45. Dahyun
Pode ter sido uma péssima ideia contar para o Jimin sobre a minha pequena briga com Jungkook. Achei que ele poderia me dar algum conselho de como lidar com os chiliques do garoto, mas eu já deveria saber que o sobrenome "Jeon" é motivo para minutos seguidos de xingamentos.
Ainda vou fazer eles se reconciliarem.
Acabei não contando nem para ele e nem para Yerim que eu e Jungkook nos beijamos novamente. Tenho medo do que poderia causar se chegasse nos ouvidos do meu irmão. Fico meio mal de esconder as coisas dele, mas é o único jeito de continuar sendo próxima de Jungkook.
— Como foi o seu encontro com o Jeon gostosão? — Yerim enlaça nossos braços enquanto andamos até a saída do colégio.
Expliquei milhares de vezes para ela que foi apenas um passeio de amigos. É difícil entender...
— Yerim, somos amigos! Sabe o que significa esta palavra? — ela bufa irritada. — E pare de chamar ele assim.
Na verdade, acho que eu mesma estou começando a repensar no significado.
Assim que passamos pelo portão, vejo meu irmão encostado num carro. O carro do meu pai. Estranho ele ter vindo aqui sem avisar antes, não é de seu feitio. Me despeço de Yerim e vou até ele.
— Oi, Joon — nos abraçamos brevemente. Ele abre a porta do carro e indica com a cabeça para eu entrar.
— Papai quer almoçar com nós dois hoje. Vamos? — faço uma careta. — Por favor, Hyunie! Vocês não têm uma conversa decente há anos!
Após descobrir que a razão da separação de meus pais fora uma traição por parte dele, eu fiquei arrasada. Eu o afastei muito e fico feliz de ter escolhido proteger minha mãe. Raramente nos falamos.
Almoço em família. Que notícia maravilhosa...
— Estou indo porque me pediu, entendido? — ele concorda. — Não fique esperando que as coisas vão voltar ao que eram.
Já posso classificar este como o pior dia da semana.
ᴛ ᴇ x ᴛ ᴍ ᴇ
Consigo contar em uma mão as vezes que vim nesta casa. Briguei tanto com meu irmão por ficar do lado de nosso pai, porém não é culpa dele. Foi como aconteceu e odeio pensar que sua infância deve ter sido horrível. Quer dizer, o que sobrou dela. Namjoon se tornou adulto com 12 anos.
— Então, filha... Como vai a escola? — Kim Junhee pergunta receoso. Coloco um pouco de arroz numa tigela.
— Ótima.
Nos sentamos para comer e eu continuo de cara fechada. Ele chamou para almoçar e não para conversar. Não sou obrigada a mostrar empatia.
— Nam disse que está fazendo curso de artes, correto? — tenta iniciar um assunto.
— Sim — Namjoon me fuzila com o olhar. Ele quer ajudar, mas é tão chato ter que fingir... Completo: — Está sendo incrível.
O tom de animação falso que uso o deixa incomodado. Acho que é possível sentir o clima pesado de longe. Estar no mesmo cômodo que ele já me deixa enjoada.
— Dahyun, eu estou tentando! — meu pai larga os talheres na mesa com força. — Por que não para com essa teimosia e tenta entender o meu lado também?
O lado dele? O lado que fez minha mãe sofrer por cinco anos? É muita ousadia da parte dele achar que tem alguma desculpa para o que fez. Ele não consegue entender que estragou nossas vidas com esse caso ridículo?
Namjoon franze o cenho. Sei que ele também se sente desconfortável com essa situação, mas está enganado se pensa que vou engolir sem revidar.
— Querido papai, enquanto o senhor ficava até tarde "trabalhando" no escritório, adivinha quem ficava horas no hospital se esforçando para colocar comida em casa? — ele abaixa o olhar para o prato.
Ela ainda tinha que chegar em casa e fingir que estava tudo bem para nos dar atenção...
— Acha que eu não sei o quanto errei naquela época?! — gritou bagunçando os cabelos grisalhos, frustado. — Quero consertar as coisas, quero me reaproximar de você!
Solto uma risada debochada, mexendo na comida. Namjoon segura minha mão debaixo da mesa e eu evito olhar diretamente para ele.
Alcanço o copo de água e tomo tudo de uma vez. Não acredito que vim para cá. Não acredito que achei que ele poderia ter mudado, poderia ter voltado a ser meu herói. O mesmo que elogiava meus desenhos de palitinho como os melhores do mundo.
É tão decepcionante saber que nada mudou.
— Me arrependo profundamente do sofrimento que dei a vocês. Desculpe por ter causado suas crises e ter a separado de Namjoon. Mas nós podemos voltar a ser uma família, Dahyun. Gostaria que tentasse também.
Aquilo foi a gota d'água.
Repito as palavras na cabeça. "Nós podemos voltar a ser uma família". Começo a rir sozinha. Só pode ser piada.
Ele não tem ideia de como foi difícil passar por tudo aquilo com dez anos de idade, tendo que cuidar da minha saúde mental e da minha mãe ao mesmo tempo. Se pelo menos eu tivesse Namjoon ao meu lado, as coisas teriam sido mais fáceis...
Aquele sentimento que odeio tanto quanto o homem em minha frente, invade meu peito. Tenho vontade de colocar todo o almoço para fora. Acredito que Joon percebe, pois me manda respira fundo.
— Tem noção do quanto eu te odeio? — minha visão fica embaçada, mas não posso chorar. Não na frente dele. — Aceitei o convite em respeito ao meu irmão. Você não é nada para mim, Junhee. Nada! — cuspo as palavras em sua cara e ele permanece imóvel.
— Dahyun, espera! — Namjoon me chama quando arrasto a cadeira e saio da sala de jantar.
Corro para fora da casa até minhas pernas vacilarem no meio da rua. Sinto a chuva fraca molhando meu rosto e se misturando com as inúmeras lágrimas que deixo cair.
Todas as pessoas que entram na minha vida dão um jeito de me manipularem. E eu deixo... Deixo por medo de perdê-las.
Por que faz isso, Dahyun?
— Hyunie, me desculpa — Joon toca meu ombro e se abaixa ao meu lado. — Eu apenas queria tentar e...
— Tudo bem, Nam. Apenas me leva para casa? Minha casa de verdade.
Ele sorri triste e me abraça apertado. Por uma fração de segundos, desejei que os braços quentes me rodeando ali fossem os de Jungkook.
• ♡︎ •
capítulo meio tensoh pra conhecer mais sobre o passado da dahyun guerreira.
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