"Apenas me beije"
Severus estava se sentindo terrivelmente exposto para aqueles três, mesmo que Lily e Régulos estivessem postos um de cada lado de seu corpo. Por que havia aceitado aquilo mesmo? Ah é, ele não teve a dádiva da escolha.
O de cabelos negros carregava em suas mãos o livro que encontrara na mansão Malfoy. Estava tremendo tanto que quase havia o derrubado aberto naquele maldito chão molhado umas duas vezes (a terceira ainda não havia ocorrido por algum tipo de milagre cosmo). Ele odiava o fato de o chão simplesmente não secar nunca, ainda mais naquela época do ano, quando a neve havia acabado de derreter e o clima se encontrava terrivelmente gelado. Então agradecia por todos os livros de Hogwarts serem de capa dura, de uma forma que colocado em cima de um pano ou simplesmente com a capa diretamente no chão de forma cuidadosa, as páginas não molhavam, e com isso eles não estragavam.
Os marotos os fitavam de forma atenta, seus rostos exigindo algo que Severus não podia dar: Uma explicação pelo o que ele havia feito. No caso, ter beijado Sirius.
Severus daria uma explicação, mas não ao respeito da merda que fizera.
Com Potter o olhando daquela forma era capaz de ele fazer uma terceira merda.
--Então, você não vai começar a falar, Severus?--Lily pergunta depois de o silêncio ter se tornado terrivelmente cansativo (depois dos olhares terem se tornado terrivelmente cansativos) e Severus apenas suspira antes de tomar a coragem necessária para o que faria.
Coragem... Ele nem sabia o significado de coragem.
--Er...--Severus força a garganta.--E..eu o encontr..trei na correria n..na biblioteca dos Ma..Malfoys.--Severus não sabia o porquê de estar tão nervoso e enrolando o assunto. Ele poderia simplesmente falar rápido e dar a sua parte como encerrada, mas, por causa do seu maldito nervosismo, não estava sendo capaz de falar de uma forma direta e clara.--Eu folhei e acabei encontrando a página no desespe...desespero. Acon..acontece...--Em uma tremida realmente forte, quando os olhos de Severus focaram nos olhos de Potter, que sorria de uma forma completamente doce, o livro cai fechado no chão molhado. Ele agradece para todos os deuses pelo o livro ter se fechado na hora de cair, senão já era! Aquele maldito chão molhado estragaria a página escrita à tinta.
--Severus...--Lily se abaixa e pega o livro no chão molhado, checando se estava tudo bem com ele antes de focar seus olhos verdes penetrantes nos do garoto corado.--Você quer que eu fale o que você me contou? Daí você pode ir me interrompendo para falar o que eu não disse.
Severus não pensa duas vezes antes de balançar a cabeça de forma afirmativa, se recolhendo para atrás de Lily, um lugar onde se sentia muito mais seguro e longe do alcance de James, Sirius e Remus. Sirius e Remus que ainda o fitavam como se buscassem respostas sobre o maldito dia da enfermaria. Severus até agradecia por Potter está sorrindo de uma forma doce para ele e não com aqueles olhares pensativos e penetrantes de seus amigos.
Lily dá dois passos para frente e Severus a segue.
--Indo direto ao ponto,--Lily abriu novamente na página marcada.--Aqui tem um procedimento inteiro para um feitiço capaz de remover qualquer coisa equivalente a uma maldição e magia das trevas em qualquer pessoa, animal e, se duvidar, como diz aqui, até plantas. Diz até que usado em questão de 30 segundos depois de um Avada Kedrava, também é possível salvar a pessoa. No caso, a marca no braço de Régulos é basicamente que uma maldição na pele feita por um feitiço criado pelo próprio Você-sabe-quem, então pode acabar que o feitiço funcione para removê-la. O problema é que eu li a página e cheguei na conclusão de que não é certo que removerá apenas a marca de Régulos caso usarmos.
Severus estreita s seus olhos ao escutar tal coisa sendo proferida por sua amiga, acabando por sair de trás do corpo da mesma para fitar seu rosto. Ele não havia chegado à mesma conclusão que ela em nenhum momento.
--Como assim?
--É,--Remus fala.--Como assim seria capaz de remover a marca negra nos braços de todos os comensais?
