06. 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐌𝐄𝐍𝐓𝐀𝐋 𝐂𝐎𝐍𝐅𝐔𝐒𝐈𝐎𝐍
CONFUSÃO SENTIMENTAL
FAZIA ANOS QUE SIMON HAVIA IDO morar com Lady Danbury, para concluir com seus objetivos de mostrar ao pai que não era nenhum débil mental. Mas essa escolha teve uma consequência, ele ficou longe de sua irmã, já que a mesma preferiu ficar ao lado do pai, nessa época Celina tinha apenas cinco anos enquanto seu irmão tinha sete.
Dois anos depois ele voltou, mostrou ao pai que não era o garoto frágil que ele dizia, mas o homem era tão conservador e apegado a suas crenças, que aquilo gerou medo no pequeno, fazendo com que ele falhasse em suas tentativas. Ele foi embora novamente e tentou levar sua irmã junto, mas falhara.
Dezesseis anos se passaram e a jovem cresceu sendo criada pelas ideias que seu pai tinha e sabia de como uma mulher daquela época devia se portar, por um tempo ela seguiu sendo guiada por essa crença até conhecer ele.
O ano era de 1809 e aquele não era seu primeiro ano em uma temporada, mas sim o terceiro e aquilo já estava enfurecendo o seu progenitor. Ele havia arranjado dois noivados para a jovem, aos quais ela conseguiu se livrar. Aquela era uma maneira de puni-lo por ter feito com que ela se distanciado do seu irmão e estava funcionando muito bem.
Mas naquele fim de tarde de primavera ela o conheceu.
Ela estava sentada em um balanço nos jardins que havia na lateral da casa de Clavidor, lendo de um livro que continha entre muitos outros da biblioteca, quando viu um homem robusto adentrar em sua casa, fazendo com que ela se questionasse de quem ele se tratava e o que queria ali. Fechou o seu livro, mas não sem antes marcar a página onde havia parado, calçou de suas sandálias e voltou para casa.
A jovem pensou que aquela visita desconhecida fosse para o seu pai, então foi em direção a sala de visitas, achando que os encontrariam ali, mas não estavam. Decidiu então ir em direção ao escritório, era provável que o assunto que o desconhecido havia vindo tratar fosse apenas negócios e a sala certa para isso era a sala particular do duque.
Assim, quando já estava no corredor do cômodo, acabou por encontrar sua governanta, a Sra. Colson. A jovem perguntou se o seu pai estava na sala e a mais velha confirmou, mas quando iria adentrar no recinto a mulher a impediu, justificando que seu pai não queria ser incomodado por hora.
A Basset decidiu respeitar o pedido do pai, mesmo que ainda estivesse curiosa sobre o robusto desconhecido em sua casa, mas continuou caminho contrário do escritório, para a sala de música. Ela ficou lá durante um tempo consideravelmente longo, praticando piano, assim não se deu conta do tempo passando.
- Bela música. - uma voz grossa e masculina a assustou, fazendo com que ela errasse a nota e virando-se para a pessoa desconhecida. - Desculpa, não queria assustar a senhorita.
- Tudo bem. - garantiu. - É que ninguém vem aqui além de mim, me pegou desprevenida. - justificou o seu susto. - Mas quem é o senhor?
- Ah, perdoe-me. Me chamo Sherlock Holmes, é um prazer conhecê-la, senhorita...? - ele se apresentou deixando as últimas palavras em aberto para que a jovem se apresentasse.
- Celina, e o prazer é meu. - apresentou-se, em seguida fechando a tampa do piano e se dirigindo até o homem, que se encontrava na entrada do cômodo. - O que tratava com o meu pai? - perguntou curiosa, mantendo uma postura ereta, com as mãos para trás das costas, como se quisesse demonstrar algo.
- Trabalho para o duque, coletando informações. - informou uma parte de seu trabalho, deixando a jovem ainda mais curiosa.
- Que tipo de informações? - ela deu um passo à frente se aproximando do homem, deixando-o coagido.
- Isso apenas o duque pode a informar. - ele fora novamente vago, dando as costas para a jovem e a deixando para trás.
Aquela não fora a única vez que eles se encontraram, eles ainda tinham muito o que conversar para se conhecerem melhor, pois ambos haviam deixado uma curiosidade florescer dentro de se, querendo saber quem a pessoa a sua frente era além de um informante de seu pai e a filha de seu patrão.
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"Esta autora muitas vezes considerou o coração o mais curioso dos instrumentos, por não dar atenção à razão, ou após sessões sociais. Qual possível explicação Srta. Bridgerton teria para receber a visita de um barão quando parece ter conquistado um duque? Será que há algo estranho aí, além do raciocínio dessa debutante.
O último baile ocorrido a alguns dias foi um tanto, interessante. Pelo o que esta autora ouviu é possível que no fim desta temporada um novo casal surja, mas o interessante é que eles não estão tão interessados nem envolvidos nessa temporada.
