"Desembucha logo!"
Eles haviam ido para a biblioteca, e agora se fitavam em completo silêncio, aguardando pelo começo da conversa inevitável. Eles não se importavam se estavam, ou se perderiam aula, muito menos com madame Pince que poderia expulsá-los a qualquer momento. Eles apenas queriam saber o que fariam com seus sentimentos, assim como queriam saber se a situação poderia ficar mais estranha do que já estava.
Eles já estavam em um silêncio completo e assustador a uns bons minutos, tais bons minutos que estavam fazendo eles suarem de nervosismo. Severus tinha as suas mãos molhadas e James, Sirius e Remus não se encontravam muito atrás.
--Ninguém vai falar nada?--Remus decide começar a conversa por fim, irritado com o silêncio todo que se instalava (ele teria falado a minutos atrás se não fosse pelo fato de ele não conseguir tirar os olhos dos de Severus).
--Eu não sei o que falar.--Sirius se ajeita na cadeira.--O que vamos fazer? Esta é a pergunta que buscam?
James revira os olhos (Hábito que pegara do dono de seu coração sentado logo em sua frente).
--Okay, vamos começar assim.--James se coloca em pé.--Primeiro: Severus gosta de nós três e nós três gostamos de Severus, sendo assim, ou ele fica com o Remus por estar apaixonado por ele, e, nós dois, você e eu, Sirius, assim como Severus, esquecemos de tudo que aconteceu desde o dia que descobrimos estar apaixonados.
--Isso nunca iria dar certo.--Severus interrompe James.--Seria uma idiotice, porque não daria para ignorar.
--Isso é óbvio.--James volta a falar de uma forma doce, como se estivesse feliz pela interrupção satisfatória de Severus.--Então tem a segunda opção que também não é boa, que é a de continuarmos a vida como se nunca tivéssemos sentido algo por Severus e ele por nós. Sendo assim, ninguém fica com ninguém, fim da história.
--Nunca que isso iria dar certo.--Sirius diz irritado, parecendo se segurar para não chorar. Aquilo era estressante, James confessava, pois nenhum deles sabia o que aconteceria no futuro. Eles não tinham certeza de nada com relação aos sentimentos de Severus e sua futura escolha envolvendo-os.
--Exatamente, o que nos deixa com a terceira opção, que de longe é a mais louca.
--Desembucha logo!--Remus reclama.
--É a opção de Severus ficar conosco três e nós três com ele. Um poli amor.
Depois da fala sem cabimento, um silêncio assustador decidiu fazer presença, cada qual pensando naquela terceira proposta. Severus via coisa muito errada aí, ficar com três pessoas ao mesmo tempo não parecia algo muito certo a se fazer. Era errado de todas as formas possíveis, mas pensando bem, ele tinha uma proposta de ouro em suas mãos. Imagina começar a namorar, ou apenas ficar, com as três pessoas as quais nutria um sentimento confuso? Era bom, mas ao mesmo tempo assustador.
--Severus... Você quer o quê?--A voz de Sirius soa assustada.--Se você responder pode se tornar mais fácil para nós três.
O Sonserino parece engolir com uma leve dificuldade, ponderando se havia coisa mais errada do que pensar em aceitar aquela loucura. Ele não podia deixar a oportunidade de ouro passar diante de seus olhos sem mais nem menos.
Quando notara ter sentimentos por aquelas antas mesmo? Fora quando lera as poesias de Lupin? Ou fora quando notou que saber que Sirius Black havia quase morrido o deixara completamente triste? Ou fora quando notou que o jeito de Potter era adorável? Poderia ter sido a muito, ou a pouco tempo... Ele simplesmente não sabia como olhar para eles sem sentir borboletas no estômago.
Ele estava ficando louco? Se sim, era uma loucura até que boa.
Era tão idiota estar apaixonado por criaturas que poderiam muito bem parti o seu coração, mas ele não tinha muita opção naquela história toda a não ser dizer sim, pois, se dissesse não, correria o risco de ser totalmente infeliz já naquele momento e não depois quando o seu coração teoricamente seria partido (Por que ele era tão pessimista?).
--É idiota, mas eu aceitaria.--Solta, os olhos apontados para o seu colo.
Não havia sido tão difícil assim dar aquela resposta. Tudo bem que sua garganta chegou a doer por estar prestes a começar a fazer algo completamente errado, mas era a vida, o que esperar? Às vezes precisamos correr riscos para sermos felizes.
Os três se olham, como se estivessem uma conversa muda a respeito do que seria o melhor a se fazer. Severus não queria ter dado aquela resposta vergonhosa para no final das contas aquelas antas falarem não. Ele já estava programado para sair correndo atrás deles com a varinha tacando maldições e azarações.
