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CAPÍTULO DOIS







“Aqueles que sempre foram amados não conhecem a solidão profunda de quem nunca foi escolhido. Para alcançar a felicidade, é preciso sacrificar algo, mas essa perda nunca se compara ao vazio eterno de quem nunca foi amado.”
























A dor da comparação era uma sombra constante na vida de Jisung. Cada vez que ele olhava para os outros, sentia-se menor, menos importante. O medo da decepção o paralisava, e a dor de ser ignorado e renegado era uma ferida que nunca cicatrizava. Qualquer demonstração de afeto, por menor que fosse, era facilmente confundida com amor em seu coração solitário.

E era isso que tornava tudo ainda mais terrível. O Han estava apaixonado por seu amigo Minho. Cada sorriso, cada toque casual, cada palavra gentil do Lee fazia o coração de Jisung bater mais rápido, mas também o enchia de um medo profundo. Ele temia que, se Minho descobrisse seus sentimentos, a amizade deles se desintegraria, deixando o moreno mais sozinho do que nunca.

O moreno estava sentado à mesa da cozinha, cercado por livros e cadernos. Ele tinha orgulho de suas notas sempre excelentes e de ser considerado um dos melhores alunos da sala. Estudar era uma forma de escapar da realidade e, ao mesmo tempo, uma maneira de passar mais tempo com Minho, que frequentemente o ajudava com as matérias mais difíceis.

Naquela manhã, a casa estava silenciosa. Sua mãe havia saído na noite anterior e ainda não tinha voltado. Jisung estava acostumado com suas ausências, mas isso não tornava a situação menos desconfortável. Ele estava imerso em seus estudos quando ouviu uma batida na porta.

Com o coração acelerado, ele se levantou e foi até a porta. Ao abri-la, viu a figura de um homem que ele reconheceu imediatamente. Era seu pai, o pequeno Han nunca tinha falado com ele; o homem nunca fez questão de estar presente em sua vida. A visão do pai ali, na soleira da porta, o enjoava. 

O menino queria gritar e bater nele, fazer tudo o que sua mãe fazia com ele. Mas, ao mesmo tempo, queria abraçá-lo e dizer que, mesmo que o tivesse deixado ali, ele o amava e estava feliz por ele estar o procurando agora. O pai do garoto olhou com um pouco de surpresa e sorriu, um sorriso que, nos dias atuais, Jisung sabia que era falso.

— Onde está sua mãe? – perguntou o homem, já entrando na casa, que era extremamente pequena e diferente da dele.

Jisung gaguejou ao responder, em um tom extremamente baixo.

— Ela… ela saiu ontem à noite e ainda não voltou.

O silêncio que se seguiu foi pesado, quase sufocante. Jisung sentia o coração bater descompassado, uma mistura de medo e raiva crescendo dentro dele. Finalmente, ele quebrou o silêncio:

— E o Hyunjin? Ele está bem?

O homem deu de ombros, como se a pergunta fosse irrelevante. E talvez, realmente, fosse. 

— Hyunjin está bem, mas meu casamento com a mãe dele não está. É por isso que estou aqui, para falar com sua mãe.

A resposta fria e desinteressada do pai fez algo estalar dentro de Jisung. Ele sentiu uma onda de emoções conflitantes: a raiva de ser tratado como um detalhe insignificante na vida do pai, o medo de perder a pouca estabilidade que tinha, e a dor de ver que, mesmo agora, ele não era a prioridade.

— Ela não está aqui — repetiu Jisung, a voz mais firme desta vez. — E mesmo que estivesse, não sei se ela gostaria de vê-lo.

O pai olhou para ele, surpreso com a firmeza na voz do filho. A porta se abriu lentamente, revelando a mãe de Jisung. Ela parou, chocada ao ver o homem ali. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela não fez questão de esconder o amor que ainda sentia por ele. O homem, percebendo a reação dela, fingiu estar apaixonado, aproximando-se com um sorriso que o menino sabia ser falso.

— Mamãe, você não sabe o que ele falou... – tentou a alertar, mas sua mãe o interrompeu.

— Jisung, vá dar uma volta. Preciso conversar com seu pai a sós.

O coração do Han disparou. Ele sentiu uma onda de pânico e raiva tomar conta de si.

— Não, mamãe! Você não pode voltar para ele! Ele não te ama!

