A emboscada
"Nunca estaremos verdadeiramente preparados para as emboscadas que a vida tenha nos preparado". — Isabelle González.
Enquanto não chegava no castelo de Elizabeth, confesso que não me lembrava que a carruagem balançava tanto assim ao ponto de me fazer querer botar tudo que tinha comido durante o dia, pra fora. E o pior que pude sentir o líquido quente subir na minha garganta, conseguia até sentir o gosto dele e aqui não tinha nem uma garrafa de água ou um remédio para tomar se caso acabasse vomitando.
Realmente não me dou muito bem com carruagens, espero chegar logo ao meu destino e sair deste lugar o mais rápido possível. Tentei me distrair e até abri a janela para entrar um pouco de ar, parece que estava começando a dar certo.
Durante um tempo que estive buscando me distrair com a paisagem, que estava surgindo no meu campo de visão, pude ter quase a certeza de que estávamos sendo seguidos por alguém ou por algum animal feroz. E depois acabei achando que era mais algum fruto da minha imaginação que costuma ser muito fértil desde que me entendo como pessoa, bom, pelo menos espero que seja isso mesmo.
Sei que está de noite e seguindo a lógica, não poderia está conseguindo enxergar nada lá fora. Mas eu posso jurar por tudo que é mais sagrado de quê vi alguém nos seguindo. E espero que seja algum animal feroz, porque segundo os meus anos que assistia programas sobre a vida animal, diziam que durante a noite alguns animais costumam sair para caçar.
Portanto que a caça não seja eu, está tudo certo para mim. E sei que estou exagerando, mas digamos que sou uma mulher da cidade e não tenho nenhuma experiência em andar de carruagem num lugar que não tenha vários prédios ao meu redor.
Enfim, resolvi não contar para o moço que está me conduzindo para o castelo de Elizabeth já que não queria deixá-lo assustado por causa disso. Apesar que acho que ele deve está acostumado e deve saber que os animais fazem isso durante a noite.
Agora vou tentar respirar fundo e esquecer um pouco da minha loucura de alguns segundos atrás, a única coisa boa que saiu disso tudo foi que o meu enjôo passou quase totalmente. Mas continuei olhando pela janela, já que estava muito assustada ainda.
Enquanto estava distraída com a paisagem, a carruagem parou do nada e então levantei em direção a janelinha que tinha atrás do homem que estava conduzindo os cavalos na direção certa para o castelo. Assim que me aproximei, o abri:
— Com licença, senhor! Mas gostaria de saber do por quê o senhor parou? Aconteceu alguma coisa? — Perguntei já imaginando mil coisas horríveis que possam ter acontecido.
— Na-Nada, não aconteceu nada, senhorita Isabelle! Por favor, voltes para o vosso lugar enquanto tento fazer os cavalos voltarem a andar. — Me respondeu, mas isso não me convenceu nenhum pouco.
Então, tive a brilhante ideia de abrir a porta da carruagem para saber no que estava acontecendo e a pouca iluminação que tinha no local que estava me permitindo enxergar alguma coisa lá na frente onde os cavalos estavam. Parecia que tinha um homem encapuzado e se não estou enganada, estava mancando e então, presumi que precisava de nossa ajuda.
Então, não pensei nem duas vezes antes de descer da carruagem, pois o meu lado médica acabou falando antes do que pudesse pensar se aquilo era um truque para que aquele homem pudesse nos fazer algum mal. Corri em direção do mesmo e nem dei ouvidos ao homem que me buscou do castelo do Rei Carl, dizendo para não me aproximar por achar ser perigoso para uma mulher resolver este tipo de coisa.
Assim que fiquei de frente para o homem encapuzado, respirei fundo para recuperar o fôlego já que correr com estes saltos altos é muito difícil e parece cansar mais rápido do que correr com tênis mesmo. Ok, agora vou focar no que interessa e não em coisas aleatórias como fiz agora a pouco:
— Oi, o senhor precisa de alguma ajuda? Está perdido? Notei pelo o seu jeito de andar que está mancando ou era apenas uma impressão minha? — Perguntei enquanto tentava adivinhar em como era a sua aparência, apesar que o capuz não me permitia isso.
— Mulher, para o teu próprio bem não se aproximas de mim. Estas coisas só os homens podes resolverem e a única coisa que estou pedindo para aquele senhor és que dê-me todo o ouro que trazeres consigo. — Me respondeu com um tom de ameaça e ele colocou a mão sob uma bainha onde estava guardado a tua espada.
— Ok, só queria poder ajudá-lo e... — Falei enquanto dava alguns passos para trás, até que acabei sendo interrompida pelo mesmo.
