33 - DESSA VEZ, NÓS ARMAMOS A ARMADILHA
Eu peguei o cutelo, segurei firme com as duas mãos e depois de eleva-lo ao alto, até passar bastante pela minha cabeça, indo até quase as minhas costas, eu o joguei com todas as minhas forças.
─ ARRRRRRR! ─ o açougueiro gritou de dor e caiu no chão, e com o seu braço esquerdo ia retirando o facão que estava enfiado bem no meio dos seus peitos, mas Almir jogou a escada nele e eu o puxei na hora. Dava para ver o sangue jorrando do ferimento, tornando aquela roupa branca ensanguentada, ainda mais vermelha.
─ Agora Julha! ─ ela apertou o botão assim que eu disse e o elevador subiu.
─ Ele virá atrás de nós, com certeza. ─ Almir, está com muito medo.
─ Calma gente, lembram o que disse o senhor João? Sobre o peso do elevador? ─ perguntei a todos, aguardando a resposta, enquanto olhava para eles.
─ O peso, ele disse que não podia ultrapassar dos 300 Kilos... pois fatalmente o cabo poderia se romper. ─ Severino fala enquanto vai ficando de pé, com esforço segurando-se no canto do elevador.
─ Eu tive uma ideia, que tal colocarmos os 400 quilos de cimento aqui?! Se ele subir de elevador, ele vai se fuder! ─ após falar eu bati com o punho direito fechado na minha mão esquerda aberta.
─ Por falar nisso, acho que a gente quase bateu esse limite de peso, agora hein?! ─ Julha.
─ É mesmo, que bom que o cabo não se rompeu! ─ Severino.
─ Brilhante cara! Faremos isso. ─ Almir abriu um largo sorriso, ele sabe que pode dar certo.
─ Mas o que é isso?! ─ Julha ao ver pela janela do elevador o clarão das chamas, saindo do quarto da Luzia.
A porta do elevador abre.
─ Severino segura a porta, Almir vai trazendo os sacos de cimento e Julha fica daqui olhando a escada. Se ver qualquer sombra se aproximando corre gritando, ouviu? ─ organizei cada um rapidamente, e fui caminhando em direção a Dricka e a dona Luzia, que estavam paradas olhando para dentro do quarto em chamas.
─ Sim. ─ Julha se posicionando para observar a escada. Olhando de lá, se alguém se aproximasse daria para ver a sombra dela, antes de qualquer coisa e isso era bom, tendo em vista que o açougueiro arremessa muito rapidamente a sua arma.
─ Ei Julha, quem o colocou ele como lider?! ─ Severino.
─ Sei lá, ele seria um chefe pior do que eu! ─ ela ri após falar.
─ É mesmo! ─ ele ri também. ─ Caramba! Alguém está chamando o elevador lá no primeiro andar! ─ Severino olha o painel dos botões e vê a luz do primeiro andar se acender.
─ O que foi gente? ─ Almir, chegando com um carrinho de mão com três sacos de cimento.
─ Só anda logo cara, ele está chamando o elevador, se demorarmos muito ele vai subir de escada e nosso plano já era! ─ Severino desesperado.
─ Dri, dona Luzia... Vocês estão bem?! ─ perguntei ao me aproximar delas.
─ Sim, estamos de olho nele. ─ Dricka apontando.
─ Meu Deus! ─ ao ver a cabeça de palhaço cheia de patas saindo da boca, e imóvel como se estivesse inanimado, enquanto aquela sombra negra e seus olhos brilhantes vermelhos permaneciam observando tudo.
Estranhamente eu pude sentir que as chamas não estavam se espalhando naturalmente, era como se elas estivessem sendo puxadas pela criatura de outro lugar e fluíam como as águas de um rio, mas nesse caso fluindo de baixo para cima, da cama para o teto que a qualquer momento poderá cair, pois já está estalando.
─ Eu preciso ajudar o Almir, já volto! ─ segurei no braço da Dricka enquanto falava, e depois corri para ajudar a carregar os sacos de cimento.
─ Me ajuda a colocar dentro do elevador. ─ Almir, trazendo mais três sacos no carrinho
─ O Severino te ajuda, temos pouco tempo! ─ virei o carrinho bem perto do elevador, o cearense não gostou muito, deu para ver na cara dele.
─ Vamos logo gente, uma hora ele cansa de esperar e sobe pela escada! ─ a Julha está muito ansiosa, tanto que retira os seus óculos, limpa com o seu vestido e os recoloca rapidamente. Ela está suando muito.
─ Pronto, estes são os últimos. ─ cheguei e vi o Almir fazendo tudo sozinho. ─ Caralho Paraíba, você não ajudou ele cara!
─ Se eu soltar a porta o elevador desce, esqueceu? E só uma coisa, quem disse que você é o chefe por aqui?! Você chegou agora cara, e já quer sentar na janela?!
─ Eu só quero que todos fiquem bem, só isso!
─ Você não viu cara! Eu vi o João morrer na minha frente... aquela coisa arrancou a sua cabeça como se ele fosse um porco, ou uma galinha! ─ Severino faz uma careta horrível enquanto lembra-se da cena.
─ E não é o que nós humanos fazemos com os animais?! Talvez eles estejam aqui para nos fazer pagar pelos nosso erros, sentir na pele o mal que fazemos as outras espécies!
─ Espécies?! Sobre o que diacho você está falando cara, eles são os monstros nessa historia aqui, eles! Não tem nada haver com a raça humana!
Almir permaneceu calado, tratou de pegar logo o ultimo saco de cimento e colocar dentro do elevador, o outro eu já estava arrastando e posicionando lá dentro, depois o negão o empilhou também, deixando duas pilhas, uma no canto direito e outra no canto esquerdo, cada pilha tinha quatro sacos e depois, eu tapei as duas pilhas com dois pedaços de lona preta.
─ Eu tenho as minhas duvidas sobre isso! ─ olhei bem na cara dele ao dizer.
─ Tarde demais, ele está vindo! ─ a Julha ao ver uma sombra se aproximando pelas escadas. Ela vai recuando no corredor juntos dos outros.
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