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Our classic conversations

Junho de 1992

Jimin's POV

Após ver Jungkook fugir de cima do palco no meio da apresentação, tive meros segundos para tomar a decisão do que eu faria, a plateia se olhava confusa e os membros da banda pareciam mais desentendidos ainda, e eu, parado no meio daquela multidão, sem entender direito o que havia acabado de acontecer, decidi seguir o que meu coração me dizia, em vez da minha razão.

Eu fui atrás dele, subi no palco sob o olhar curioso de muita gente e segui o mesmo caminho que Jeon tinha feito, passando para detrás das cortinas e seguindo até a coxia, antes de alcançar os bastidores daquela área, porém acabei sendo parado por um segurança ao chegar lá, que me avisou sobre ser uma área restrita aos funcionários.

Minha respiração estava ofegante e o nervosismo fazia minha voz sair gaguejada, mas consegui explicar a ele que estava atrás do meu amigo, e informei as roupas que Jungkook vestia. Foi o bastante para o segurança me mostrar uma porta lateral para saídas de emergência, que dava acesso a uma viela, era por onde Jeon havia passado.

No instante seguinte, eu estava passando pela porta, e avistando Jungkook parado ali, mesmo que aquela ruela fosse realmente mal iluminada, porém não consegui pensar no medo que eu normalmente sentia de becos como aquele durante a noite, pois minha preocupação com Jeon era muito maior, ainda mais o vendo apresentar uma linguagem corporal tão amedrontada.

Ele estava de cócoras, com as costas encostando na parede da boate, suas mãos cobriam todo sua face, porém bastou ouvir a porta de abrindo e o som dos meus passos apressados andando até ele, para se levantar e correr, não me deixando ao menos ver seu rosto.

— Jungkook, para de correr de mim! — Exclamei alto, ofegante e nervoso, sentindo uma enorme vontade de chorar pela tensão que sentia naquele momento.

Jungkook parou assim que ouviu meu grito, e lentamente se virou em minha direção, agora me fazendo ver sua expressão séria, contrastando com todo o brilho presente na maquiagem em seu rosto, que era manchada pelo banho que suas lágrimas estavam fazendo pelas suas bochechas. Senti meu coração se quebrar com aquela visão.

Tanto que ficamos em silêncio, nos encarando sem desviar o olhar, um esperando que o outro dissesse a primeira palavra, mas eu estava desconcertado demais até pra pensar no que eu falaria em seguida, Jungkook era uma incógnita para mim naquele segundo, e talvez eu também estivesse sendo para ele.

— Diz logo o que você quer dizer... — Sua voz soou rouca, e um tanto quebradiça. — Fala o que está pensando de mim.

Aquela frase de Jungkook foi serviu como um click, me fazendo entender sua reação quando eu lhe vi naquele palco, pois até aquele instante eu estava sendo ingênuo, nem conseguia refletir o que ele estava pensando ao me ver na plateia, apenas me mantinha questionando o porquê dele nunca ter me contado sobre a banda ou sobre ir fazer um show naquela boate.

Não era vergonha ou qualquer outra coisa que eu possa ter imaginado, ele tinha medo daquele velho julgamento, do qual ele já havia sido vítima tantas vezes, ficava apavorado só pensar que logo eu poderia o machucar, da mesma forma que foi magoado por tantas outras pessoas que ele amava.

Por isso eu fui cuidadoso, não iria o encher de perguntas, apenas andei até ele, vendo o corpo de Jungkook ficar tenso e sua mandíbula enrijecer, tendo receio do que seria falado a seguir, mas eu não disse nada de imediato, apenas sorri para ele, levando minhas mãos até suas bochechas, passando meus polegares abaixo de seus olhos, para limpar as lágrimas, tomando cuidado para não acabar arrancando as estrelinhas brilhantes que estavam coladas nas suas têmporas.

— Não deveria chorar assim, está borrando toda a maquiagem bonita que você fez. — Falei sorrindo ternamente, vendo Jungkook segurar minhas mãos, porém sem fazer menção de as afastar.

— Jimin... — Murmurou com a voz baixa, me fazendo ver que não adiantava tentar limpar suas lágrimas agora, pois mais delas começaram a escorrer.

— Quer dizer, eu não sei se foi você que fez, porque a gente nunca conversou sobre isso, mas quem trabalhou nessa make fez um ótimo trabalho. — Disse num tom divertido, tentando quebrar toda aquela tensão que nos cercava.

