88. Dahyun [fim]
OUTONO,
2 meses depois,
18 de Outubro.
A franja cai em seus olhos puxadinhos fechados. Faço um carinho em seu rosto, contornando com delicadeza o maxilar desenhado e a boquinha rosada entreaberta, perfeitamente moldada com uma pintinha logo abaixo da mesma.
É tão fofo dormindo... Não condiz com o Jungkook atiçado do dia a dia.
Toco a pequena cicatriz em sua bochecha esquerda e rio baixo ao lembrar sua origem. Quando tinha 12 anos e cuidava da Haneul, eles brigaram pela última fatia de pizza. "Envolveu garfos", segundo contou.
Deslizo minha mão até sua barriga, apalpando o tanquinho coberto pelo lençol. A linha fina da clavícula está enfeitada com uma pequena marca de chupão. Seu peito sobe e desce com calma.
Uma vez por semana, os meninos vão juntos malhar e jogam algumas partidas de basquete. Yerim e eu já demos umas espiadas nesses treinos e só tenho a dizer que é, literalmente, de tirar o fôlego.
— Vai continuar me tocando, amor? — a voz rouca do garoto me assusta.
Ele abre os olhos devagar e ri, analisando minha expressão.
Péssimo hábito. Já perdi a conta de quantas vezes ele acordou antes de mim e fingiu estar dormindo. Tão bobo, gosta de provocar.
— Há quanto tempo está acordado? — me ajeito na cama, deitando de lado e ele também.
— Pouco tempo. Estava só de olhos fechados, aproveitando — se espreguiça e abraça minha cintura. — Bom dia, amor da minha vida. Feliz aniversário!
Hoje, nós completamos dois meses de namoro. Dois meses que suporto esse bebezão, apesar de parecer bem mais. E a ideia genial de Jungkook, foi ficarmos o dia todo deitados sem fazer nada. Digo, nada, é modo de falar...
— Na verdade, boa tarde, Jungoo. Já são quase seis horas, sabia?
Acho que já levantamos e voltamos a dormir umas três vezes desde manhã cedo. Eu esperava algo mais especial, porém foi bom do mesmo jeito. Só de estar perto dele, fico feliz.
— Oh, sério? Nem percebi, passou tão rápido.
Rio de sua tontice.
As cortinas da minha varanda estão abertas, deixando à mostra os últimos raios de sol do dia e clareando o quarto escuro.
Coloco meu travesseiro mais perto do seu e me inclino para lhe dar um selinho. Ele pisca os olhinhos pelo ato repentino e afaga meus cabelos.
— Você está cheirosa... — franze o nariz. — Tomou banho enquanto eu cochilava e nem me chamou? Sua malvada.
Ainda me lembro exatamente do dia que Jungkook disse que queria " ir devagar" para não estragar as coisas. Bom, essa conversa foi esquecida naquele final de semana. Ele é o mesmo Jeon tarado, insaciável e cheio dos fetiches, que conversava comigo por mensagem. Chega a ser pior.
— Eu sei o que significa "tomar banho" na sua língua, bebê.
— Sabe? — sorri ladino, começando a distribuir beijos pelo meu pescoço. — Então, por que não me mostra?
Empurro-o para trás.
Não estou reclamando, mas admiro o tamanho da disposição do Jungkook. Ele não tem limites. Cochila por umas horinhas e logo acorda animado, cheio das segundas intenções.
— Saí do banho há uns 10 minutos, não rola — ele fecha a cara e bufa.
— Quase não tive chance de ver você essa semana... As aulas extras estão ocupando toda a minha agenda — acaricia minha bochecha. — Juro que paro de incomodar, até te deixo ficar por cima!
Continua insistindo e eu mordo o lábio, pensando na proposta.
Jungkook tem mania de querer competir por controle comigo. É uma das razões que nos faz discutir, e não é surpresa para ninguém que eu perco sempre. Isso acontece porque ele usa as técnicas de sedução para conseguir. Eu, como uma pobre camponesa indefesa, caio nas garras do lobo mau.
