"Tão doloroso"
É terrivelmente excitante (Severus falando), ter a boca de cada um deles grudada à sua. Remus tinha o poder de tornar um ato inocente quente, e Sirius, com a sua ferocidade, conseguia fazer tudo ficar nublado diante de seus olhos. James, por outro lado, parecia o mais tentado a fazer seu pênis latejar.
Por que tinha que ser tão perfeito? Dias se passavam voando, a cada segundo Severus os desejava mais. Ele não sabia se apenas queria beijos, pois agora eles faziam isso em todos os lugares. Ele queria algo a mais, quem sabe um pênis em seu ânus... Bem, ele havia tentado colocar um dedo lá, confessava que doera feito o inferno, mas e se... Ele não tinha motivo para ter medo, tinha?
--Isso!
Severus olha assustado para uma ruiva sorridente e, um Régulos de coração nas mãos, levanta no chão para fitar a face eufórica e os olhos verdes dilatados. O coração de Severus batia forte contra suas costelas, e a única coisa que ele esperava era uma boa explicação para a amiga tê-lo assustado tanto com apenas uma palavra gritada no momento errado.
--Lily, o que houve?
Severus se coloca em pé. Ele e Régulos andam até a garota, que fitava a página do feitiço com um sorriso assustador. Ela parecia ter descoberto algo, e apenas a ideia de que Lily poderia ter toda a resposta para aquele problemão, é o suficiente para que as pupilas de ambos se dilatem.
--Você descobriu alguma coisa?--Régulos pergunta com os olhos vidrados na página, como se procurasse o que Lily havia encontrado, porém sem sucesso, já que a garota estava com a face grudada no livro.--Desembucha!
LIly solta um gritinho animado, e seus olhos se lançam em direção aos garotos. Régulos foi forçado a dar longos passos para trás.
--Eu não sei o que eu encontrei, eu tenho uma ideia, mas... Mas... Mas... Eu preciso de Remus!
Os olhos de Severus estavam focados no rosto dela, tentando encontrar alguma resposta para toda aquela loucura. Por que ela precisava de Remus, exatamente?
--Lily, por que você precisa de Remus?
A garota não responde, pelo contrário, ela fica mais elétrica.
--São cinco da tarde... Quem sabe eu o encontre...
Severus segura os ombros da ruiva, a forçando a olhar em seus olhos. Ele pouco se importava por ter acabado com suas divagações, ele só queria que ela respondesse o motivo pelo qual precisava de Remus. O licantropo deveria estar arrumando tudo para ir até a Casa dos Gritos, enquanto James tentava acalmar Sirius. Há uma semana inteira que Sirius estava tendo todos os indícios de que se transformaria, mas hoje havia sido muito pior, e Remus não estava nada feliz com isso.
--Lily, por que diabos você precisa de Remus?
A garota respira fundo, tentando recuperar o ar perdido. Ela parecia tentado a sair pulando de felicidade por Hogwarts.
--Eu encontrei umas escritas no canto da página, parece runas, mas eu não consigo ler e entender sozinha. Mas eu conheço Remus, ele sabe tudo, e é incrível na aula de Runas, óbvio que ele vai conseguir desvendar.
Severus pisca, um pouco traído.
--Eu também sou inteligente, e eu faço Runas Antigas!--Severus esbanja, querendo um bom motivo para a ruiva não deixar ele desvendar as supostas runas que ela tinha encontrado. O que Remus poderia fazer, que ele não podia?
--Lily, você acha que essas runas têm a resposta de que precisamos?--Um Régulos ansioso torna a perguntar, determinado a ter a resposta positiva, mas a ruiva apenas dá de ombros, um pouco tensa.
--Não sei, mas eu espero que Remus possa me ajudar a descobrir!
Severus não evita que a raiva suba às suas bochechas. Por que Lily não respondia sua pergunta?
--Lily, responda a minha pergunta!
A ruiva revira os olhos.
--Remus me pediu para ajudar, e agora parece um bom momento, além de ele ter um senso crítico ótimo, porque ele não vai cantar vitória como eu antes de realmente descobrir que é cem por cento certo. Você e Régulos estão cansados, tensos, não acham que seria bom descansar a cabeça? Remus e eu conseguiremos trabalhar sozinhos.
Severus estava mesmo cansado, mas Régulos estava muito mais. O mais novo dos três mal conseguia se manter em pé. Já havia sido convocado por Você Sabe Quem duas vezes nessas semanas, e se não fosse seus conhecimentos sobre Oclumência, que Severus não sabia como ele havia aprendido, porque com ele não havia sido, ele estaria morto.