Jungkook somente deslizou suas mãos até meus braços, os tirando de seu rosto para em seguida me abraçar, ainda em silêncio, chegando a tremer em meus braços. Minha única reação foi o acolher, deixando que escondesse seu rosto sobre meu ombro, ainda parecendo chorar, porém de forma mais fraca, enquanto eu somente acariciava seus cabelos com sutileza.

— Pensou mesmo que eu teria uma reação ruim a isso? — Indaguei após passar algum tempo, e eu perceber que ele estava se acalmando, mesmo que ainda não tivesse se distanciado daquele nosso abraço.

— Eu não sabia o que pensar, fiquei apavorado quando te vi, só conseguia imaginar que ouviria as mesmas coisas que escutei de alguns antigos amigos quando descobriram que eu tocava todas as noites nessa boate e era bissexual. — Ouvi sua voz rouca proferir. 

Não vou negar que meus olhos se arregalaram com essa pequena revelação, mas talvez nem devesse estar assim tão boquiaberto, pois o fato era que a gente nunca tinha conversado sobre sexualidade e coisas do tipo, afinal desde que nos reencontramos nossos papos nunca tinham ido para esse lado, então fazia sentido que eu não soubesse nada sobre a vida íntima e amorosa de Jungkook.

Sempre achei que tínhamos uma relação bem próxima, porém quando parei ali para pensar, percebi que desde que eu retornei a cidade, nunca mais tocamos em assuntos como namoro, sexo, preferencias, vontades e tal, algo que costumávamos falar corriqueiramente quando éramos adolescentes, mesmo que a gente não tivesse experiência com coisa alguma e só expressávamos nossas curiosidades mesmo.

Eu nunca falava desse tópico por duas razões: a primeira era que Jungkook nem sabia a minha sexualidade, e eu tinha medo de todo o preconceito que poderia sofrer, então ficaria até nervoso se ele perguntasse para mim sobre meus últimos relacionamentos, e também não tinha vontade de perguntar para ele, porque alcançava a segunda razão, o fato d'eu ser apaixonado por ele, e de ficar triste toda vez que a realidade de ser uma paixão unilateral caia na minha cara.

— Eu estou nessa boate, não é? O que acha que significa? — Indaguei, quase num tom irônico, enquanto quebrávamos aquele abraço.

— Você poderia ter me seguido ou sei lá. — Jungkook argumentou, me fazendo ver que não era somente eu que tinha uma imaginação criativa naquele relacionamento.

— Não é esse o caso, estou aqui porque um amigo ficou falando dessa boate várias vezes e eu fiquei com vontade de conhecer. — Afirmei, sorrindo para Jeon, que agora me olhava meio preocupado.

— Mas, você sabe qual o público alvo dela, certo? — Perguntou, arqueando as sobrancelhas, me fazendo ver que seria naquele momento que eu contaria sobre mim para Jungkook, com certeza não seria das mil formas que havia planejado, porém aquela parecia bem mais prática e tranquila.

— Sim, porque eu faço parte desse público alvo. — Falei, apontando para mim mesmo, ainda observando a reação de Jeon.

— Oh! — Ele exclamou surpreso, arregalando seus olhos. — Mesmo? Por que nunca me disse nada?

— Pela mesma razão que você nunca me falou nada também. — Joguei de volta, o fazendo rir soprado, pois me entendia bem.

— A gente teria poupado muitos meses de paranoias, ansiedade e medo da reação alheia, se apenas tivéssemos desabafado um com o outro antes. — Jungkook proferiu, e ele tinha tocado no ponto certo.

— Sim, você tem razão. — Assenti, soltando uma risada nasalada, e aliviado também.

Das várias vezes que eu imaginei como seria o momento que eu contasse sobre aquilo para Jeon, nunca tinha sido de um jeito tão ameno e sossegado, eu acabava indo sempre para os pensamentos mais pessimistas, mas agora estava ali, feliz após ver que nós não precisaríamos mais ter segredos um com o outro, era como tirar todo aquele medo do meu peito de uma vez só, me sentia tão leve que achava que poderia começar a flutuar.

— Jungkook! — Uma voz feminina surgiu chamando por Jungkook, e quando me virei para ver quem era, notei ser a vocalista da banda, que vinha correndo até nós, parecendo bem preocupada. — O que aconteceu?

