Que os jogos comecem
- Você está me pedindo em namoro? - Han perguntava com uma expressão de extrema felicidade.
- Tô, por quê? Você não quer? Olha para a gente, a gente praticamente namora. Sinceramente, não me vejo ficando com mais ninguém. Nem quero. Nem quero que ninguém mais ache que sou só seu amigo, nem muito menos que você é solteiro. Não quero aberturas para pessoas como Leon. - Minho falava rapidamente sem pausas, mostrando extremo nervosismo.
- Ou Nancy...
- É. Eu sei. Justamente.
- Mas e nossa amizade? Você não acha que vai mudar as coisas? - Han perguntou enquanto virava de costas e fitava o chão.
- A única coisa que vai mudar é que eu posso dizer para todo mundo que eu sou seu. Para sempre. E não só como um bom amigo. Mas como tudo. Amigo, parceiro, namorado, futuro marido, isso tudo junto.
Os alunos assistiam extremamente quietos e sem reação, a atuação dos dois estava magnífica, o enredo era bom e, além disso, Minho era tão bom ator que fazia a metade da sala chorar com uma simples cena.
- Pera calma. Futuro marido? - Han disse fazendo os alunos rirem.
- E você não pretende casar comigo por acaso?
- Claro que eu adoraria passar minha vida com você. É que eu não pensei nem que um dia a gente ia namorar.
- Verdade. Comecemos do início. Felix, namora comigo. Vamos namorar, ficar juntos. Não esconder mais de ninguém isso que a gente está sentindo há tempos. Eu te amo tanto. Sou completamente apaixonado por você, Lix.
- Eu também. Eu te amo muito. Eu só tenho medo de te perder.
- Você nunca vai me perder. Nunca vou te deixar ir. E se um dia você decidir que só quer ser meu amigo, eu serei esse amigo. Mas se sente o mesmo que eu, seja meu namorado Felix.
(Love untold, Capítulo 19)
Han e Minho encerraram ali a peça, fazendo todos os aplaudirem de pé, incluindo o professor.
- Lee Minho, fiquei surpreso ao ver seu nome como escritor, mas fiquei mais surpreso ainda com a atuação de Han Jisung. Achei que tinha me dito que não tinha talento nenhum como ator e que por isso queria apenas escrever... - O professor dizia ao se aproximar dos dois.
- E realmente, professor, essa carreira eu deixo para que meu amigo aqui brilhe lindamente, eu prefiro os bastidores. - Han dizia sorrindo.
- Eu adorei, a forma como você desenvolveu a escrita pela ideia de Minho foi ótima, e a química dos dois estava exatamente no ponto!
- Eu tive um bom professor. - Han dizia, fazendo Minho quase se engasgar ao lembrar dos "ensaios".
- Não me deixe levar os créditos sozinho, meu amigo, se não fosse por você, eu não teria tido a ideia do enredo. - Jisung riu fraco, dando um tapinha no braço do amigo.
Enfim em casa, Han parecia ter tirado um peso enorme dos ombros, ele apenas se sentou no sofá e começou a respirar pesadamente. Minho se aproximou e começou a fazer massagem nos ombros dele, enquanto ouvia Jisung murmurar que aquilo era bom.
- E então, nem foi tão difícil assim, né?!
- Só se for para você, Lee Minho, eu quase tive um treco quando eu vi todo mundo prestando atenção em mim.
- Ah, mas você foi muito bem, foi aplaudido de pé. Acho que deveria investir no mundo da atuação.
- Deixo essa para você, ninguém atua como você.
- Está dizendo que eu sou o melhor ator?
- Talvez eu até seja melhor, mas prefiro deixar meus talentos guardados para os meus musicais dentro do banheiro.
Minho riu e sentou-se no sofá ao lado do amigo.
- Não vai trabalhar hoje?
- Eu troquei de folga com um amigo, eu precisava de descaso pós-trauma cinematográfico.
- Entendi. E eu vou tomar um banho, vou visitar a minha mãe.
- Vai visitar a sua mãe? Do nada?
- Bom, eu não ia fazer nada em casa, achei que você fosse trabalhar, então combinei de ver ela.
- Ok, manda um beijo para a senhora Lee.
- Pode deixar.
