20. 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐌 𝐄𝐒𝐂𝐀𝐏𝐄
FUGA DE TEMPESTADE
HAVIA PASSADO-SE UMA SEMANA desde o dia em que Celina passou na casa Bridgerton. Ficando até pouco antes do crepúsculo. Anthony fez questão de acompanhá-la até sua moradia, mas sem a utilização da carruagem. Usando como desculpa que uma caminhada os faria bem, embora o jovem visconde quisesse passar mais tempo ao lado da jovem de madeixas acastanhadas.
E após esses sete dias que se passaram de maneira rotineira, ainda com o visconde fazendo visitas para a Basset e lhe levando flores - algo que agradou muito a morena, já que o homem havia lembrado qual era a sua preferida. As magnólias.
Portanto o dia do baile anual dos Bridgerton estava próximo e as mulheres Gloriana encontrava-se na estrada, a caminho de Aubrey Hall. Era uma quinta de manhã e o objetivo de irem mais cedo, era para que as famílias tivessem um tempo para se conhecerem melhor e para comemorarem o recente casamento do duque - e agora - duquesa de Hastings de maneira mais privada e informal. Entretanto, essa desculpa que a viúva viscondessa havia dado parecia apenas enganar a jovem Basset, já que outras pessoas estavam envolvidas em um plano para a surpreender, pois o visconde planejava algo. Algo que poderia fazer somente na casa de verão de sua família. Algo que só poderia encontrar lá.
E naquele momento o homem, junto de sua família, estava em frente a grande residência, esperando a chegada de seus convidados. Sabiam que os primeiros a chegarem seriam os duques, pois Clavidor era mais próxima de Aubrey Hall do que a cidade londrina na qual viviam. E fora por isso que, assim que Simon chegou com Daphne, o visconde o levou para seu escritório - que anteriormente pertencia a seu pai -, para que eles pudessem conversar, e Anthony torcia para que o duque fosse compreensível e te desse o consentimento para o que tanto almejava.
- Não estou compreendendo, Anthony. - Simon se pronunciou, após escutar o pedido e argumentos do amigo. Ambos estavam sentados em poltronas que ficavam de frente para uma grande vidraça e os dois homens tinham em suas mãos taças que continham um líquido. Licor de morango para ser mais exato. - O homem que havia me dito que não queria nada com a minha irmã ou nenhuma outra mulher e que principalmente não queria estar envolvido com alguém de maneira amorosa, está pedindo o meu consentimento para casar-se com Celina?!
Agora, escutando o questionamento de Simon, Anthony percebeu que já não se reconhecia mais. Não parecia aquele homem que tanto era mencionado nas colunas de fofoca de Lady Whistledown, não era mais tachado como o Libertino com L maiúsculo e isso o deixou intrigado, porém também o deixou contente.
A realidade era que ele sabia o verdadeiro motivo de sua grande mudança e também estava ciente de seus sentimentos pela pessoa que o fez mudar tanto. Celina havia intrigado o homem na primeira vez em que se conheceram e cada vez mais que Anthony a conhecia, ele tinha mais alguma coisa para listar sobre a jovem.
Petulante;
Arisca;
Intrigante;
Encantadora;
Esperta;
Belíssima;
A mulher para minha vida;
Ele poderia passar dias citando as qualidade e sensações que a Besset mais nova o despertava, porém o duque de Hastings ainda estava ao seu lado e esperava uma resposta esclarecedora. Pois Simon já não conhecia mais o seu amigo de faculdade e muito menos estava compreendendo algumas atitudes de sua irmã. Parece que, afinal, aquela temporada veio a calhar para algumas pessoas.
- Não é mais sobre uma viscondessa perfeita, Simon. - Anthony olhava para além da vidraça enquanto proferia suas palavras para o homem ao seu lado e após mais um gole do líquido, ele prosseguiu. - Eu realmente a amo. - sua atenção voltou-se para o duque. - E é por respeito a nossa amizade que te peço permissão para casar-me com Celina.