— Não foi nada demais, eu só percebi que ia passar mal e corri do palco. — Jeon mentiu, mas eu entendia que não era o momento para sair explicando tudo a ela.

— E como está se sentindo agora? — A moça perguntou, desviando seu olhar entre Jungkook e eu.

— Melhor, o meu amigo aqui veio me ajudar. — Ele respondeu, sorrindo levemente, antes de voltar-se para mim: — Jimin, essa é a Nayeon.

— Ah, você é o Jimin! É um prazer revê-lo. — Nayeon disse, estendendo a mão em minha direção.

— Me rever? — Apertei sua mão, porém um tanto desentendido com a fala dela.

— Sim, lembro de você na festa do Junseok. — Afirmou, me fazendo soltar uma risada leve, acho que quase todos os amigos de Jungkook estavam naquela festa do terraço.

— Uau, todos os amigos do Jungkook lembram de mim nessa festa. — Comentei, a vendo sorrir para mim e assentir em seguida.

— É que a grande maioria das pessoas naquela festa eu conheci nessa boate. — Jungkook informou. — Muitos eram frequentadores, outros eram funcionários e alguns se apresentavam aqui, como nós.

— Há quanto tempo você se apresentava aqui? A boate não estava fechada? E você não disse que a banda estava separada? Quem é o seu outro amigo de quarto que toca violão? — Comecei a disparar perguntas, realmente tinha muitas coisas que eu ainda não sabia.

— Eita, eu tenho muita coisa pra te contar. — Jeon expressou, rindo soprado.

— Mas e o show, Kook? — Eu indaguei em seguida, afinal ele tinha saído logo no início de tudo.

— O Mark pode me substituir, não é Nayeon? — Ele disse, perguntando a sua amiga.

— Sim, eu falo com ele. — Ela afirmou, antes de dar meia volta e retornando para dentro da boate.

Jungkook e eu também retornamos para dentro da casa de shows, porém não voltamos para a pista ou para o palco, seguimos até onde os camarins ficavam, pois Jeon avisou que queria conversar comigo. Fiquei preocupado sobre ele perder o show, mas Jungkook me afirmou que estava tudo bem, e que teriam outras apresentações pela semana.

— Acho que mais uma vez tive exemplos do porquê as pessoas do nosso bairro falam tantas coisas sobre você. — Comecei a falar assim que entramos no camarim. — Você anda com uma galera tão diversificada, livre e fora dos padrões conservadores da nossa cidade, por isso aqueles preconceituosos repudiam tanto, e até mesmo criminalizam vocês.

— Sim, infelizmente é isso mesmo. — Jungkook afirmou, enquanto andava até a enorme penteadeira do camarim, pegando um algodão e o removedor de maquiagem.

— Como surgiu a ideia da banda? Vocês têm uma imagem tão legal. — Perguntei, indo me sentar no sofá que havia ali.

— Bom, sobre a imagem, a gente decidiu que queria manter algo nesse estilo. — Jeon veio explicando, limpando sua maquiagem borrada. — Bem colorido, divertido, sem normas de gêneros das vestimentas, cabelos e maquiagens, acho libertador.

— Tem razão, e é muito bonito também. — Elogiei, vendo ele sorrir docemente. — E como começou tudo?

— A banda já existia há mais ou menos um ano quando eu entrei, e eles já se apresentavam aqui. — Contou, sentando-se ao meu lado. — A primeira vez que eu ouvi falar dessa boate foi quando ainda estava no último ano do ensino médio, mas como eu ainda não era de maior, não podia entrar, por isso esperei até fazer 18 anos para poder conhecer aqui.

— E conheceu a banda logo de cara? — Indaguei, ansioso para saber mais

— Sim, eu vi eles tocarem várias vezes, mas nunca nos falamos e eu nem imaginava que poderia me tornar um membro do grupo. — Falava, enquanto tinha um certo trabalho para remover as estrelinhas e glitter colocados em sua pele. — Foi tudo bem aleatoriamente na verdade, eu tinha amado o local e passei a vir sempre, até que teve uma noite de karaokê, e eu quis cantar. A banda assistiu e me chamou para fazer uma audição, porque estavam procurando um novo vocal para dividir o microfone com a Nayeon.

— Que legal! Eles devem ter ficado ainda mais animados com você depois de saberem que você também sabia tocar instrumentos. — Expresse, vendo Jungkook sorrir e acenar positivamente com a cabeça. — A banda é fixa aqui na boate?