--Eu não disse isso, só disse que não é certo que só removerá a marca dele... Pode... Bem...
--Evans, você está me assustando.--Sirius estava a meio caminho de acabar ao lado de Régulos e, consequentemente, perto de Severus.--Fala logo!
A garota solta um bufo baixo, com seus olhos voltados para a página lotada de letras minúsculas. Severus havia lhe dado o livro depois da primeira aula, alegando que Lily deveria lê-la se quisesse ficar por dentro. Bem, Lily leu e releu diversas vezes, tomando cuidado para ninguém olhar por cima de seu ombro. Ela havia chegado a diversas teorias bizarras e a principal havia sido a de que ao utilizarem o feitiço no braço de Régulos, seria possível remover as marcas de todos os comensais e não só a de Régulos. Resumindo, era um risco enorme.
--Eu quis dizer que esse feitiço é imensamente complexo, que nós devemos estudá-lo antes de tacarmos em Régulos. Existe muito nesta história para corrermos riscos...
--Então quer dizer que o feitiço pode mesmo remover a marca de todos, caso usado em Régulos?--James diz por fim, arrancando um bufo nervoso de Lily. Ninguém estava a ajudando a lidar com a situação.
--Sim, Potter, ele pode acabar removendo a Marca Negra de todos os Comensais, não só de Régulos.
--Você chegou a essa conclusão como?--Régulos torna a perguntar algo pela primeira vez da tarde, o que não deixa de assustar todos os presentes naquele pequeno lugar no pátio.
Lily olhou para a página, ergueu o livro e tornou a ler:
--"...Quando tal maldição ou magia das trevas está entre mais pessoas, não apenas amigo, familiar ou colega, pode acabar por correr o risco de remover de todos os portares, então certifique-se que é mesmo necessário..."-- Lily fecha o livro, bufando de forma nervosa. Era percebível que estava preocupada.--Eu não preciso ler mais, vocês já entenderam que é claramente um "contra maldição", escrito em um livro de uma pessoa amante de Magia das Trevas. A pessoa que escreveu deve ter notado que era necessário ter um feitiço para remover maldições erradas e qualquer magia das trevas usadas sem motivo e etc.
Régulos suspira, claramente sem saber muito o que deveria fazer. Ele parecia assustado, e Severus se sentia tolo por não ter lido a página antes de ter essa conversa assustadora. Bem, o fato de ele ler antes, não iria tornar a conversa mais simples.
--Mas o que vai acontecer demais caso removermos a marca de todos...
--Nem termine o raciocínio, Potter.--Lily não tarda a cortar James.--Pense em um comensal acordando numa manhã qualquer, e olhando no espelho ele nota que tem algo estranho em seu braço esquerdo, então ele olha lá e não ver a Marca Negra. Qual a primeira coisa que ele vai fazer? Exato, arrumar um jeito de achar um colega comensal, em seguida eles vão chamar outros colegas comensais e esses colegas comensais irão dar um jeito de achar Você-sabe-quem, ou o próprio você-sabe-quem arrumar um jeito de achar os seus capangas, pois também notará que não há como chamar seus capangas. Daí eles irão se achar, vão conversar e iniciar uma investigação, claro que primeiro eles vão fazer a marca novamente no braço esquerdo. E sabe quem vai correr o maior risco nesta história toda? O próprio Régulos, porque o Régulos não vai correr atrás de Vold...Você-sabe-quem. Ao contrário do resto dos lacaios irritantes daquele desgraçado com cara de caveira. Sem contar um monte de outras coisas que podem vir a ocorrer.
Todos permanecem em silêncio depois da fala de Lily. Quando eles pensaram encontrar algo, acabaram por bater de cabeça em um obstáculo enorme. Claro que havia um "pode", então não era certo que realmente fosse remover a marca de todos os comensais caso usado. Quem sabe a pessoa que tivesse criado o contra maldição, artes das trevas, não teve tempo o suficiente para testar a sua criação de todas as formas possíveis.
--O que faremos agora?--Remus, que parecia estar com ânsia de vômito, pergunta.
--Nós estudaremos esse feitiço a fundo,—Lily passa o livro para Severus, que o pega e fecha.-- Vemos se ele é confiável, rezamos para que possa ser usado e... Isso.