Mas, quem resiste aos charmes de Jeon Jungkook, afinal?
— Vai se comportar? — ele assente, já abrindo um sorriso. — Sem gracinha!
Sutilmente, segura minha cintura, indicando que suba em seu colo. Acompanho seus movimentos e passo uma perna para o outro lado, sentando corretamente. O garoto arruma as costas no travesseiro, ficando mais ereto e sela meus lábios.
— Você manda e eu obedeço, meu amor — dita, ao pé do meu ouvido.
Um arrepio percorre minha espinha. Ele volta a me beijar com mais força, adentrando os dedos entre os fios do meu cabelo. Ora mordiscando meu lábio inferior, ora enchendo meu pescoço de beijos molhados. As mãos descem lentas, apertando minha cintura e coxas com firmeza e brincando com a barra da minha calcinha.
Consigo senti-lo duro sobre o fino tecido da cueca, que prensa contra minha intimidade quando mexo o quadril em círculos. Ouço um grunhido, seguido de um palavrão vindo de sua boca.
Nos separo brevemente. Ele sorri, passando os olhos pelo meu corpo — coberto por sua camisa que roubei para usar. Estou prestes a retirá-la, porém nosso clima é cortado completamente.
— Hyuni... — a porta do quarto é aberta. — Puta merda!
Assim que escuto a voz de Namjoon, meu coração para de bater. Quase caio no chão de tão rápido que saio do colo de Jungkook. O moreno começa a rir da minha reação, enquanto o maior está chocado pela cena.
— Não sabia que estavam juntos, deveriam ter trancado... — meu irmão coça a cabeça, sem jeito.
Enterro a cara no meio das cobertas, morrendo de vergonha. Namjoon ia nos flagrar no meio do ato. Isso é constrangedor em tantos níveis!
— Eu não vou repetir aquela frase de filmes clichês — meu namorado declara. — É exatamente o que você está pensando e muito mais... — traça a língua pelos lábios, sorrindo sacana.
— Cala a boca, Jungkook! Não piora! — dou um tapa estalado na sua coxa, ele esfrega o local reclamando.
— Não ligo para transa de vocês. Só usem camisinha, não estou a fim de virar tio tão cedo.
Tampo o rosto com o travesseiro, ouvindo Jungkook rir feito um palhaço.
Justo eu, Deus? Por que os membros da minha família têm que me fazer passar vergonha na frente de garotos? Preciso de um buraco para me enterrar urgentemente.
— Relaxa! Juro que serei um ótimo pai para o seu sobrinho, cunhadinho — ele revira os olhos.
Namjoon detesta esse apelido.
— Por acaso, esqueceram do festival? Desçam logo! — bate a porta.
Descubro a cabeça e encaro o garoto. Nós dois estamos com a mesma expressão; olhos arregalados e a mão tapando a boca. Por isso que o Nam veio aqui...
— Puta que pariu, Dahyun, o Festival de Outono!
Em nenhum momento, desde ontem à noite, quando Jungkook chegou aqui, lembrei desse festival. Todos os anos, o meu colégio organiza um evento no centro da cidade para comemorar a chegada das estações. Eu não costumo ir — as programações são chatinhas e a maioria para crianças —, mas meus amigos insistiram.
— Droga... — levanto da cama de má vontade. O Jeon permanece sentado. — Vai tomar banho, o Joon está nos esperando!
— Olha a minha situação! — aponta para baixo, onde o claro volume está praticamente pulando para fora da box. — Me ajuda rapidinho, por favor...
Desvio o olhar, sentindo a maldita queimação entre minhas coxas. Confesso que também estou decepcionada de termos sido interrompidos.
— Sinto muito, Jungoo. Eu não posso resolver agora. Depois, certo? — ele suspira fundo e fica de pé.