— Sim, temos contrato, um salário e tudo. — Contou logo após. — O grupo se apresenta aqui desde da abertura, o nosso tecladista é sobrinho do dono, e ele queria que tivesse música ao vivo, mas não podia pagar profissionais, então sabendo que seu sobrinho tinha alguns amigos que tocavam amadoramente, decidiu fazer um convite para cada um deles, no fim eles acharam que seria mais legal tocar em grupo do que fazer apresentações solo.

— Ah, então a banda nasceu por causa dessa boate? — Perguntei surpreso, e ele assentiu mais uma vez. — E agora vocês investem no projeto ou não?

— Investimos em materiais e figurinos, mas a banda não é o trabalho principal dos demais membros, e bem despretensioso, acho que alguns levam isso aqui somente como hobby mesmo. — Jungkook disse, já gastando a terceira bolinha de algodão tentando tirar as estrelinhas da maquiagem.

— Esse era o seu trabalho de antes? Que evitava falar para mim? — Questionei, mesmo que já fosse óbvia a sua resposta.

— Sim, eu ganhava uma boa grana aqui, e passei a fazer somente isso por um tempo, mas aí a boate fechou e eu me vi sem rumo, percebi que não tinha planejado nada caso isso acontecesse, fui desleixado com isso. — Disse, suspirando ao fim da frase.

— Por que a boate fechou? — Perguntei, enquanto pegava uma bolinha de algodão também e molhava no removedor de maquiagem, para ajudar Jungkook.

— Porque ela não é bem vista por essa comunidade tradicionalista, desde sua inauguração ela recebeu muitas críticas, xingamentos e até ameaças para que fechasse as portas. E como nada disso estava funcionando, começaram a fazer denúncias falsas sobre o estabelecimento. — Jungkook contou, me fazendo soltar um som de surpresa. — Quando acusaram a boate de ser um ponto de prostituição, uma investigação muito séria começou a ser feita e o lugar teve que ser fechado, até finalizarem as buscas.

— Caramba... — Expressei, começando a passar o algodão sobre as benditas estrelinhas. — E como isso terminou?

— Descobriram que as denúncias eram infundadas e tudo foi finalizado, enfim conseguimos reabrir o lugar. — Disse, desistindo de tentar remover o glitter, deixando apenas para mim mesmo. — Mas a boate perdeu muito dinheiro com isso, essa noite de reabertura é muito significativa, por isso eu estava tão ocupado nas últimas semanas, estava aqui ajudando a arrumar tudo e também ensaiando com a banda.

— Agora entendi porque você me disse que não sabia se a banda iria ter um retorno, já que só estavam juntos por causa da boate. — Proferi, vendo Jungkook fechar os olhos enquanto eu passava o algodão pelo seu rosto.

— Pois é. — Disse por fim. — Eu fiquei bem arrasado quando tudo fechou, ainda mais sabendo os motivos, tinham inventado tantas calúnias sobre esse lugar. — Continuou contando, ao que eu tinha mais sucesso na remoção da maquiagem. — Achei que conseguiria encontrar algum consolo em continuar tocando com a banda, mas a gente se separou naquele momento.

— Ué, mas por quê? — Perguntei, desistindo de tirar o glitter da make, pois provavelmente não sairiam nem no banho, mas consegui limpar seu rosto do restante das estrelinhas e a base.

— Porque todo mundo precisava pagar as contas, e sem a renda fixa das apresentações, tínhamos que focar em nossos outros empregos. — Explicou, ao se levantar para jogar os algodões no lixo. — Então enquanto uns queriam continuar tentando arrumar shows para fazer, outros não tinham certeza disso, não estávamos num consenso, e decidimos dar um tempo.

— Você me disse que conheceu o Taehyung no seu antigo emprego, então ele também trabalhava aqui? — Questionei, assim que Jungkook voltou a se sentar no sofá.

— Oh não, o Tae é irmão do baterista da banda, vinha aqui para ver as apresentações e tudo. — Contou, rindo soprado da provável expressão surpresa que eu fiz. — Eu sei que vocês ficaram bem próximos, o Tae só não te contou nada sobre essa parte de nossa vida porque eu também não tinha contado ainda, ficava receoso de saber qual seria a sua reação.

— O Tae sempre é tão sensato e mente aberta, fico feliz de termos um amigo como ele. — Afirmei, sorrindo ao lembrar das conversas que já tínhamos.