E nenhum deles diz mais nada.
Também não havia algo para ser dito, não depois daquele diálogo assustador.
James, que de burro tinha tudo, acabou optando por ficar fora da Grifinória depois de todos adentrarem o castelo. Ele estava nervoso, e por estar assim, ele não queria nem saber de acabar ficando no mesmo recinto que Sirius e Remus. Acabaria fazendo algo muito ruim, pior do que já estava fazendo, se ficasse por perto daquelas antas.
O garoto se coloca sentado em um chão qualquer, soltando um suspiro alto de completa exaustão. Ele não sabia o motivo pelos seus ataques de ciúmes, muito menos o porquê de estar preocupado com o que poderia acontecer com Régulos caso o plano de remover a marca em seu braço desse muito errado. Quer dizer... Ele não queria ver Severus triste, destruído, mutilado novamente por perder alguém que ama.
Deveria ser cinco da tarde, quem sabe fosse mais tarde... James também não queria saber.
--Você tem detenção, não tem?
Severus quase foi capaz de levar um susto pela voz de Régulos, que parecia terrivelmente assustado e triste ao mesmo tempo. Severus também estava, e muito. Ele havia odiado a descoberta de Lily.
--Ah é, eu peguei uma detenção de uma semana inteira. Mas eu não quero ir.--Severus havia até se esquecido da maldita detenção que Dumbledore lhe dera.
Régulos poderia ter rido da expressão carrancuda de Severus, mas a única coisa que ele fez foi revirar os olhos em brincadeira, mesmo que não sentisse tanta vontade de brincar naquele momento tão sério. Ele não estava com a mísera vontade de brincar.
--Se não for na detenção será pior. O que você tem que fazer?
--Não é tão ruim... Tenho que limpar caldeirões e varrer a sala de Poções.
Dumbledore havia sido bonzinho, mas Severus ainda preferia ter ficado com a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas. Ele jura que havia tentado, mas não deu muito certo, pois Dumbledore até pareceu se irritar entre as perguntas que fazia, pois Severus não prestava atenção nelas por tentar negociar. Havia até se certificado se Severus não estava sobre alguma maldição, o que havia sido levemente, senão muito, desnecessário.
--Legal, você gosta de Poções! Não será tão ruim assim limpar os caldeirões e a sala. Mas e o resto da semana?
Severus não impede que um bufo saia de seus lábios. Nesse quesito Dumbledore não havia sido bonzinho.
--É a mesma coisa pelo resto da semana. Eu nunca mais foi desaparecer um dia inteiro e chegar em Hogwarts quase na hora do jantar, como se nada tivesse acontecido. Ele poderia ter me colocado na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas pelo menos por um dia!
Régulos não evita que um riso gostoso se solte de seus lábios. Severus conseguia ser engraçado quando realmente queria. A questão era: Quando Severus realmente queria soar engraçado? Agora, depois de longas semanas, o mais velho estava até tentando soar um pouco engraçado, mesmo que às vezes ainda aparecesse com aquelas carrancas costumeiras.
--Que hora você vai na detenção?
Severus dá de ombros, pouco à vontade.
--Depois do jantar.--Severus responde com raiva. Ele queria fazer suas lições depois do jantar.
--Boa sorte lavando os caldeirões, meu amigo!
Severus poderia ter dado um soco na cara de Régulos. Bem que poderiam deixar ele levar alguém na detenção para fazer companhia, mas aquela escola não prestava nem para isso!
James definia o seu azar, ou pesadelo, como algo absolutamente sem querer. Quer dizer, ele não queria ter pegado no sono no corredor, muito menos queria que Horácio tropeçasse em suas pernas com as mãos e braços cheios de frascos de poções feitas naquele dia. Ele também não queria que Horácio gritasse com ele, nem queria o responder com um "Oh velho, eu estava dormindo, okay?".
O "velho" não pegou bem no contexto. Então as próximas palavrinhas de Horácio para ele foram consideradas um pesadelo:
--Detenção! Depois do jantar na minha sala!
