Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Some folks know very little, but talk a lot

Heeeey gente, voltei ausuahsuah fiquei os últimos dois sábados sem internet, não deu para postar, mas agora já foi tudo concertado então posso voltar com a programação de postagens normalmente irraaaaa

Boa leitura hehe

~~

Março de 1992 

Jimin's POV

Seokjin e eu somos bons amigos hoje em dia, mas antigamente nossa relação não era da mesma forma, eu via que ele me enxergava mais como alguém que tinha que cuidar e proteger do que alguém que ele poderia escutar.

Não que ele agisse como um babá o tempo todo, porém eu sentia que Jin achava que precisava tomar conta de mim, por eu ser mais novo e também por ser meu primeiro ano vivendo por conta própria, sem estar sob o cuidado dos meus pais ou avós.

Talvez ele me visse como alguém imaturo e ingênuo demais para o mundo lá fora, e admito que eu era mesmo, mas naquela época eu não queria ninguém no meu pé, ainda mais um primo com quem eu tinha pouquíssima intimidade, eu entendia que ele se importava, mas o seu jeito "só a minha opinião importa" ou aquele ar de "sou mais velho, então estou certo" não me agradava nem um pouco.

Eu até fico risonho quando essas lembranças surgem, afinal o Seokjin pilhado e ansioso dos anos 90 com certeza é bem diferente do Jin relaxadão e maduro de 2020, mas claro que se não fosse por tudo o que passamos, não teríamos a relação de hoje em dia, então eu não mudaria nada em nosso passado, pois o presente me agrada.

O motivo de entrar nesse tópico agora foi o que vou relatar a seguir, a discussão que acabei tendo com Jin na madrugada após a festa do amigo de Jungkook.

Acabei me empolgando naquela noite, e chegando bem depois do que tinha estipulado, quase três da madrugada foi a hora que voltei, já sendo recebido pelas broncas de Seokjin no portão, afinal eu havia lhe dito que voltaria antes das onze horas, então acabei o deixando preocupado, e como naquela época não tínhamos condições para possuir um celular, isso o fez ficar andando de um lado para o outro na sala completamente apreensivo.

Mas claro que não era somente por causa do horário, as minhas companhias para aquela festa também eram tópicos levantados para explicar toda aquela inquietação do meu primo, o que nos levou a discutir, pois ele não tinha motivos para acreditar que Jungkook realmente não estava envolvido em problemas, assistir Jeon saindo num carro de policia meses antes com certeza não ajudou meu primo a ter uma visão melhor sobre o meu amigo. Jin não confiava nele, não o conhecia, e achava que ele estava mentindo pra mim.

Hoseok e Namjoon acabaram acordando devido ao barulho, e indo conferir o que estava ocorrendo na sala. Quando entenderam que a gente discutia, ficaram no meu lado primeiramente, por terem entendido que o motivo da conversa era a hora que eu havia retornado, mas bastou Jin dizer que eu tinha ido na festa de um desconhecido, amigo de Jungkook e acompanhado pelo mesmo, para que os dois mudassem de lado.

Namjoon vinha com seu jeito mais manso, não queria provocar uma nova discussão, apenas tentava agir como um bom e velho conselheiro. Já Hoseok não queria desagradar ninguém, então ficava meio em cima do muro, mas dava para ver que seus pés estavam voltados para o lado do muro de Seokjin, então quando vi que não tinha como fazer eles acreditarem na minha palavra sem provas da verdade, me calei e fui dormir, não iria adiantar gastar saliva com aquilo.

O clima ficou estranho na casa pelo resto do dia seguinte, porém na segunda-feira de manhã, antes de sairmos para a faculdade, Seokjin veio até mim, já levantando uma bandeira de paz:

— Jimin? — Jin indagou, depois de dar algumas batidas na porta do quarto, que estava aberta naquele instante. — Posso entrar?

— Claro. — Assenti, afinal Namjoon tinha acabado de se arrumar e sair, poderíamos ter uma conversa em particular se essa fosse a vontade do meu primo, como eu imaginava.

— Vim te pedir desculpas pelo que aconteceu. — Ele disse, adentrando o quarto meio sem jeito. — Conversei com o Namjoon ontem a noite, e ele fez eu me dar conta de que exagerei.

