81. Dahyun
Troco de dorama pela vigésima vez, irritando o loiro. Jimin insistiu que não queria me largar sozinha em casa, então acabei cedendo e o deixando vir aqui.
Ele disse que faria qualquer coisa para me animar, mas acho que não esperava que, o que realmente me faz feliz, é chorar pelo casal principal enquanto tomo um balde de sorvete. O tipo de programação que faço com a Yerim.
O problema é que hoje não está funcionando. Eu escolho um, e assim que uma cena de beijo se aproxima, mudo. Não estou conseguindo ver essa atuação melosa, me deixa sem paciência.
Cansei de romance, deve ser este o motivo.
— Hyunie, se você trocar de novo, eu vou embora! — reclama com um biquinho. — Porra, quero saber a história!
— Eram sem graça... Que tal um terrorzão? — ele nega com a cabeça freneticamente.
— Você odeia filme de terror e eu também. Dois medrosos, não vai dar certo.
Rio por impulso ao me lembrar do susto que Jungkook levou naquele dia, despejando todo o refrigerante em mim.
Jungkook. Só de pensar em seu nome, a cena dele e Amber se beijando invadem minha mente. É sufocante.
— Quer saber, vou voltar a dormir — apoio o controle remoto na mesinha de centro.
Jimin está numa ponta e eu na outra. Me ajeito no sofá, aproveitando para descansar minhas pernas no seu colo. Me cubro até o pescoço com o cobertor de pelinhos.
— Você só faz isso agora, linda? — dá um tapinha no meu calcanhar. — Dormir, dormir e dormir. De onde vem tanto sono?
Da minha falta de vontade de realizar qualquer atividade, meu caro.
Três toquinhos na porta, chamam nossa atenção. Jimin e eu nos entreolhamos, curiosos. Ele levanta e vai até lá.
— Se for o Namjoon, usa esse guarda-chuva aí para dar na fuça dele! — grito, apontando paro o mesmo. O menino ri.
Viro para o encosto do sofá e tento relaxar. Na verdade, eu não durmo direito há dias. O sono sempre vem de tarde, então direto cochilo pelos cantos, especificamente, em um lugar que eu consiga encostar e dormir. O ombro do Jimin tem sido esse lugar na escola.
— Jungkook? — abro os olhos, assustada. — Tem muita coragem para aparecer aqui! Estou vendo que alguém já te arrebentou antes de mim... Que peninha.
Jimin está barrando a porta. Abriu-a minimamente, o suficiente para colocar a cabeça para fora. Sento, tentando escutar a conversa dos dois melhor.
— Preciso falar com ela, pode chamá-la? Por favor, Jimin...
Não poderia me sentir assim, mas ouvir a voz de Jungkook após tanto tempo, me deixou feliz. Fazia dias que não tinha notícias dele, se estava bem ou não... Taehyung não sabia de nada.
— Sinto muito, não vai rolar, Jeon. Ela está descansando, não dorme bem desde o dia que pegou sua ex na frente dela, lembra?
Comprimo os lábios. Jimin jurou que não tocaria mais nesse assunto.
— Eu sei que ela está acordada e escutando. Me encontre em frente à sorveteria — dessa vez a frase é direcionada para mim. — Vou estar lá se você quiser conversar, Dahyun.
O loiro fecha a porta com força segundos depois e me encara bravo.
— Você que escolhe, Hyunie.
Tudo mudou após eu ter confessado para Jungkook que o amava. A partir dali que começou a desandar. Parei para pensar diversas vezes se esses eventos que sempre nos separam, significavam algo, como um sinal do Além dizendo que não funcionaria.
E achei que estava certa.
Não me interessei nas explicações de Jungkook. Por mais que ele tenha me decepcionado, fui um tanto idiota de ignorar a situação. Eu deveria dar uma chance antes de tomar uma decisão definitiva.
Talvez, eu me arrependa, mas ao menos, não ficarei com a consciência pesada.
— Eu volto daqui a pouco.