James se sentia um completo azarado enquanto andava em passos calmos para aquela maldita sala. Não havia trocado uma palavra sequer com os amigos desde o diálogo todo de Lily, muito menos havia conseguido pensar em outra coisa senão em Severus. Para James tudo era Severus, qualquer coisa de sua vida tinha a ver com aquele garoto de olhos negros como a noite.
Como viver sem pensar em Severus?
Ele havia até sonhado com Severus!
O garoto cruza a porta da sala de Poções com a paciência no limite, pensando no que Horácio pediria para ele fazer. James não estava com vontade de limpar caldeirões, muito menos sentia vontade de deixar aquela maldita sala impecável.
--Potter, o que faz aqui?
James quase sente seu coração parar ao levantar os olhos, que antes estavam voltados para seus pés, e ver o garoto que amava em sua frente. James poderia ter travado, mas a única coisa que ele consegue fazer é se perguntar: O que Severus estava fazendo na sala de Poções naquele horário? Tudo bem que ele era nerd, mas estudar poções às oito da noite já era demais.
--Snape... O que faz aqui?--James consegue proferir, mas com uma condição: Ele estava com a maior cara de baiacu.
--Eu tenho detenção, então o que você faz aqui?
Era pegadinha do destino ou ele tinha tido a sorte de pegar detenção com Severus Snape?
--Horácio me deu uma detenção hoje de tarde... Ele tropeçou nas minhas pernas e derrubou alguns frascos de poções.--James não ia dizer que havia chamado Horácio de velho e que fora por esse motivo e não pelas poções caídas no chão, que havia pego a melhor detenção de sua vida.--E você?
--Eu acabei ficando tempo demais nos Malfoys e por isso Dumbledore me deu uma semana de detenção.
Então ele e Severus conseguiam ter uma conversa agradável, quem diria! Severus ainda não havia dado uma patada sequer nele. Se Merlin quisesse Severus não daria patada alguma nele pelo resto da detenção. Seria uma melhora tão agradável!
--Nossa, que azar. Você terá que fazer o quê? E cadê o Horácio?
Severus olha ao redor da sala, como se ao fazer isso Horácio fosse aparecer do nada. Infelizmente, ou felizmente, ele não aparece.
Estranhamente, Severus não estava se sentindo incomodado com Potter, mesmo que no café da manhã e naquela tarde, sentisse como se estivesse sufocando com o vermelhão de seu rosto. Quem sabe tivesse esvaziado o desconforto de seu ser ao ter que olhar por tanto tempo para as três criaturas. Agora ele só tinha que aturar aquele cara lindo que vazia ele ter borboletas no estômago, sem mais lembrar do passado que ambos tiveram juntos. Era tão estranho não se importar e ao mesmo tempo tão bom deixar o passado para trás e viver o presente. Severus se sentia leve!
--Eu terei que limpar os caldeirões e varrer a sala, acho que você deve me ajudar, não?--Ele torna a responder, querendo que Potter ficasse por perto. Tudo bem que Severus também queria que James ficasse o mais afastado possível dele.
James meneia a cabeça rapidamente, não pensando por um momento sequer em contradizer aquele deus Grego em sua frente. Ele faria tudo que Severus mandasse, como o cachorrinho bem treinado que era. Severus era seu adestrador, portanto, James tinha que correr atrás da bolinha caso Severus assim pedisse.
--Então, o que você quer que eu faça?
Severus aponta para a vassoura ao lado da porta e James corre até a mesma, a pegando nas mãos. Ele rezava para varrer certo, porque quando ficava nervoso ele fazia tudo errado.
--Olha, nem pense em usar magia, Horácio irá saber. Ele sempre sabe.
James poderia ter se assustado com tal fala, mas ele preferiu ajeitar a vassoura em suas mãos e varrer de forma lenta e correta o chão, cuidando para não ficar nervoso com Severus logo atrás dele, limpando os caldeirões de forma lenta e aparentemente calculada. James queria saber ficar concentrado daquela forma.
Depois de um longo tempo, com James não se sentindo nenhum pouco corajoso naquele espaço, com Horácio tendo sumido do mapa, e com um Severus absolutamente lindo e aparentemente irritado atrás dele. Ele termina de varrer aquele chão, não sabendo como conseguiria perguntar a Severus se havia outra coisa para ele fazer. Por que ele tinha que estar se sentindo tão covarde? Só de se sentir assim, ele já agia assim!