— Tudo bem, eu entendo que se preocupe. — Afirmei em seguida. — Eu também não deveria ter ficado até tão tarde lá sem avisar antes, claro que isso iria causar preocupação, desculpe.

— Nem foi tanto por causa do horário, você sabe. — Expressou, suspirando de formas prolongada. — Olha, eu ainda não tenho nada que me faça deixar de desconfiar desse seu amigo, mas você é adulto, sabe o que faz, então irei confiar em você, não vou mais ficar no seu pé por causa disso, sei o quanto é chato, e eu acabo sendo hipócrita, afinal eu mesmo tive meus pais pegando no meu pé por causa de amizades quando mais novo.

— Eles não confiavam nos seus amigos, mesmo com você dizendo que não era nada daquilo que eles pensavam? — Questionei, elevando as sobrancelhas.

— Exatamente. — Respondeu, rindo irônico pela coincidência. — Você me falou que tudo o que dizem sobre esses garotos é um grande mal entendido, então vou dar o braço a torcer.

— Não precisa acreditar fielmente na minha palavra a partir de agora porque queremos manter uma boa relação, vamos apenas manter o respeito mesmo que continuemos a ter opiniões divergentes, ok? — Expressei logo após. — Porque caso eu venha a apresentar vocês, não quero um clima ruim entre meus novos amigos e meu amigo mais antigo, Jungkook realmente não faz nada para que as pessoas fiquem o encarando feio e o julgando pelas costas.

— Ok, eu concordo. — Disse assentindo. — E já que estamos aqui, o que foi que ele te contou sobre o dia em que a viatura levou todos eles?

— Vish, foi uma confusão. Vou falar desde o começo... — Murmurei antes de contar aquilo que eu sabia.

Expliquei a Jin as coisas que Jungkook tinha me contado que aconteceram no tal fatídico dia, meu primo parecia bem cético no início, mas depois começou a usar a lógica, realmente havia sido a primeira e única vez que viu algum incidente acontecendo com Jeon e seus amigos, fora isso, todo o resto eram apenas mexericos sem provas. Sem contar que eles haviam sido liberados poucas horas depois, o que não aconteceria se os oficiais realmente tivessem encontrado algo incriminando o grupo.

Mas o burburinho que aquela situação causou na vizinhança fez a atenção sobre o acontecimento crescer imensamente, porém aqueles que fofocavam sobre o caso não pareciam querer descobrir o que de fato aconteceu, apenas precisavam apontar seus dedos para os tais jovens, e Seokjin sabia, assim como eu também sabia, que pessoas tidas como rebeldes sem causa, como a galera de Jungkook, tendiam a causar a cisma e o prejulgamento dos mais conservadores e antiquados.

— Onde o seu amigo conheceu toda essa gente que anda com ele agora? — Jin perguntou após eu terminar de falar.

— Bem, ainda não sei direito. — Falei, dando de ombros. — Uma hora ele me conta, mas agora preciso me arrumar para ir à faculdade.

— Tudo bem, vou te dar privacidade. — Expressou, dando alguns passos para trás, em direção a porta.

— Vamos juntos hoje? — Indaguei, me referindo a faculdade.

— Não, não, só os meninos vão mesmo, eu irei só mais tarde. — Respondeu em seguida, me fazendo franzir o cenho.

— Entendi. — Murmurei em compreensão, mas na verdade eu não entendia exatamente.

Seokjin não havia nos acompanhado nenhuma vez desde que comecei a estudar naquela universidade, ele sempre dizia que chegaria na segunda aula ou algo assim, e eu o via no horário de saída, porém não esbarrava com ele dentro do campus. De início eu pensei que fosse por sermos de anos e cursos diferentes, mas depois de um tempo aquilo começou a me deixar confuso.

Jin não ia conosco para a faculdade, eu não o via em nenhum momento lá dentro, mas ele estava sempre nos esperando na saída, com a bolsa em que levava seus livros, e por alguma razão, aquilo estava me levantando hipóteses, porém ainda era muito cedo para chegar numa conclusão, eu entenderia sobre isso mais tarde.

Bem, mas enquanto eu não compreendia sobre a vida acadêmica de Seokjin, poderia falar um pouco da minha, que naquele mês ainda estava bem calma, as aulas ainda soavam interessantes para mim e ainda não havia entrado na monotonia, então ir para a universidade era algo que eu gostava, não somente por causa das aulas, mas também por causa do clube que eu começará a frequentar.

