"Afundando no fosso"
--Você o quê?!--Régulos quase foi capaz de estourar os tímpanos de Severus.--Por quê?!
--Não me julgue!--Severus devolve o ataque.--Ele estava na minha frente, com aquele sorriso lindo, os olhos brilhosos e pedindo pelo beijo! O que você faria se estivesse no meu lugar?!
--Eu não estava no seu lugar!--Régulos retruca com o olhar irritado, como uma mãe discutindo com o filho encrenqueiro.--A questão é: Você está cada vez mais se afundando no fosso! O que aconteceu com o quase namoro com o Lupin?
Severus bufa. Por que Régulos tinha que ter o lembrado daquilo? Severus queria namorar com Remus, queria muito, no fundo de seu coração. Ele sentia até falta dos abraços do mais novo. Mais agora, sonhar que fosse conseguir o que queria, parecia algo totalmente impossível por causa do que fizera. Ele literalmente estava conseguindo se afundar cada vez mais no fosso. Chegaria o dia que ele teria que sair.
--Olha, eu vou resolver, eu prometo que eu vou resolver.--Ele estava fazendo uma promessa péssima. Como cumpriria? Era impossível que fosse conseguir resolver o problema que havia se metido. Mesmo assim, sabendo que poderia não conseguir cumprir sua promessa, era um erro totalmente seu e de mais ninguém. Teria que resolver uma hora ou outra.
--É bom mesmo que resolva! Porque se não resolver eu mesmo vou prender você em uma sala somente com os três, e vocês terão que se resolverem de uma vez por todas, pois eu não tirarei vocês de lá até que se resolvam!
Severus cora. Além de "idiota", ele estava cada vez mais pensando besteira com qualquer coisa, por mais simples que fosse. Convivência com aqueles três idiotas. Até Remus era um baita de um pervertido.
--Severus, por que corou?--Óbvio que Régulos iria notar Severus corar, mas não o motivo pelo qual ele havia corado.
--Sei lá, você acabou de dizer que iria me trancar em uma sala com os três, onde ficaríamos sozi...
--Nem termine a frase, Severus Snape! Caramba, mas que pervertido!
No fundo, mesmo com a postura de mãe durona, Régulos estava se controlando para não explodir em uma alta risada. Ele era esse tipo de pessoa, sério por fora, risonho por dentro.
--Não é minha culpa!--Severus se protege.--A convivência com aquelas antas está fazendo efeito.
--Os beijos com aquelas antas estão fazendo efeito.--Régulos devolve, o corrigindo, com um sorriso malicioso nos lábios.--A correção faz mais sentido, não faz?
Severus apenas revira seus olhos, em uma clara brincadeira.
--E se eu disser que faz?
--Daí eu vou correr atrás de você com um chinelo feito de tijolo.
Não deu outra, alguns segundos de silêncio fitando um ao outro e ambos estavam rindo gostosamente. Por mais que Severus estivesse no fosso, assim como Régulos com as questões da Marca Negra em seu braço esquerdo, eles ainda conseguiam se divertir.
--Eu não acredito?!--Sirius e Remus explodem em uma pergunta, não em uma afirmação. James prestara atenção na entonação.
--Sim, ele me beijou.
O garoto não ficou em silêncio depois de ter beijado Severus. Ele apenas terminou a detenção, se despediu do Sonserino corado e correu até a Grifinória em uma velocidade que quase garantira uma nova detenção. Por sorte nenhum monitor realmente ligou. Já na Grifinória ele não tardou em se exibir para os amigos, que de cara não haviam ficado muito felizes.
--Ou ele está seriamente confuso, ou brincando com as nossas caras.--Remus, que de longe parecia com uma vontade gigante de matar alguém, não tarda a colocar o cérebro em trabalho.
--Ou está tentando ficar com nós três ao mesmo tempo.--Sirius tenta brincar, mas isso só faz com que seus cérebros comecem a batalhar em uma batalha árdua contra a emoção e a razão. Era óbvio que Severus não estava querendo uma relação com os três.
--Olha,--James, que jurava que iria causar numa bela briga minutos atrás, torna a falar.--Eu duvido muito que ele esteja brincando conosco, porque ele parecia estar tão nervoso e espontâneo ontem, além de parecer estar tão confuso com todas as novas sensações. E me tratou tão bem na detenção quando eu quase tive uma crise de ansiedade, além de ter falado coisas tão belas e calmas... E sabe, eu não acredito que ele teria coragem de ser tão cruel... Nós não teríamos coragem de ser tão...--James para, parecendo pensar por um momento.--Vocês sabem.
Sirius e Remus parecem pensar, ambos com as expressões soturnas. Eles também não pareciam acreditar que Severus poderia mesmo estar brincando com os sentimentos dos três. O problema era que... Eles podiam ter certeza de algo? Era Severus Snape de quem estavam falando.
--E se ele realmente estar tentando ficar com a gente ao mesmo tempo? E se tiver mesmo possibilidade de ele gostar de nós três na mesma medida?--Sirius parecia mesmo acreditar no que estava dizendo.
