30 - A FANÁTICA RELIGIOSA
─ ENTRE VAMOS! ─ uma porta se abre próximo a ela, e uma senhora estica a sua mão, ela a segura com força e é puxada para dentro. A porta é fechada rapidamente, em seguida.
A cabeça do palhaço agora para e faz uma expressão de tristeza, com seus olhos e sobrancelhas, depois se arreia no chão como se estivesse totalmente desanimada.
─ O que era aquilo?! Eu nunca vi isso por aqui antes! ─ a senhora que a salvou, segura bem firme nas mãos uma bíblia e um terço. Ela corre até diante de uma cruz grande que tem na parede com duas lâmpadas acesas, uma de cada lado e se ajoelha, pondo-se a rezar com fervor o Pai Nosso.
─ Era a cabeça do palhaço, eu não sei como... mas está separada de seu corpo! ─ Dricka senta-se na cama, enquanto a senhora continua a sua reza, pela voz nota-se que é realmente uma fanática religiosa, pois suas expressões orais são todas exageradas, e acompanhadas de muita emoção, emoções extremamentes exageradas.
Quando ela acabou de rezar o Pai Nosso...
─ Levante-se de minha cama! Você é uma pecadora! ─ diz ela olhando fixamente e apontando o dedo para ela, com o seu terço envolvido na sua mão direita.
─ Todos somos, não?! ─ Dricka rebate enquanto levanta-se rapidamente.
─ Sim, mas alguns de nós já estão condenados! Você acha que isso que está acontecendo aqui é por acaso?! ─ ela gargalhou bem alto ao acabar de falar.
─ Qual o seu nome, você não sai muito não é? Eu não me lembro de tê-la visto no prédio.
─ Sempre evitei o contato com os pecadores, os anjos me avisaram que estava chegando a hora de pagarem por seus pecados! Então... eu saia somente a noite, da ultima vez comprei muitos mantimentos e estoquei, venho racionando mas infelizmente acabaram, em breve terei de sair ou morrerei de fome, aqui!
Ela ficou uns segundos em silencio, como se sua mente vagasse e depois respondeu seu nome.
─ Meu nome é Maria, o seu é Dricka não é?
─ Sim, prazer em conhecê-la, obrigado por me salvar dona Maria! ─ ela estica a mão para cumprimenta-la.
─ Não posso toca-la novamente, os seus pecados... eu ainda posso sentir seu cheiro! ─ nesse momento ela cheirou a mão direita bem profundamente, enquanto fechou os olhos. ─ Infelizmente não poderemos ficar aqui muito tempo, eu já estou um dia sem me alimentar, estou ficando muito fraca, só Deus sabe o quanto tenho sido forte, mas no fim, ele vai me recompensar com um lugar no céu. ─ ao final olhou para o alto, com as duas mãos erguidas.
─ Meus amigos virão me buscar, a senhora vai conosco.
─ Minha filha, um destino terrível vai cair sobre o nosso mundo, o Diabo está vindo! A ESQUERDA preparou o terreno para ele esse tempo todo, agora ele vai assumir o seu trono! Um único reino, uma única bandeira, uma única moeda, para um único rei... ─ em seguida ela cochichou com a mão direita ao lado da boca. ─ O Diabo!
─ Minha nossa, ela parece completamente louca! ─ pensou a Dricka, enquanto observava as feições e o modo dramático em que ela fala gesticulando, como se estivesse representando uma peça de teatro.
─ Estes demônios que vemos agora, são demônios fracos, da base da pirâmide... os maiorais estão se preparando para vir, cada hierarquia virá em sua ordem, os mais poderosos... só de te tocar comem a sua alma! Eu nem imagino do que serão capazes os governadores e os reis do Inferno!
─ Então, que Deus nos proteja! ─ Dricka faz o sinal da cruz.
─ Aqueles que sempre acreditaram nele, sempre seguiram os ensinamentos da bíblia, serão salvos! Já os pecadores como você... ─ ela esboçou um sorriso sádico, enquanto ficou balançando a cabeça negativamente, bem devagar.
No corredor do andar, uma porta abre-se e a cabeça de palhaço se recompõe rapidamente, retomando a sua expressão ameaçadora, virando-se para trás e correndo rapidamente.
─ VOCÊ ESTÁ BEM, DRICKA?! ─ gritou a Luzia, ela possuía um desodorante spray nas mãos e um isqueiro.
─ SIM DONA LUZIA, NÃO SE PREOCUPE! ERA A CABEÇA DO PALHAÇO, ELA ESTÁ IGUAL A UMA ARANHA GIGANTE! ─ Dricka foi em direção a porta e gritou próximo a ela.
─ FIQUE ONDE ESTÁ! EU SÓ DEMOREI PORQUE FUI PEGAR UMA COISA.
─ OK, MAS TOME CUIDADO COM ELE!
A cabeça se aproxima dela rapidamente e ao chegar a um metro de distancia pula encima dela, que aciona o spray e o isqueiro na sequencia, assim ela pega fogo instantaneamente.
─ Arrrrrrght! ARRRRRGHT! Arrrrrrrght! ─ a cabeça grita de dor, com a sua voz sinistra, hora aguda e hora grave, rolando no chão tentando apagar as chamas.
As patas de aranha da cabeça encolhem enquanto pegam fogo no chão, mas o fogo rapidamente se apaga, enquanto isso, a Luzia aproveitava para pegar a sua vassoura que estava próximo a porta.
─ Toma seu maldito dos Infernos! ─ ela bate bem forte com a vassoura, mas a cabeça rolou com uma velocidade incrível e foi para dentro do seu quarto de hotel, a vassoura quebrou na hora com o impacto no chão.
A cabeça caminhava lentamente enquanto virava seu rosto para trás, na direção dela, já se recuperando das queimaduras, e foi entrando dentro da sua bacia de macumba, permanecendo bem encima dos três crânios de boi, cercado pelas três velas acesas deles.
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