"Agora ou nunca"
E, apesar de toda a merda que parecia estar ocorrendo ao seu redor, Remus se mantinha preso naquele encantamento. Fora uma semana perdida, mas ele acreditava estar chegando a um resultado com a ajuda de Severus, Lily e Régulos, além de seus dois amigos que mais atrapalhavam do que ajudavam. Apesar de a ruiva não saber muito como ajudar, Régulos estava dando o seu máximo, mostrando uma vontade gigantesca em arrancar aquele pesadelo de seu braço.
Faltava pouco, muito pouco para eles desvendarem o feitiço e tirarem a marca de Régulos. Claro, depois disso que vinha a parte realmente difícil. Eles teriam que entrar na Ordem da Fênix para prometer a segurança que Régulos precisaria. Eles sabiam que seriam aceitos, a Ordem precisava de todos os recrutas, CONFIÁVEIS, possíveis. E pelo menos James, Sirius e Remus, eram considerados confiáveis. E aí entrava Severus, e seu medo de não ser aceito.
Mas tirando Severus e seu medo de não ser aceito, as coisas andavam de forma correta. Remus tentava não ficar ansioso, Lily tentava não surtar, e o resto seguia a onda. Até Régulos conseguia seguir a onda normalmente.
E hoje, neste dia ensolarado e com poucas nuvens no céu, Remus tinha sua boca em um perfeito O, enquanto Lily mantinha suas sobrancelhas arqueadas em sua frente.
--O que você descobriu?--Ela pergunta de forma calma, mas sua perna tremia com uma ansiedade gigantesca. Ela andava tentando não agir de forma tão afoita, e achava estar obtendo resultados gratificantes.
Remus, porém, não a responde de imediato, perdido demais na página do livro para pensar em alguma resposta que fizesse sentido. Ele provavelmente se embolaria por inteiro caso tentasse a responder.
Severus se aproxima do namorado, seguido por Régulos, que tinha olheiras maiores que a face. Dormir não estava sendo fácil, por mais que ele tentasse.
--Remy, por que você está com essa cara?--Severus soa preocupado, mas nem ele consegue arrancar uma resposta de Remus.
A essa altura, os três prestavam atenção na forma que o licantropo se portava, tentando entender o porquê de ele estar agindo daquela forma. Eles queriam acreditar que ele havia descoberto alguma coisa, mas sabiam que não deveriam ter muita esperança, pois qualquer coisinha poderia não ser real.
--Remus, está me assustando.--É Sirius que aparece atrás de Régulos, fazendo o mais novo dar um gritinho pouco masculino. Sirius havia obtido a mania de aparecer sem nenhum aviso.--O que você descobriu?
Ele pouco se importa com o susto que deu no irmão, apenas se aproxima o máximo possível da imagem de um Remus vidrado. Quando o amigo se portava daquela forma, era sinal de que havia descoberto alguma coisa. Sirius se anima na hora, chamando James com um aceno, já que o de cabelos bagunçados havia sido o único a não se aproximar.
--Sirius, o que você acha?--Severus chama a atenção de seu namorado, e os olhos iluminados focam na imagem de um Severus com um olhar doce. Seus olhos se iluminam mais ainda, alegres com o que viram. Por que Severus parecia cada vez mais lindo conforme os dias passavam? Quem sabe fosse seu cérebro apaixonado.
--Eu acho que Remus descobriu alguma coisa...
--Nossa, eu não sabia!--Severus solta sarcasticamente, e apesar de não parecer um momento muito bom para risadas, James ri. O resto, se mostraram vontade de rir, Severus não sabia, pois não quis prestar atenção.
--Calma, está irritado hoje?--Sirius brinca, e Severus apenas revira os olhos.
Era fácil de se irritar com Sirius Black, mesmo sem motivos.
--Você sempre me irrita.--Severus não se importa de soar sincero.--E a gente já sabe que ele descobriu alguma coisa, queremos que ele fale.
E é neste momento que Remus parece voltar à vida, assustando a todos quando sua cabeça sobe a uma velocidade capaz de quebrar seu pescoço. Graças a Merlin, isso não aconteceu.
--Eu acho que descobri alguma coisa!
Ele assustou a todos, mas não foi capaz de dizer algo menos óbvio.
--Isso a gente já sabe.--Lily diz por todos.--Nós queremos saber o que você descobriu.
Remus respira fundo, as mãos ansiosas batucando na página do feitiço. Ele tentava organizar sua mente, tentando tornar mais fácil a explicação que daria.