ᴛ ᴇ x ᴛ ᴍ ᴇ
O dia bonito e ensolarado que está fazendo hoje, não combina com o clima da nossa conversa. Como dito, Jungkook me esperou. Do outro lado da rua, em um dos bancos de madeira desconfortável.
Esta parte do bairro não é aberta para carros, então atravesso livremente, desviando de algumas pessoas. Cada passo que dou, me aproximando dele, mais aflita fico. Nem o olho direito, só sento no espaço vago, sem falar nada.
Nós ficamos assim, num completo silêncio, até ele se pronunciar:
— Sabe aquela mesa? — aponta para dentro da sorveteria. Uma perto da janela. — Foi ali que te vi pela primeira vez. Você estava sozinha, cabelo amarrado, tomava um milkshake de chocolate enquanto lia. Isso foi umas duas semanas antes do desafio...
Continuo encarando meus próprios pés, tentando fingir desinteresse. Jungkook já havia me notado antes daquele dia?
— Eu estava renovando o meu mural, primavera é a minha estação preferida. E, por acaso, tinha uma cerejeira ali na calçada, atrás do vidro, que combinava com você e com seus olhos. Tirei uma foto sua distraída com árvore — está explicado o porquê de ele ter ficado nervoso quando fui em sua casa. — Olhava para a foto todos os dias. E aí, te vi novamente.
Lembro bem de como me irritei com os meninos. Jimin havia prometido que me encontraria na sorveteria para irmos juntos ao cinema. Pedi um sorvete para esperá-lo, mas levei um belo de um bolo. Já estava brava e, há duas mesas de distância da minha, vi aqueles três meninos barulhentos rindo alto e zoando as pessoas. Idiotas, pensei na hora.
Em especial, o de boné preto, igual ao meu, que peguei me espiando de canto de olho: Jungkook.
— O Taehyung te escolheu para o desafio. Eu não demonstrei, mas fiquei animado por falar com você. No seu lugar, eu daria um tapa em quem me passasse uma cantada tão ruim — reprimi uma risadinha. — Você não deu um tapa, apenas me olhou e sorriu. E droga, seu sorriso é tão lindo, baixinha...
Apesar de estar irritada, eu ri da tentativa dele. Foi péssima. E ainda quis pagar de descolado, lançando aquela típica psicadinha safada para mim. Cheguei em casa e arrisquei mandar uma mensagem para o número com uma cantada melhor para ele aprender.
A Yerim não me obrigou, eu que fiquei com vontade e, no final das contas, não foi um erro ter o conhecido. Quer dizer, talvez tenha sido.
Viro rapidamente para vê-lo. Jungkook mira a mesa com uma feição triste. Percebo que o canto de sua boca está num tom vermelho forte, como sangue. É recente, pois está meio inchado.
Será que foi o meu irmão? Não acredito que ele fez isso com o melhor amigo dele, mesmo após eu ter o ameaçado.
— Tem algo que passei a acreditar e tenho certeza. Pode ser loucura, eu não ligo — ele ri sozinho. — Não importa como ou quando, eu iria te encontrar. Nossos caminhos se cruzariam e tudo que vivemos até aqui iria se repetir, porque estou destinado a você.
Sua mão toca meu queixo, ele vira minha cabeça. Está tão perto que consigo sentir seu perfume. O sol reflete em seus olhos negros; parecem uma galáxia repleta de estrelas.
— Porque eu sou seu e só seu, amor. Você tem meu coração na sua mão desde a primeira vez e isso não vai mudar nunca.
Me seguro ao máximo, mas já é tarde. Minha visão começa a ficar borrada. Ele limpa delicadamente as lágrimas que escorrem pela minha bochecha.
— Eu te amo, Dahyun! Amo como nunca amei ninguém. Amo tanto que chega a doer...
Perco o ar por um instante. Meu coração está prestes a pular para fora. Uma parte de mim quer abraçá-lo e outra quer fugir para longe.
— V-Você, o quê? — tento repetir as palavras para mim mesma.