Ele olha para o amado, que no momento tirava os cabelos do rosto de forma absolutamente sexy.
Maldito seja! Severus Snape era a sua ruína!
--Snape, eu terminei de varrer o chão, posso ajudá-lo aí?--Ele não sabia de onde que havia tirado coragem para perguntar algo.
Severus o fita e em seguida dá de ombros, indicando o canto da sala, onde havia um pano largado no chão. James anda até ele, o pegando nas mãos.
--Só limpe corretamente, okay? E aproveita e trás o balde cheio de água, preciso dele.
James anda até onde Severus estava, largando o balde no chão ao lado dele. Então ele se coloca ao lado do menor para limpar um dos vários caldeirões ainda sujos. James sentia borboletas no estômago e um medo absolutamente cruel. Ele sentia que deveria falar algumas coisas para Severus, algumas coisas que pesavam em seu ser a um bom tempo, desde o dia que notara que o cheiro o qual sentia na Amortentia era dele e não de Lily Evans.
--A gente pode conversar?--Solta, ciente que se pensasse mais, acabaria por não perguntar.
Severus levanta o seu olhar, focando nos olhos castanhos que brilhavam em expectativa.
--Por que não?
James não esperava uma resposta como aquela, mas também não tinha como esperar mais. Era Severus Snape ao seu lado.
--Okay...Ahn... Como você está se sentindo?--Ele se sentia tolo por fazer uma pergunta como aquela. Era tão clichê e sem graça!
--Irritado, triste, assustado... Uma verdadeira mistura, e você?--Opa, Severus havia devolvido a pergunta e não fora nada sarcástico, era um ponto para James.
--Também irritado, surpreso, assustado, nervoso, ansioso... Uma mistura.
Ambos ficam em silêncio, enquanto os caldeirões eram limpos e postos em seus lugares. O que ele deveria falar agora? Pedir desculpas por seus erros idiotas de quando era um verdadeiro pé no saco? Era uma vergonha pela qual James merecia passar. Severus também merecia a "dádiva" de escutar suas desculpas que não mereciam perdão.
--Ei,--Ele chama a atenção do colega de detenção, que torna a olhá-lo.--Eu gostaria de pedir desculpas por tudo que eu fiz, desde machucá-lo fisicamente até mentalmente... Eu não sou mais assim, e eu realmente me odeio pelo o que eu fiz você e outras pessoas passarem... Eu não sei como eu conseguia achar aquilo maneiro, quando na verdade era algo completamente sem sentido... Eu já estaria preso se bullying fosse considerado crime no Mundo Bruxo, nem sei se no Trouxa é... e... e...--James já estava tremendo como se uma crise se aproximasse, e ele não queria pagar "tal mico" ao lado do garoto que amava.
--Ei!--Severus o vira, segurando seus braços de uma forma forte, tentando impedir que James passasse pelo o que ele notava que iria acontecer. As pernas de Potter estavam tremendo, ele se encontrava ofegante e a voz começava a falhar. Severus reconhecia os sinais de uma crise de ansiedade se aproximando.--Você não precisa se desculpar por algo que já passou... Você era uma anta, eu era uma anta! Nós dois sempre estivermos errados em vários aspectos no que acontecia. Se eu realmente quisesse que parasse, eu teria parado de dar corda, mas eu continuava dando corda a vocês, mesmo que eu não notasse...
--Isso não é motivo para eu ter feito bullying com você! Você nem dava tanta corda assim, você apenas se defendia e tentava não ser a vítima, porque ninguém quer ser a maldita vítima. Então a culpa era minha e ponto!
Agora Potter parecia seriamente irritado. Severus não o culpava.
--Vamos parar de falar disso, não vai levar para lugar algum...
--Como assim? Eu estou com um peso enorme no peito.--Agora Potter parecia que iria chorar. Puxa! Ele estava uma verdadeira bagunça de sentimentos.--Eu preciso esvaziar.
--Mexer no passado não vai resolver nada, o que você precisa escutar é que eu te perdoei, e eu te perdoo! Você não é mais aquela pessoa, e você sabe disso, e estranhamente eu concordo que você não é. Cara, você está uma pessoa completamente melhorada e muito mais madura. E olha, eu também mudei e você sabe disso, não? Então vamos esquecer o passado e viver o presente!