--E o patrono?--James torna a perguntar, sua mente girando em torno de diferentes perguntas as quais ainda não tinham as respostas que precisavam.--O patrono dele é o mesmo que o seu, Remus. Toda a turma viu...
--O que me admira é que eles não tenham se importado o suficiente para saírem por aí contando para toda a escola.--Remus mal deixa James terminar antes de falar, como se tentasse fugir do assunto ao qual verdadeiramente tratavam--Era um assunto ótimo para os fofoqueiros.
--Ou saíram contando e a gente não sabe.--Dessa vez fora Sirius quem falou, dando corda para o novo assunto do dia.--Pode ter acontecido, não acha?
--Ou talvez não prestaram atenção na aula e nem no livro.--Remus mais uma vez, parecendo criar mil teorias em sua mente.--É uma possibilidade grande.
--Ou apagaram as memórias d...
Sirius não pôde nem terminar a fala antes de James bater levemente em sua nuca. O mais velho é forçado a olhar em sua direção, indignado com o tapa que levara.
--Me respondem sobre o patrono, e não comecem uma conversa como esta. Agradeçam que não terem saído por aí contando para qualquer um!
Remus suspira. Ele não sabia sobre o patrono, não tinha uma teoria válida. Ele nem sabia se Severus ainda possuía o mesmo patrono que ele, mas rezava para ele possuir, pois significava que ele ainda poderia ter uma chance, não?
--Ele pode estar apaixonado por um e apenas gostar dos outros... É uma possibilidade, não?
Nem Remus acreditava nas suas próprias palavras. Ele estava incrivelmente confuso e terrivelmente ansioso.
--Será mesmo?--Okay, James parecia acreditar nessa possibilidade.--Eu não quero que ele apenas goste de mim.
Remus não consegue evitar seus olhos quando eles automaticamente se reviram.
--Eu não tenho certeza, cara. Eu nem faço ideia do porquê de ele nutrir sentimentos por três idiotas.
Sirius, que pensava meticulosamente no que os amigos falavam, tanto que já estava ficando inquieto e ansioso, interrompe as indagações ao se jogar entre ambos. James e Remus focam seus olhos nos escuros, exigindo uma explicação pela interrupção sem sentido aparente.
--Nós precisamos conversar com ele, sério! Precisamos de uma reunião urgente, pois não dar mais! Sinto que vou explodir se ele não for sincero com seus sentimentos logo! Nem nós estamos sendo sinceros com os nossos sentimentos!
James e Remus focam seus olhos um no outro, suas mentes processando a ideia de Sirius. Eles precisavam mesmo de uma reunião explicativa com Severus Snape, uma que os levassem a resultados satisfatórios. Eles estavam cansados das migalhas, precisavam de um pão inteiro.
--Certo.--Remus desvia os olhos de James, por um momento pensando o ver corar, mas quando voltou o rosto para o do amigo, não viu nada além de sua expressão comum. Deveria ser coisa de sua mente inquieta, decidiu optar por essa explicação--Nós iremos exigir uma reunião amanhã no café da manhã, e se ele não aceitar, iremos continuar tentando até ele parar de fugir de nós!
James e Sirius concordam, levemente, talvez muito, nervosos com o que poderia acontecer num futuro próximo. Severus fugiria? Aceitaria conversar? Confessaria que estava brincando com eles? Eram tantas possibilidades ao mesmo tempo, que os três poderiam explodir de ansiedade a qualquer momento.
Era um café da manhã como todos os outros, só que nesse a atmosfera se encontrava terrivelmente pesada. Era como se a qualquer momento algo fosse cair na cabeça de Severus e nas dos marotos, que o olhavam como se pensassem se era necessário mesmo correr até aquele pontinho verde e exigir uma reunião. Eles estavam totalmente preocupados com o futuro de tudo aquilo.
--Vamos lá?--Remus é o primeiro a dizer algo em meio àquele silêncio todo.--Se não formos logo nunca iremos.
James e Sirius soltam um suspiro ao mesmo tempo. Eles não tinham certeza de nada, era capaz de Severus permanecer em silêncio durante toda a conversa, totalmente desconcentrado e ansioso em meio aos três. Sirius, James e Remus também não queriam assustá-lo.
--Vamos, mas se ele não aceitar, não poderemos forçar.
James se coloca em pé, sendo o primeiro a tomar o caminho (a coragem) até a mesa da Sonserina, com Sirius e Remus logo atrás. Ambos pareciam capazes de abandonar a missão em meio ao ato, nervosos demais para fazê-la por completa.
Régulos é o primeiro a notar a aproximação dos três, sinalizando Severus com uma batida em seu ombro. O mais velho levanta a cabeça assustado, arregalando os olhos ao ver os três parados em sua frente. Ele não esperava por aquilo, estava escrito em sua face.
James pigarreia, se dirigindo a Severus.
--Nós precisamos conversar, é urgente.