— Tudo bem, gatinha — anda direto para o banheiro. — Deixa que eu resolvo — manda um beijo no ar antes de encostar a porta.
Vou fingir que não entendi o que quis dizer.
O barulho da água do chuveiro caindo soa no quarto. Abro o guarda roupa, procurando algo simples para vestir. Não é uma ocasião tão importante. Caço uma saia branca de cintura alta no fundo do armário e uma blusinha preta com o desenho de uma Mandala — personalizada por mim.
Apresso em me trocar. Com certeza, Namjoon já deve estar soltando fogo pelas ventas. Ajeito a saia na cintura, colocando o que resta da blusa dentro e, por um sinal do destino, bato o olho naquela linda jaqueta de couro preta dando mole num canto.
"Bobeou, dançou", eles diziam. Jeon que lute, eu vou usar ela. Combinará com o colar que me deu de aniversário também.
Quase desistindo de tentar desembaraçar meu cabelo, Jungkook sai do banheiro com uma toalha sambando nos quadris largos e os cabelos úmidos pingando no chão. O tronco malhado, o peitoral forte e os músculos dos braços grandes, me deixam com um frio na barriga. Chega a ser surreal o quanto de beleza foi dada a um ser humano só.
Observo-o de costas, pelo reflexo do espelho, escolher uma roupa dentro da mochila que trouxe. Ele me pega espiando de canto de olho e ri.
— Pode ver, não tem problema — diz, largando a toalha e expondo sua nudez.
Nem para ser discreta, eu sirvo.
— Ei, você... fez mesmo aquilo?
— Não, tontinha — veste uma cueca nova, me olhando através do reflexo. — É mais gostoso ser tocado por você. Eu aguento esperar.
Meu rosto esquenta instantaneamente. Já virou normal esses tipos de comentários, porém ainda fico envergonhada e não me acostumo. Concentro a atenção no emaranhado de fios que se formou na parte de trás do meu cabelo. Nem tinha percebido que estava tão grave.
O garoto se troca na metade do tempo que eu levei e senta na borda da cama para calçar o par de coturnos pretos que comprou de presente aniversário para ele próprio. De novo, me pego agradecendo aos céus por ter um namorado com um ótimo gosto para moda.
— Amor — murmuro um "hm", finalmente, terminando de desfazer o bolo. — Fiquei sabendo que você tem chamado o Jimin para cá nessa última semana... E que ficam sozinhos até tarde.
Viro para olhá-lo. A Yerim é tão bocuda, contou para o Taehyung. Óbvio que ele foi avisar o braço direito. Que confusão...
— Sim, ele é meu melhor amigo, lembra? Sempre veio em casa.
— Sei disso, mas queria saber porque escondeu de mim — vem até a minha frente. Levanto um pouco a cabeça para nos olharmos diretamente. — Espero que o que fazem aqui, não seja a mesma coisa que nós fazemos.
Solto uma risada que o deixa desconfortável.
— Pode parar, senhor ciumento! — passo os braços ao redor de seu pescoço. — Somos amigos, o Jimin não gosta mais de mim.
Bom, foi o que ele me disse.
— Como tem certeza? Vocês se beijaram uma vez! E o jeito que aquele corno te olha...
Os dois se "acertaram" depois que começamos a namorar. Parecem amigos de longa data, juntaram o grupinho e se encontram nos finais de semana, porém Jungkook ainda implica quando Jimin está comigo. Isso inclui na escola.
Ele se sente inseguro por eu já ter gostado de Jimin e acha que, do dia para noite, vou acordar e trocá-lo.
— Jungkook, por que insiste em pensar que eu faria algo para te magoar?
— Ele é uma ameaça para mim, Dahyun! Não pode contar o que estão planejando?
Exagerado. Fiz a promessa do dedinho... Essa é séria, não posso quebrar.
— Sem permissão, não. São assuntos pessoais do Jimin — novamente, imita uma carinha de cachorro abandonado. Aperto suas bochechas e beijo os beicinhos gordinhos. — Eu te amo, amor! E hoje é nosso aniversário, sem birra.
