alguns momentos, me tratava como se fosse um cavalheiro e só fazia isso na frente de todo mundo. Porque quando estávamos a sós em alguma parte do castelo, ele fazia questão de me esnobar. E confesso que tentava ao máximo ignorá-lo, para que o mesmo não achasse que com isso, estaria me atingindo.
E assim que saí de meus pensamentos, bati na porta com toda delicadeza que existia lá dentro de mim. Ou seja, quase quebrei a porta de tanto bater e confesso que ficava imaginando o rostinho dele naquela madeira. Como se fosse uma forma de descontar um pouco da raiva imensa que estava sentindo. Até estranhei que não tinha vindo nenhum guarda para me tirar a força. E fiquei me questionando o porquê que esse idiota ainda não apareceu para me atender.
Cheguei até pensar na hipótese de ele não estar naquele quarto, então, desisti de bater na porta e fui procurá-lo em outro lugar. Não sei como, mas a minha intuição diz que ele deve está escondido na biblioteca do Rei. E será lá que irei agora, só sei que irei esmagá-lo como uma barata assim que o encontrar.
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