"Os marotos eram apenas pessoas"
Dois malditos dias haviam se passado desde o episódio torturante. Remus não se encontrava capaz de tirar seus olhos do jovem de cabelos negros, a ansiedade sempre lhe consumindo quando o via andando pelos corredores. Muitas vezes jurava que o garoto dava leve passos em sua direção, mas que sempre acabava mudando de ideia.
Snape parecia andar muito mais perto de Régulos, mas não parecia querer falar com Lily, que muitas vezes tentava ir em sua direção. A garota parecia estar dentro de um poço de pura amargura.
Remus suspira, se sentando ao lado de James e Sirius em mais uma aula de poções. Lá na frente somente Régulos se encontrava com Severus, Lily estava a três mesas de distância, sentada com alguma amiga da Grifinória. Seu olhar inseguro parecia estar grudado em ambos os garotos.
Remus suspira ao fitar a forma que Régulos parecia ser cuidadoso com Severus, chegava a dar raiva saber que o único motivo pelo qual Régulos havia avançado um ano em Poções, fora porque Snape havia convencido Slughorn de que isso era o correto a ser fazer. Claro que havia demorado meses até Horácio se convencer disso, mas chegava a ser muito fácil já que Régulos estava em sua coleção. Agora o mais novo iria se formar primeiro em poções do que nas outras matérias que tinha junto com o sexto ano. Agora o Black mais novo podia ter toda a atenção que Snape quisesse naquela maldita aula. Isso irritada Remus demais, por que a escola havia permitido tal coisa? Severus também era ótimo em poções e nem por isso estava avançado! Quem sabe fosse simplesmente por Severus não está em sua coleção.
--Se continuar olhando para Snape e Régulos dessa forma, vai acabar fazendo um belo de um buraco nas costas deles.
Remus nem tenta se voltar para Sirius, sabia ser tempo perdido entrar em qualquer tipo de conversa com aquela anta que chamava de melhor amigo.
--Okay turma.--Horácio começa a falar, atraindo a atenção de todos os jovens entediados.--Há pedido de alguns alunos dessa turma, eu me convenci a dar esse único período de aula para vocês começarem o trabalho. Lembrando que hoje só será possível que vocês façam o pergaminho, a poção precisa ser feita com paciência e com muito mais tempo.
Remus revira os olhos. Tinha que ser, não fazia ideia de como convenceria Snape a começar, ao menos, o trabalho consigo.
--Podem se juntar com seus pares. Se precisarem de ajudar, é só chamar.
Remus olha para Sirius, esse que arrumava suas coisas para se sentar junto à sua dupla. Lily não parecia muito feliz com isso, quem sabe preferisse que nenhum dos três responsáveis pelo pesadelo do dia passado fizesse aquele maldito trabalho com ela.
--Boa sorte, Remy.--Sirius sussurra, antes de andar calmamente em direção à ruiva raivosa.
O lupino suspira ao ver Régulos se parar em frente a James, não parecia muito feliz.
--Eu não sei o motivo pelo qual Horácio me fez cair em dupla com você, mas vou tentar não perder a paciência.
James revira os olhos ao Régulos colocar a cadeira ao lado da sua. Pelo menos o mais novo era ótimo em poções, não tirariam uma nota baixa.
--E eu não sei o motivo pelo qual aceitaram adiantar você em Poções.
Dessa vez Régulos revira os olhos, dando de ombros.
--Eu sou imensamente bom em poções, ao contrário de você, Potter.
James iria abrir a boca para argumentar, mas Remus o impediu ao colocar a mão em seu ombro. Não estava com cabeça para separá-los.
--Não briguem, por favor.
James suspira, dando de ombros antes de olhar para a folha de pergaminho que Régulos colocara em sua frente.
--Senhor Snape, senhor Lupin, por que ainda não estão em dupla?
Remus pisca em direção à Horácio, suspirando antes de se voltar para Snape, que parecia imensamente nervoso enquanto pensava sobre o que diria ao professor.
--Senhor, eu não me sinto à vontade para começá-lo agora.
Horácio solta um risinho estranho.
--Me admira que vocês ainda não tenham começado. Mas vamos lá senhor Snape e senhor Lupin, que mal tem em vocês começarem agora?
Remus engole em seco, se negando a olhar para Severus novamente. Não estava com cabeça para vê-lo mal pela insistência de Horácio.
--Não parece um bom momento.--Severus tenta de novo.
Remus suspira. Sentia todos os olhares focados em sua figura.
--Por que não parece um bom momento?
Severus engole em seco, pensando em tudo que poderia dizer para convencer Horácio a deixá-lo em seu canto. Mas o dia anterior apareceu em sua mente, junto com a conversa que tivera com Régulos. Bem, Régulos estava ao lado de James que estava ao lado de Remus. Régulos estaria por perto, nada de ruim aconteceria.
Os marotos eram apenas pessoas.
--Senhor Snape, por que não parece um bom momento?--Horácio repete a pergunta, notando que Snape não iria responder a anterior.
Severus balança a cabeça, saindo de seus pensamentos para fitar Horácio. A ansiedade consumia seus membros. Não estava sendo capaz de pensar direito. Ou aceitava e fazia o trabalho com Lupin, ou não aceitava e Horácio continuaria insistindo até ele ficar sem nota no final de tudo.
