"Eu só... Não entendo."
Severus não fazia muita ideia se havia um lugar onde ele pudesse se esconder, estava sentindo tudo em seu corpo tremer, não acreditava que havia sido idiota ao ponto de proferir o feitiço daquela forma, ainda mais em um momento de desespero. Havia conjurado a merda de um lobo, o mesmo que Lupin havia conjurado antes dele.
Merda, merda, merda, merda!
Havia sido feito na frente da turma inteira. Severus iria desmaiar, estava se sentindo muito mal. Precisava vomitar.
Ele sente seu corpo cair no chão do corredor, e essa foi a única coisa que sentiu antes de desmaiar em completo desespero.
Um lobo? Remus ficou seriamente confuso no momento que Snape saiu correndo da sala de aula e o lobo desapareceu em uma explosão de purpurina sem cor.
--Um lobo?--Lança um olhar para James e Sirius, ambos olhando para a porta com uma atenção genuína.--Mas foi o mesmo lobo que eu, não tinha nenhuma fisionomia diferenciada.
James e Sirius focam seus olhos em Remus, ambos pareciam completamente impassíveis. Então James, em um movimento calculado, pega o livro que jazia em cima de sua mesa, solta um suspiro baixo e se parte a ler:
--O Expecto Patronum é uma das... Blá, blá, blá, vamos ao que interessa... achei!--James pigarreia.--O animal representa a personalidade de quem o porta.--James olha para Remus.--A gente sabe o porquê de um lobo ser o seu patrono, mas por que Snape teria um patrono igualzinho ao seu?--James volta a olhar para a página.--Quando uma pessoa está completamente apaixonada por outra que chega a ser algo relativamente forte, seu patrono original tende a mudar para o da pessoa a quem você estar apaixonado.--James foca seus olhos nos de Remus, tão profundamente que chegou a soar assustador.--Acho que Snape mentiu para a gente, ele sente algo por um de nós, e é por você, Remy.
O tempo para, todas as vozes ao redor se tornam silenciosas, sobrando apenas o coração de Remus que batia de uma forma rápida e assustadora. O chão parecia estar desabando sob seus pés, mas isso não chegava a parecer algo assustador, na realidade, Remus apenas estava estático, mas não era ruim, porém, também não era bom.
--Espera, isso... Eu...--Não sabia se conseguiria dizer algo sobre aquilo, como assim Severus Snape poderia sentir algo por si?--Como..?
--Não sabemos. Mas, para o patrono de Severus ser o mesmo que o seu, não pode ter acontecido do dia para a noite por causa do caderninho, ele já deveria sentir algo por Remus a mais tempo. E quem sabe, por ter negado o sentimento, que se tornou algo intenso ao ponto de os patronos serem iguais.--James diz, sua expressão pensativa enquanto analisava o fato, o que mal sabia era que Remus estava se controlando para não sair correndo. Só não sabia para onde.
--Bem, pelo visto Remus ganhou o mundo, enquanto nós não ganhamos nada.--Sirius fala meio enciumado, o que faz Remus voltar ao mundo real, seus olhos fitando o rosto do amigo com atenção.
--Não me diga que está com ciúmes, Sirius!
A fala de Remus chama atenção do professor que, com as sobrancelhas arqueadas, anda até os três, os fitando.
--Senhor Black, senhor Potter, não é porque o amigo de vocês já fez mais do que foi solicitado, que vocês podem ficar jogando conversa fora, então comecem a trabalhar!
Os garotos bufam, ou pelo menos Sirius e James.
--Certo, desculpa.--Ambos dizem ao mesmo tempo, começando a fazer o que tinham. Não que fosse fácil, era difícil de conjurar a porra de um patrono!
No final da aula James havia conseguido conjurar um cervo perfeito e Sirius um grande cachorro preto, claramente, não havia sido uma surpresa que eles houvessem conseguido, eram bons em Defesa Contra as Artes das Trevas, mesmo que tivessem errado umas cinco vezes seguidas antes de pensarem em Severus Snape para o patrono conseguir ser conjurado.
Os três andavam lentamente pelos corredores, perdidos demais em pensamentos para cogitarem falar alguma coisa ou irem rápido para suas aulas. Até Remus não se encontrava muito apto a ir rapidamente em direção a História da Magia.
--Eu só... Não entendo.--Remus tenta falar algo, mas ele realmente não conseguia formar frases que fizessem real sentido.--Simplesmente não entendo.
--Sim, mas de qualquer maneira era fato que a maior probabilidade de ele gostar de um de nós estava em você.--Sirius diz com sua famosa voz ciumenta, conhecida por James e Remus de uma maneira gigantesca.--Eu apenas não gosto desse fato.
Remus revira os olhos, visualizando a sala de História da Magia a alguns metros de distância.