— Eu te amo, bobinha — sorri. — E juro, meu amor, que não beijei a Amber. Só convidei você para a festa para te dar a resposta. Mas viu o que não devia, na hora errada e no lugar errado.
Pelo o que me contou, a Amber é abusiva e o persegue até hoje. Pode ser verdade, porém eu ainda não confio completamente nessa história. Como poderia? Jungkook é instável. O humor dele muda da água para o vinho facilmente. Todas as possibilidades possíveis de terem reatado — na semana que dei um tempo para ele pensar — passaram pela minha mente.
— Me desculpe por ter brincado com os seus sentimentos. Me desculpe por fingir que não ligava, quando o que mais queria era estar com você. Me desculpe por ter sido um covarde — seus olhos tremem. — Sou apaixonado por você. Continuo me apaixonando todos os dias que conversamos, por cada detalhe seu, por cada beijo, abraço...
Estou tão espantada que não consigo falar nada. As palavras não saem. Jungkook me ama e finalmente confessou, mas justo agora? Justo agora que já estava pronta para desistir dele?
— Jungkook...
Ele junta nossas mãos. Chego a arrepiar pelo toque.
— Dahyun, me dê uma chance? Uma chance de ser o motivo do seu sorriso. De andar na rua de mãos dadas, de te encher de beijinhos quando estiver chateada, de poder dizer que é minha e sentir ciúmes sem arranjar desculpas — seu rosto está molhado, os olhos vermelhos de tanto chorar. Não devo estar diferente. — Eu preciso de você na minha vida, baixinha. Por favor, diga que sim...
Me afasto do garoto e levanto. Fico de costas para o mesmo. O movimento na rua continua igual, as pessoas seguem seus caminhos. Para elas, somos apenas dois adolescentes discutindo. Ele me chama e pergunta se se estou disposta a perdoá-lo.
Não consigo, não tenho forças. Sua declaração só serviu para me deixar mais confusa e perdida. Eu ainda o amo, é claro, mas me machuca. Amá-lo faz eu me sentir pequeninha. E não é a primeira, e nem a segunda vez, que acontece.
— Jungkook, e-eu não sei. Acho melhor n...
— Quatro dias — me interrompe, apressado. É possível ver seu medo transparecendo. — Até sexta-feira, começando amanhã, eu te esperarei na sorveteria depois da aula. Se você decidir não ir em nenhum dos dias, eu prometo que nunca mais te incomodo. Você escolhe: pararmos de nos falar ou esquecer os últimos meses e forçar uma amizade.
Esquecer? Se antes sermos "amigos" não deu certo, imagina como seria agora! Mas parar de falar com Jungkook também não estava nos meus planos. Eu gostaria de me afastar um pouco para a poeira abaixar, não ignorá-lo se nos víssemos na rua. É pior assim.
— Pense bem, ok? — o garoto acaricia meus cabelos de leve. — Respeitarei sua escolha, independente de qual for ela.
Quatro dias... Deveria reconsiderar?
— Obrigada — limpo o rosto com as mãos. — Eu... vou embora.
Ele assente, claramente chateado. Não me despeço corretamente, meu desejo de sair correndo dali, não permite. Dou a volta no banco e atravesso a rua de novo. Quase na virada da esquina, não evito olhar para ele. Jungkook acena, sorrindo fechado. O brilho que seus olhos tinham não é mais o mesmo.
O simples gesto, é como uma pisada no meu coração. Esse é o sorriso que esboça quando quer encobrir o quão mal ele está.
Saber que é por minha causa, não ajuda na minha escolha.
• ♡︎ •
dahyun tem 4 dias, adivinha em qual ela vai falar com ele? kkkdrama
decidi não pagar terapia pra ninguém, vocês que lutem, muita gente na fila. se contentem com os dahkook namoradinhos, já vai ter boiolagem suficiente pra compensar esse sofrimento. beijos da lolo 😘😘
+ muito obrigada pelos 300K aaaa eu to sem palavras???? faço geral sofrer, mas amo vocês, tá? 💜. mimos: caps 86 e 87.
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