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Falsa calmaria

Como diria ao amigo que ele estava na cova dos leões sem se dar conta?
Jeongin não teve outra reação, quando viu a criatura peluda e viu o Kim na direção do ser, sua única resposta foi manda-lo parar e sair da frente do caminho da enorme criatura bestial, com os músculos que deveriam ser cobertos pela pele, estando totalmente a mostra para o terror das pessoas sensíveis.
Porém quando Seungmin tateou a si até tocar na criatura que suavemente tocou em seu moletom, Jeongin quis gritar para que parasse, mas temia... Aquele ser era cego e surdo, mas até que ponto? O quanto ele não ouvia? O quanto ele não via?

Melhor do que descobrir da pior maneira, seria sair antes que a merda piorasse, por isso aproveitou que o monstro cheirava o ar em buscas de invasores e tinha total fracasso devido ao cheiro podrido ao redor, para segurar o Kim e o retirar lentamente dali, se camuflando ao cheiro de podridão e se movimentando lento pela continuação do labirinto.

– Despistamos? – Seungmin questionou, um sussurro apavorado seu como questão, quando o Yang negou em um murmuro, pois não sabia se haviam ou não despistado a criatura musculosa, vulgo o equilibrista do circo – Alguma mudança?

– Me perdoe... Esqueci de falar a... – murmurou olhando o cenário familiar de sangue, órgãos e corpos espalhados, engolindo a seco enquanto notava que a única diferença era que as folhas escuras estavam amareladas no muro de espinhos– ... Paisagem...

– Tudo bem, você não tem culpa, Innie. – Seungmin sorriu, porém isso movimentou levemente suas linhas faciais e a dor que recebeu nas pálpebras foram em um fiado, os espinhos ainda impressados em seus olhos estavam o matando apenas com a dor alucinógena – Jeongin... Não sei se aguento...

Jeongin arregalou os olhos, a sua frente havia um rapaz ruivo, com olhos belos do tom mais próximos ao ouro derretido, as sardas belas pintavam seu corpo nú, enquanto o rapaz caminhava em uma dança beirando a delicadeza.
O som dos passos do rapaz eram baixos, quase não existiam, o Yang não se lembrava quem era esse, porém algo o queria quieto, talvez a imagem de diversos animais e pessoas mortas naquele caminho e o som do tintilar de um sino a cada movimento dele.

– ... – o Kim se calou, percebendo o silêncio, queria poder ver, queria estar mais presente do que o momento, mas mesmo sem ver, entendeu que aquele silêncio se chamava perigo.

Jeongin não sabia explicar quem era esse homem, qual era o papel deste, o que ele faz ou faria, não se lembrava, estava confuso.
Quando viu uma leve e fina camada embaçada a sua frente, a imagem do rapaz vacilou entre ruivo e loiro, as sardas sumiam e ressurgiram, assim como as roupas sumiam e retornavam m uma calça de couro e uma blusa branca de botões abertas.
Quando o rapaz finalmente olhou para trás, Jeongin percebeu quem era.

– O loiro. – sussurrou o Yang, fazendo o Kim franzir as sobrancelhas, mesmo diante a dor que recebeu pelo movimento.

Havia mais de um loiro naquele circo, primeiramente o próprio apresentador e segundo foi o rapaz que não deveria ser visto, então se Jeongin continuava olhando... Era o apresentador ali? Ele apareceu tão rápido assim?

Jeongin queria sumir, se sentia ameaçado demais próximo a aquele lugar, mas Seungmin não o via, não via aquela imagem e por isso deu um passo a frente, o Yang ia gritar, iria o avisar, mas quando Jeongin passou a camada turva, a paisagem mudou, o cenário de animais mortos sumiu e de resultado estavam em um jardim, um jardim de flores estranhas, aonde o mesmo e maldito muro de espinhos estava a sua volta, continuavam naquele labirinto, mas a imagem era mais... Agradável.

– Pássaros? – o Yang questionou, ouvindo o som das aves e vendo pequenos pássaros voando.

Finalmente Jeongin olhou para o céu, percebendo que ainda que estivesse escuro, estavam a céu aberto, haviam estrelas, ou seja, aquilo tudo era fora do circo, como não perceberam isso antes de entrar na "casa de lona"?

– O loiro sumiu... – o Kim percebeu, não ouvia os sinos, não ouvia o som das folhas dos passos alheios.

Os dois seguiram calmos, ainda que atentos, rumo a dentro daquela versão mais tranquila e agradável do labirinto, estavam esquecendo do terror, do horror, do medo, Seungmin sentia-se tão bem que poderia acreditar que estava vendo a visão bela daquelas flores.

Quando o coração de ambos dispararam, o Yang franziu a sobrancelha, qual o motivo de estar assustado? Seu inconsciente conseguia perceber o perigo dali? Talvez fosse assim.

– Estou com um pressentimento estranho... Sensação esqui... Seungmin, não olha. – o Yang se virou de costas, o Kim apenas virou o rosto na direção do amigo, incrédulo, mas compreendia que o medo as vezes tirava a razão – Desculpa! Eu esqueci... É... aquele... Da visão...

– Tudo bem, entendi. – Seungmin continuou direcionando para frente seu rosto, arrastando o Yang consigo, este que o puxava, não queria continuar por ali, ele não conseguia nem ver onde estava sendo arrastado, quando menos percebeu precisou se virar novamente para frente.

A surpresa se estampou em sua face, Seungmin conseguiu seguir reto naquele espaço estreito, sequer tocou na criatura e ele não percebeu os intrusos naquele lugar aconchegante.
Pensando nisso, por que um monstro iria querer um lugar tão calmo para viver? Aonde haviam raposas e coelhos lhe cercando e cheirando sua pele, aonde ele acariciava as criaturas com seus dedos que pareciam humanos naquele momento, aonde o céu estrelado iluminava o caminho de forma precária mas as flores estranhas ascendiam conforme eram esmagadas pelos sapatos alheios.

Uma trilha neon se fazia e o dois rapazes não percebiam, que aquilo tudo era apenas mais um truque que os ferrariam no futuro.

– Disse algo? – Seungmin perguntou ao Yang, ouvindo o mesmo negar – Estou enlouquecendo de dor... Jurei que ouvi alguém me chamando...

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