O visconde Bridgerton e a Srta. Basset não foram vistos durante o baile, e especulações concluem que eles estavam juntos em algum outro lugar.
Que fique claro, querido leitor, que se este comportamento bizarro estiver ocultando outro escândalo, eu com certeza vou descobrir. Não há nada como um piquenique ao ar livre para animar os ânimos e soltar a língua."
Celina estava em seu quarto, sentada em um divã enquanto tinha o panfleto de Lady Wilsondown em mãos.
Fazia quatro dias desde aquela noite do lago e os dois jovens não haviam se visto, estavam se evitando para não terem um momento de constrangimento e nem darem mais assunto para a Lady fofoqueira. Mas desde aquele quase beijo a jovem não parou de pensar no visconde, o que ocasionou ela pensar no Holmes. Eles já não se viam a mais de um mês e ela sentia falta dele, e das noites que passavam juntos, mas agora ela tinha aquela lembrança da noite no lago com o visconde, a jovem estava confusa consigo mesma.
Já o visconde, bem... Anthony, naquela mesma noite do lago, havia se encontrado com a musicista e tiveram mais de uma de suas noites juntos, mas algo no fundo da mente do visconde dizia que aquilo não era o certo, nem com a Rosso e muito menos com ele.
O que ambos se perguntavam era: O que é isto? Isso é tão diferente de tudo que já senti.
Dentre esses quatro dias, o homem descobriu o que aconteceu com sua irmã e de imediato fora romper o seu acordo com o Berbrooke, mas mesmo que a contragosto teve que aceitar com a continuidade do cortejo entre o duque e sua irmã.
Celina observava através da janela de seu quarto, essa que dava vista para a frente da casa, onde podia ver o pequeno jardim de entrada. Ela respira fundo, decidida a se levantar e enfrentar as coisas que estava ocorrendo, não era um momento que havia tido com o visconde que a manteria em casa, nem muito menos os olhares e colunas de fofoca. Então procurou por uma veste fresca, já que teria que acompanhar ao seu irmão no piquenique, onde ele se encontraria com o diamante para mais um cortejo de fachada.
A jovem optou por um vestido neutro, mesmo que fosse dia, ela escolheu um em tonalidade escura. De tecido roxo e em cetim, com uma renda de transparência escura e bordada por magnólias, mas desta vez em cor de rosa. Quando pronta desceu a escadaria em direção ao hall da casa, enquanto fechava as abotoaduras de suas luvas.
Simon já se encontrava no exterior da casa, esperando por sua irmã, o mesmo segurava uma cesta onde continha quitutes feitos pelos funcionários da cozinha para eles levarem ao piquenique, e apenas aquilo era o suficiente, já que ficariam junto aos Bridgertons em sua tenda. Celina não queria, mas precisava encarar o visconde e colocarem um ponto de esclarecimento na confusão daquela noite, mesmo que naquela manhã de domingo não fosse o momento exato para tal assunto, principalmente o local.
Os dois irmãos já estavam do lado de fora da casa, assim que o mais velho Basset estendeu o seu braço direito para sua irmã, ela aceitou de bom grado, logo seguindo caminho para o parque de gramados bem verdinhos, que por sorte não ficava tão distante da residência Hastings.
- Tem certeza que quer ir? - Simon perguntou receoso ao perceber que sua irmã não havia falado com ele desde que leu o panfleto de colunas de fofoca. - Podemos voltar e...
- Não, Simon. - a jovem o interrompeu. - Não tenho motivos para não ir, não será um boato que me manterá em casa. - ela o ofereceu um sorriso confiante, o que tranquilizou um pouco o mais velho.
O jovem apenas assentiu, ele não questionaria mais com sua irmã, vendo que nos últimos dias ela estava em um dilema interminável consigo mesma. Eles apenas seguiram caminhos para o grande espaço ao ar livre e com um gramado tão verdinho e bem cuidado. E assim que chegaram lá, procuraram pela família do diamante, logo os encontrando em uma espaçosa tenda onde tinha mesas de centros com doces, chás e outras gostosuras, com cadeiras, tapetes e almofadas devidamente colocadas sob a sombra do lugar.
Celina foi a primeira a avistar Daphne, que parecia conversar seriamente com o seu irmão mais velho, ambos estavam sentados nas confortáveis almofadas e quando a mais nova Bridgerton olhou para trás de seu irmão, viu os irmãos Basset se aproximarem e tão logo se despediu do visconde para se aproximar dos dois jovens que caminhavam em sua direção.
O visconde acompanhou os movimentos de sua irmã, logo vendo para onde ela estava indo e a quem ela se dirigia. Assim que viu a jovem Basset ele não soube como reagir, ela estava linda e isso era óbvio para ele, mas assim que viu o sorriso em seu rosto ao cumprimentar Daphne, não foi possível evitar as lembranças da noite no lago e aquilo o causou certo desconforto.
Como poderia me aproximar dela novamente depois do que fiz? - ele se perguntava.
O visconde ficou se martirizado durante esses quatro dias por ser tão precipitado em querer algo com a jovem, se esquecendo de que ela não era nada parecida com as mulheres que iam para cama com ele.
Já Celina se perguntava até onde eles teriam ido se ela tivesse o permitido prosseguir com o beijo, não que ele fosse fazer isso, nunca havia se deitado com mais alguém além do Holmes, mas e se...
Aquilo não vinha ao caso no momento e sim como os dois jovens reagiriam agora que estão um de frente para o outro depois de dias sem se dirigirem a palavra, pior ainda era que tinham que se portar de maneira que não dessem mais motivos para estarem nas colunas de Lady Wilsondown.
Assim que o diamante da temporada se aproximou dos irmãos Basset, Celina a cumprimentou e logo em seguida pegou a cesta que ainda estava com seu irmão e se direcionou para a tenda dos Bridgerton. Ela cumprimentou a todos, menos o filho mais velho, já que este se manteve afastado dela, ainda se mantendo onde estava junto da irmã a minutos atrás.
Mas eles não podiam fingir que nada estava acontecendo, eles eram jovens adultos, deviam agir como tal, por isso a mulher tomou a iniciativa de se aproximar. Ela caminhou até ele sem falar palavra alguma e ele apenas acompanhou cada passo da jovem, até ela se sentar onde antes estava Daphne, isso sem desviarem o olhar um do outro, o que fora impossível de se não fazer e o que também não passou despercebido pela progenitora do visconde.
- Bom dia, me lorde. - ela o cumprimentou, oferecendo um educado sorriso em seguida.
- Bom dia, Celina. - a correspondeu educadamente.
Ambos não pronunciaram se quer mais uma palavra, eles apenas observaram o olhar do outro, tentando adivinhar o que se passava atrás de suas írises, mas esta ação não durou muito, pois a mais nova desviou sua atenção dele para as pessoas a sua volta, mesmo que quisesse se manter presa naqueles olhos castanhos ela não podia.
- Nós deveríamos falar sobre aquela noite. - a jovem comentou neutra, sem olhar na direção do homem. - Creio que deixei claro quando me afastei. - ela olhou para ele, podendo ver que ele havia compreendido sua repentina menção sobre tal assunto.
- Como havia dito, você é diferente de todas as outras. - o homem a relembrou. - Não estava mentindo, mas... - ele deu uma pausa para respirar e olhar em volta, confirmando que ninguém estava focando nos dois. - Eu confundi sua gentil amizade com uma brecha. E peço que me desculpe.
- Não é que eu não queira, Anthony. - aquela afirmação fez com que um vinco se formasse entre os sobrolhos do homem. - Mas não podemos. Sei de rumores com você e a musicista, então não seria justo com ninguém.
- Os rumores eram reais. - ele enfatiza sua afirmação, assim também deixando a jovem confusa. - Sei que é diferente de qualquer outra mulher aqui presente, também sei que não tem nada em comum com as mulheres que já me deitei, mas você é diferente para mim, de alguma maneira você me intriga, Celina.
A jovem não soube o que responder, não tinha muito o que dizer naquele momento. A única coisa que veio em sua mente era o quanto ela queria que aquele beijo tivesse acontecido, mas não era apenas eles dois e a musicista que estavam naquele jogo, também tinham suas famílias e o Holmes, ela não poderia o enganar depois de tudo o que ele fez por ela, muito mesmo depois de tudo que viveram juntos.
- Se me der licença, preciso cumprimentar algumas pessoas. - apenas levantou de onde estava e seguiu em direção alheia, ela precisava apenas pensar um pouco no que estava acontecendo.
Sua estadia em Londres havia se prolongado de mais, coisas que ela tinha que resolver tomaram um percurso diferente e situações em que não queria estar forçaram a entrada em sua vida. Ela só pensava em uma única pessoa com quem queria estar agora, ela precisava voltar para Clavidor.
Não tem muito o que falar sobre o capítulo, né...?
Sobre o que comentei no capítulo anterior, é que eu gostaria da opinião de vocês.
O que acham de uma nova fic, logo após que eu finalizar está?
Vou deixar aqui a capa de ambas as ideias que venho tendo.
Tramas da Realidade é uma fic com o Harry Cavill. Ela não tem muita coisa pronta, mas nada que eu consiga desenvolver.
Our Family, uma fic de Twilight tendo como par romântico a Rosalie Lillian Hale. Ela já tem muita coisa pronta. Se caso quiserem já posso publicar o prólogo ainda está semana.
Bom era apenas isto, tenham um bom domingo e uma tranquila semana.
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