Minho entrou no banheiro e Han pôde ouvir o chuveiro sendo ligado. Ok, talvez ele tenha ficado um pouco triste já que estava imaginando que passaria o resto do dia com Minho. Os dois estavam mais ligados agora e Han até se sentia culpado de tal sentimento de vazio, porque ele de fato não deveria sentir isso. Eles literalmente se veem todos os dias, e são só amigos. Mas talvez, só talvez, Han estivesse com saudades dos momentos sozinhos em casa com Minho.
Desde o dia em que tomaram banho juntos, não rolou mais nada entre os dois. Por um lado, Han achou aquilo bom, já que significava que nada tinha mudado entre eles, mas por outro ele estava sentido saudades, não dava para mentir para si.
O mais novo sempre tinha seus contatinhos, mas sinceramente, comparar eles ao Minho estava se tornando até injusto. Ele não sentia o mesmo tesão que sentia quando estava com o amigo, talvez fosse a adrenalina da nova relação entre eles. Jisung não sabia explicar, mas sinceramente nem tinha pensado em sair com outros homens depois que deixaram aquela amizade um pouco colorida.
- Chega, preciso mudar isso. - Han dizia para si, levantando-se do sofá, indo em direção ao seu guarda-roupa.
Enquanto isso, Minho estava em baixo do chuveiro tentando fazer seus pensamentos irem embora. Desde que tinha tomado banho com Jisung e ficou perto dele daquele jeito, parecia que Jisung tinha instalado um triplex na sua cabeça.
Há alguns dias, uma garota a qual Minho já foi apaixonado tinha voltado a Seul para uma viagem e o convidou para sair. O garoto se arrumou e foi, estava super animado com o encontro. Mesmo que ele não fosse mais apaixonado por ela, eles sempre tiveram uma relação casual boa, então ele sabia o que significava aquele chamado.
Porém, após beberem um pouco, ambos dançavam juntos na pista quando, a todo momento, Minho só conseguia pensar se Han já tinha chegado do trabalho, se estava bem, se estava muito cansado, a garota percebeu que ele parecia distante, então Minho apenas tentou se fazer mais presente naquele momento.
Quando foram para o quarto e a garota o colocou na parede e beijou seus lábios, Minho pensou em Jisung quase como de imediato. As mãos de Han em sua nuca, a cintura gostosa de apertar, a respiração perto da sua, os gemidinhos, a forma como ele o olhava, os lábios dele...
- Porra... - Minho afastou a garota - Me desculpe, eu acho que não estou no clima.
- Eu percebi. Desde o início da noite você parece distraído, aconteceu alguma coisa? Geralmente quando a gente se encontra isso nunca acontece.
- É... Eu tenho um trabalho importante na faculdade se aproximando e esse trabalho me trouxe muitas mudanças.
- Estranho... Você nunca foi do tipo que se importava assim com trabalhos da faculdade, na verdade, você sempre jogava para o seu amigo fazer.
- Pois é, resolvi me envolver demais e percebi que fazer o trabalho junto com ele me fez aumentar o interesse pela parte do enredo, sabe?! - De certa forma ele dizia a verdade.
- Sei... Enfim, eu vou embora amanhã. Tem certeza que não quer ficar? Tentar fazer outras coisas? - Minho até pensou, será que deveria pelo menos deixar ela satisfeita? Mas de fato ele não podia fazer algo sem vontade nenhuma, e seria pior ainda fazer pensando em outra pessoa.
- Desculpa, não vai rolar. Nos vemos por aí.
Minho saiu do quarto e foi para casa, no caminho ele tentava entender o que estava acontecendo dentro de si. Pensava se não era gay, mas no caso ele gostava de ficar com garotas antes, será que a orientação sexual dele tinha mudado? Ele não conseguia entender.
Ao chegar em casa, viu que Jisung já dormia profundamente, ele se aproximou e beijou sua cabeça logo após lhe embrulhar direitinho.
Desde então, Minho vem tentando se concentrar em entender a própria sexualidade, porém, após encenar com Han a vontade que ele sente normalmente de beijar ele tinha aumentado cerca de cem por cento, se é que era possível aumentar. Enquanto fazia massagem nas suas costas, Minho se via olhando para cada detalhe do pescoço do amigo, sua boca formigava para passar ali.
Ao descobrir que Han ia passar o dia em casa, Minho teve que inventar um compromisso de última hora. Do jeito que ele estava ali, ele precisava se afastar de Jisung ou não saberia que barreiras poderia ultrapassar.
