24 - NÃO PERCA A CABEÇA
─ Severino, cadê o pessoal? ─ João pergunta.
─ Sei lá, mas tenho um péssimo pressentimento sobre isso! Vamos velho, me ajude a empurrar este armário, vai cabra mole! ─ Severino, ao avistar o armário corre com muito medo e o empurra, acreditando que algo pode estar chegando pelo corredor da passagem secreta.
João e Severino empurram o armário, a passagem se abre bem dentro do refeitório, era como um salão enorme cheio de mesas e cadeiras de madeira. A sala estava escura, mas havia um pouco de luminosidade que vinha do corredor em frente. Os dois fecham a passagem novamente.
─ Acende a luz, seu João. ─ Severino vai caminhando em direção a cozinha, que fica nos fundos, nota-se um enorme bancada, cheia de bandejas de alumínio, provavelmente para as pessoas se servirem no verão.
─ Mas que cheiro é esse?! ─ o senhor João, tapa o nariz enquanto acende a luz.
Quando ele olha para o canto do refeitório, o açougueiro com cabeça de porco estava lá de quatro, fuçando um latão de lixo que ele virou ao chão. Ele estava agindo igualzinho a um porco, mas logo se levanta ao ver o velho em pé bem diante dele.
─ Severino! Severino! ─ João, vira-se e se prepara para correr.
─ Vrummmm. ─ o açougueiro arremessa o seu cutelo, que crava bem no meio das costas dele.
─ Ahhhhhgh! ─ ele cai imediatamente no chão, após levar sua mão direita as costas, na tentativa de retirar a enorme lamina que lá está cravada.
─ MEU DEUS, SOCORRO! ELE MATOU O JOÃO! PELO AMOR DE DEUS, ALGUEM ME AJUDE! ─ Severino desesperado, ele andou um pouco para a frente e viu o velho agonizando no chão, enquanto o sangue já está formando uma poça enorme, mas logo em seguida ele recua e fica atrás da enorme bancada cheia de bandejas. Ele sabe que se entrar na cozinha, ficará cercado.
─ Ca-be-ça! ─ nesse momento ele chega bem onde está o corpo do velho, e pega o seu facão das costas dele, o corpo foi puxado junto até certa altura e depois caiu.
─ Vulpt. ─ ele ergue a cabeça do João com a sua enorme mão esquerda e com a direita decepa a cabeça, com três cortes em sequencia, cortes muito precisos. Ele ergue a cabeça, mostrando-a para o Severino que se mija nas calças de medo, enquanto chora.
─ O que você quer de mim?! ─ o cearense está se tremendo todo.
De repente ele começa a grunhir como um porco, seus olhos são medonhos pois são todos vermelhos por dentro e escorrem sangue pelas laterais. Ele finca a cabeça do João que está com a boca aberta, em um dos grilhões de ferro que tem no seu cinto, existem mais cinco grilhões pendurados vazios na sua cintura, aparentemente todos espaços para pendurar cabeças.
─ Ai meu Deus do céu! ─ o Severino fica apreensivo, ao ver a cabeça de seu colega de trabalho, com os olhos abertos e a boca também, parecia ainda estar sentido o horror de ver aquela criatura.
─ Ca-be-ça! ─ ele diz pausadamente, e vai andando em direção a enorme bancada.
─ Eu levo o lixo para você, espera eu juntar, eu levo todo ele! Mas por favor, não me mate! ─ Severino junta as mãos e implora por sua vida.
─ Ca-be-çaaaaa! ─ de repente ele começa a virar as mesas que estão no seu caminho, as jogando para o lado, enquanto vai avançando.
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