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55 - SEGUINDO A TRILHA PARA A MONTANHA



     ─ Não, ele está indo embora de costas como sempre faz. ─ ela estava preparada para jogar a sua água benta contra ele, mas ao velo se afastar lentamente, ela tampa a garrafa e a guarda.

     ─ A sorte de vocês é que os humanos só possuem duas mãos! ─ ele acena com as duas cabeças, uma em cada mão. ─ Ele não gosta quando elas tocam umas nas outras, o porquinho é um cara esquisitão! Mas é um cara legal! ─ ele saiu rindo, sumindo na neblina.

     ─ Isso foi um aviso, ele vai voltar assim que der as cabeças para o açougueiro! Temos que nos juntar aos outros, agora. ─ Bruno está desesperado, ele pega um lampião elétrico de LED recarregável na sua mochila e o liga.

     ─ Vamos. ─ Maria vai na frente, ela pega o lampião de Bruno. ─ Eu Ilumino o caminho.

     ─ Tem como nós dar um pouco dessa água benta? ─ Bruno bebe o resto de água que havia na sua garrafa, e estica o braço para ela.

     ─ Claro, mas use com sabedoria! Apenas em momentos que possam decidir sobre a vida ou a morte! ─ ela coloca um pouco da água dentro da garrafa dele.

     ─ Obrigado!

     ─ Eu também, assim podemos nos defender melhor, nós três! ─ Severino joga fora o resto de sua água, e dá a garrafa para ela.

     ─ Pronto, toma. ─ Maria devolvendo a garrafa dele e seguindo na frente.

     ─ Agora, podemos queimar aquele palhaço! ─ Bruno sorri.

     ─ Claro, mas cuidado para não perder a cabeça! ─ Severino pega a sua lanterna, e vai iluminando o caminho.


     E assim os três vão caminhando, passam pela pequena represa e seguem a trilha. Um pouco mais a frente, antes de chegar a placa que explica a divisão dos caminhos, lá está o corpo de Luzia sem a cabeça, bem no meio da trilha.


     ─ Esse palhaço é um demônio mesmo! Ele a matou no mato e a arrastou para a trilha, para que nós pudéssemos vê-la! ─ Severino, analisando o mato amassado e o sangue que há naquela região.

     ─ Demônios se alimentam do medo, quanto mais medo tivermos melhor para eles! ─ Maria, contornando o corpo e seguindo em frente. ─ Essa aí adorava demônios e olhem o fim dela! Morta por um demônio!

     ─ Ele sabe como nos colocar medo, porque eu estou morrendo de medo agora! Eu não quero morrer assim! ─ Bruno desesperado, quase chorando.

     ─ Calma cara, agora podemos nos proteger dele. ─ Severino vai seguindo ao lado dele, até que os três se juntam e vão indo em direção ao Pico das Agulhas Negras.

     ─ Calma ai... ─ Bruno retira do bolso o seu termômetro e o suspende ao alto, segurando no chaveiro. ─ Minha nossa! Está fazendo nesse momento dez graus abaixo de zero!


     Está tão frio, que chega a sair fumaça da boca deles, quando falam.


     ─ Ainda bem que conseguimos estes agasalhos, se não, não iríamos aguentar todo este frio. Dizem que lá no alto, a sensação térmica quando aqui faz menos dez graus, é de menos vinte! ─ Severino, escondendo as mãos dentro dos bolsos do casacão que usa.

     ─ A torre fica no falso pico da montanha não é? ─ Maria.

     ─ Sim, eu já fui lá uma vez. Só tem um problema, tem uma escalada difícil antes de chegar lá, a menos que o Almir tenha deixado a sua corda presa para nós no local, não vamos conseguir subir até a torre! ─ Bruno.

     ─ Tem razão e só o Almir pegou corda! Que mancada! ─ Severino.

     ─ Se tivessem lembrado lá no Abrigo Rebolças, poderíamos ter ido procurar cordas na parte de camping, com certeza acharíamos algumas. ─ Maria.

     ─ Agora não dá mais para voltar, ainda mais que o palhaço quer as nossas cabeças! ─ Bruno olhando para trás assustado, ele observa a densa neblina e repara que a vegetação está começando a congelar. Ela está ficando com uma camada fina de gelo por cima dela.

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