Enquanto tomava banho, ele tentava esfriar a cabeça e o corpo. Só de pensar em passar o dia sozinho com Jisung seu corpo esquentava e ele precisava fugir. Han também nunca mais tinha investido nele daquela forma, de amizade colorida, então possivelmente tinha passado, não iria acontecer mais, mas o corpo de Minho não queria entender aquilo tão bem como deveria.
Assim que saiu do banheiro, deu de cara com Jisung que o esperava para entrar no banheiro. Minho olhou para a roupa que ele carregava para entrar no banheiro e não pode deixar de perguntar.
- Vai a algum lugar?
- Vou dar uma saída, nem só de trabalho e estudo vive esse homem.
- V-vai encontrar alguém?
- Sim, um amigo...
- Amigo tipo amigo, ou amigo tipo... "Amigo". - Han o olhou boquiaberto.
- Amigo, tipo amigo. Está interessado no que eu vou fazer? Geralmente, você nunca pergunta aonde vou...
- Não, eu só queria puxar assunto...
- Entendi. Depois a gente se fala, agora estou um pouco apressado.
Han entrou no banheiro e Minho quase tacava a cabeça na parede. Com quem ele ia sair? Será que estava com esse amigo e por isso não tinha mais acontecido mais nada entre eles? Por que aquilo o irritava tanto?
Já Han estava puto do outro lado da porta, o que Minho queria com aquelas perguntas? Foi ele que disse que ia sair em um dia em que podia rolar algo, ou seja, obviamente ele não queria ficar sozinho com ele, e agora ele questionava com quem ele ia sair? O que aquilo queria dizer?
Han saiu do banheiro e percebeu que Minho já tinha saído. A raiva era grande, mas nem ele entendia por que estava tão chateado, apenas terminou de se arrumar e saiu.
Quando estava com o tal amigo, Han não conseguia tirar o questionário de Minho da cabeça, por que ele queria saber que tipo de amizade ele tinha com quem ele ia sair?
Enquanto pensava muito a respeito, Han se assustou ao ser beijado pelo outro homem.
- Te assustei, gatinho?
- Não... Foi mal, eu estava meio absorto e acabei nem notando você se aproximando.
- O que está tirando seu foco?
- Trabalho, ando trabalhando demais, sabe...
- Imagino, mas não se preocupe... Vou te ajudar a relaxar... - O outro homem disse, começando a beijar o pescoço de Han, só que tal frase fez a cabeça de Jisung viajar ao exato momento em que Minho o ajudou a relaxar.
- Porra... Desculpa, não vai rolar mesmo. A gente se vê outro dia. - Han pegou sua jaqueta e saiu totalmente envergonhado. Aquilo nunca tinha acontecido antes, e aquele cara obviamente estava louco para dar para ele, e ele não era do tipo de negar fogo e agora estava ali sem conseguir parar de pensar em bater punheta com o colega de quarto.
Minho chegou da casa da mãe e viu que Jisung ainda não estava em casa. Logo, a mente dele o levou a pensar que naquele momento Han poderia estar com o outro amigo fazendo sabe-se lá o que.
Altamente chateado, Minho foi tomar banho de novo para ver se esfriava a cabeça, mas nem a água mais gelada do mundo podia resolver aquele problema.
- Quer saber, Han Jisung, não vou deixar que só eu fique nessa situação, vamos ver se você aguenta isso.
Han chegou em casa totalmente desanimado com a noite que teve, porém, assim que entrou no quarto viu que Minho já tinha chegado e estava sem camisa digitando em seu notebook com os cabelos molhados jogados para trás, o seu polegar passava pelos seus lábios como se estivesse extremamente concentrado, Han podia morrer ali com o quão sexy aquela visão era.
- Chegou? Como foi com o seu amiguinho? - Minho sorriu irritante.
- Está com ciúme das minhas outras amizades?
- Não, afinal, você pode sair com seus outros amigos, mas no final eu sei que eu sou o melhor.
- O melhor?
- Seu melhor amigo, bobinho, no que está pensando? - Minho falava com um sorrisinho de lado que Jisung podia jurar que ele queria o matar de tesão.
- É... Vou tomar banho.
Han entrou no banheiro respirando fundo, o que tinha sido aquilo? Era assim que Minho queria brincar? Han sorria incrédulo.
- Então vai ser assim, Lee Minho? - Han se aproximou do espelho do banheiro enquanto falava consigo mesmo. - Então que os jogos comecem, vamos descobrir quem é o melhor ator entre nós.
Notas da autora:
Antecipando uma hora antes de segunda kkkkkkk.
Amo vocês.
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