Algumas reuniões já haviam ocorrido até então, e estar ali para mim era algo quase terapêutico, eu me sentia bem, saia de lá feliz, enfim tinha encontrado pessoas que me entendiam, que passavam ou já tinham passado pelas mesmas coisas que eu, e aquilo com certeza estava me ajudando bastante.

Porém nem tudo eram rosas, eu fiquei bem assustado quando começavam a contar sobre suas experiências ruins, sendo com os homofóbicos ou em demais situações complicadas. Naquela altura eu também já tinha passado por muita coisa assim, mas ali haviam pessoas que sofreram coisas bem piores, e aquilo me deixava tão triste e amedrontava, fazendo crescer em mim a vontade de ajudar, de lutar, de abrir mentes, de fazer alguma coisa.

E realmente fiz, e faço até hoje, mas sobre isso eu falarei depois.

Acho que só comecei a entender o preconceito da minha sociedade na época em que tive que me mudar, foi assustador descobrir que existiam tantas pessoas que viam a minha sexualidade como uma ameaça, uma depravação, algo condenável, pessoas que enxergavam a minha orientação a frente do ser humano que sou, não se importavam se eu era alguém bondoso, se era inteligente, se era esforçado, se eu só queria amar alguém e ser amado de volta, eles queriam me atacar e me menosprezar, como se eu fosse inferior apenas por não ser o que eles esperavam que eu fosse.

Antes eu era ingênuo demais para compreender o tamanho de certas ações, encarava as besteiras que ouvia de alguns colegas de classe somente como piadas de mal gosto, eu ainda não via tudo que estava enraizado naquelas falas errôneas, não era apenas uma piadinha, não era brincadeira, não tinha graça, aquilo carregava violência, deixava marcas, expandia estereótipos e prolongava inseguranças, era maldoso e muito prejudicial.

— Jimin, está tudo bem? — A pergunta de Jinyoung acabou me acordando daqueles pensamentos, estávamos naquele segundo dentro do clube, para uma reunião mais despojada entre os membros, onde não existia um tópico central para a conversa, só batíamos papo e iamos descontraindo.

— Sim, só me lembrei de umas coisas. — Respondi, soltando uma tossida falta para disfarçar.

— Entendi. — Ele murmurou, meio desconfiado, mas não insistiu: — Você vai ficar até mais tarde hoje?

— Vou, a confeitaria vai abrir depois das três, então posso ficar mais um pouco. — Falei, um tanto animado, eu nunca pude ficar muito por causa do trabalho afinal.

— Legal, o assunto da reunião instrucional de hoje vai ser bem importante. — Jinyoung informou, parecendo entusiasmado também.

— Qual vai ser o tema? — Perguntei curioso.

— Prevenção e sexo seguro. — Ele me respondeu prontamente.

— Oh! — Fiquei automaticamente tímido, e não somente porque eu ainda possuía um total de zero experiências sexuais.

Aquele assunto ainda era um grande tabu na época, meus pais mesmo nunca haviam conversado comigo sobre, ficavam constrangidos só de verem um comercial de preservativo no jornal, o que era bem contraditório, afinal eu ouvia muitas piadinhas de duplo sentido sendo ditas pelo meu pai quando ele estava com seus amigos, ou seja, para ele fazer aquelas idiotas piadas sexualizadas podia, mas instruir o filho a sempre usar camisinha não?

Ok, eu não os cobro por isso, sei que vieram de uma geração ainda mais velha que a minha, onde a criação dos filhos era outra, eles mesmos nunca foram instruídos por seus pais, e de qualquer forma, eu aprendi o necessário nas aulas de biologia e naquelas revistas jovens que ao menos tentavam passar alguma coisa positiva, falando sobre prevenção e tal.

Porém o que me deixava realmente constrangido era a minha falta de costume de escutar aquele tópico sendo falado de forma abrangente numa conversa, eu ficava todo acanhado. Claro que não era como se eu fosse o único inexperiente no assunto naquela sala, a grande maioria era na verdade, mas o meu nervosismo me fazia criar paranoias.