— A única forma que podes ajudar-me agora seria ficar caladinha lá dentro da vossa carruagem. — Disse e pude perceber que estava perdendo a paciência com toda esta situação.
Mas quando estava prestes a entrar, resolvi voltar a conversar com ele mas desta vez não iria me recuar por conta de suas ameaças e então, andei até me aproximar novamente:
— Olha aqui, senhor! Acho melhor cair fora antes que eu seja obrigada a gritar até que alguém apareça para nos salvar, ok? — Falei enquanto o encarava o máximo que podia para não transparecer que estava louca para sair correndo dali.
— Pobre mulher, olhe ao seu redor e veja que não tens ninguém por estas bandas além de nós. — Disse enquanto soltava risada.
— Então nos deixem em paz, por favor. — Falei enquanto procurava alguma pedra ou um pedaço de madeira para me defender.
— Só os deixarei em paz quando fizeres o que estou pedindo, e se eu fosse vocês faria isso agora antes que a minha paciência acabes. — Disse no tom de ameaça e até tirou a espada um pouco da bainha.
Quando estava prestes a dá-lo a resposta a altura para o mesmo, o homem que antes estava calado e que foi aquele que tinha me buscado do castelo do Rei. Resolveu se pronunciar sobre tudo que estava acontecendo conosco:
— Tomes estes dois sacos de moedas de ouro, és tudo que tenho e por favor, nos deixem em paz. — O suplicou, enquanto descia da carruagem.
Assim que o entregou, o homem encapuzado ficou dando alguns passos para trás ainda nos encarando como se quisesse que tanto eu e tanto o homem que estava ao meu lado permanecêssemos amedrontados pela sua presença. Confesso que nunca pensei que poderia passar por esta situação que foi num tanto embaraçosa e bizarra, sei que devia tê-lo ajudado e tudo mais como uma médica que sou, mas ele não permitiu e tenho que respeitar a tua vontade.
Depois disso, voltamos para a carruagem e o homem que ainda não sei o nome, bateu nas rédeas na intenção de fazer os cavalos andarem ou melhor dizendo, correrem já que estávamos muito assustados e temendo que aparecesse mais um louco para atrapalhar a nossa chegada ao castelo de Elizabeth.
Poucas horas depois...
Finalmente chegamos ao nosso destino e já estava descendo da carruagem com ajuda daquele homem, então aproveitei o momento para fazer a pergunta que estava passando na minha mente desde então:
— Com licença, senhor! Mas gostaria de saber como se chama? — Perguntei tentando ser mais educada possível, já que por aqui se ofendem com muita facilidade.
— Oh, me desculpes, senhorita Isabelle! Devia ter me apresentado antes, o meu nome é Custódio Alighieri e deves ter conhecido a minha filha, Verona, que és uma das criadas do castelo. — Me respondeu e finalizou com um sorriso no rosto quando falou sobre a sua filha.
— Nossa, que coincidência! A tua filha me ajudou bastante nos poucos dias que passei por aqui, enfim, quer que eu lhe ajude a descarregar as minhas bagagens que estão amarradas atrás desta carruagem? — Perguntei enquanto o encarava.
— Não, senhorita! Acho que ainda consigo fazer isso sozinho, mas obrigado por teres se oferecido em querer ajudar-me. — Disse com um sorriso em teus lábios e depois se dirigiu na direção de onde estavam as bagagens.
— O senhor tem certeza? — Perguntei ainda insistindo.
— Tenho sim, senhorita! Por favor entres, que a Duquesa deve estás esperando pela vossa presença. — Disse enquanto desamarrava as cordas que prendiam as malas na carruagem.
Com isso, apenas fiz o que o senhor Custódio tinha me pedido e entrei no castelo com um pouco de receio do que pode me esperar lá dentro, já que tinha quase certeza de que receberia olhares de reprovação pela minha volta. Sim, estou me referindo aos gêmeos Lucy e Edward que sempre fizeram questão de demonstrar que nunca concordaram com a decisão da tua irmã de me acolher em teu castelo.
Assim que comecei a olhar para cada um, acabei sendo surpreendida pelos abraços vindos de Elizabeth e da pequena Melanie, elas realmente aparentavam estar muito felizes pela minha volta:
— Não estou conseguindo respirar. — Falei com um pouco de dificuldade.
— Oh, peço desculpas por isso! Mas és que estávamos muito ansiosas pela vossa chegada, Isabelle. — Respondeu Elizabeth com aquele mesmo sorriso de sempre.