Os marotos eram apenas pessoas... Apenas pessoas e nada a mais.
Ele respira fundo, controlando sua respiração acelerada.
Ele olha em direção a Régulos. O mais novo o olhava com sua costumeira expressão encorajadora.
Que mal isso faria? Não era como se Lupin e Potter fossem pular em sua direção.
--Okay, então iremos começar o trabalho hoje. Que mal pode fazer?
Severus queria gritar por mundo que aquilo podia fazer muito mal para sua saúde mental, mas no momento não se encontrava com vontade de gritar. Melhor era ir logo em direção à Lupin... Antes que sua coragem evaporasse, de preferência.
Remus arregala os olhos, vendo pelo canto do olho que James havia aberto a boca em um O.
--Muito bem, tenho certeza que o trabalho de vocês ficará ótimo!
E Snape pega sua cadeira, pena, tinteiro e pergaminho, os levando em direção à Remus, esse que não estava acreditando no que via. Não era possível que Snape tivesse aceitado aquilo tão facilmente.
Ele volta seu olhar em direção a Lily e Sirius, que fitavam Severus com expressões inteiramente confusas.
--Se tentarem alguma coisa, eu juro que mato vocês.
Remus arregala os olhos em direção a Régulos. O mais novo tinha uma expressão severa entalhada em sua face, os ameaçando.
Era claro que Régulos tinha algo a ver com aquele momento estranho.
Snape se para em frente à sua mesa, Remus tenta forçar um sorriso em sua face, mas acaba falhando miseravelmente ao ver que Snape não conseguia olhar em sua direção. Remus estava nervoso, não havia se preparado para o momento.
Ele coloca a cadeira em sua frente e se senta com dureza. Seu corpo estava tenso, tenso demais.
--Então, vamos começar.--Severus diz, ainda sem olhar em sua direção. Suas mãos tremiam quando pegou a pena e abriu o pergaminho em sua frente.
Remus suspira, o medo de Snape sair correndo impregnava seus pensamentos.
--Eu não farei nada que possa te machucar, isso é uma promessa...
Snape finalmente levanta o rosto e fita os olhos caramelos. Então, depois de longos segundos, ele engole em seco, voltando sua atenção para o pergaminho sem dizer nada. Não parecia tentado a escrever enquanto tremia feito uma vara verde.
Régulos se levanta, levando sua cadeira para ficar em frente à James, justamente ao lado de Severus. Ele leva sua mão até o ombro do mais velho, fazendo com que ele olhasse em seus olhos.
--Você consegue...
Remus não achou que aquilo fosse para ele escutar, mas havia escutado e engolido em seco com o pensamento de que aquilo não era apenas complicado para o Sonserino.
Snape deixa de olhar para os olhos de Régulos e os leva em direção à Remus. O garoto ajeita sua postura para parecer menos ameaçador (embora Remus não se achasse nada ameaçador naquele momento) e sorri de uma forma tranquilizante.
--Estou disposto a perder o trauma que eu tenho de suas "brincadeirinhas".--Remus observa Snape fazer aspas ao dizer a última palavra, no mesmo momento que vê seu olhar focado em James.--Então espero que vocês não me façam piorar e nem achem que isso é bandeira branca para vocês fazerem tudo que bem entenderem. E sobre tudo isso, nem pensem em tentarem se aproximar de mim, eu que vou me aproximar no meu próprio ritmo. Sem interrupções.
Aquilo soara ótimo nos ouvidos de Remus, assim como nos de James. Sirius ficaria encantado quando contassem.
--Certo, não faremos nada que possa interromper esse processo.--James diz, seus olhos brilhavam.--Mas o que fez você querer isso?
Severus revira seus olhos, no mesmo momento que olha para suas mãos com seu famoso olhar superior.
--Estou cuidando da minha saúde.
Com aquilo ele queria dizer que Régulos havia o convencido.
Remus sentia borboletas em seu estômago toda a vez que escutava a voz de Severus. Era música para os seus ouvidos, uma música completamente emocionante.
Quando chegou ao final da aula, Remus quis voltar no tempo... Queria ficar revertendo toda a vez que aquela aula ameaçasse passar. Queria tanto ficar eternamente com Snape aí em sua frente. Ele ficava tão fofo concentrado naquele pergaminho, com seus lábios franzidos e olhos apertados.
Você sabe o quão lindo é? O quão viciante é prestar a atenção em cada mínimo detalhe em sua expressão? Você é perfeito.
Remus de repente se lembra do caderno lotado das frases, poesias e poemas que queria entregar a Snape. Algo em seu ser gritava que um dia ele conseguiria causar um sorriso naquele rosto com aquelas doces palavras que escrevera em cada página daquele caderno velho.
--Continuamos na biblioteca depois das aulas,--Snape diz ao se levantar, a expressão ilegível.--Potter, você e Régulos também.
E ambos os dois partem da sala de aula, deixando Remus perdido em seus pensamentos. Sirius de repente corre em sua direção, encabulado.
--Então, o que aconteceu? Eu e Evans passamos o período inteiro olhando para cá.
Remus olha para James, em um claro pedido para ele explicar em seu lugar. Seu olhar se voltar para onde a ruiva guardava seu material de forma lenta, seu rosto estava completamente triste e amargurado.
Remus precisava ajudá-la.
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