"Cala a boca, Lily!"
Severus odiava trabalhos em dupla e Slughorn amava passá-los. Era o terceiro trabalho em dupla que ele passava em três meses. Isso não era demais? O que custava passar apenas um? Ou, sei lá, NENHUM por ano!
Severus espera que todos saiam da sala para se colocar em frente a Horácio. Sua respiração estava alterada, pois não havia sido fácil segurar a vontade de entrar em pânico,
--Professor?--Sua voz soa fraca, patética, para dizer o mínimo.
--Sim, senhor Snape?
Severus suspira e troca os livros que segurava de mão. Precisava medir as palavras.
--Eu posso fazer o trabalho sozinho? Por favor.
Slughorn se coloca sentado em sua cadeira, havia uma certa falta de paciência em seu olhar.
--Senhor Snape, eu fiz um favor a você o colocando com alguém que tem notas igualmente boas. Eu sei que você não gosta de pegar pessoas desinteressadas para fazer trabalhos, então o senhor Lupin é perfeito, não?
Slughorn, com toda a certeza, não estava lhe fazendo um favor. Esperava que os professores soubessem a respeito de seu ódio por aqueles três.
--Olha, senhor, eu não me dou muito bem com o Lupin...
--Ora! É uma oportunidade de vocês se acertarem.
Severus não conseguia contar nos dedos as vezes que teve vontade de dar um soco em Horácio na vida, principalmente naquela maldita aula de Poções. Dumbledore e agora Slughorn? Era muito azar para uma pessoa só!
--Certo, até logo, senhor.
Severus sai da sala com a expressão derrotada. Sabia que receberia um zero, mas nunca, sob hipótese alguma, faria o maldito trabalho com Remus Lupin!
Severus tinha uma lei para tornar seus dias produtivos, Lily a conhecia bem, muito bem para dizer a real verdade. Severus acordava cedo, raramente passava mais de cinco minutos se espreguiçando na cama. Ele ia comer o café da manhã rápido (a ruiva não sabia que ele não comia. O garoto disfarçava bem) para ser uns dos primeiros a chegar na sala. E, quando as aulas acabavam, ele ia estudar no pátio. Lily sabia que Severus não estava cumprindo essa ordem desde o episódio que Sirius o fizera passar, mas rezava para Severus estar no pátio hoje. Precisava conseguir encontrá-lo rápido, de preferência.
--Está me levando até ele?--Remus seguia Lily pelos corredores do castelo, estava cansado. Lily estava andando rápido demais para o seu gosto... Nossa, ela não parecia ter pernas curtas.
--Sim, ele está estudando no pátio... Você deve saber...
--Embaixo da árvore na beira do Lago Negro?
Lily balança a cabeça ao cruzar a porta do castelo. Agora eles desciam pelo pátio, cada vez mais perto de Severus Snape. Era o que a garota esperava, claro.
--Eu quero que seja gentil.--Lily manda, a voz autoritária.--Nada de o assustar.
Remus concorda. Tudo que mais temia era assustar Severus sem querer... Ele nunca se perdoaria. Estava aí para consertar seus erros, não para piorá-los.
Eles vão descendo pela trilha, tomando cuidado com os lugares onde pisavam. A neve estava alta. Severus se encontrava em seu costumeiro lugar, claro. Remus sempre amou a capacidade que o garoto tinha em conseguir se concentrar na leitura em um pátio cheio de adolescentes barulhentos.
Lily de repente para de andar e segura o ombro de Remus. O garoto olha para ela e aguarda.
--Acho melhor esperar aqui, Lupin. Já volto para chamá-lo.
Remus não nega as palavras da garota, apenas espera em silêncio.
Lily anda até Snape. Ela sorria gentil para o garoto, mesmo que esse ainda não houvesse notado sua aproximação. A garota senta ao seu lado na neve fofinha e gelada. Depois de longos segundos, ele finalmente nota a aproximação da ruiva com um susto.
Remus se põe a esperar, fitando os dois. Visava prestar atenção em cada mínimo movimento que Severus fazia, seja um sorriso, seja uma revirar de olhos, seja um aceno de mão, seja um movimento involuntário de cabeça. Remus só se sentia na obrigação de notar cada mínima mudança da forma que Severus se portava naquele chão de neve fofa.
Remus observa a expressão feliz de Severus desaparecer em questão de segundos. Agora ela estava assustada, agora sua expressão estava completamente assustada. Lily parecia querer colocar a cabeça em um buraco enquanto se explicava. Severus estava ficando irritado.
Remus engole em seco ao vê-lo se levantar.
--Lily, eu não vou falar com ele!--Remus consegue escutar a voz alterada do jovem Sonserino--Não adianta forçar!
Snape tentava sempre ser o melhor possível com Evans, então era tão estranho vê-lo tratar ela daquela forma tão incomum. Chegava a ser assustador saber que ele só estava agindo assim porque não queria falar consigo.
Remus engole em seco ao ver Lily se levantar. A garota tentava fitar o amigo com carinho, quem sabe para lhe transmitir alguma coisa boa. Remus tentava imaginar o que ela estava falando agora, mas não fazia diferença. Ele teria que intervir, se meter no meio antes que brigassem sério.
--Lily, você acha mesmo que eles podem mudar?! Agora está toda amiguinha deles, por acaso?!
Remus engole em seco, nervoso. Odiava brigas. Seu coração sempre acelerava e ficava sem fôlego. Ele visava tudo de ruim que poderia vir a acontecer... Seus pensamentos nunca eram amigáveis.