A mãe de Jisung ficou estressada com a reação do filho e, em um impulso, levantou a mão para bater nele. Mas Jisung, enfurecido, deu um passo para trás e, em um movimento brusco, quebrou a pequena mesa de vidro que estava ali.

— Não! Você não pode voltar para ele! Ele é o demônio na nossa vida – estava desesperado. Chorava em meio aos gritos. 

— Eu tenho que ir — o pai fingiu preocupação. 

— Yoon-sung – gritou a mulher, enquanto corria atrás dele. Jisung observou, espumando de raiva. 

— Como posso ficar com você, se nosso filho não aceita? Olhe a birra que este menino faz, você o mima muito. – levou seu olhar para o garoto e sorriu de jeito malicioso — Ele não é como Hyunjin, não estou acostumado. – A mulher tentou o agarrar, mas ele não deixou e saiu pela porta. O mais novo tinha certeza que ainda estava do outro lado da porta, ouvindo a desgraça de Jisung. 

— Olhe o que você fez! Se fosse como Hyunjin, nada disso estaria acontecendo! 

Nunca odiou tanto ouvir o nome do seu irmão. Era sempre um “se você fosse como ele”, mas nunca um “e se Hyunjin não tivesse nascido? E se o garoto não fosse tão perfeito assim?”

Jisung sentiu uma dor profunda ao ouvir essas palavras. Ele sabia que, por mais que tentasse, nunca seria suficiente para sua mãe. E essa dor, essa constante comparação, estava lentamente moldando-o em algo que ele temia se tornar.
































A hipocrisia e a sensação de inferioridade sempre foram sombras constantes na vida de Han Jisung. Essas emoções, tão profundamente enraizadas, o levaram a se aproximar de Hyunjin assim que o Hwang retornou à Coreia. Hyunjin, com sua presença magnética e sorriso fácil, parecia ser a resposta para a solidão que Jisung sentia. Logo depois, o Han apresentou Minho ao novo amigo, e o grupo se formou: ele, Hyunjin, Minho e Christopher. 


Hoje era um dia especial. Jisung estava decidido a se declarar para Minho, e a ansiedade o consumia. Eles haviam combinado de se encontrar no parque onde se conheceram, um lugar que guardava memórias preciosas para o moreno. O sol brilhava intensamente, mas o coração do Han estava nublado de incertezas.


Ao avistar Minho, Jisung sentiu um misto de alegria e nervosismo. Eles se cumprimentaram com um abraço apertado e começaram a caminhar pelo parque, conversando sobre assuntos triviais. Falaram sobre Chris e suas últimas aventuras, e sobre o Hwang, que parecia ser um tópico recorrente nas conversas de Minho.


— Hyunjin sempre tem uma história engraçada para contar, não é? — comentou Minho, rindo.

O garoto forçou um sorriso, tentando esconder a pontada de ciúmes que sentia. Ele sabia que Minho admirava Hyunjin, mas esperava que seus sentimentos por Minho fossem correspondidos.


— Sim, ele é realmente incrível –  a voz ligeiramente trêmula.

Eles continuaram a caminhar, e Jisung sentiu que o momento da verdade estava se aproximando. Ele respirou fundo, preparando-se para se declarar, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Minho parou de repente.

— Sung, preciso te contar algo – disse Minho, com uma expressão séria.


O coração do Han acelerou. Ele olhou para o Lee, tentando decifrar o que estava por vir.

— O que foi, Lino? — tentou manter a calma, era curioso. 

Minho hesitou por um momento, como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras.

— Eu... eu estou apaixonado por Hyunjin – confessou, finalmente. 

As palavras de Minho atingiram Jisung como um golpe. Ele sentiu o chão desaparecer sob seus pés, mas se esforçou para não demonstrar a tristeza que o consumia.


— Ah, entendo... – Um sorriso forçado se fez presente em seus lábios — Fico feliz por você, Minho. Vocês formariam… um belo casal. 

Por dentro, Jisung sentia uma tempestade de emoções. A rejeição e a dor se misturavam com a raiva e a frustração. Ele sabia que precisava manter a fachada, mas a semente da escuridão já estava plantada em seu coração.









E foi ali, onde tudo começou. 























Só digo uma coisa...

Dia 02/10

Anotem essa data🥀

Beijos da Tia Nick 😃

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