Vejo o sorrisinho que ele tenta miseravelmente esconder. Não é todo dia que uso o apelido, mas dou um desconto às vezes para animá-lo e funciona.
— Está bem, confio em você, pequena — sorrio. É a fraqueza dele. — Vamos descer ou seu irmão vai jogar a culpa em mim e vou levar um soco de brinde.
Uma bela amizade, eu diria.
ᴛ ᴇ x ᴛ ᴍ ᴇ
Por incrível que pareça, meu irmão não ficou bravo por ter nos flagrado na cama, e muito menos pela demora. Esquisito e fora do comum, achei melhor nem tocar no assunto.
Conseguimos o carro do papai emprestado e Jungkook fez um dramalhão, implorando para dirigir escondido — já que seu pai só deixará a partir da faculdade. Nam deu um peteleco em sua testa e disse para "abaixar a bola", recusando o pedido.
A velocidade que o doido julga ser emocionante, é morte para o resto da população.
No caminho, buscamos Jin na casa dele e seguimos para o festival. É numa praça perto da minha escola, chegamos depressa. A essa altura, já escureceu e algumas estrelas brilham no céu.
— Nossa, que lindo! — Jin elogia, sorrindo. Ele tem razão.
Fico encantada com a decoração tão bonita do evento; luminárias por toda a extensão da praça em cores laranja e amarelas para representar o outono; barraquinhas de comida, jogos e artesanato; e apresentações de artistas amadores.
Não esperava tanto.
— Vem, amor — Jungkook me guia, cruzando a faixa presa no alto que anuncia a entrada. — O pessoal está ali, vi o Tae.
O "ali" é no centro do festival. Estão Jimin, Hoseok e Yoongi tagarelando ao lado de Taehyung e Yerim, que cochicham no ouvido um do outro. Com a chegada de nós quatro, o grupo fica completo.
— Aleluia! Achamos que iriam furar o rolê — Hope é o primeiro a falar.
Jungkook fica de segredinho com Taehyung por uns segundos. Meus olhos capturam o exato momento que o de cabelos castanhos enfia algo no bolso do meu namorado.
Suspeito...
— Queria saber por que os atrasados são sempre o casal falsificado Barbie e Ken? — meu melhor amigo brinca e o resto ri.
— Ah, Jimin, mil desculpas... Você não transa, então não entenderia — Jungkook debocha, me trazendo mais próxima a ele.
Taehyung começa a gritar "Briga!", jogando lenha na fogueira e os meninos — e a Yerim — vão na onda.
Ainda tenho esperança de ter um dia de descanso com eles.
— Parem de fingir que se odeiam! Escutou, Jungkook? — lanço um olhar ameaçador para o moreno e ele levanta as mãos em rendição. — Vamos comprar os ingressos logo, quero comer e ir nos brinquedos!
O arrasto até a barraquinha e ele paga tudo com o cartão do pai. É de propósito para irritá-lo. Prevejo a treta que poderá acontecer...
Os meninos ficam um tempinho juntos, competindo naquele brinquedo sem graça de medir a força. Foi hilário ver as caretas deles e as discussões pelo título do "mais forte". Yerim e eu zoamos tudo de longe.
Apostei 15 pilas no Jungkook e o magrelinho perdeu, ficando em terceiro após Yoongi e meu irmão. Os últimos quatro postos foram ocupados por Hoseok, Jimin, Jin e Taehyung.
"Injusto, roubaram", afirmou o perdedor. Coitado do Kim.
ᴛ ᴇ x ᴛ ᴍ ᴇ
Cada um decidiu fazer coisas diferentes com seu par, mas lembramos que o Ji está fantasiado de tocha olímpica. Como bons amigos, revezamos trios para ele não se sentir sozinho. Por sorte, Jungkook e eu fugimos.