--Sirius, pare de ser ciumento, está na cara que mesmo temos descoberto que Snape sente algo por mim, ele está assustado demais por ter descoberto esse fato e, portanto, não irá se aproximar de mim com facilidade, nem de vocês.
Bem, eles sabiam que Snape não deveria nem está cogitando se aproximar deles. Eles também não faziam ideia de onde o Sonserino estava, levando o fato de que a aula que teriam seria com a Corvinal e que o Sonserino havia saído da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas sem sinal de volta.
--Eu só espero que ele esteja bem.--James diz antes de cruzarem a entrada. Não estava com a voz enciumada como a de Sirius, mas mesmo assim se sentia um pouco mal por ter sido com Remus e não com ele.
Severus abre os olhos lentamente, se adaptando com a luz que invadia o recinto. Onde estava? Algo no fundo de sua mente dizia que ele sabia, mas não queria considerar esse fato. Odiava quando ia parar naquele lugar
--Às vezes eu acho que a enfermaria lhe ama, quem sabe eu até tenha certeza.--A voz calma de Dumbledore invade seus ouvidos, fazendo com que seus olhos se abrissem totalmente, focando no velhinho de óculos meia lua.-- Por que você estava desacordado no meio do corredor?
Severus não fazia muita ideia de como responder à pergunta feita pelo diretor, então apenas suspira, revira os olhos e volta a cara para o outro lado, focando seus olhos no criado mudo pouco interessante ao lado de sua cama decadente. Por que ele teve que acordar com Dumbledore logo em sua frente?
--Vamos, você precisa se lembrar do motivo pelo qual estava desmaiado.--Dumbledore insiste.
Severus se lembrava, se lembrava muito bem do motivo pelo qual estava caído no meio do corredor, mas não queria falar o motivo para Dumbledore. Era vergonhoso demais e idiota demais, além de ser doentio e cem por cento impossível. Seu patrono não poderia ser o mesmo que Lupin ao menos que fosse um sentimento realmente forte e tal fosse negado ou quem sabe não reciproco, mas estava na cara que era reciproco. Sei lá, Severus odiava o fato de saber, mas ao mesmo tempo não saber, sobre o tão formoso feitiço de defesa.
--Severus...
--Snape.--Essa fora a primeira vez que se pronunciara.
--Snape, vamos, me fale.
--Eu não quero falar sobre isso, então espero que respeite o meu pedido. Aconteceu algo e eu acabei desmaiando, fim da história.
Dumbledore suspira, ajeitando os óculos em cima de seu nariz, o que Severus ver de soslaio.
--Certo, então você simplesmente não quer me contar. Então espera que a pessoa, ou pessoas, que lhe machucaram, passem impunes?
Severus pisca repetidas vezes e então seus olhos voltam para os azuis de Dumbledore. Não, não eram pessoas que haviam lhe machucado, não dessa vez, mas era fato que Dumbledore acabasse pensando que alguém havia feito algo consigo, levando em conta seu histórico em Hogwarts.
--Não foi ninguém, nisso você pode ter certeza.
Dumbledore arqueia uma de suas sobrancelhas finas, curiosidade emanava de seus olhos.
--Oh, então o que aconteceu?
A curiosidade de Dumbledore chegava a ser palpável, não que Severus gostasse de tal fato, na realidade lhe causava uma dura dor de cabeça. Não queria ser obrigado a explicar o que acontecera consigo, o quão bobo fora seu ataque de pânico que causara seu desmaio no meio do corredor, resultando no seu abrir de olhos na enfermaria.
--Dumbledore, eu não me encontro nos melhores momentos para lhe explicar o que aconteceu, então seria bom caso não me forçasse a contar.
O diretor arqueia as duas sobrancelhas dessa vez, dando de ombros lentamente.
--Certo, então irei descobrir por mim mesmo.
E como um bom curioso, Dumbledore parte pensativo para fora do recinto, deixando um Severus Snape totalmente confuso e, por mais que fosse idiota, curioso com a curiosidade do diretor de Hogwarts.
Afinal, outro fato que o deixava curioso, era o porquê de logo após abrir os olhos, ter dado de cara com Albus Dumbledore lhe perguntando sobre o que acontecera. Se quisesse fatos mais específicos, que buscasse o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, então por que o enchia o saco logo após acordar?
Severus não queria perder seu tempo assim.
--Ele foi parar na enfermaria?--Remus pergunta calmamente para a garota ruiva em sua frente, essa que fitava seu rosto com atenção, embora essa fosse meio irritadiça.
--Sim, ele desmaiou no meio do corredor, nervoso com o patrono, provavelmente.
Os três marotos concordam com as cabeças, Sirius ainda com sua expressão enciumada. O que, Remus não mentiria, o estava irritando. Ele lá tinha culpa de Severus, de alguma maneira, gostar dele?!
