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8 - ENTÃO NÃO FOI UM ACIDENTE!


     ─ Aqui é o ponto, bata logo o seu cartão, e pendura ai.

     ─ Estes são os cartões dos outros funcionários? Só temos mais cinco pessoas?! ─ enquanto batia o meu, reparei que haviam só cinco cartões pendurados.

     ─ Aqui no terceiro andar é o onde os funcionários dormem,  e lá no quarto andar é onde se encontram a maioria dos quartos alugados para hospedes permanentes. Você sabe não é? Aqueles hospedes  que vivem aqui. ─ disse ele apontando para o chão diversas vezes.

     ─ Severino, eu sei o que significa permanente cara! ─ ri e balancei a cabeça, enquanto olhava para ele. ─ Posso fazer uma pergunta? ─ nesse momento ele puxou um outro molho de chaves do bolso, e passando-as, escolheu uma e seguiu andando no corredor do terceiro andar.

     ─ Pode. Olha, o seu quarto é o 307. ─ ele separou a chave de mesmo numero e me deu.

     ─ Você é da Paraíba?

     ─ Sou cearense cara, não me xinga não, vixe! ─ ele riu com a minha pergunta. 

     ─ Só perguntei por causa do sotaque carregado que você tem. ─ neste momento, chegamos em frente ao meu quarto, e na mesma hora eu olhei para o piso, e me imaginei atravessando ele, dando de cara com a porta do quarto 207, lá no segundo andar. ─ Não me diz, que o quarto daquele cara, é embaixo do meu! ─ disse apontando para o Severino, e bem sério.

     ─ Vixe, tem medo é?! ─ o sacana começou a rir alto da minha cara, chega se curvava de tanto rir. Que cearense mais filha da puta.

     ─ Severino, troca aí vai! ─ estiquei meu braço direito com a chave na mão.

     ─ É ordem do nono do hotel, os quartos são sempre os mesmos.

     ─ Como assim, os mesmos? De quem era este quarto? ─ perguntei curioso, enquanto segurava firme a chave, já que ele me ignorou.

     ─ Este quarto era do Felipe, o outro rapaz da limpeza que se matou. ─ ele ficou bem sério ao se lembrar, dos fatos.

     ─ Se matou?! A Julha, disse que foi um acidente! ─ não entendi mais nada, mas aquilo me cheirou muito mal, muito mal mesmo.

     ─ Eu nem devia ter te contado Marcos, escapou sem querer. Não conta para a Julha, se não ela me despede, por favor! Eu tenho seis filhos para sustentar lá no Ceará, você sabe o que são seis bocas que dependem de você para comer?!

     ─ Não cara, jamais prejudicaria alguém nessa situação. Mas por que diabos a Julha mentiu para mim?! ─ entrei no quarto, fui olhando o seu interior. Havia um cômodo com uma cama e uma cômoda, uma cozinha pequena toda equipada, inclusive com uma geladeira velha, e um banheiro.

     ─ Ordens do dono cara, ele não quer que digamos a verdade sobre o que aconteceu, mas escapou. Que língua grande eu tenho! 

     ─ Todos os quartos do prédio, são iguais? ─ perguntei.

     ─ Sim, são todos iguais. Olha, foi bem aqui que encontraram ele enforcado. ─ ele faz uma careta horrível, ao apontar para o canto direito da cama.

     ─ Enforcado na cama? ─ eu olhei de imediato para o teto, procurando onde ele poderia ter amarrado a corda, e não vi lugar algum. ─ Ele subiu na cama, não é?

     ─ Não. Ele estava sentado no chão totalmente nu, e o seu pescoço amarrado no cordão do seu roupão de banho. A outra ponta do cordão, passava pelo ferro da cama, bem aqui. Assim ele puxou o cordão, até morrer. ─ ele aponta para o ferro da parte de trás da cama, que fica encostado na parede.

     ─ Severino, eu nunca ouvi falar em um enforcamento desta maneira! Isso parece mais que foi um assassinato! ─ fiquei perplexo e pensativo, olhando o local, tentando me imaginar se enforcando daquela maneira, seria um tipo de morte muito agonizante, com certeza.

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