--Quando vocês viram as runas,--Ele começa, os olhos mais iluminados do que os de Sirius.-- era quase o anoitecer de uma noite de lua cheia, e eu andei estudando o livro de noite. Acontece que ontem eu não o fechei quando fui me deitar, e o quarto estava em um breu total, a não ser pelo livro que estava brilhando de uma forma muito estranha. Eu então o peguei no escuro, e...--Remus para de falar, os olhos agora voltados para as janelas abertas.--Precisamos de um lugar escuro. O encantamento tem a ver com luz, e não foi somente jogado nesta página, mas no livro inteiro.
O lupino deixa a todos com as sobrancelhas arqueadas, perdidos pela explicação sem muito sentido. Eles não pensaram muito antes de segui-lo para fora do recinto, mesmo não entendendo onde Remus poderia estar querendo ir.
--Lugar escuro? Não é melhor aguardar a noite?--James pergunta, arrancando um olhar mortal de Lily.
--Quanto antes, melhor, James.--É Remus que responde, nem se importando em olhar para a face confusa do amigo. Todos estavam confusos, mas Remus não sabia como ajudá-los com isso.
--Você está indo até as masmorras?
Remus não havia pensado nas masmorras, mas ele agradece mentalmente à Régulos ao virar uma esquina. Agora eles iriam para as masmorras.
--Sim, estamos indo às masmorras.
Qualquer sala nas masmorras seria escura o suficiente para o que ele tinha que mostrar. Ele não sabia como nunca havia notado aquela iluminação, até porque já andava estudando o livro a um bom tempo. Quem sabe estivesse perdido demais em pensamentos, para notar. Acontece que ele sempre guardou e fechou o livro, e naquele dia só cometeu o mísero erro de não ter cogitado fechá-lo e guardá-lo ao se deitar.
Bem, às vezes uns erros em meio ao cansaço, acabam sendo sua salvação.
A primeira sala vazia acaba sendo a escolhida, e por incrível que pareça, não fora a de poções. Remus entrou com todos e fechou a porta em seguida, os olhos agora vagando pelas tochas nas paredes.
A sala deveria entrar em um completo breu, e quando ele tornasse a abrir o livro, a luz seria o suficiente para mantê-lo visível, daí ele mostraria o que achava haver encontrado. Ele não sabia como havia chegado na conclusão de que sua ideia poderia estar correta às quatro e trinta e sete da tarde, mas pelo menos havia descoberto alguma coisa.
--Apaguem as tochas!
Régulos olha com os olhos arregalados para Remus, como se ele fosse maluco.
--O quê? Não! Vai ficar muito escuro, e eu não sou fã de escuro!
Não era mentira que Régulos havia adquirido um medo terrível de escuro aos sete anos de idade, já que sua mãe não era o que se pode chamar de "boa mãe". Sirius, graças a Merlin, não havia ganhado um medo abominável de escuro.
--Eu preciso que a sala fique escura para eu conseguir mostrar a vocês, caso contrário não irá funcionar. E, Régulos, não precisa ter medo, sério, nós estamos aqui.
O Sonserino expira, e, com um aceno de varinha, a sala entra em um breu total, fazendo com que todos desaparecessem. Porém, todavia, no entanto, alguém estava à vista, e esse alguém era Remus, com o livro aberto em suas mãos. Uma luz verde iluminava o livro, sendo forte o suficiente para iluminar a imagem de Remus.
--Se aproximem!
Os passos soam, e de repente a silhueta de Lily já era remotamente percebível, assim como a de Régulos e Sirius. James e Severus estava mais para trás, escondidos em meio ao negror das masmorras. Ninguém havia notado o fato de todos terem ficado impressionados e assustados com aquela luz; em meio ao escuro esse detalhe não era necessário.
Os olhos de todos focam na imagem que Remus apontava com a mão, uma lua cheia quase invisível no canto direito superior da página. Era impressionante a forma como aquele livro parecia ter sido escrito. Ele era tão perfeitamente assustador.
--O que isso significa?--É a ruiva que quebra o silêncio, com a voz perdida e impressionada ao mesmo tempo. Seus olhos estavam vidrados na luz verde.
--Eu não acho que o encantamento que eu estou pensando, seja o certo, quer dizer, pode ser, mas eu não tenho certeza. Mas eu descobri que as runas só voltarão a aparecer no anoitecer da próxima lua cheia, e isso é meio óbvio, porque o livro aponta.
Régulos, Lily e, principalmente, Sirius, não ficaram nada felizes com a tão incrível notícia.
--Teremos que esperar até a próxima lua cheia para vermos as runas? Mas e se não der tempo para a estudarmos e entendermos?