Entramos no Túnel do Terror para nos esconder e foi horrível. Piores cinco minutos da minha vida inteira — deveria parar de confiar em suas ideias malucas. Pelo menos, valeu a pena chorar de rir de Jungkook pagando de machão, mas quase tendo um colapso depois que saímos.
Aqueles sustos causaram uma fominha. Extorqui o coitado nas barracas de comida. Se eu soubesse que os festivais eram assim, teria vindo há tempos.
— Para onde vai esses alimentos? — me entrega o cachorro quente que compramos para dividir. — Tem um buraco negro no lugar do estômago, amor? — pergunta, curioso.
Já escutei esses questionamentos e não tenho respostas. É automático.
— Talvez, seja — mordo a salsicha e ele ri.
— Eu não comentei antes, mas essa jaqueta combinou direitinho com você e o colar... Está linda — agradeço o elogio e planejo o pedido na minha mente, mas ele se adianta: — Pena que é minha e não vou te dar. Pode ir tirando o cavalinho da chuva!
Faço um biquinho, decepcionada. Meu armário é cheio de camisas suas que esquece e viram pijamas. Jurava que cederia a jaqueta.
— Vou morder esse bico fofo — ele se inclina.
— Idiota.
Estamos sentados nos banquinhos fora da barraca, assistindo crianças brincando com balões em forma de animais na grama. Uma musiquinha calma toca nos alto-falantes espalhados na praça.
Jungkook morde o cachorro quente e retruca de boca cheia:
— O idiota que você é caidinha de amores.
— Quem disse? — arranco o lanche de sua mão. — Sou obrigada a te aguentar.
— Não é isso que fala quando estou na sua cama... — o ar quente saindo de sua boca arrepia minha nuca.
Dou um soco em seu ombro e ele devolve mostrando a língua. É uma criança mesmo.
A música é interrompida por um aviso nos alto-falantes. Uma mulher alerta que a queima de fogos de artifícios será em dez minutos, e solicita que as pessoas se dirijam ao centro.
— É agora — o garoto diz baixo.
— O quê?
— Na-Nada... — disfarça e eu semicerro os olhos. — Temos que achar o pessoal, Dah.
Primeiro a troca de segredinhos com o Taehyung, e isso... O que está rolando?
É fácil localizar o grupo de adolescentes barulhentos lá no meio. Somos recebidos com broncas por ter largado o Jimin para "ficar de namorico". O que ninguém sabe, é que ele não é trouxa e tem seus contatinhos. Apenas é inseguro demais para levar adiante e eu já iniciei um plano para ajudar.
— Toma, uma para cada casal e uma do Park encalhado — Yoon distribui toalhas de chão coloridas. O loiro ri da própria fossa.
Outras pessoas também têm toalhinhas e se acomodaram no centro da praça para esperar pelos fogos. Escolhemos ficar mais atrás, longe da multidão. Jungkook estende a nossa e me puxa para sentar ao seu lado. As luzes fracas das luminárias clareiam a noite.
Um silêncio confortável toma o evento. Ouço os cochichos de uns casais mais a frente. Olho por cima do ombro, vendo Taehyung e Yerim aos beijos, Jhope deitado no colo de Yoongi, Jin apoiando as costas em Namjon e rindo de alguma coisa. E Jimin encara a imensidão do céu.
Para mim, é impossível me imaginar sem eles. Fazem parte da minha história, de quem eu sou. Contribuíram na formação dessa Kim Dahyun que existe hoje. Não demonstro o suficiente o quanto são importantes.
— Linda — volto a olhar para meu namorado. Ele limpa a garganta. — Hoje fazem dois meses que foi na sorveteria e me deu uma chance de recomeçar... Acho que você não entende como sou feliz de poder dizer que é minha baixinha — sorrio.
— E você também não entende como sou feliz de poder dizer que é meu Jungoo.
O que digo o deixa totalmente sem graça. O sorriso que mostra os dentinhos de coelho, as bochechas num tom levemente rosadas, as luzes refletindo nos olhinhos negros. Perfeito.