Só tinha um problema em Lily querer ir conversar com Remus: Ele não poderia recebê-la por causa da lua cheia. Deveria estar na Casa dos Gritos junto à Sirius e James antes de anoitecer. Tão tarde ele não poderia ajudá-la.
--Lily, okay... Bem, é escolha de Remus, mas hoje está meio tarde, não acha?
A ruiva dá de ombros, e os olhos vão em direção ao relógio em seu pulso.
--São cinco e pouco da tarde, Sev.
Severus se segura para não bufar. Lily não sabia sobre aquela loucura de licantropia, não poderia culpá-la por insistir, era por uma boa causa.
--É, é cedo, Sev, acho que ela e Remus ainda têm tempo para pesquisar.--Régulos, ansioso, fala com a voz fraca. A esperança estava o deixando assustado, embora não fizesse sentido.
--Remus não acordou nada bem, vocês notaram hoje, até Sirius estava mal. Não acho que ele será muito útil para a pesquisa. Por que não tentar amanhã?
Severus sabia que no dia seguinte Remus estaria na enfermaria junto à Sirius. Ele não estaria bem o suficiente para ajudá-los, mas felizmente Lily tinha alguma ideia, alguma esperança para eles se agarrarem. Não importa o quão mal Remus esteja no dia seguinte, ele irá dar um jeito de ajudá-los. E se aquelas runas pudessem mesmo significar algo?
Severus anda até o livro, o tirando nas mãos de uma Lily triste. Ele analisa os cantos da página, havia mesmo algo lá, ele nota assustado. Como eles não havia visto aquela escrita estranha? Era um truque de luz? Não, eles estavam no escuro, não era um truque de luz.
--Como a gente não viu isso?
Lily dá de ombros, um pouco tensa.
--Não sei, é pequeno... Vai ver estávamos assustados demais para notarmos...
Não, Severus sabia que teria notado de qualquer forma, ele não era bobo.
--Não... Há um truque.
--Truque? Como assim, um truque?
Régulos se aproxima de Severus e do livro, olhando por cima do ombro do mais alto. Ele nota, tão surpreso quanto Severus, que ele conseguia ver a escrita estranha.
--Lily, o que você fez para ver?
Severus olha para a garota, que parecia pensar. Ela não se lembrava de ter feito nada, estava analisando a folha quando do nada viu a escrita.
--Não sei, eu estava analisando e de repente apareceu.
Severus suspira, tentando ler um pouco do que estava escrito, mas nada vem à sua mente. Ele franze as sobrancelhas, tentando ler mais uma vez.
--Eu não consigo entender nada, é muito complexo.
--Nem eu consigo.--Lily diz.--Por isso eu pensei em Remus, ele estuda Runas Avançadas sozinho... Nós já conversamos sobre isso.
Régulos suspira. Que Remus conseguisse ajudá-los, pois ele não fazia ideia do que poderiam fazer caso nenhum deles descobrisse como aquela escrita havia aparecido, e do que estava escrito nas margens do caderninho.
--Então pode ser amanhã?--Severus volta a pergunta, Lily não havia o respondido em palavras antes. Ele não era uma pessoa que acreditava em atos como resposta.
--Se ele estiver bem o suficiente para ajudar.
E foi assim que a conversa terminou.
--Cuidado, Sirius.--James pede, na verdade suplica, para Sirius ter cuidado com onde pisava. Ele não estava bem, havia tido um dia pior do que o de Remus, além de uma semana traumatizante. Tentaram convence-lo a ficar no quarto e não ir nas aulas, já que ele não estava acostumado com as mudanças de humor, a força e todo o resto de toda a merda. Mas Sirius não se convenceu a ficar, e logo estava chorando em um dos muitos banheiros masculinos às 9:37 da manhã daquele mesmo dia.
--Eu estou tomando cuid... AAAAAAA!
Sirius cai de bunda no chão, tendo tropeçado em uma pedra, e Remus, que tentava se apressar para não se transformar no túnel, como na última vez, bufa cansado.
--Sirius, eu sei que você está destruído emocionalmente, mas você poderia fazer o grande favor de olhar para o chão?!
Aquele túnel nunca havia sido exatamente bom, mas também não poderiam exigir muita coisa de Dumbledore. O diretor havia aceitado um lobisomem em Hogwarts, e construído um lugar para ele passar as luas cheias. Isso era mais do que qualquer um poderia pedir.
--Okay, paciência...
James ajuda Sirius a ser colocar de pé, suas mãos juntas às do melhor amigo enviam uma onda elétrica por todo o seu corpo, mas ele apenas ignora. Isso andava acontecendo demais ultimamente, e era estranho. James sentia que algo estava mudando, a intimidade construída com os anos de amizade parecia cada vez mais estrangeira.
O resto do caminho foi silencioso, e graças a Merlin, Sirius não tropeçou mais vezes. O lugar estava igual, com o mesmo sofá empoleirado, tábuas faltando, paredes arranhadas, móveis caídos no chão... Sirius sente um arrepio passar por seu corpo. Ele não acreditava que iria se transformar em um lobisomem...
Promfey havia contado para Dumbledore sobre o que acontecera três dias depois do incidente, isso apenas porque o idoso estava em alguma viagem desconhecida antes, muito provavelmente envolvendo a Ordem da Fênix. O idoso se deixou abalar, claro, mas ele tratou de conversar com Sirius como o aluno preferia, de uma forma impassível e formal. No final das contas, agora ele estava na Casa dos Gritos, sabendo que se transformaria.
Claro, não havia forma de ele escapar. Promfey havia visto os sintomas em Sirius, e ela o avisara de que deveria passar o período junto à Remus na Casa dos Gritos. Sirius chorou, mas escondido.
Agora James já andava pela casa em forma de cervo, exibindo os seus chifres. Sirius queria se transformar em cachorro e passar o período assim... Mas ele havia bebido a Mata Cão... Ele havia bebido a poção... Não havia mais volta, ele realmente se transformaria.
Se perguntava se seria tão doloroso, quanto aparentava ser em Remus.
Remus se coloca sentado no sofá voltado à janela sempre aberta, e torna a olhar para o horizonte. A lua nascerá em sua frente, e enquanto estiver subindo ao céu com toda a sua magnitude, ele se transformará junto à Sirius. Seria perigoso sem a Mata Cão, já que muito provavelmente eles se matariam como dois inimigos. Promfey havia pesquisado sobre a poção aos seus extremos para garantir de que no dia seguinte eles, Hogwarts, não teriam um aluno morto.
James se deita em sua forma de cervo em frente à janela, se preparando para a noite longa que teriam. Sirius, sem outra escolha a não ser aceitar, se coloca sentado ao lado de Remus. Ele preferia mil vezes estar deitado ao lado de James.
--Não se desespere tanto.--Remus aconselha em um suspiro.--Vai doer mais se você se desesperar. Eu gritava, se lembra? Quando vocês descobriram no quinto ano... Mas James disse para eu não me desesperar.--Remus solta um riso sem graça, e então termina.--Funciona.
Agora Sirius estava com medo, e a grande cabeça de cervo o fitava com piedade. Aqueles eram os olhos de James sob a pele de cervo... E se um dia ele acabasse não tomando a Mapa Cão e matasse os seus melhores amigos? Não, ele sempre tomaria a Mata Cão, nunca cometeria o erro de não tomar. E ele sabia que Remus faria o possível para proteger James sob a pele de grande lobo mau... Ah! E o ano estava acabando, o que significava que ele estava condenado... Bem, pelo menos ele tinha Remus... Remus também estava condenado.
--Logo a lua vai nascer,--Remus volta a falar.--E você sentirá um formigamento, as roupas ficarão mais apertas e o ar começará a faltar. É aí que o desespero começa, mas tenta permanecer calmo, assim doerá menos. No final você vai desmaiar por uns poucos segundos, e quanto acordar verá tudo de uma forma estranha, mas estará acordado, sendo você mesmo.
E foi assim que aconteceu... Ou ao menos uma grande parte. Ele se desesperou, óbvio, e o cervo andou de um lado para outro em completo desespero. Eles não escutavam Remus rosnar, ganir, chorar enquanto se transformava desde o quinto ano, mas agora James tinha Sirius para escutar a angústia... E, bem, era terrível.
Sirius era preto, pelo o que ele viu... Quem sabe ele tivesse outra cor, mas ele não queria saber.
A noite não foi boa, para dizer a verdade foi um pesadelo.
Sirius se enrolou em Remus no chão, se permitiu chorar em cima do pelo felpudo de seu melhor amigo. James, com seus olhinhos brilhantes, apenas observou.
Aquele momento não era dele...
No dia seguinte Sirius não disse nada quando andou cambaleante até a enfermaria, ele não queria falar sobre aquilo.
Mas só foi necessário olhos negros penetrantes e um sorriso pequeno, para arrancar um de seu rosto. Severus os esperava de braços abertos e olheiras gigantes, ele não havia dormido... Nenhum deles havia dormido.
E foi necessária somente uma lágrima de Severus, para Sirius cair de joelhos, chorando. Claro, Severus se culpava.
Agora os quatro estavam chorando.
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