--Como você descobriu?--Dessa vez James pergunta, seus olhos voltados para os verdes da ruiva que ficava corada com tal ato. Odiava sentir algo por aquele idiota!
--Eu perguntei para professor Horácio, que é diretor da Sonserina, se ele sabia onde Severus Snape estava, já que em todas as aulas que tínhamos em conjunto, depois de Defesa Contra as Artes das trevas, ele não participou. Slughorn disse que ele desmaiou no corredor e que foi achado por alguns alunos que matavam aula. Agora ele está na enfermaria.
Os três meneiam as cabeças novamente. Preocupação emanava de seus olhos, inclusive nos da garota, que parecia realmente não esperar que algo como aquilo fosse acontecer. Claramente, ela se sentia mal por ter um pouco de alívio se apossando de seu corpo, esse alívio pelo fato de parecer que Severus havia superado o que sentia por ela.
--Eu acho que não podemos nem pensar em ir na enfermaria vê-lo.--James diz o óbvio, o que gera um revirar de olhos irritado pela parte de Remus.
--É a coisa mais óbvia do mundo, seu idiota! Se antes não podíamos ir vê-lo pelos traumas dele, por que agora, que ele descobriu algo terrivelmente grotesco, como sentir algo por um monstro, nós poderíamos voltar a ficar perto dele sem mais nem menos? Garanto que todos os passos que demos, foram perdidos por essa aula idiota!
Os três aí presentes com o lupino se assustam com aquela explosão repentina. A ruiva não tendo entendido o porquê dele ter dito que era um monstro, mas também não iria querer saber, estava irritada e assustada com o que acontecera com Severus para deixar que sua mente focasse em outra coisa.
--Você não é um monstro.--Sirius decide começar com isso.--E se for para ser grotesco, é só pelo fato de você fazer parte do passado terrível pelo qual ele teve aqui em Hogwarts.
--E pode deixar que a gente entende muito bem o quão terrível está sendo para você entender, okay?--James termina, recebendo um curto menear de cabeça pela parte de Remus.
--E Evans.--James chama a atenção da ruiva que fitava Remus com atenção, essa que volta suas bochechas coradas para ele.--Obrigado por ter nos ditos onde ele estar, nos ajudou muito.
--De nada.--A ruiva olha para trás, antes de soltar um longo suspiro.--Agora só não o perturbem, deixem ele dirigir isso, logo ele entenderá.--A ruiva vira as costas e começa a andar soltando um curto murmuro de seus lábios, esse que é escutado por Remus, mas não pelos outros dois Grifinórios.--Ou não.
Ou não.
O maroto engole em seco. Esperava que Severus entendesse uma hora ou outra, mas não era cego em pensar que isso fosse a coisa mais fácil do mundo para o de olhos escuros como a noite.
Eu queria afundar em sua escuridão. Queria poder fazer com que a luz que você mantém escondida emanasse de todos os seus poros. Eu queria poder fazer com que seu sorriso escondido fosse mostrado para o mundo. Mas por enquanto eu permaneço parado, a ideia de nunca poder ser amado por você, me causando uma ansiedade estrema e uma tristeza maior ainda.
--Me explique direito, é sério.
Quando Régulos cruzou a entrada da enfermaria e andou com passos longos até a cama onde Severus se encontrava deitado, com os olhos voltados para o teto totalmente sem graça, Severus não esperou que tivesse que explicar tudo o que havia acontecido para ele naquela manhã horrorosa. Bem, agora estava aí fitando o rosto totalmente confuso do melhor amigo enquanto tentava explicar a coisa terrível que acontecera.
--O que você quer que eu diga além de ter conjurado o mesmo patrono que o Lupin?--Pergunta irritado, paciência já não tinha.
--Sei lá, para você ter o mesmo patrono que o dele tem que sentir isso faz um tempo maior do que o do caderninho.
Severus odiava se lembrar disso, mas não podia mudar o fato de que era verdade. Ele já deveria sentir algo por Lupin a um longo tempo, só reprimia o sentimento e o varria para baixo do tapete.
--O que você quer eu diga? Eu realmente não entendo isso, não tem como eu sentir algo por ele.
--Tem, é óbvio, o seu patrono é o mesmo que o dele!--Régulos parecia seriamente irritado.--E agora eu realmente sei que você nunca mais voltará a ficar perto deles, não é?
Severus suspira.
--Como eu poderia? Eu não vou conseguir olhar para a cara de Lupin nunca mais.
E assim Régulos tinha a completa certeza que todos os passos dados haviam sido em vão. Maldito seja o Expecto Patronum!
Que aqueles três ainda o ajudassem com a porra da Marca em seu braço!
--Estaca zero.
--Desculpa.--Severus parecia derrotado.
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