KIM DAHYUN.

Estou num corredor inteiramente branco. Não há portas e nenhum móvel, só branco em tudo: minhas roupas, paredes e chão. Escuto o som distante de um toque de celular. É irritante e repetitivo, mas não consigo achar sua origem.

Ando na direção do apito e parece que, quanto mais avanço, mais o corredor se alonga. No final dele, uma silhueta familiar de um homem estica o braço e me chama para si. Conheço essa voz... J?

De repente, o chão começa a sumir, deixando um vazio a cada passo que dou adiante. O toque continua aumentando e eu corro para fugir do vazio formando-se atrás de mim. Quase alcançando a sombra misteriosa, um buraco abre bem na minha frente e me engole em sua escuridão.

Abro os olhos, assustada. Minha garganta está doendo, como se eu estivesse sufocando há alguns segundos. Um barulho infernal soa pelo cômodo escuro e Eunwoo está dormindo profundamente, virado para o outro lado. No teto tem um desenho de Saturno rodeado por seu anel fluorescente, confirmando que estou no meu quarto.

Que sonho estranho...

Me espreguiço e estico o braço sobre a cômoda para olhar quem é o maldito indivíduo ligando tão tarde. Para a minha surpresa — ou nem tanto —, é o nome de Jungkook brilhando na tela. Pondero se deveria atender ou apenas ignorar e voltar para o meu sono.

Será que aconteceu algo?

Saio do quarto na ponta dos pés, sem acordar meu namorado, e atendo de uma vez. Encaro a contagem da chamada iniciando, enquanto desço as escadas.

— Jungkook...? — cochicho.

— Amor — sua voz sussurra rouca em resposta.

Não sei diferenciar se o arrepio percorrendo meu corpo é mesmo por causa do frio da noite. Eu posso senti-lo ao pé do meu ouvido, trazendo lembranças que jurava estarem deletadas da minha mente.

— Endoidou? Por que está me ligando em plena madrugada? Combinamos de falar somente sobre a Chunja!

Ele fica quieto por um instante.

— Faz cinco anos que tento te esquecer e não consigo. Poderia estar agora com qualquer mulher que eu quisesse, mas é você, baixinha, a única que desejo — estremeço com suas palavras. Ele ri num tom irônico, completando: — Sou um idiota apaixonado por você.

Está bêbado. É evidente pelo modo que sua voz sai arrastada.

— Idiota sou eu de pensar que poderia ter mudado, Jeon. Você é um adulto! Tem 28 anos nas costas e é pai de uma garotinha de cinco. Não aja feito um adolescente, é ridículo.

Já previa que isso aconteceria, não sei onde estava com a cabeça para permitir toda essa confusão. Seria melhor se Jungkook tivesse permanecido bem longe de mim.

— Te machuquei e fui um imbecil, mas e-eu te amo muito, amor... Não ligo para porra de traição nenhuma, apenas preciso de você comigo para sobreviver! Por favor, Dahyun...

A respiração ofegante e os soluços do moreno ecoam na chamada. É frustrante para mim escutá-lo chorando, ainda por cima, em consequência de uma escolha dele.

Nós poderíamos ter resolvido com uma conversa e simples trocas de comunicação, no entanto, a vida de Jungkook gira em torno de drama. Talvez, sua infância ruim tenha estimulado essa dependência emocional e o jeito imaturo que trata assuntos sérios. Mesmo sabendo disso, eu o amei e me dispus a curar suas cicatrizes, ganhando em troca, nada mais nada menos, do que ofensas e desrespeito da sua parte.

Criar uma família foi uma ideia inicial do Jungkook. Recordo nitidamente do dia que perguntou se futuramente iríamos "fazer bebês". Naquela época, vivíamos num mundo mágico e imaginário. Na realidade, ele foi embora no período que seu apoio era essencial para mim. Sua partida contribuiu para o meu quadro depressivo durante cinco meses de gestação.

Essa encenação para fingir que é ele a vítima aqui, me irrita.

— Eu fiquei do seu lado quando sua família e seus amigos viraram as costas e desistiram de você, Jungkook! E no momento que mais precisei do meu namorado, do meu noivo que prometeu cuidar de mim — a vontade de chorar chega até minha garganta —, ele fugiu feito um covarde.

— Desculpa, desculpa — repete baixo e funga o nariz, em seguida. — Tive medo de te perder se não obedecesse o meu pai — franzo o cenho. Óbvio que tinha dedo do Jeon rabujento nisso. — Acabei perdendo o amor da minha vida de qualquer forma.

Sentada no balcão da cozinha, apoiando o celular na orelha, escuto o ar abafado saindo da boca do moreno. Ele não parou de chorar. Suspiro fundo, sem um pingo de paciência.

A última coisa que deveria fazer é demonstrar preocupação, entretanto, não ouço as vozes de Taehyung ou Yoongi no fundo. Jungkook pode, possivelmente, estar largado em algum beco de bar, alterado e sozinho.

— Está tarde e as ruas são perigosas a essa hora. Vai para casa, ok? Quando acordar, irá se arrepender disso e colocar a culpa em mim.

— Dah, espera! Vo-Você ainda me ama? — sussurra, como se perguntasse um segredo. Fico quieta diante da questão. — Amor?

Foi um erro atender essa chamada.

— Boa noite, Jungkook.

Sinto-me mais leve ao desligar o telefone. Vou acabar envelhecendo mais rápido por culpa do estresse que este imbecil me proporciona.

Ligar às quatro da manhã para sua ex, bêbado e implorando para voltar, ultrapassou todos os limites existentes. Deixei claro que agora nossa relação seria de compromisso com a Chunja. É unicamente por ela que estou mantendo isso. Sei por experiência — e Jungkook também — como é ter um pai que não está presente para acompanhar seu crescimento.

Ela merece ser feliz de verdade. Para dar certo, Jungkook precisa mudar para valer: sair do passado, erguer a cabeça e seguir com a vida dele, sem deixar o que aconteceu entre nós afetar sua saúde mental. Ele é uma pessoa boa, sempre foi, e eu acredito que com o tempo aprenderá a lidar com os compromissos da paternidade.

Meus olhos caem sobre o celular vibrando no balcão, com o nome do moreno registrado na tela novamente. Ignoro e recuso a ligação.

Não é mais problema seu, Dahyun.

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oi amores, hoje é ATT DUPLA pra comemorar os 10K!!!! viu, vcs me ameaçam, mas eu continuo mimando voces feios 👺

avisinho rápido: minhas provas presenciais *chora de desespero* vão até o final de novembro. além disso, a escola ama ferrar a gnt, entao tenho trabalhos estilo tcc ao msm tempo + saúde mental fodidakkj então, peço desculpas desde agr caso eu "suma" dnv. por ser a última etapa, tenho q garantir notas pelo menos acima de 6 pra passar, ou seja, preciso estudar de verdade e nao colar 🤠

mas relaxem q vou escrever nesse meio tempo. o problema é que é tanta coisa na minha cabeça q eu perco toda a linha de raciocínio e os capítulos ficam um cocozinhok