Já começava a pensar que teria um momento de trocar experiência e eu não teria nada para falar, o que os faria descobrir sobre a minha virgindade, e fariam piadas sobre isso. Uma grande tolice, afinal cada um tem o seu tempo, suas vontades, sua individualidade, ninguém ali estava se importando com aquele fato sobre mim, porém eu era pego pela pressão social mais uma vez, o que fazia o Jimin de vinte anos achar que seria julgado pelos demais por causa de algo bobo assim. 

No final, não foi nada daquilo que eu estava imaginando, um médico foi lá ter conversar conosco, falando de forma sucinta e explicando calmamente, abrindo espaço para perguntas, tirando as várias dúvidas dos universitário daquela sala, o que foi muito instrutivo e confortável.

IST's foram o tópico mais levantado na conversa, principalmente o HIV, pois ainda estávamos passando pela epidemia, e sinceramente eu percebi naquela palestra que eu era completamente por fora do assunto, somente via notícias e reportagens passando, muitas bem sensacionalistas, carregando informações incoerentes que apenas aumentavam o estigma da população sobre as pessoas com HIV.

Comecei a me conscientizar mais a partir dali, mas já estava mais atento sobre o assunto desde o falecimento de um dos meus maiores ídolos, o Freddie Mercury, uma fatalidade que tinha acontecido alguns meses antes d'eu voltar a minha cidade natal, em novembro de 91 para ser mais exato. Ele havia falecido devido a uma broncopneumonia, complicada por causa da Aids, que danificou o sistema imunológico, tanto que naquele mesmo ano houve um concerto em sua homenagem, onde os rendimentos foram para pesquisas sobre a doença.

Eu sabia tão pouco sobre e acreditava nas falsas coisas que muitos diziam, mas comecei a tentar estudar para aprender, principalmente por saber que a minha sexualidade estava sendo colocada ali no meio de forma preconceituosa.

Naquela reunião no clube também fomos conscientizados sobre a importância de usar a camisinha, que também ainda era um tabu naqueles anos. Era tão criticada e envolta de notícias falsas, muitos não queriam usar ou achavam errado usar, mesmo com tantas campanhas dizendo que era uma forma de se proteger, não somente de uma gravidez indesejada, mas também das inúmeras infecções sexualmente transmissíveis.

Depois que a palestra com doutor chegou ao fim, tive que ir trabalhar, mas acabei parando numa farmácia e comprando um preservativo, o primeiro da minha vida. Um ato que veio do impulso, afinal eu nem tinha uma vida amorosa ou sexual rolando... Ainda, porque não significa que aquela camisinha não foi utilizada algum tempo depois...

Mas bem, após isso, enfim cheguei ao meu local de trabalho, num dia em que as coisas estavam mais movimentadas, mesmo com a confeitaria abrindo mais tarde, então não seria um dia tão monótono como os demais, eu só não sabia se aquilo me deixava animado ou se me desanimava um pouco mais, afinal era mais trabalho pela frente.

Porém um pequeno raio de sol entrou pela porta da frente quando faltava cerca de duas horas para o fim do meu expediente, e o nome dessa pessoa de sorriso iluminado e olhos brilhantes era Jungkook, alguém que eu não via desde nosso final de semana.

— Ei, se não é o meu atendente favorito. — Ele disse, e dessa vez se sentou nos bancos em frente ao balcão.

— Oi, Kookie. — O cumprimentei sorrindo. — Já vai fazer o pedido ou está esperando alguém? — Questionei da esperança dele contar alguma coisa sobre a sua acompanhante de dias antes.

— Não, já vou fazer. — Falou, pegando um dos cardápios em cima do balcão, folheando rapidamente. — Hm, você me sugere alguma coisa?

— Não tem nada novo no cardápio, mas as tortas doces são uma delícia. — Afirmei, sabendo que era algo que ele amava. — Tem a de pêssego, a de maçã, de limão ou a de frutas vermelhas.

— Ah, então vou querer a de frutas vermelhas, é o meu doce favorito daqui. — Proferiu, fechando o cardápio e o colocando de volta no lugar.

— Ok, alguma coisa para beber? — Indaguei após anotar no meu bloquinho, mesmo que nem precisasse por conta da simplicidade do pedido, mas do jeito que sou esquecido, sempre bom prevenir.

— Só água mesmo, não gosto de ingerir outros tipos de bebidas quando como algo doce. — Falou, dando de ombros.

— Tudo bem, já vou trazer. — Afirmei, o vendo acenar positivamente com a cabeça.