Estranhamente, quando Severus terminou de dizer aquilo, um peso foi retirado dos ombros de James, como se algo sentado aí se levantasse e fosse embora. Então ele só precisava escutar aquilo, sério? Não podia ser algo tão simples... Mas fora.
De qualquer forma, ter escutado que Severus havia o perdoado por toda a merda que fizera, era algo o qual ele nunca esperaria escutar, então quem sabe tenha sido por esse motivo que a leveza havia estado em seu ser. Severus Snape, mesmo tendo passado por tudo aquilo, havia o perdoado.
James queria chorar e gritar de felicidade ao mesmo tempo. Mas ele também estava se sentindo uma anta.
--Como você está se sentindo?--A pergunta de Severus, que ainda segurava seus braços de forma forte e o fitava com um sorriso doce, soa depois de um longo tempo em silêncio.
--Estranhamente...--James suspira.--Eu estou me sentindo muito mais leve.
James queria saber de onde tirara a coragem para focar os seus olhos nos negros, também queria saber de onde tirara coragem para sorrir de uma forma gigante para ele. Também queria saber o porquê de Severus ter sorrido da mesma forma, e como tivera coragem de levar a mão até uma bochecha corada do mais baixo. E ele queria saber o que estava fazendo.
--Snape... Eu... Eu...
Severus suspira, ele não acreditava que estava fazendo aquilo com mais um. Quer dizer, ele estava desde a o café da manhã sentindo vontade de fazer aquilo, mas era tão idiota de se querer! Beijaria o terceiro, e nem sabia o porquê.
--Apenas me beije.--Ele tinha que pedir aquilo, não aguentava mais esperar.
James não pensa duas vezes antes de levar a outra mão para a nuca de Severus e o puxar de encontro aos seus lábios, que grudam de uma forma sedenta nos do jovem de olhos escuros. O beijo inicia de forma lenta e romântica, tomando um rumo mais sexual quando ambos se veem cansados da demora. James leva as mãos à cintura de Severus, o puxando de encontro ao seu corpo, enquanto Severus enrola os braços ao redor da nuca do mais alta.
Severus nunca havia parado para prestar atenção no tamanho de James Potter, mas o cara era imensamente alto. Seus pés estavam quase saindo do chão!
As línguas vagueavam pelas bocas um do outro, explorando cada espacinho, desde os dentes, até a garganta. Severus não tinha tempo para se sentir culpado, apenas para apreciar a delícia que era sentir aquela língua em sua boca.
Mas então a falta de ar se fez presente, e ambos foram obrigados a se separarem, corados, ofegantes, assustados. E foi em um ótimo momento para o ar fazer falta, pois mais um segundo e Horácio teria os pego no pulo.
--Meninos, perdão pela demora!--Ambos quase tiveram um mini infarto com a entrada repentina do professor.--Eu acabei preso em uma reunião com Dumbledore. Severus, você já deu para algo para Potter fazer? Eu tinha até me esquecido da detenção que eu deu a você, senhor Potter.
James não quis perguntar o porquê da intimidade entre professor e aluno para Horácio chamar Severus pelo nome, muito menos quis perguntar sobre a reunião ou reclamar do que tinha para fazer, ele apenas quis pensar no beijo, no delicioso beijo que dera em Severus Snape.
--Sim.--James volta para seu corpo ao escutar Severus proferir a Horácio, parecendo tão normal quanto podia.--Ele está limpando os caldeirões comigo, já varreu a sala.
Ambos voltaram a fazer o que tinham para fazer, em nenhum momento tento a coragem para olharem na face um do outro. Okay, certo, James também não se achava corajoso o suficiente para fitar Severus depois daquilo, nem o próprio Severus se achava corajoso o suficiente para focar seus olhos no mais alto.
Bem, felizmente James parara de sentir raiva, e tinha a completa certeza de que quando voltasse ao dormitório, voltaria também a tratar Sirius e Remus na mesma forma que os tratava antes de ter tido o ataque de raiva.
Ele estava feliz, brilhantemente feliz!
Severus, por outro lado... Bem... Ele se sentia terrivelmente idiota.
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