— Sim, e ele sempre apoiou muito o irmão dele também. — Jungkook logo acrescentou. — Assim como me ajudou tanto quando a gente mal se conhecia, quando eu contei sobre a minha situação em casa e que queria me mudar, ele rapidamente me ofereceu um teto.

— A sua situação em casa? — Indaguei, mesmo que já tivesse uma ideia de qual seria sua resposta.

— É uma longa história, entende? — Proferiu, e eu somente assenti. — Bem, vamos do começo...

Jungkook me revelou que nos últimos dois anos da escola, aflorou-se mais para sua sexualidade, pois foi no segundo ano do médio em que se viu todo apaixonadinho pelo menino novo de sua classe. O garoto era inteligente, educado e vivia o fazendo rir, e Jeon percebeu que o fato de ser um garoto não fazia diferença para ele, Jungkook sentia atração por aquele rapaz, assim como também sentia pelas meninas com quem ficou antes. 

Porém Jungkook ficou confuso e assustado quando percebeu seus sentimentos, acabou se fechando bastante, se distanciando do garoto e por consequência disso, acabou se afastando também do restante da rodinha de amigos, acrescentou dizendo que foi quando mais sentiu a falta da minha presença ali, para lhe aconselhar e apoiar, mas ele não tinha com quem conversar sobre aquilo, se via acuado e com medo.

Jungkook cresceu numa sociedade conservadora, sempre ouvindo ao seu redor que se relacionar romanticamente com outro homem era incorreto, ele escutava as piadinhas, ele via o preconceito, ele enxergava a violência, estava perdido e com medo, pois Jungkook não se sentia errado, mas achava que estava errando.

Pouco a pouco ele foi perdendo aquela popularidade que tinha antes, por se afastar de tudo e de todos, e como ninguém entendia o porquê de sua mudança, foi quando as fofocas começaram.

O garoto doce e brincalhão ganhou a fama de "bad boy", tudo porque estava mais quieto, mais fechado, respondendo curto e grosso. Afinal, essa começou a se tornar a sua única defesa, tudo pelo receio de que os outros lessem seus pensamentos e descobrissem sobre sua paixão por aquele garoto de sua classe.

Até que num dia, Jungkook acabou escutando alguém na sala falando sobre essa tal "boate gay" da cidade, e ficou tentado a ir, pois quem sabe alguém lá poderia o ajudar a compreender melhor todas essas coisas que estava sentindo, alguém que o entenderia e se identificaria com ele, alguém que já tinha passado pelo mesmo e poderia dar conselhos.

E ele encontrou tudo isso, não somente nos membros da banda, mas também em todos os outros amigos que fez ali, fazendo assim nascer um Jungkook bem mais confiante e conhecedor de si mesmo.

— Aí eu comecei a tocar com a banda, e meus pais achavam estranho minhas saídas todas as noites, ficavam reclamando. — Jungkook continuou. — Teve um dia que meu pai encontrou um dos figurinos da banda no meu quarto e ficou todo desconfiado, depois meu irmão começou a encher o saco sobre os meus novos amigos e por fim minha mãe também entrou nessa, o ambiente lá em casa ficou insustentável.

— Sinto muito que as coisas na sua casa tenham chegado a esse nível, mas que bom que pode sair. — Falei, levando minha mão até a dele, a segurando num gesto de apoio.

— Sim, o apartamento em que moro com o Tae é minúsculo, mas eu sou bem mais feliz lá. — Disse sorrindo, afirmando o aperto que nossas mãos trocavam. — Então, vai me contar como foi pra você ou deixamos para depois?

— Como foi o quê? — Me fiz de desentendido, rindo em seguida da expressão engraçada que Jungkook fez ao notar meu fingimento.

— Sabe, a descoberta da sua sexualidade. — Falou, dando de ombros.

— Oh... — Expressei, desviando o olhar por alguns segundos.

Ainda tinha muitos medos naquele momento, mas eu confiava em Jungkook, e saber da sua história ajudava também, não vou fingir que não, eu possuía a certeza de que não haveria julgamentos da parte dele, e principalmente, eu sabia que Jeon me entenderia completamente, nada que ele dissesse a mim depois d'eu contar meus segredos seriam da boca pra fora, ele realmente entendia o que eu passei.