--Ah tá! Fabuloso então! Vai lá neles!
Remus engole em seco, já perdera as contas das vezes que havia feito isso... Que Severus não tivesse um ataque, mas Remus se meteria agora mesmo no meio da situação.
Ele começa a andar até eles. A garota estava chorando, Severus não estava muito atrás. Se Severus não aceitasse, o plano iria ladeira abaixo. Não era algo bonito de se pensar, na realidade, era terrível... Simplesmente terrível.
--Evans... Snape...--Remus diz ao chegar perto. Ele fica apenas dois metros afastado dos olhos arregalados de Severus.
--O. Que. Você. Está. Fazendo. Aqui?
Remus engole em seco ao escutar a voz grossa do Sonserino. O garoto estava com os dentes serrados de tão irritado. Pensava se deveria mesmo estar aí.
Bem, deveria, isso era fato.
--Snape, não discuta com a Evans... Eu que pedi para ela fazer isso, então...
--Ah claro, e Lily aceitou, não é? Aceitou mesmo sabendo que eu não queria.
Remus não queria provocar uma quebra na amizade dos dois, não queria que eles se afastassem e que os dois se afundassem na mágoa... Não se perdoaria caso isso acontecesse... E parecia muito perto de acontecer. Em momentos de raiva, o ser humano pode dizer coisas terríveis... Severus parecia muito perto de dizer algo que se arrependeria.
--Parem de brigar, é sério. Severus...
--Quem deixou que você me chamasse pelo primeiro nome?
Remus troca o peso do corpo para o seu pé esquerdo. Seu coração estava acelerado. A ideia parecia tão genial...
--Snape, eu só pensei que nós poderíamos fazer o trabalho junto... É que eu sei que nós dois valorizamos muito a nossa nota, então eu pensei que se a Evans ficasse junto conosco, fosse mais fácil... Entende?
Não, Severus não entendia.
--Eu não vou fazer esse maldito trabalho com você. Ele que se foda!
--Sev...
--Cala a boca, Lily!
A garota estava apavorada, Severus nunca havia falado assim consigo. Era assustador ouvir aquelas coisas saindo da boca do melhor amigo, mas era mais assustador saber que todo o plano poderia ir ladeira abaixo caso Severus não aceitasse. E o plano já estava indo ladeira abaixo.
--Sev, apenas tente entender, a gente só quer te ajudar. Você não pode continuar com esses traumas... Eu sei que é difícil, mas...
--MAS? MAS O QUÊ? Você acha que é fácil para mim? Eu sei que acha. Achou que eu fosse aceitar simplesmente aceitar fazer esse trabalho se fosse assim?! Evans, não sei você, mas a minha vida não é maravilhosa como a sua.
Evans... Severus havia a chamado de Evans...
--Sev...
--Snape! É Snape para você. Você gosta do Potter, então vai lá, namore com ele, se case... Eu sei que você quer!
E Severus sai andando para longe dos dois. Lágrimas salgadas deslizavam por seu rosto. Ele haviam por um momento, cogitado a chamar de algo terrível. Tudo bem que doía... Doía sair assim. Deixar ela lá, como se tivesse feito algo terrível. Mas ela estava, ela realmente estava fazendo algo terrível... Confraternizando com o inimigo. De fato, Severus não podia confiar em mais ninguém.
Lily cai de joelhos no chão e chora pela briga. Eles nunca haviam brigado daquela forma. Severus nunca havia agido de tal forma. Aquilo era um pesadelo. Como se metera nisso sem saber se iria funcionar? Aquilo não havia funcionado de forma alguma.
--Evans, eu...--Remus tenta e anda calmamente em direção à ruiva encolhida na neve.
--Lupin...--Sua voz soa fraca, cansada.--Vai embora... Me deixa sozinha.
--Mas...
--Vai embora!
Remus suspira. Ele não acreditava no que havia feito... Como tivera coragem? Ele olha para o caminho de Severus... Aquilo doía.
--Eu sinto muito...
Evans levanta o rosto. Seus olhos estavam perfeitamente vermelhos e o nariz escorria. Ela estava longe de parecer bem.
--Eu não precisava ter aceitado, mas fui idiota...--Ela abaixa o rosto e fita a neve.--Vai embora... Por favor...
--Você...É verdade o que ele disse sobre o James?
Lily funga e limpa seu nariz com a manga do casaco. Não havia motivo para esconder.
--Sim.
Existem inúmeras coisas destinadas ao fracasso, Remus odiava pensar que aquilo era algo destinado a tal coisa.
Por um plano idiota seu, Evans havia ficado encolhida na neve, soluçando como se não houvesse amanhã. Se tivesse, ao menos, pensado melhor sobre o que faria, aquilo não teria acontecido e seu coração não teria se partido.
James e Sirius se odiariam quando contasse tal coisa. Nossa, ele seria apedrejado.
--Remus, você já voltou?
Remus trava ao ver Sirius sentado na cama. O garoto estudava o conteúdo passado naquela manhã. Remus não sabia se contava ou guardava o pesadelo por mais tempo.
A porta do banheiro se abre e Remus se assusta ao ver James adentrar o quarto.
--Remus, já voltou?
James se senta em sua cama e fita Remus de forma curiosa. Seu cabelo estava completamente molhado.
O lupino engole em seco. Naquele momento poderia acontecer milhões de coisas. Se sentia um lixo por não conseguir imaginar nenhuma dessas milhões de coisas.
Ele suspira e fecha os olhos. Melhor soltar a bomba de uma vez.
--Eu ferrei com a amizade da Evans e do Snape.
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