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61 - O FRIO ESTÁ INSUPORTÁVEL



     ─ NÃOOOOO! ─ Maria grita olhando com fúria em direção aos céus. Depois desaba de olhos fechados, e assim fica por vários segundos.


     ─ Não fica assim não, ele está melhor agora! ─ Almir passa por ela e olha de cima do abismo.

     ─ Será que ele sobreviveu a queda?! ─ Bruno, chega nesse instante ao seu lado.


     Almir olha bem para o Abismo e depois olha para o Bruno, como se deseja-se derruba-lo lá de cima, mas ao notar que a Maria levantava-se e se aproximava deles dois, ele relaxa seus braços, aos quais já estavam se erguendo segurando firme a madeira.


     ─ Como assim? Está melhor do que nós?! ─ ela o encara bem perto de seu rosto, bem séria.

     ─ Só modo de dizer, já que ele está ao lado do seu Deus! ─ ele vai caminhando em direção da cabana.

     ─ Ele está diferente, você não acha?! ─ suspeitando de algo.

     ─ Eu não sei Maria, a única coisa de que sei é que precisamos fazer o pedido de socorro agora! Ou talvez nunca sairemos daqui vivos! ─ Bruno segurando seus dois ombros, depois ele a abraça.

     ─ O Frio, nossas mãos congelam se a deixarmos sem proteção! Ele está só de camisa e parece não sentir nada! ─ ela olha bem dentro dos olhos dele. ─ Isso não faz sentido!

     ─ Talvez tenha sido o trauma, ele quase morreu! Talvez por isso ele não esteja sentindo o frio direito, apesar de que com certeza suas mãos devem estar congelando e o seu corpo também. Quando entrarmos eu vou te mostrar, apenas preste bem atenção. ─ ele vai seguindo para a cabana também e ela vai atrás.


     Enquanto isso no Abrigo Rebolças.


     ─ A porta está bem fechada, todas as janelas também. ─ Lucas, acaba de entrar em um dos quartos, eles mantiveram o ambiente escuro, nada de luz acesa.

     ─ No escuro acho que vai dificultar deles perceberem que estamos aqui. Caso tentem entrar, vamos ouvir o barulho. ─ Sonia deita no chão e entra embaixo da cama. ─ Vem Lucas.

     ─ Deixa eu esconder as nossas coisas. ─ ele empurra as bolsas deles para debaixo da outra cama ao lado. ─ Agora, sim. ─ ele entra embaixo da cama também e dá a mão a sua mulher.

     ─ Entrelaça os nossos dedos, assim quem conseguir sair do corpo primeiro puxa o outro. ─ Sonia, fechando os olhos e concentrando-se, enquanto relaxa bem o corpo.

     ─ Ok, meu amor!


     Na área de laje, inicio da subida para o Pico das Agulhas Negras.


     ─ Marcos, está muito escorregadio a montanha é melhor não escalarmos. Vamos voltar, eu acho que não consigo mais! ─ Dricka está empacada em pé na laje de pedras, trecho muito escorregadio da montanha, pois as rochas são lisas e enormes, lembram mesmo um tipo de laje. Muitos caem nesse trecho em dias ensolarados, imaginem como está escorregadio com a fina camada de gelo que se formou por causa do frio, e a neve que começou a cair a pouco.

     ─ Por sorte resolvemos passar na área de camping e pegar materiais apropriados para a subida, já que as pessoas lá não vão mais precisar mesmo! ─ eles estão vestidos com mais um casaco bem grosso por cima de suas roupas de frio, de tocas e luvas. Estão com material de escalada completo também e uma boa iluminação com seus lampiões elétricos.

     ─ Você fala como se fosse um alpinista profissional! ─ ela ri logo em seguida. ─ Nem parece que aprendeu comigo ha pouco tempo atrás a prender os ganchos!

     ─ A nossa sobrevivência pode depender dessa escalada! A de toda a raça humana também! Aguente firme, não se mexa eu acho que consigo... ─ ele pula o mais que consegue tentando alcançar uma fresta na rocha, perfeita para agarrar os ganchos. Mas sua mão escorrega e ele cai, vai escorrendo pela laje. ─ Ahhhhhhhh!

     ─ Calma, não se mexa! Só tem um gancho segurando você e não está bem firme. ─ ela olha em meus olhos e eu apenas obedeço, tentando me segurar firme em uma das pedras da laje. Mas enquanto eu faço isso, trato de prender logo outro gancho e bem firme, pois se ela cair ele vai segurá-la.


     Como eu previa, ela escorregou feio e caiu, foi deslizando pelas pedras até ficar presa ao gancho.


     ─ Eu tenho pavor de altura você sabia?! ─ ela está desesperada, mas com persistência ela consegue ficar em pé novamente.

     ─ E se eu disser que também tenho! Meu amor, fica parada. Eu vou subir e te puxar. ─ dessa vez estou com mais calma, e subindo com muito mais segurança do que antes.

     ─ QUEM ESTÁ LÁ?! ─ Dricka vê uma forma como de pessoa em pé os observando ao alto no fim da área de laje, a pessoa está iluminando a si mesma com uma lanterna e só por isso dá para ver o contorno do seu corpo.

     ─ NÃO DÁ PARA VER DIREITO... MIGUEL, É VOCÊ MIGUEL?! ESPERA CARA! ─ eu tenho certeza que era o Miguel, ele caminhou igualzinho a ele quando sumiu por dentro da neblina.

     ─ O QUE ELE ESTARIA FAZENDO AQUI ENCIMA?! ─ Dricka.

     ─ EU NÃO SEI, MAS EM BREVE VAMOS DESCOBRIR! EU ESTOU QUASE LÁ, DRI AGUENTA MAIS UM POUCO.

     ─ A ÚNICA COISA BOA DESSA NEBLINA É QUE NÃO DÁ PARA VER O CHÃO, DISFARÇANDO A ALTURA! ─ ela olha para baixo, e só vê o branco que cobre tudo, cobre todo o parque. É muito fácil perder a noção de tempo em um ambiente assim. 

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