Por isso decidi falar tudo, desde as coisas que aconteceram na época da escola, das quais ele ainda não tinha conhecimento, e também sobre o que me levou a ir morar com meus avós. Eu sempre soube que Jungkook não tinha engolido a minha história de ir ajudar meus avós, mas ele também não sabia porque desconfiava tanto quando eu falava daquilo, talvez pelo meu jeito nervoso toda vez que mentia.

O contei um pouco da minha relação crítica com meu pai, falei das coisas que passei quando morei na sítio, e também sobre como eu havia evoluído em todo esse tempo, ainda sabia pouco, não era muito confiante, mas eu tinha pessoas para me apoiarem, o clube na faculdade, o Namjoon, o Tae, e agora Jungkook sabia de tudo também, e estaria ao meu lado no que quer que fosse.

— Jiminie... — Escutei Jungkook murmurar o meu nome assim que finalizei tudo, e fui surpreendido por mais um forte abraço vindo dele, esse me pegou desprevenido, quase me fazendo cair do sofá em que estávamos. — Você sofreu tantas coisas em silêncio.

— Tá tudo bem agora, não precisa se preocupar. — Proferi, nos ajeitamos sobre o estofado.

— Poderia ter te ajudado na escola, te defendido no bairro, ou até mesmo conversado com o seu pai naquela época. — Jungkook declarou rápido, com a voz embargada.

— Eu tinha vergonha e medo de te contar sobre isso. — Respondi a ele. — Mas acho que tudo aconteceu na forma que deveria acontecer, claro que eu preferia que as coisas ruins nunca tivessem rolado, porém morar com meus avós foi algo que ajudou bastante na minha individualidade, eu era muito dependente da nossa amizade quando vivia aqui, mas agora sei como conciliar as coisas.

— Pensando melhor, realmente acho que eu não saberia o que fazer com essa situação durante a adolescência, eu era imaturo e inexperiente demais, poderia acabar piorando as coisas ou nos metendo em problemas maiores. — Declarou, se afastando um pouco para me olhar. — Mesmo assim, me desculpa por não notar nada ou não ter te ajudado.

— Não precisa se desculpar, Kookie. — Eu repeti, sorrindo em sua direção. — Já passou, ok?

Ele assentiu, mas ainda parecia tão sentido com aquele assunto, e eu não sabia quais palavras usar para o fazer entender que não precisava se sentir assim, mas eu entendia que não adiantaria prolongar longos discursos, ele continuaria sentindo que deveria ter feito alguma coisa naquela época, que poderia ter mudado as coisas e feito tudo ser melhor para mim, mesmo que nem soubesse o que estava acontecendo comigo.

Por isso eu não tentei dizer nada, apenas o puxei novamente para um abraço, que por alguma razão nos causou uma risada compartilhada, quebrando a tensão e tristeza que tinha se estendido desde que comecei a confessar aquelas coisas. E ao contrário de nossos abraços anteriores naquela noite, esse último se prolongou mais, acho que nós dois estávamos buscando calma no carinho um do outro.

— Mas você não me contou quem foi o seu primeiro. — Foi a primeira coisa que Jungkook disse, assim que quebramos aquele abraço duradouro.

— O meu primeiro? — Repeti, franzindo o cenho com essa pergunta.

— É, o primeiro garoto que te despertou interesse. — E pronto, bastou Jungkook explicar para eu sentir meu coração ficar descompensado, acho que o suor começou a brotar na minha testa nesse mesmo instante.

— Oh... É... Bem... — Gaguejei, me afastando um pouco dele, soltando uma risadinha nervosa em seguida. — Não sei, não lembro, acho que foi algum cantor, ou galã de novela, sei lá.

— Ah, não brinca, Jimin! — Jungkook exclamou, rindo e me dando um empurrãozinho no ombro. — Pode me contar, prometo que não falo pra ninguém.

— É que você conhece ele. — Murmurei, quase baixo demais para que ele não ouvisse, porque de certa forma, depois de toda aquela conversa que tivemos, eu queria contar sobre aquilo, mas não sabia se estava preparado ainda.

— Conheço? — Questionou, arqueando as sobrancelhas. — Há quanto tempo?

— A sua vida toda, literalmente falando. — Afirmei, indo adiante com aquilo, trêmulo e nervoso.

— Mas... — Ele disse, ainda sem entender, até chegou a parar para pensar, porém quando eu o vi arregalar os olhos do nada e me encarar surpreso, pensei que tinha entendido a quem eu me referia: — Espera ai, você era a fim do meu irmão?