- Não é a mim que você precisa pedir e sim a ela. É com Celiana que irá se casar, meu amigo. - enquanto o aconselhava, Simon levantou-se de seu lugar e se pôs de frente para o Bridgerton, pondo sua mão sobre o ombro direito do homem. - Mas tem a minha bênção e espero que a faça feliz, assim como você espera que eu faça sua irmã feliz.
-- ❊ --
A tarde não estava sendo tão animada quanto Violet achou que seria e muito menos estava sendo como havia programado. Pois chovia muito forte lá fora, assim impossibilitando que as atividades de lazer fossem feitas ao ar livre. Todos estavam espalhados pela sala de estar - tanto os Bridgerton quanto as Glorianas e os recém casados.
Daphne estava junto a Francesca, enquanto ambas tocavam um dueto no piano e Ayla as acompanhava com uma doce e melodiosa canção. Já as matriarcas das famílias - Violet e Olívia - observavam as interações de seus filhos.
Simon parecia bem entretido com a conversa que mantinha com Colin e Benedict, pareciam mencionar e avaliar sobre viagens e obras de artes, coisa que poucos sabiam, mas o duque apreciava muito ambos os tópicos de sua conversa. Por tanto, Eloise se mantinha do mesmo jeito que ficava quando estava em sua residência em londres, sentada em uma confortável poltrona, com um intrigante livro em mãos e uma caixa de chocolates em seu colo.
Vendo por esse lado até parecia que era um dia comum. Porém a única diferença que ninguém poderia deixar passar, era que as duas crianças Bridgerton estavam muito quietas. Deitadas de bruço no chão, com a cabeça apoiada nas mãos, enquanto observavam a madeira queimar na lareira. Celina não pode deixar de notar aquilo, e Gregory estavam bastante entediados.
- Não é comum eles ficarem assim, é? - a jovem basset, que estava sentada junto ao visconde em um dos sofás próximos a lareira, perguntou aos sussurros.
- Não... - o homem tirou a atenção das mão da mulher - essas que ele acariciava, desenhando círculos invisíveis e sem se importar com que a suas famílias vissem - e olhou para os seus irmãos mais novos, soltando um suspiro pesado em seguida, o que deixou a mulher ao seu lado intrigada. Anthony sabia muito bem o porquê deles estarem assim.
- Tive uma ideia. - Celina citou e endireitou sua postura, virando-se para as duas crianças, chamando a atenção de ambas, que logo se sentaram e a olharam. - Que tal brincarmos de caça ao tesouro? - sugeriu, assim, chamando a atenção de todos na sala. - Como quando éramos crianças... - mencionou, virando-se para os seu irmão que a respondeu com um sorriso nostálgico e com olhos castanhos radiantes.
- E como funcionaria?! - perguntou , levantando-se animadamente do chão, em seguida seu irmão a acompanhou e se pôs em frente ao casal sentado no sofá.
- Hm... - a jovem castanha murmurou, olhando ao redor e parando suas íris castanhas em Anthony. - Um objeto. - pediu, vasculhando o seu corpo em busca de algo pequeno e encontrou um relógio de bolso que pendia em seu Blazer. - Isto serve. - apontou e sem esperar uma resposta do homem ela o pegou.
Porém a jovem não percebeu o olhar que o visconde lançava para o objeto, entretanto a viúva viscondessa percebeu ao se aproximar para ver a interação da jovem com os seus filhos mais novos, portanto nada disse, sabia que o visconde poderia lidar com aquilo mais tarde e com toda certeza ele iria ter uma conversa com a Basset.
-- ❊ --
A brincadeira havia terminado a horas atrás e todos já haviam se recolhido após o jantar. Porém Celina ainda se mantinha acordada.
A chuva havia se tornado pior e os raios que caíam lá fora a estavam assustando. Poderia parecer tolice, mas desde que era pequena nunca gostou de tempestades e sempre perdia noites quando estava sozinha. Mas quando ela tinha a Simon e Sherlock as noites escuras e chuvosas pareciam ser repelidas por eles. Entretanto ela não poderia recorrer a eles, pois o Holmes não estava por perto e Simon estava fora de cogitação.