— Também peço-lhe desculpas, és que não consegui controlar isso porque parece que foi mais forte do que eu. — Disse Melanie enquanto batia as suas mãozinhas na intenção de demonstrar a tua alegria pela minha volta.
— Tudo bem, não precisam se desculpar. Só estava fazendo um pouco de drama e como vocês estão? Oi para vocês também, Lucy e Edward. — Falei enquanto os encarava.
— Oh, mil perdões! Fico feliz por teres voltado para cá e espero que tenha percorrido por todo este caminho tranquilamente. — Disse, Lucy, e depois me abraçou, mas pude sentir a falsidade através por tuas palavras.
— Oi, senhorita Isabelle! Me desculpe por não ter lhe recepcionado como devias, mas és que estou muito cansado e gostaria de deitares um pouco mais cedo hoje. Então, boa noite para todos e até amanhã de manhã! — Disse, Edward, e se direcionou até a escada que dava acesso aos quartos.
— Boa noite! — Todos disseram em uma perfeita sintonia.
Com isso, a Duquesa Elizabeth ordenou para que duas criadas levassem as bagagens até ao quarto que tinha ficado quando cheguei aqui na primeira vez. E depois disso, fomos até a sala de jantar que estava com uma mesa farta de comidas de todos os tipos e alguns nem sabia o que eram, mas estava ansiosa para experimentar cada um.
Após termos terminado de jantar, resolvi avisá-los de que iria me retirar porque estava muito cansada e que iria me deitar para recuperar as minhas forças. Sei que o normal é ir tomar um banho e escovar os dentes, mas pelo o que entendi nesta época não tinha muito costume de se banhar todos os dias e não existiam escovas de dentes ainda.
E a única forma que pensei em disfarçar o mau hálito era quê, teria que pegar algumas folhas de hortelã e os amassar bem, depois colocá-los sobre um copo com um pouco de água e depois misturá-los. Com isso, beber um pouco mas sem engolir e fazer um movimento para que fosse para todos os dentes e cuspir numa vasilha de madeira.
Bom, foi a única alternativa que encontrei e isso me deixava com um ótimo hálito por algum tempinho. Enfim, assim que entrei no quarto de hóspedes e parecia que estava tudo arrumado, até as minhas malas estavam vazias e os vestidos estão todos pendurados dentro de uma espécie de guarda-roupa.
E tinha um pijama no qual tinha usado naquela vez mesmo, o vesti e deitei na cama rapidamente. Virei para o lado e para o outro, mas não conseguia dormir de jeito nenhum já que estava pensando sobre tudo que tinha vivido tanto aqui e tanto lá no castelo do Rei Carl.
Agora que as coisas estavam realmente calmas, comecei a lembrar que deveria ter começado a investigar do motivo de ter parado no século XV e de como conseguirei voltar para o meu tempo. Só sei que não posso deixar que no final, não consiga sair daqui e não voltar para a minha família, pois, a minha vida todinha está em outro século.
A única coisa que tinha certeza era de quê, não sou totalmente humana porque não vejo outra explicação de ter parado nesta época a não ser que algum extraterrestre tenha me teletransportado até aqui. E duvido muito disso, apesar que não seria tão impossível disso acontecer mesmo e prefiro acreditar de que não sou humana do que pensar sobre esta segunda opção.
Após várias viradas na cama, acabei decidindo em levantar da cama e assim que fiz isso, andei na direção da janela para ficar olhando para a paisagem. E após ter feito isso, fiquei admirando em cada meio metro do jardim do castelo que era enorme e aposto que será um dos primeiros lugares que irei depois da minha primeira aula de etiqueta.
Enquanto estava com os meus pensamentos longe, acabei avistando alguma coisa se mexendo lá no jardim e com certeza não era algum animal. Pois, era muito alto para ser um e, andava ereto e aparentava que estava mancando, estava encapuzado, então presumi que era uma pessoa.
Com certeza não é algum jardineiro do castelo, olhei mais atentamente e vi que mesmo com uma certa dificuldade, esta pessoa andava rapidamente até a saída e estava indo embora com um saco enorme nas costas. Então aposto que era algum ladrão e amanhã irei notificar para a Duquesa, sei que deveria fazer isso neste exato momento mas tenho certeza de que ela deve está dormindo. E não queria acordá-la por conta disso por mais grave que seja.
Bom, agora vou tentar dormir mesmo achando isso um pouco difícil depois de ter presenciado tudo aquilo e espero que ela não brigue comigo por não ter contado no mesmo instante. Mas de qualquer maneira, irei preparar o meu psicológico para isso, se caso ela for brigar comigo por este motivo que é bem grave aliás.
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