— O quê? — Indaguei em alto tom, chegando a rir da sua hipótese. — Claro que não, Jungkook! Minha nossa, que ideia!

— Não consigo pensar em mais ninguém que eu conheça há tanto tempo assim... — Proferiu, levando a mão até o queixo, numa pose pensativa. — Oh não, não me diga que era algum daqueles meus primos chatos que vinham passar as férias aqui.

— Passou longe. — Lhe garanti, negando com a cabeça.

— Ué, quem mais eu conheço a vida toda? — Indagou, franzindo a testa. — A não ser eu mesmo...

— Bingo! — Exclamei, levantando as mãos no ar.

— Sério? Você já foi a fim de mim? — Questionou alarmando, vira-se para mim num movimento rápido.

— Ainda sou na verdade. — Afirmei impulsivamente, arregalando os meus olhos no mesmo instante, pois aquilo saiu sem querer, acabei revelando meus pensamentos em voz alta.

— O quê? — Expressou no mesmo instante, surpreso.

— Oh, nossa... Não devia ter dito isso. — Falei, rapidamente me levantando do sofá e ficando de costas para ele. Meu rosto até pinicava de tão constrangido que eu estava. — Caramba, finge que não me ouviu.

— Jiminie, espera... — Murmurou, provavelmente também se levantando do sofá.

— Eu realmente não quero olhar na sua cara agora, Jungkook. — Declarei, cobrindo meu rosto com as mãos e suspirando frustrado.

Não precisei olhar para saber que Jungkook estava chegando mais perto de mim, mas não era como se eu quisesse me afastar também, se quisesse, teria corrido daquela sala assim que revelei sobre meus sentimentos por ele, porém, por alguma razão, estava esperando alguma atitude dele, talvez eu estivesse me iludindo demais também.

— Chim, olha pra mim, por favor. — Não sei se foi proposital, mas o uso daquele antigo apelido acabou me fazendo obedecer ao seu pedido. Devagar, eu me virei de frente para ele, porém não conseguia o encarar ainda.

— Droga, eu não quero que as coisas mudem na nossa amizade, então... — Expressei, temeroso de ouvir ele tentando me consolar antes de dizer que nunca se sentiu da mesma forma em relação a mim. — Não precisa dizer nada sobre isso, Kook, a gente pode fingir que nem tocamos no assunto.

— Mas eu quero tocar nesse assunto, Jiminie. — Ouvi sua resposta, e olhei para ele surpreso, vendo Jungkook levar suas mãos até as laterais do meu rosto, o segurando com delicadeza.

— O que quer dizer? — Perguntei olhando em seus olhos, mexido com o novo clima que havia se instalado.

— E-eu... — Jungkook gaguejou, parecendo perder a coragem de dizer o que tinha vontade, o que apenas serviu para me deixar ainda mais nervoso. E quando suas íris escuras desceram pelo meu rosto, se focando num ponto específico, senti a ansiedade crescer, ainda mais quando nossos rostos se aproximaram, fazendo nossas respirações mesclarem.

Porém, o que Jungkook queria falar não pode ser emitido, já que a porta do camarim se abriu no mesmo segundo, e com muito falatório e barulho, várias pessoas começaram a entrar, eram artistas que se apresentariam, membros da banda e outros funcionários, alguns vindo se arrumar e outros vindo pegar suas coisas, pois seu show já havia acabado.

Nos afastamos rapidamente, tímidos e sem saber como agir, mas ninguém parecia estar prestando atenção em nós, estavam ocupados se ajeitando para subir no palco ou para ir pra casa. E foi quando me recordei que Namjoon não sabia pra onde eu tinha ido, e também, nem cheguei a avisar o rapaz com quem eu estava ficando.

— Quer ir pro meu apê? — Jungkook perguntou, cortando meus pensamentos. — Lá vamos poder conversar melhor.

— Sim, quero. — Afirmei rapidamente. — Só vou avisar o meu amigo antes, ok?

— Tudo bem, eu te espero no estacionamento. — Ele avisou, tomando o meu aceno positivo como resposta.

Corri para fora daquele camarim à procura de Namjoon, percebendo que mesmo que já tivesse acontecido tantas coisas e a madrugada estivesse anunciando sua chegada, a minha noite ainda estava só começando. 

~♥~

Até o próximo heheヽ(*・ω・)ノ

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