25 - O SONHO ACABOU... DE VOLTA AO PESADELO!
─ Olha Marcos, o que aconteceu aqui hoje, não deve acontecer nunca mais. Você me levou a isso, quando me beijou e porque fez aquilo?! ─ Dricka, termina de se arrumar e fica me esperando, enquanto eu coloco a minha camisa.
─ Me desculpa, eu estou carente e confundi tudo! Eu tenho consciência de que você é muito nova para mim! ─ eu fiquei muito triste, pois achei de verdade que ela quisesse ter algo comigo, mas nesse momento meus pés voltaram a pisar no chão novamente, e agora posso me concentrar nos monstros que nos esperam dentro do prédio.
─ Olha, não é pela idade! Eu não ligo para isso, e nem pelo o que as pessoas pensam, eu acredito que o amor não tem idade. Só que eu acabei de te conhecer, isso não devia ter acontecido, não mesmo. ─ ela parece estar muito chateada consigo mesma, por ter deixado rolar.
─ Dri, eu nunca mais vou encostar em você, ao menos vou tentar, eu prometo! ─ segui andando pelo corredor, com o meu celular que só serve de lanterna mesmo, já que o lugar não pega sinal.
─ Dri?! ─ questionou enquanto esboçava um leve sorriso. ─ Está bem, vou confiar em você. ─ puxou meu braço e disse olhando na minha cara.
─ Só tenta me ajudar, não se aproximando tanto do meu corpo, por favor! ─ respondi, enquanto a empurrei bem levemente para longe.
Nesse momento ouvimos os gritos desesperados do Severino, e fomos correndo pelo corredor até chegarmos na saída, aquele cara enorme com a cabeça de porco, era forte e gordo ao mesmo tempo. Quando chegamos lá, olhamos pela fresta e vimos ele revirando as mesas, se aproximando do cearense que estava com a calça toda molhada.
─ Me ajuda aqui Dri, mas não podemos fazer barulho. ─ empurramos o armário e o fechamos com muito cuidado. ─ Ele não pode saber dessa passagem, em hipótese alguma.
─ Com certeza. ─ respondeu ela.
─ Eu vou ferrar com esse filho da puta! Observa bem. ─ peguei uma cadeira e fui caminhando por trás dele, nas pontas dos pés.
─ Graças a Deus vocês chegaram! ─ Severino não se contem e fala, enquanto olha para mim, que ainda fiz sinal de silencio com a mão esquerda, colocando o dedo indicador no meio dos lábios, mas ele já havia estragado a minha surpresa.
─ Ca-be-çaaaaaa! ─ ele virou-se para mim, e deu uma cafungada bem profunda.
Eu não fiquei esperando ele atacar primeiro não, rodei com a cadeira e lancei ela contra o corpo dele de lado, o golpe foi muito forte, mas aquela coisa só esticou o braço esquerdo e a cadeira se quebrou toda, como se estivesse batendo contra uma parede de concreto.
─ Cuidado com o cutelo dele, se tentar correr de costas ele joga e te mata! Foi assim que matou o João! ─ Severino, escondido atrás da bancada.
─ Obrigado por avisar, pois eu já ia correr. ─ puxei uma mesa e a coloquei na minha frente, ele continuava a vir para cima.
Enquanto isso a Dri dava a volta por trás dele, ela estava carregando o latão de lixo vazio. Quando chegou bem atrás, ela fez sinal para eu empurra-lo, na hora eu entendi tudo.
─ AGORA! ─ ela colocou o latão no chão e travou com o seu pé, o pressionando contra as pernas do açougueiro, assim o latão não correria.
─ AHHHHHHHHHHHHH! ─ levantei a mesa a segurando pelos pés e corri como se eu fosse um jogador de futebol americano, prestes a impedir um touchdown.
O plano da Dri deu certo e ele foi caindo para trás, ela se afastou na hora e eu ainda o vi tentando me matar, dando um golpe com o cutelo que atravessou a mesa e quase me acertou.
─ VAMOS SEVERINO, É A NOSSA CHANCE! ─ eu disse enquanto corríamos, em direção ao corredor do hotel, mas o cearense parece que havia se escondido e com certeza ele não falaria nada naquele momento.
Olhei para trás, vi aquele cabeça de porco rolando no chão e se levantando, ele pegou o seu cutelo.
─ Dri, eu não posso deixar ele matar o Severino! Vai e se esconde, antes vê se o Almir e a Julha ainda estão na sala da chefia. Qualquer coisa fica lá com eles, até eu voltar, ok? ─ disse segurando seus ombros, depois tentei seguir de volta.
─ Não! ─ dessa vez ela me puxou pelo braço e nesse momento o cutelo do açougueiro passou raspando pelo meu corpo e ficou fincado na parede. Se ela não me puxa-se eu fatalmente estaria morto, ou gravemente ferido. ─ Nossa! Essa foi por muito pouco Marcos! ─ olhávamos a enorme lâmina, meio enferrujada e ensanguentada, e de longe víamos o inimigo vindo andando pelas sombras para busca-lo. ─ O Severino está seguro, ele deve estar dentro do frigorifico agora, com certeza.
─ Dri, você salvou a minha vida! Eu nunca vou te deixar para trás, por causa disso! ─ acabei ficando com ela. ─ Mas o frigorifico fica desligado essa época do ano, não fica?
─ Acho que sim, o dono disso aqui é muito mão de vaca, duvido que deixasse algo gastando energia sem necessidade. ─ disse ela, enquanto chegávamos a sala da chefia.
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