Os três decidem olhar em sua direção depois de uma longa conversa muda, como se segurassem sorrisinhos. Severus levanta o olhar do colo com a sobrancelha arqueada e o coração a mil.
--Vocês estavam usando legilimentes?--Severus solta, como se quisesse aliviar o momento com uma pergunta qualquer.
Os sorrisinhos parecem desaparecer quando são trocados por olharem confusos e um fofo pela parte de Remus.
--Não, por mais estranho que pareça.--Remus decide falar quando nota que, por mais que quisessem, os amigos não iriam tomar a palavra.--Nós gostamos de conversar sem usar palavras algumas vezes, mesmo que ninguém diga nada realmente. Acho que é coisa de melhores amigos. Já sabemos, entende?
Não, Severus não entendia.
--Okay, e o que vocês decidiram?--Severus precisava da resposta, por mais que já soubesse o que diriam (quer dizer, ele achava que sabia).
Os três se olham mais uma vez, como se quisessem irritar o Sonserino ansioso. Ele não havia demorado tanto na sua hora de responder! Ele havia se achado rápido, mais rápido do que aqueles três (ele achava).
--Sim!--Os três dizem ao mesmo tempo.
Severus não estava esperando a resposta quando ela veio, então levou um susto com o sim alto que os três lançaram em sua direção. E agora nenhum deles sabia direito o que deveria fazer. Quer dizer, o que namorados fazem quando o namoro recém começa? E eles haviam começado a namorar mesmo ou...
--Então... A gente está namorando?--Por mais vergonhava que fosse a pergunta, ele não pôde evitar.
--Bem...--Sirius pigarreia.--Eu não sei se você quer um, ou três anéis, ou nenhum... Mas acho que a gente está sim.
Severus não pôde evitar que as suas bochechas corassem. Maldito seja Sirius Black!
Tudo estava normal, normal demais para aquela manhã, onde Severus aceitara namorar com aquelas três antas. Eles não haviam feito nada depois da fala de Sirius, apenas decidiram ir para suas aulas, felizes por a primeira nem ter começado quando chegaram em suas respectivas salas, já que a Sonserina não teve aula com a Grifinória antes da terceira aula do dia. Mas agora, por mais que ele quisesse, Severus não conseguia se dar ao luxo de prestar atenção do que era falado, e isso havia acontecido em todas as aulas do dia, inclusive aquela última. Mas não era só ele que se encontrava sem conseguir prestar atenção, os três marotos também não haviam conseguido se dar ao luxo de prestarem. Dos três, chegava a ser engraçado que o que menos conseguia prestar atenção era justamente Remus, que estava cansado e imensamente bipolar desde o primeiro período. Severus chegou a pensar que ele pularia no pescoço de Binns durante a terceira aula do dia, isso se ele estivesse vivo (Lupin não seria idiota ao ponto de tentar pular no pescoço de um fantasma).
Deveria ser coisa da doença desconhecida dele. Severus era informado o suficiente para saber que uma vez ao mês, pelo menos, Remus parava da enfermaria e tinha que faltar as aulas. Perguntaria um dia para ele, mesmo que não parecesse algo que ele fosse gostar contar. Por algum motivo desconhecido, Severus achava que Lupin não fosse se sentir confortável falando aquilo para alguém que não fosse os três inseparáveis amigos.
--Severus!--A ruiva chama a sua atenção, parecendo irritada.--O que houve com você? Não está prestando atenção em nenhuma aula, parece no mundo da lua!
Severus suspira, olhando para o rosto falsamente irritado da ruiva (ela não conseguia ficar realmente irritada com Severus, por mais que tentasse). Ele deveria contar? Por mais que Lily fosse a sua melhor amiga, ele sentia que contar sem os três saberem que ele contaria, não era uma boa opção. Ele deveria esperar que os três estivessem por perto para contar a ela, e a Régulos também! Pois Sirius poderia querer estar junto para contar à Régulos.
--Hoje, depois das aulas, eu gostaria de contar algo para você e para Régulos. Você poderia aproveitar e convidar ele para estudarem, ou qualquer outra coisa no pátio da frente. Eu posso procurá-la daí.
Severus sabia que o mais novo poderia não aceitar pela questão da Marca Negra e do medo absolutamente grande que ele tinha da ruiva ser pega de refém e tudo o mais. Mas Hogwarts era um dos locais mais seguros no mundo e não era como se a ruiva não soubesse o básico de sobrevivência. Ela sabia onde estava se metendo.
E mais, Severus duvidava que Régulos fosse falar não para um pedido de Lily. Ele muito provavelmente tinha medo de magoá-la.
A ruiva parece ficar curiosa e feliz com a ideia que Severus lhe dera. Ela estava sentindo um pouco de falta de Régulos, mesmo que eles tivessem se visto no dia anterior. Era estranha a forma como ela sentia vontade de estar perto dele em todo o momento e borboletas no estômago quando ele estava por perto.
Ela sabia que estava se apaixonando. Merda.
--Okay, eu estou bastante curiosa agora. E pode deixar, eu irei achar Régulos e o chamarei para estudar Poções.
Severus solta um risinho, pela forma feliz que ela falou de estudar Poções com Régulos e por saber que a ruiva poderia ter um infarto quando soubesse da novidade assustadora. A ficha dele nem havia caído ainda a respeito do que aceitara. Esperava não ter cometido um grande erro.
--Você vai amar, ou odiar.
Lily arqueia uma sobrancelha, curiosa com a fala.
--Poderia explicar?
O Sonserino dá de ombros, como se não fosse nada.
--Depois.
A ruiva teria brigado com ele por deixá-la inquieta, mas ela queria muito saber as regrinhas que a professora Sprout passava a respeito dos cuidados com uma planta rara da Tailândia, então decide permanecer em silêncio, por mais que sentisse vontade de encher o saco do idiota do seu melhor amigo.
Mal sabia ela, que daqui a algumas horas, acharia ele a pessoa mais idiota, porém mais esperta, do mundo.
E Lily estava linda em sua frente, por mais que estivesse com o mesmo uniforme de sempre. A ruiva era boa em tirar o ar, e não precisava fazer o mínimo esforço para tal (Régulos se achava um grande bobo).
--Faz pouco tempo que a gente fez algo junto, nós também nos vimos ontem, mas eu estava sentindo a sua falta, sabia?
Até quando ela falava poucas palavras, o mais novo sentia as suas bochechas corarem imediatamente e uma grande vontade de pegá-la em seus braços e abraçá-la com uma força gigantesca. Ninguém poderia culpá-lo.
Régulos estava com medo de ficar por perto da garota, ele quase não havia aceitado quando ela o chamara para estudar. Tudo bem que com o feitiço sendo estudado, ele se sentia muito mais seguro em ficar perto dela, mesmo que não fizesse sentido por ela correr o mesmo risco. Ele poderia dizer para ela que enquanto ainda tivesse aquela marca, não era bom que eles continuassem a conversar (sair), mas ele sabia que só magoaria a ruiva e que ela pouco gostaria de escutar algo desse tipo saindo de sua boca. Ela seria orgulhosa o suficiente para continuar ao seu lado.
--Eu também estava sentindo a sua falta.--Régulos decide falar por fim, recebendo um sorriso lindo como resposta.
--Isso foi fofo! Você é incrível, sabia?
A ruiva não aparentava apenas se encontrar linda de uma forma que tirava todo o seu ar, ela também parecia mais brilhante, com aquele sorriso lindo que portava do dia, com a forma como o seu cabelo parecia mais cheiroso e a forma como as suas sardas pareciam mais distribuídas em sua face pela falta de maquiagem. Régulos não teria notado que ela usava maquiagem se não tivesse visto uma certa diferença em sua pele no dia de hoje. Ela parecia tão animada por estar ao seu lado.
--Bem, você é linda e fofa, sabia?
As bochechas de Lily ficam vermelhas e incrivelmente mais belas. Ela parecia ser tão espontânea quando agia dessa forma. Ela fazia Régulus apaixonar sem nem perceber.
--Severus disse que quer conversar comigo, muito provavelmente com você também, depois da aula, então aposto que ele logo vai aparecer aqui.--A ruiva muda de assunto.--Você tem ideia do que ele poderia querer falar?
Régulos arqueia uma sobrancelha, curioso com a fala de Lily. O que Severus poderia conversar com os dois que não tivesse ainda conversado com ele? Deveria ser algo que aconteceu no dia, quem sabe a conversa que Severus foi ter com os marotos no café da manhã. Régulos estava bastante curioso com a conversa, ou reunião, da manhã.
--Bem, Severus foi conversar com James, Sirius e Remus hoje no café da manhã, então deve ter algo a ver com isso, não?
Lily arqueia uma sobrancelha, pensando.
--Eu não os vi no café, então eles foram antes de eu aparecer para comer.
--Sim, logo antes de você entrar.
A ruiva torna a imaginar todos cenários possíveis para a conversa que teriam, pois ela não era tola ao ponto de não saber o motivo pelo qual eles haviam ido fazer uma reunião logo no café da manhã. Infelizmente, ela não chega a nenhum cenário que fizesse sentido, muito menos Régulos.
Eles não haviam trocado um beijinho sequer, muito menos abraçados por não saberem como lidar com aquele cenário totalmente engraçado. Eles estavam namorando, que magnífico! Mas ainda não fazia sentido em suas mentes, pois a ficha muito provavelmente acabaria caindo apenas no fim do dia, na madrugada, durante a manhã seguinte, ou em qualquer outro momento.
Eles haviam aceitado quando Severus propôs que contassem juntos para Lily e Régulos sobre a nova relação, não haviam feito objeção e dito que não era uma boa ideia. Aceitaram, e agora seguiam rumo ao local onde eles conseguiam ver ambos sentados um de frente para o outro. Pareciam rir de coisas que eles desconheciam.
Severus andava de forma nervosa, com as mãos balançando ao lado de seu corpo como se esperasse que algum deles segurasse uma. Severus não achava que era pedir demais que pelo menos uma daquelas antas pegasse uma de suas mãos e a apertasse com força enquanto desciam. O problema é que seria óbvio demais para Lily e Régulos, e Severus até que sentia vontade de fazer um pouco de suspense.
Lily e Régulos levantaram rapidamente quando a aproximação dos marotos foi vistas, curiosos com o que seria dito por eles. Ambos pareciam felizes, Lily muito mais do que Régulos por parecer irradiar felicidade.
--Régulos me disse que vocês fizeram uma reunião no café da manhã.--Lily é a primeira a dizer algo, correndo na direção dos garotos com Régulos logo atrás da mesma, falhando em acompanhá-la rápido (Lily deveria ter bebido umas boas para estar tão elétrica)--Então desembuchem logo, de preferência.
Severus revira seus olhos em brincadeira, olhando para os garotos logo atrás de si como se pedisse permissão para dizer sobre o namoro, pois ele preferia ir direto ao ponto (cadê a suspense que ele queria fazer? Severus não sabia). Ele não mentiria que estava assustado com a ideia de eles ficarem irritados com ele caso falasse algo que não devia. Era normal querer agradá-los tanto? Severus não queria dar impressões ruins.
--Falem logo!--Lily se irrita com a demora.
--Okay, paciência Lily!--Severus ri.--O que você acha que iremos falar?
--Sei lá, eu estava esperando que você viesse sozinho, mas do nada aparece com esses três.--Ela aponta para cada um dos Grifinórios.--Eu tenho minhas dúvidas.
--Certo, eu imagino que você já saiba, ou quem sabe Régulos. Chute.
O que havia acontecido com o ser direto? Severus não fazia a mínima ideia (okay, ele gostava de uma suspense).
A ruiva revira seus olhos, lançando-os em seguida para os garotos. Régulos permanecia em silêncio ao seu lado. A garota franze a testa, a voltando para Severus em seguida.
--Vocês estão sorridentes demais...
--Chuta logo!--Sirius reclama, muito provavelmente por estar com fome. Havia se queixado um monte antes de começarem a andar em direção ao pátio (Severus não sabia o porquê de ele estar com tanta fome, havia comido um monte do almoço).
A ruiva suspira alto, batendo os pés no chão.
--Você está namorando um deles? É isso?
Severus não evita que um riso se solte de seus lábios, assim como os três. Nossa, eles estavam com medo da reação dela quando Severus dissesse que os três estavam namorando, juntos.
--Quase isso!--Severus diz quando o riso cessa.--Só que na verdade eu estou namorando os três.
Severus esperava que a ruiva começasse a rir como se fosse uma piada, mas ao contrário do que ele imaginava que fosse acontecer, a garota caiu com tudo no chão, desmaiando diante de seus pés. Severus só pôde abrir a boca em um perfeito O, lançando seu olhar em direção à Régulos, que estava paralisado ao lado do corpo caído da ruiva com a boca aberta em um O maior do que o de Severus pela cena da melhor amiga caindo dura no chão. Não era possível que as reações tivessem sido justamente aquelas.
--Eu não acredito que nós matamos a ruiva e paralisamos o meu irmão.--Sirius diz irritado, com uma mão na barriga e um olhar emburrado. Ele precisava comer!
--Sirius, cala a boca!—Severus raia com ele, se ajoelhando ao lado de Lily.-- E vem ajudar o seu irmão. E Remus e James, me ajudem com Lily. Eu não acredito que isso foi acontecer!
Os três não tardam a ir ajudar Severus. Eles esperavam reações ruins, mas era assustador saber que haviam descido tanto a pressão de Lily e espantado tanto Régulos, ao ponto de aquilo acontecer.
Eles precisariam ter uma bela conversa com eles quando voltassem ao normal. Rezavam para aquele espanto todo não interferir no que pensariam na reação incomum que se iniciava entre eles. Quer dizer, um poli amor e ainda entre homens? Era incomum, errado e nojento de todas as formas possíveis.
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