No balcão eu tinha acesso a tortas, bolos, pães e doces, assim como estava a minha disposição as máquinas de café, sucos e outras bebidas, então eu mesmo pegava e servia o que foi pedido pelo cliente, ao contrário da galera que buscava por uma mesa no salão, eles eram atendidos pelos garçons que pegavam os pedidos na cozinha, ou alguns no meu balcão também.

Sendo assim, no instante seguinte o Jeon já estava recebendo seu pedaço de torta e seu copo de água, porém depois de o servir, acabei ficando sem saber o que fazer, meio encabulado pela sua presença, e como não tinha outros clientes esperando para serem atendidos no balcão e eu não sabia se ele queria bater papo, acabei ficando ali parado, com cara de taxo, vendo Jungkook dar garfadas em sua fatia de torta.

— Por que está me olhando assim? — Ele perguntou, erguendo seu olhar em minha direção.

— Nada, é que você parece um coelhinho comendo, com as bochechas estufadas assim. — Comentei sincero, acabando por ficar encabulado no instante seguinte por ter dito isso na lata.

— Que coisa, tenho alguns colegas que me conhecem como Bunny inclusive. — Jungkook expressou, rindo soprado.

— É um novo apelido? — Indaguei, já que ainda não tinha ouvido ninguém o chamando assim.

— Não exatamente. — Respondeu, dando de ombros e desviando do assunto em seguida: — Então, que horas você é liberado?

— Falta cerca de uma hora e meia. — Falei, após olhar no relógio da parede da confeitaria.

— Vamos voltar juntos então? — Questionou, fazendo um sorriso animado surgir em meus lábios.

— Claro, mas você não se importa em esperar? — Perguntei preocupado.

— Não, não. — Negou num aceno de cabeça também. — Sem contar que é melhor estar acompanhado quando pegar esse caminho de volta pro nosso bairro, tem uma área ali bem perigosa, estava rolando uns assaltos e tal.

— Agora você me deixou com medo, pois eu volto sempre sozinho, já que apenas eu moro pro lado de lá, não tenho nenhum colega para me acompanhar. — Proferi, ficando temeroso com a possibilidade de estar me colocando em risco cada vez que passava por aquelas ruas.

— Eu sempre passo por aqui nesse horário, posso te buscar de moto. — Jeon sugeriu, me fazendo o encarar confuso.

— Você não está trabalhando? — Questionei logo após.

— É minha folga hoje, mas eu faço entregas numa pizzaria, estou quase sempre na rua, então não teria problema algum passar aqui e te pegar. — Explicou, mas eu ainda achava que isso só o daria mais trabalho ainda.

— Não quero te incomodar, Kookie. — Disse sincero, pois apesar de querer muito a companhia dele na volta para casa, não desejava atrapalhar sua rotina ou seu trabalho assim.

— Não vai ser incomodo algum. — Jungkook retrucou, sorrindo docemente.

— Mesmo? — Indaguei, inclinando minha cabeça para o lado ao questioná-lo.

— Sim, estou falando sério. — Afirmou mais uma vez, me dando um pouco mais de confiança, mesmo ainda preocupado.

— Então eu aceito. — Falei, e seu sorriso se alargou ainda mais.

Depois disso Jungkook pediu a conta e ficou ali mesmo me esperando, atendi mais algumas pessoas após ele, e assim o tempo passou depressa, meu horário de saída chegou e enfim pude me livrar daquele avental e uniforme, me trocando bem depressa no banheiro para não deixar Jeon me esperando ainda mais.

Naquele dia ele não tinha vindo de moto, então nossa volta para casa teve que ser a pé mesmo, não que isso me incomodasse realmente, afinal eu poderia passar mais tempo com ele, conversando e aproveitando aqueles momentos que eram raros durante a semana.

— Você gosta do trabalho na pizzaria? — Falei, meio sem saber qual assunto iniciar.

— Ah, não é o meu sonho de emprego, mas não tenho muito do que reclamar por enquanto. — Jungkook respondeu, enquanto levava suas mãos até os bolsos da calça jeans.

— O Tae também trabalha lá? — Indaguei, pois ele tinha dito que os dois se conheceram no trabalho.

— Não, eu conheci o Tae no meu antigo emprego. — Disse sem mais detalhes adicionais.

— Por que saiu desse outro emprego? — E a minha curiosidade bateu novamente.