Sentada na espaçosa cama, encostada na cabeceira, com a cabeça apoiada nos joelhos, a Basset se encolhia ao máximo toda vez que ouvia um trovão ou raio partir no céu e iluminava todo o cômodo no qual estava. Porém, talvez celina pudesse recorrer ao colo daquela que foi arrancada de sua vida inteira, poderia bater na porta do outro corredor e pedi-lhe para que afagasse suas madeixas, acalmando-a até que dormisse, mas ela estava com receio de acordar a mulher e também a sua irmã que dividia o quarto com a sua progenitora.
Mas mesmo ressentida de incomodar a sua mãe, a jovem Basset levantou-se de sua cama e vestiu o robe de seda que pendia em uma cadeira de frente para a penteadeira. Caminhou em passos lentos até a porta para tão logo abrir devagar, esperando a qualquer momento o som tenebroso de um raio, querendo estar alerta para que não fosse pega de surpresa pelo barulho e se assustasse.
Andando silenciosamente pelos corredores, a jovem procurava pelo quarto ao qual haviam disponibilizado para que sua mãe e irmã repousassem. Entretanto, não quando estava prestes a virar o corredor, um alto som estrondoso fora ouvido vindo do lado de fora da mansão. Celina soltou um leve ruído assustada, porém logo o reprimiu tampando a própria boca com a mão e se recostou na parede mais próxima, para que recuperasse o fôlego que havia sido tomado de si.
- Celina? - ouviu a chamaram e quando virou levemente a cabeça para o lado, encontrou a voz de quem a chamava. Na porta do outro lado do corredor, Anthony encontrava-se apoiado com a mão na maçaneta da porta, com um olhar inchado, cabelo desgrenhado e um robe aberto sobre o corpo, este que dava visão para o seu tronco nu. - O que faz acordado a essa hora? - perguntou-lhe, assim que a jovem se desencostou da parede e ambos dessem um passo à frente.
- Não consigo dormir... - a jovem castanha conseguiu falar ao recuperar o fôlego que havia perdido pelo susto. - É só... A tempestade.
- Ela... te assusta? - o homem a questionou, aproximando-se mais da jovem assim que ela voltou a se recostar na parede.
- É bobo, eu sei...
- Não é bobo. - a interrompendo, o visconde pode a observar melhor. Celina estava com roupas inapropriadas para serem usadas fora de seu quarto, aquele tecido completamente translúcido acentua mais as suas curvas do que os comuns que ela usava no dia a dia. O homem não deixou de desejá-la cada vez mais. - Mas para onde estava indo?
- Para a minha mãe. - envergonhada pelo que estava assumindo, a Basset desviou sua atenção do rosto do visconde, acidentalmente o levando para o abdômen do homem à sua frente. O frio da chuva não parecia mais alcançá-la - Mas ela deve estar exausta da viagem. Acho melhor voltar para o quarto. - encabulada por estar olhando o corpo a sua frente de maneira fixa, a castanha deu dois passos para sair dali, porém não conseguiu esse feito, pois fora impedida.
- Você pode ficar. - segurando delicadamente o pulso da jovem, Anthony sugeriu. - Caso queira um refúgio da tempestade.
Celina o encarou por alguns segundos, logo desviando sua atenção para a porta ao lado dos dois - essa que ainda mantinha-se aberta -, para então encarar outra vez o corpo coberto pelo robe. Instantaneamente a noite do lago retornou a sua mente, as sensações que sentia por Anthony resolveram vir à tona ao mesmo momento e a lembrança daquele primeiro beijo... Ela sabia que a noite no quarto do visconde não seria apenas para um fuga de tempestade.
Primeiramente, obrigado pelos mais de 33k de views e os quase 3k de votos!
Essa pequena interação com as crianças foi... FOFA.
Uma noite no quarto do visconde? Apenas para repelir o medo da tempestade?
Vejo vocês no próximo capítulo... Talvez ele tenha muito a entregar.
Aviso: Bem, entrei em um consenso comigo mesma e decide que seria melhor definir um prazo para as atualizações. Então irei publicar um capítulo novo a cada mês, pois meu tempo disponível está encurtando. Eu tenho muitas coisas pra fazer além da escola e com o Enem mais próximo... Lá se foi meu tempo.
Vejo vocês dia seis do próximo mês!
-- ❊ --
@evel_ynjesus
2022
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro