"Prometo"
"Deixe que eu nos envie para momentos atrás, quando estávamos entrelaçados em sonhos, com dor, mas não aquela cegante como essa que você aguenta hoje."
Eles haviam o encontrado, deitado em um leito na enfermaria, com as mãos e parte dos braços lotados de curativos. Não era como se James, Sirius e Remus conseguissem se mexer para andar em direção ao garoto. Eles também não poderiam, não poderiam fazer tal coisa sabendo que Severus não os queria por perto. Lily havia entrado, Evans podia entrar, Severus não mandaria ela sair, não gritaria e, muito menos, teria um ataque com ela por perto... Então a única coisa que sobrava para os marotos, era observá-lo da porta, mesmo que a vontade fosse correr até seu leito.
--Como isso aconteceu?--James pergunta em um sussurro. Ele estava olhando para os curativos de maneira assustada.
--Ele não conseguiu pular, então, provavelmente...--Sirius não termina sua fala, mas ele engole em seco por aquela imagem cruel que decidiu aparecer em sua mente. Argh! Ainda bem que James estava lá.
Remus suspira e avalia a forma como Evans parecia tensa ao lado de Severus. O garoto, provavelmente, inventava uma desculpa para o que ela via em seus braços. A garota, felizmente, era inteligente o suficiente para não cair nessa.
"Eu queria poder te pegar em meus braços, abraçar até que toda a dor desapareça como um sopro do vento."
--Eu queria poder abraçá-lo...-- Remus solta, baixinho, tendo certeza de que havia visto James e Sirius confirmarem com as cabeças.
--Nós três queremos...--James diz em um sussurro mais baixo ainda.
Havia uma dor palpável na expressão e voz de cada um deles.
Severus levou um susto quando Lily apareceu do nada na Enfermaria. Ela estava com os olhos arregalados, o rosto levemente vermelho em várias partes e as mãos não ficavam paradas em nenhum lugar. Era claro o fato de ela ter chorado... Severus odiara saber que ela havia chorado, afinal, ele não sabia o motivo, e Severus precisava saber para machucar quem quer que fizera Lily Evans chorar.
A garota agora se encontrava sentada ao seu lado do leito, olhando para suas mãos e braços enfeitados de curativos com uma certa amargura. Severus odiava vê-la dessa forma, ainda mais sem dizer o motivo pelo qual estava tão mal.
--Lily, o que aconteceu? Por que está tão triste?
A garota pisca e levanta as sobrancelhas como se não tivesse escutado. Isso apenas faz o garoto aumentar a teoria de que algo muito sério havia acontecido com Lily.
--Eu perguntei se aconteceu algo, já que você está triste.--Severus soa preocupado. Queria que Lily confiasse nele... Queria que ela falasse. Queria acabar com a raça de quem machucou ela.
Os olhos da ruiva lotam de lágrimas.
Merda, Severus era bom demais para esse mundo! Como podia ser tão idiota ao ponto de fazer com que ele sofresse tanto?!
--Sev, não é óbvio que eu estou assim por causa disso?--Lily aponta para o estado das mãos e parte dos braços do amigo, se sentindo imensamente mal ao notar que havia soado inteiramente grossa com Severus.
Severus suspira e analisa o rosto lindo de sua melhor amiga... Ela nunca seria nada além de sua melhor amiga.
--Quando você entrou, seus olhos já estavam vermelhos e a senhorita apresentava um certo grau de nervosismo.
Lily balança a cabeça maravilhada pela forma que Severus prestava atenção nos detalhes, às vezes se perguntava se o melhor amigo era mesmo humano. Lily poderia dizer que amava isso em Severus.
--Eu estou bem, não tente atrair a atenção para mim, não com você estando acabado desse jeito.--Mais uma vez ela se culpa por ter sido grossa, mas aquilo era algo que ela não se encontrava capaz de controlar. Não depois de ter descoberto o óbvio.
Severus meneia a cabeça, um pouco assustado por Lily estar agindo daquela forma estranha.
--Lily, eu...
--Sev,--Lily diz com amargura.--Eu vou embora se você tentar me ajudar com algo que não precisa de ajuda.--Ela não iria embora nem se quisesse.
Severus engole em seco e suspira antes de forçar um sorriso falso.
--Certo, mas quando eu sair daqui nós iremos conversar sobre o que te deixou mal...
Lily suspira, também forçando um sorriso em seu rosto. Esperava que Severus não tornasse a puxar o assunto logo que saísse.
--Não há nada, Sev...
--Eu sei que há...
Severus era complicado, isso ninguém podia negar.
Lily balança a cabeça, sabendo que deveria mudar de assunto o mais rápido possível, pelo menos antes que Severus puxasse um que a impedisse de descobrir o que havia acontecido a mais com suas mãos e braços.
--O que aconteceu?--Lily aponta para o estrago. Esperava estar com um olhar doce e uma voz calma.
Severus olha para suas mãos e depois torna a olhar para Lily como se aquele estrago não fosse nada.
--Eu coloquei as mãos no fogo...
E, como se não bastasse Lily ter ficado extremamente perplexa com aquilo, Severus exibia o olhar mais indiferente possível em sua face.
--Mas por que diabos você fez isso?!--Lily se arrepende na hora por ter gritado, mas seu olhar raivoso misturado com a enorme preocupação que sentia ainda estava bem visível.
Severus dá de ombros e suspira de forma exausta.
--Eu queria esquecer de algumas coisas, então eu coloquei. Mas eu estou bem, não precisa se preocupar.
Lily sabia mais do que ninguém que aquele sorriso na face de Severus era a pura farsa. O garoto sempre o lançou para ela em busca de não a preocupar, mas Lily não era burra ao ponto de não se preocupar depois do que ele havia acabado de dizer.
Quem que dizia algo como aquilo na maior calmaria?!
--Severus...--Lily se senta no colçhão. Estava muito preocupada.--Me conta o que está acontecendo, desabafa, eu estou preocupada...
Severus suspira, Lily era a pessoa mais importante no universo para ele, mas não tinha certeza se deveria contar para ela, ao menos, uma parte do motivo pelo qual havia feito o que fez. Bem, ele sabia que não contaria sobre a sua tentativa de pular da Torre de Astronomia, também não contaria sobre o fato de odiar saber que ela não era sua... Mas, e sobre a morte de sua mãe? Não fazia nenhum mal contar para ela. Lily sabia sobre as coisas ruins que viviam acontecendo em sua casa desde sempre, então não era como se ela fosse sair contando para toda Hogwarts... Ele confiava sua vida a ela, esperava não ser diferente para Lily.
--Promete não contar para ninguém?--Ele precisava de uma garantia, mesmo que ela fosse sua melhor amiga. Havia contado para Régulos sem querer e temia que ele contasse para alguém. Régulos também era um melhor amigo para ele, mas sua amizade com Lily era muito mais profunda. Sempre foi.
A garota pisca confusa com a pergunta. Havia uma forte sensação de culpa em seu corpo. Se ela prometesse e contasse para os marotos, seria quebrar a confiança de Severus... Tudo que ela menos queria era quebrar a confiança dele... Severus a perdoaria, isso era certo, o garoto sempre a perdoava por tudo... Mas aquilo seria errado... Muito errado.
--Prometo.--A resposta sai como uma faca cortando sua garganta.
Severus suspira e fita as cobertas antes de olhar para os olhos de Lily. Havia uma dor palpável naquelas belas orbes verdes.
--Tobias matou a minha mãe...
A garota ofega e dá um passo para trás antes de cair sentada no leito ao lado. Ela se lembrava das inúmeras vezes que Severus chegara quebrado ao parquinho, manchas roxas presentes em todo o seu corpo. Ele nunca queria brincar bum dia assim, apenas ficar sentado e fitar o nada. Tobias sempre fora violento e a mãe de Severus nunca cogitara a ideia de fugir, quem sabe por que soubesse que ele a perseguiria, ou estava apenas cega pela luxúria, doente demais para se importar com a própria vida e filho... Mas com isso poderia ter comprado a própria morte.
--Sev... Eu...
Agora chorava, incapaz de formular uma frase que Severus entendesse. Merda, era óbvio que Severus iria se encontrar sem chão depois que isso acontecesse, era muita dor para se suportar.
Agora ela tinha os malditos três motivos... Ela sabia dos três malditos motivos...
Lily se levanta do leito ao lado e se senta no de Severus. Ela o abraça de uma forma que não tocasse em suas mãos destruídas. Agora Severus também chorava, mas era um choro fraco. Ele odiava parecer fraco em frente à Lily.
--Sev, eu estou aqui, okay? Não faça mais o que fez, por favor, eu não quero que te machuque dessa forma... Eu não posso te perder...--A garota consegue dizer entre as lágrimas, se amaldiçoando por não conseguir pensar em algo melhor.
Severus merecia as palavras mais belas possíveis, mas Lily sabia que era apenas uma tola responsável por uma parte da dor de seu coração, e que, por isso, nunca poderia dizer nada capaz de ajudá-lo cem por cento, não sem o iludir.
Era tarde quando Lily encontrou os marotos sentados no lado de fora da Ala Hospitalar, todos no chão. Pareciam cansados.
--Descobriu algo?--James se levantou rápido e tornou a perguntar. Estava tão ansioso quanto os outros dois.
--Descobri, mas me dói quebrar a confiança dele contando a vocês...--Lily soa sincera e boceja logo em seguida. Precisava dormir, porém sabia que não conseguiria.
--Conta, por favor...--Sirius implora. Parecia contar os minutos até poder voltar à Grifinória.
A garota olha para o chão. Argh, se odiava tanto.
--Prometam que não contarão a ninguém.
--Prometemos. Agora conta, por favor.--Dessa vez Remus que toma a palavra. Não aguentava mais esperar.
--Se vocês contarem, eu arranco os paus de vocês, coloco em potinhos e entrego de presente para o Sev.
Aquilo havia assustado os três marotos, James até havia encolhido as pernas com a ideia de ter seu pênis arrancado contra a sua vontade. Contra a sua vontade... Como se ele fosse ter vontade algum dia desses!
--Não contaremos, confie em nós...--James responde pelos três, ainda levemente encolhido.
Lily suspira e olha ao redor ,como se temesse que alguém se aproximasse. O corredor estava vazio... Mais um pouco e 'olá toque de recolher!'
--A mãe do Sev morreu... --Ela havia dito para si mesma que não contaria a história completa. Não poderia quebrar a confiança de Severus cem por cento. Já era terrível contar aquilo.--E ele já não tem pai a anos,--Uma mentira não mataria ninguém.-- Então... É... isso.--Termina, sentia lágrimas se aproximarem... Era como se uma faca estivesse arrancando seu coração.
Os três arregalam os olhos, a dor alheia percebível em suas faces.
--Merlin, eu sinto tanto...--Remus diz pelos três. Parecia triste... Estava triste.
Agora eles entendiam o porquê de Snape querer se jogar, também entendiam o motivo pelo qual seus braços estavam cheios de curativos... Severus não via motivo para continuar vivendo.
--Quando ele sair de lá, nós vamos fazer mais do que está ao nosso alcance para ele sorrir...--Sirius diz certo de si e arranca um concordar de cabeça pela parte de James, que ainda se encontrava perdido nas palavras que haviam sido proferidas pela ruiva.
--Ele irá sorrir, ele irá sorrir em todos os momentos do dia se depender de mim!--Remus também diz, certo de que faria de tudo para Severus sorrir, mesmo que para isso precisasse pagar trezentos micos na frente de Hogwarts inteira.
James nada consegue dizer, mas Sirius e Remus já haviam dito o suficiente.
"Eu serei aquele que roubará um sorriso de seus lábios quando você menos esperar, pois seu sorriso não ilumina apenas o meu mundo, ele ilumina o de todo mundo, e isso já é o suficiente para eu precisar que você sorria pelo resto de sua vida."
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