— Não estava mais dando tantos lucros e eu tenho contas para pagar, então arrumei esse trampo de entregador, vai ser apenas temporário. — Respondeu a minha pergunta, porém apenas me trazendo mais dúvidas.

— Está com outros planos então? — Proferi em seguida, esperando compreender um pouco mais.

— Sim. — Mas o Jeon foi monossilábico em sua resposta.

Jungkook não parecia muito disposto a me contar sobre essa sua antiga fonte de renda, na verdade ele sempre era bem vago quando o assunto "emprego que tinha antes" aparecia, algo que me deixava bem confuso, afinal éramos amigos, que tipo de profissão poderia o deixar assim tão retraído para me contar sobre?

— Você ainda toca na banda da igreja do nosso antigo bairro? — Expressei depois, mudando de assunto.

A família de Jungkook não era super religiosa, mas gostavam de frequentar a missa aos domingos, assim como boa parte das famílias do nosso bairro naquela época. E essa paróquia em questão tinha alguns projetos de integração, relacionados a música, dança e teatro para os jovens, tudo gratuito, e Jungkook logo se interessou pela área musical, tanto que foi lá que ele aprendeu a tocar violão, guitarra e teclado.

Jungkook era um ótimo aluno, e isso fez o seu professor o colocar na banda que tocava junto do coral. Foi o motivo que me levou a frequentar lá também, para dar aquele apoio moral ao meu amigo, já que antes eu não tinha esse costume, meus pais não eram cristões, então enquanto basicamente todo o bairro tinha a tradição de ir naquela paróquia aos domingos, a gente ficava em casa.

— Não, eu saí faz um tempão. — Jungkook respondeu logo em seguida.

— Mesmo? — Questionei elevando as sobrancelhas.

— Sim, até era bem divertido poder cantar e tocar com eles, aprendi tanto, foi uma ótima experiência. — Continuou a falar. — Mas as letras das músicas que eu tocava e cantava falava sobre uma fé que eu não possuía, sabe? Preferi dar lugar a uma pessoa que realmente se sinta conectada com tudo aquilo, vai ser mais especial para ela do que era para mim.

— Sim, eu compreendo, lembro que sempre tinha uma fila de pessoas que queriam participar também, a lista de espera por uma vaga era grande. — Completei, o vendo assentir.

— E continuou sendo nos anos seguintes. — Ele afirmou também.

O resto do caminho até minha casa foi até que bem silencioso, e Jungkook tinha razão em dizer que alguns pontos daquele caminho eram perigosos, afinal havia lâmpadas faltando em certos postes, o que deixava a rua sinistra por conta da escuridão, um ambiente perfeito para alguém mal intencionado cruzar o nosso caminho, por isso apreciamos os passos, até enfim estarmos em frente a república.

— Pronto, está entregue. — Jungkook expressou sorrindo, assim que paramos em frente ao portão da minha casa.

— Obrigado por me acompanhar. — Agradeci, enquanto procurava a chave do portão em minha mochila.

— Eu já vou indo, Jiminie. — Ele disse, antes que eu tivesse a oportunidade de o convidar para entrar. — A gente se vê depois?

— Claro, até depois então. — Me despedi, o vendo ir andando lentamente de costas pela calçada, ainda me olhando.

— Passa lá na pizzaria quando puder. — Jungkook sugeriu, e eu franzi o cenho.

— Pra quê? — Indaguei, não esperando que ele me convidasse para ir ao seu trabalho.

— Ué, pra me ver. — Respondeu, tendo a audácia de piscar um de seus olhos em minha direção.

— E quem disse que eu quero isso? — Brinquei, afinal era óbvio que eu queria.

— Eu sei que quer. — Provocou de volta, sorrindo de lado antes de virar-se de costas para mim e continuar andando em direção ao seu prédio.

Acabei ficando ali parado em frente ao portão da república por mais um tempo, sorrindo bobo enquanto assistia Jungkook tomando distância, qualquer bobeirinha que ele me dizia era o suficiente para me deixar flutuando daquela maneira, mas eu precisava aprender a colocar meus pés firmes no chão.

Acho que eu costumava colocar ele num pedestal naquela época, porém Jungkook era apenas um humano como eu, com seus medos, dúvidas e sonhos, os quais eu ainda iria conhecer. 

~♥~

Até logo ❤❤

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro