"Colocar tudo em risco"
Remus observa o caminho que Malfoy havia feito até as portas, desaparecendo ao dobrar o corredor. Não havia ido com a cara daquele riquinho de sorriso bonitinho, roupinha chique e cheiro de desodorante claro. Merlin, aquele cabelo era terrível! O que Severus via daquele cara?
Remus balança a cabeça, tentando tirar aqueles pensamentos sobre Malfoy de sua mente para voltar a atenção ao trabalho. Novidade? Ele não conseguia com o sorrisinho que Severus tinha em seus lábios, claramente feliz com as novas do dia.
O que Dumbledore tinha na cabeça?
--Ele parecia feliz...--Régulos tenta puxar assunto, também não parecia muito feliz com o que havia testemunhado.
Aquilo era bom, muito bom. Quem sabe Severus não passasse muito tempo de papinho com Malfoy se Régulos se mostrasse magoado. Mas espera! Será que Régulos gostava de Severus? Essa não parecia uma boa possibilidade.
--É, ele realmente parecia, isso é bom.--Severus diz, bem atento no que fazia na folha de papel, ou, quem sabe, em seus pensamentos com Malfoy, para ver a expressão irritada que Régulos mantinha em sua face.
--Ótimo, ele com toda a certeza ficará muito bem dividindo o quarto com você...
Severus meneia a cabeça, feliz, não percebendo a infelicidade e raiva que Régulos mantinha em sua voz ao proferir aquelas palavras.
--Eu quero ajudar.--Remus diz para um Sirius ansioso.--Eu preciso ajudar, mas não sei como fazer isso, nem você sabe... A gente pode acabar só assustando o pobre Severus.
--Olha, nós causamos isso para a Evans.--James diz, sentado ao lado de Sirius na Comunal.--Então nós precisamos dar um jeito de resolver, caso contrário, a Evans permanecerá nesse estado. Pensando em nós, sentiremos com essa culpa eternamente, porque foi ideia nossa e ela tinha boas intenções.
--É, mas as boas intenções dela não foram as melhores...--Sirius fala com a voz baixa, mas mesmo assim James e Remus escutam.
--Okay, ela pode ter aceitado essa merda, mas lembrem que ela é humana, nós somos humanos... E, adivinha? Só fazemos merda. Ela fez essa merda por nossa culpa, então atire a primeira pedra quem nunca fez uma merda dessas.--James soa completamente irritado. Agora se encontrava perfeitamente impaciente.
--Então, nós iremos estragar todo o caminho andando para ajudar a Evans?--Sirius pergunta, a expressão levemente avoada.
--Olha, Sirius. Foi você que apareceu agora mesmo nos dando essa ideia, então não aja na defensiva!--Remus grita, talvez alto demais.
--Não precisa gritar, Aluado! Eu sei que eu dei a ideia, mas eu não pensei que isso pudesse colocar tudo em risco com Severus!
Remus revira os olhos, vendo que James agora fitava um ponto fixo na parede logo atrás de si. O garoto andava pensativo demais... Chegava a ser um pouco assustador, sendo sincero.
--Olha, nós que causamos isso com a Evans... Podemos colocar tudo em risco, mas seremos seres humanos péssimos se não fizermos nada para ajudá-la. Você mesmo disse para ela que arranjaria um jeito, então não desmonte suas palavras, Sirius Órion Black!
E Remus havia atingido o ponto fraco de Sirius, agora não tinha volta para o de cabelos longos. Nunca, em santa consciência, conseguiria dormir com aquelas palavras ecoando por seu cérebro.
"... Você mesmo disse para ela que arranjaria um jeito, então não desmonte suas palavras, Sirius Órion Black!"
Seu nome inteiro ainda veio como brinde.
--Okay, então vamos colocar tudo em risco!
Sirius joga as mãos para o alto e se levanta da cadeira no exato momento que James sai de seu estado de torpor, assustado. Ele olha para os lados, claramente confuso com o grito que Sirius havia dado ao proferir sua última frase.
--Sirius aceitou?
--Sim, ele aceitou, feliz?
--Muito.
E um bocejo sai da boca de Pontas, que levanta do sofá da Comunal, se espreguiça e anda calmamente em direção às escadas do Dormitório Masculino, deixando Remus "sozinho". Quase todos os Grifinórios já haviam ido para seus Dormitórios, então a Comunal estava quase vazia.
O licantropo revira os olhos, também se levantando para andar até o Dormitório. Sua cabeça doía de tanto estresse. Ele e Severus terminariam a poção no dia seguinte, aproveitando para entregar à Horácio. Remus não estava com nenhum tipo de vontade de acabar dando de cara novamente com Lúcius Malfoy ao fazer isso.
O que Severus via naquele cara? Remus queria ter a resposta, porque não era possível que Severus gostasse de alguém tão idiota quanto Lúcius Malfoy. Tudo bem que James e Sirius também eram idiotas, mas Remus não se via como um idiota, então por que Severus não poderia gostar dele? Sei lá, mas Remus realmente estava se esforçando... Então, por que não?
Remus entra no dormitório e torna a fechar a porta. Ele anda até sua cama e se joga nela sem nem mesmo escovar os dentes. A única coisa que ele queria era dormir e esquecer daquele sorrisinho sem graça de Lúcius Malfoy. Queria jogar um Avada Kedrava naquela anta que só apareceu para ferrar com seu dia.
Lúcius avaliava o Dormitório de Severus, estava atento em cada mínimo detalhe. Esperava o garoto aparecer, esse que conversava com Régulos na Comunal a alguns minutos atrás. Havia sido estranho voltar a cruzar a entrada da Sonserina, mas ao mesmo tempo, ótimo, principalmente agora que conseguiria passar um tempo com Severus.
A porta se abre, dando vista para o jovem pequeno e magro.
--Eu realmente não acreditei quando vi você. Já faz anos.
--É, mas a gente nunca deixou de se comunicar por cartas, não é?
Severus se senta em sua cama, ainda sorrindo para Lúcius. Um silêncio desagradável se faz presente enquanto ambos se fitavam, as expressões igualmente felizes e ao mesmo tempo envergonhadas. Como matar a falta de anos?
--Como vão suas notas?--Lúcius decide quebrar o silêncio. Não fora uma pergunta adorável... Era comum demais e Lúcius já tinha a resposta. Severus era a pessoa mais inteligente que conhecia.
--Vão bem, nenhuma mudança ruim. Como vai a Cissa?
--Ela está bem, está passando essa semana na mãe. Eu contei para você que estamos tentando ter um herdeiro?
Severus meneia a cabeça, se lembrando de uma das cartas onde Lúcius havia escrito que haviam começado a tentar. Infelizmente, Lúcius não usava a palavra "filho".
--Sim, eu desejo sorte.
--Obrigado, Severus. Tem alguma coisa que não tenha me contado por carta?
Severus pensa. Tinha muitas coisas que não havia cogitado contar para Lúcius... E não seria agora que contaria. Lúcius não precisava ficar sabendo da paixão estranha dos marotos por ele, nem sobre a briga com Lily.
--Não que eu me lembre.--Mente.
Lúcius meneia a cabeça e bate no lençol da cama de maneira descontraída.
--Então, faltam poucos dias para você completar seus 18 anos. Está pensando em se aliar ao Lord das Trevas quando os estudos acabarem?
Severus quase engasga com a própria saliva. Merda.
--Bem, na realidade, acho que não... Eu prefiro permanecer neutro, sabe?--Depois do que Régulos havia lhe dito, nunca que se aliaria. Teriam que amarrá-lo.
--Ah, por que você prefere ficar neutro?
Severus preferia que Lúcius não tivesse perguntado, não fazia ideia do que dizer para ele. Eles nunca haviam tocado nesse assunto nas cartas por ser perigoso para Lúcius, mas agora não parecia uma boa hora para colocar o assunto em dia.
--Lúcius, eu não quero me unir a Você Sabe Quem... Também não quero me unir à luz... Eu estou bem na neutralidade. Mas vamos trocar de assunto, por favor.
Severus observa Lúcius concordar minimamente com a cabeça, claramente magoado com a sua recursa. Mas Severus não queria, as palavras de Régulos realmente haviam o tocado e Severus, claramente, havia prometido que não se aliaria. Ele não poderia colocar tudo em risco... Sua vida, sua amizade com Régulos, sua liberdade... Para receber uma marca que nunca desapareceria de seu braço.
Bem, agora um silêncio constrangedor havia se instalado no Dormitório. Nenhum dos dois parecia saber o que dizer para puxar um assunto diferente do antigo.
--Eu posso usar o banheiro, ou você vai usar?
Severus se assusta com a voz de Lúcius, mas concorda. Ele podia usar o banheiro, claro.
Lúcius se levanta e anda calmamente para o banheiro. Severus não havia notado que ele pegara roupas. O ex estudante acena com a mão antes de fechar a porta.
Aquela semana com Lúcius seria difícil, mas Severus saberia como lidar se ele não puxasse nenhum assunto envolvendo Voldemort. A questão era que Lúcius conseguia envolver Voldemort em qualquer assunto.
--Vocês vão fazer isso mesmo?
Sete horas da manhã e quase todos os alunos se encontravam sentados na mesa de suas casas. Lily fitava os três marotos com as sobrancelhas franzidas, se negando a acreditar que eles realmente iriam fazer o que estavam dizendo.
--Sim, nós iremos recuperar a sua amizade com Snape,--James começa a falar.--Afinal, formos nós que ferramos com ela.
Ela alterna seu olhar entre os três, antes de levá-lo até a mesa da Sonserina. Severus brincava com a comida em seu prato, sem um livro em suas mãos, dessa vez. Ela franze as sobrancelhas antes de voltar a atenção para os três garotos.
--Eu irei acreditar em vocês... Mas, caso eu me ferrar mais, nunca mais chegarei perto de vocês. Entendido?
Ela estende a mão, esperando que os três se revisassem para apertá-la.
--Entendido.
Os três apertam sua mão. Agora eles não tinham mais como voltar atrás.
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