Remus já esperava essa pergunta, e ele tinha pavor da resposta que estava prestes a dar.
--Eu acho que eu descobri o encantamento que mantém as runas escondidas, como disse antes, mas eu não sei como será se o encantamento não ser o certo, já que eu preciso da resposta para removê-lo. Eu posso estragar a página ou, pior, bloquear a página. Esses tipos de livros são território perigoso, a magia negra envolvida ao longo dessas páginas, é imensamente poderosa. Não quero acabar com uma página em branco nas mãos.
Se eles conseguissem ver os rostos um do outro, estariam se fitando. Arriscar ou não? Era a pergunta que girava em torno de suas mentes conflituosas.
--Eu acho que não seria de todo mal jogar o feitiço, se é que posso chamar assim...--James quebra o silêncio, fechando os olhos em seguida, como se temesse o ataque.
--Nós precisamos tentar.--Lily, por incrível que pareça, concorda, mesmo que pudessem acabar destruindo a chance de tirar aquele negócio do braço de Régulos.
James abre os olhos, assustado, ainda temendo um soco pela parte da garota. Ela não costumava ser muito propensa a ideias que poderiam ir contra a vida de Régulos.
--Eu também acho que é bom tentarmos. Nós não podemos perder tempo, e confiamos em você.--Sirius também concorda, com a voz um pouco esganiçada devido à preocupação.
--Eu acho que não pode ficar tão ruim quanto já estar, então você pode tentar, Remy.--Severus, que estava completamente dentro das sombras, diz com a voz chorosa.
--Régulos, precisamos de sua opinião, levando em conta que, se der errado, irá prejudicar você.--Remus pergunta, sabendo que havia sentido falta de uma voz. No caso, a voz mais importante diante de tal situação.
Régulos parece respirar fundo, mas na escuridão só foi percebível um som parecido com um bufo. O livro ainda iluminava boa parte do colo e rosto de Remus, que fitava o lugar de onde havia vindo o som, pensando estar olhando para Régulos. E ele realmente estava.
--Por que não?--É a única coisa que Régulos diz, a voz esganiçada como a de Sirius.
--Como todos estão de acordo, eu irei tentar arrancar o encantamento. Mas, se der errado, neste momento, eu peço perdão.
Com um gesto de varinha de Remus, a sala volta a se iluminar com as tochas devidamente acessas, e a luz vinda do livro desaparece instantaneamente. Agora era realmente notável que nenhum deles parecia realmente estar confiante com aquilo. Era uma tentativa que poderia muito bem enfiar Régulos na lama, e eles não queriam ferrar Régulos daquela forma justamente quando estavam tão perto.
Remus leva o livro até uma mesa, o deixando aberto. Ele se afasta alguns passos, a varinha na mão direita enquanto arregaçava as mangas. Parecia a beira de um ataque de pânico... Todos pareciam a beira de um ataque de pânico.
--Espera!--Lily pede, suplicante.--Eu não estou pronta, nenhum de nós estar pronto!
É Régulos quem coloca uma mão em seu ombro, tentando a acalmar com um aperto reconfortante.
--Lily, eu estou de acordo com isso, eu confio em Remus...
Remus achava aquela confiança adorável, mas ele estava certo de que havia descoberto o encantamento que jogaram naquelas páginas. Para arrancar um encantamento de um objeto, você precisa ter 100% de certeza de que sabe qual foi jogado. Caso contrário, a tentativa para tirar pode causar sérios problemas.
E eles não precisavam de mais problemas. E ele não queria ferrar o irmão de um de seus melhores amigos por uma falha sua.
--Mas... E se tudo ocorrer errado?--Lily soa suplicante, com um pavor enterrado fundo.--Eu não quero que você sofra as consequências.
--Lily, eu acredito que pode dar certo... Eu preciso que você tenha confiança nisso, por mim, okay?
Aquela cena soava trágica, e Remus odiava coisas trágicas.
--S..sim.
E Lily estava chorando, e isso não era nada reconfortante. Remus se volta para o livro, os olhos arregalados e levemente molhados. A página estava lá, com todo o seu mistério a mostra. Ele tinha que acreditar que tudo daria certo, não poderia falhar feito um grande tolo.
Ele respira fundo, sem coragem para olhar uma última vez para trás.
Deveria ser algo fácil, um aceno, uma palavra, e as runas apareceriam. Ele não precisava ter medo, precisava ser confiante.
Ele inspira, expira, inspira, expira, inspira, expira.
Era agora ou nunca.
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