— Sentia como se estivesse afundando num poço infinito... Até te conhecer, amor — molda meu rosto com a mão. — Conhecer a garota da sorveteria, de olhos cor de mel, que me salvou e tem meu coração.
Fico sem palavras diante da súbita declaração. Jungkook lança um piscadela para trás, na direção de Taehyung que sinaliza com um joinha de volta. O moreno tira do bolso da calça uma caixinha preta de veludo e meus divertidamentes iniciam uma festa.
Era isso...
Há duas alianças de prata finas. Pego uma com as mãos trêmulas e leio a frase gravada na parte de dentro. "Eu te amo até o infinito". Não sou nem capaz de falar, minha voz falha. O garoto a encaixa no meu dedo anelar da mão direita.
— Eu, Jeon Jungkook — coloca sua aliança no dedo —, prometo que vou te amar desde o começo, até o final de cada estação do ano para sempre, Dahyun. Obrigada, por ser minha baixinha.
Nunca duvidei dos sentimentos de Jungkook. Eu faço brincadeiras, mas ele realmente se esforça para me agradar de todos os jeitos. No dia que começamos a namorar, não foi um acontecimento passageiro. Quero tê-lo comigo no futuro e sei que ele sente o mesmo.
A contagem regressiva começa. O abraço apertado, escondendo o rosto na curvatura de seu pescoço e sentindo a colônia de bebê. O cheirinho que me lembra carinho e paz. Sussurro um "eu te amo" e ele nos afasta para me beijar.
E então, os dez segundos acabam e os fogos de artifícios estouram no céu. Mas não nos impede de continuar abusando do nosso amor.
— Jeon! — meu irmão grita de longe, atrapalhando. — Para de pegar minha irmã e assiste os fogos!
Reviro os olhos e ele ri, roubando um último selinho. Me aconchego em seus braços e deito a cabeça em seu ombro. O público comemora a chegada de mais uma estação e eu aprecio o espetáculo que virou o céu, repleto de cores vibrantes.
Minha vida ficou de ponta cabeça após me tornar amiga de Jungkook. Desde o nosso primeiro "encontro", eu já sabia que estava perdida numa maré de amor. Os flertes ingênuos, as cantadas ruins, os beijos escondidos, as diversas declarações disfarçadas... Quando menos percebi, esses mínimos detalhes passaram a mexer comigo.
Ele diz ter sido salvo, mas a ajuda foi mútua. Minha relação com o Jackson deixou muitas marcas. Em vez de apagá-las, me prendi nelas, alimentando o meu medo, insegurança e desconfiança de qualquer um. O Jungkook venceu essas barreiras tão rápido, como se elas estivessem o esperando para cederem. Esperando a pessoa certa.
Nós já choramos, brigamos, rimos e nos beijamos muito. Não sei o que o nosso futuro planeja — podemos querer algo, mas não significa que irá necessariamente acontecer. Eu apenas desejo que fiquemos juntos o maior tempo que pudermos, pois, por mais que eu tente, não consigo me idealizar dizendo as três palavrinhas para outra pessoa.
Entrelaço nossas mãos e toco a aliança de prata. Até o infinito. O garoto dá um beijinho na ponta do meu nariz e sorri. É tão bom o ver contente de estar vivendo.
A verdade, é que não existem estrelas o bastante para medir toda a minha paixão por Jeon Jungkook. Ele é meu único e verdadeiro amor.
• ♡︎ •
lágrimas, choro, lágrimas
todo mundo feliz da vida: amber com deus, jackson a mimir, jimin "superou" a dah, os sope lindinhos, os taerim se comendo, os namjin pais orgulhosos e dahkook flex; dah domesticou o galinha e jungkook agr é homem de família anel no dedo, amaro?
acaboukk to chorando aqui e nao é meme, a que ponto chegamosKHKKK lê aí meu recadinho no próximo, porfa 🤲🏻
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