O Sonserino parece pensar por um longo tempo, por nenhum momento tirando seus olhos de James. O Grifinório estava começando a sentir as suas bochechas corarem pela duração do ato, se amaldiçoando internamente por se sentir tão covarde.
Então Severus se coloca em pé, e os três, na verdade os quatro, já que Régulos também prestava atenção no que acontecia, franzem as sobrancelhas.
--Nós precisamos...
James presta atenção nos passos calmos que o Sonserino dar até as portas. Passos duros, calculados, nervosos. Ele havia aceitado mesmo? Aquilo parecia tão fora de questão, que os três permanecem parados por um longo tempo antes de Remus tomar a iniciativa e correr para fora do Salão Principal.
Automaticamente, o resto, tirando Régulos, corre atrás.
Severus estava esperando de pé no lado de fora, a perna direita balançando de forma nervosa. Ele não parecia se encontrar em seus melhores momentos.
Remus, James e Sirius param em sua frente e James abre a boca prestes a dizer algo, mas o Sonserino volta a andar.
--Vamos encontrar um lugar menos tumultuado, por favor.--Fala, a voz baixa, rouca, nervosa.
Os três andam rapidamente atrás dele, mal conseguindo acompanhar a sua caminhada corrida. Por que Severus parecia tão nervoso? E por que havia aceitado a tal conversa?
Então Severus para, no meio de um corredor vazio em um lugar do castelo com salas vazias. Eles nem pareciam ter andando tanto para de repente se encontrarem aí.
--Então,--Severus se vira para fitar os três.--Comecem.
Agora os nenhum deles fazia ideia do que deveriam dizer. Eles não esperavam uma aceitação, muito menos haviam planejado o que falar.
O olhar de Severus vaga entre os três, perdido. Ele parecia perdido em meio aquele alvoroço de sentimentos diferentes e ideias do porquê de os ter levado até aí... Um lugar vazio, um lugar silencioso para conseguirem conversar, entender os sentimentos conflituosos que rodavam por suas mentes. Eles precisavam entender aquilo, pois não era uma brincadeira, era?
--Vocês querem sabe o porquê de eu ter beijado os três, não querem?
James parece engolir em seco, finalmente parecendo tomar coragem para falar algo:
--Nós queremos saber o porquê de parecer que você está brincando conosco. Queremos saber se isso não passa de uma brincadeira para você, ou se por acaso sente algo por nós três. A gente quer uma explicação para toda essa novela, uma explicação pelos beijos.
Severus suspira. Ele estava esperando por aquilo, para dizer a verdade planejava chamar eles para conversar. Havia passado a noite inteira em claro colocando suas palavras em ordem, só não esperava que eles fossem exigir a reunião. Severus nem conseguia entender os próprios sentimentos, ele só havia notado de uma forma completamente estranha que parecia sentir algo por aqueles três. Não só por um, mas pela penca inteira. Aquilo era tão errado e, de uma certa forma, doente.
Como ele poderia descrever o que sentia?
--Não é uma brincadeira, eu nunca faria uma brincadeira tão cruel...
--Então o que é?--Sirius interrompe.--Por que beijou nós três? Por que quase começou a namorar Remus e depois me beijou mesmo assim? Por quê?
--Eu não sei o porquê!--Severus explode. Pagaria as consequências depois.-- Eu não mando no que sinto! Eu acho Remus fantástico, sinto borboletas quando estou perto dele e uma vontade enorme de abraçá-lo e beijá-lo! Mas quando eu estou perto de você e de James, eu sinto o mesmo! Eu não entendo, okay? Porque é estranho, errado, doente, cruel comigo e com vocês. Meu patrono continua sendo um lobo, eu estou apaixonado por Remus, tanto que dói... Mas de alguma forma, de alguma forma completamente estranha, eu sinto algo por vocês dois também, só não sei descrever, não sei se é da mesma medida que o meu amor por Remus, mas é algo grande...--Severus termina, a cabeça abaixada.
Os três agora estavam de boca aberta, mal acreditando que aquilo não era uma brincadeira e sim um sentimento enorme por parte de Severus. Então ele gostava dos três? Então todos haviam vencido a competição que nem existia? Aquilo era tão estranho. Eles não acreditavam que aquilo estava acontecendo mesmo.
--Você sente algo por nós três?--Sirius precisava ter certeza do que havia escutado. Ele estava abismado.
--Sim... Eu estou afundando cada vez mais no fosso... Me julguem, não olhem mais para a minha cara, eu não me importo, fui eu que fiz a grande merda.
Severus realmente não parecia em seus melhores momentos, pois parecia que iria chorar a qualquer maldito segundo. Certo, ele achava que os três iriam o julgar e nunca mais olhar para sua cara? Errado! Agora sim que os três chegariam cada vez mais perto daquele cara de cabelos escuros e um sorriso de um milhão de dólares, além de olhos tão belos quanto de salamandras. Eles não acreditavam que agora os três tinham chances de... ESPERA! Eles estavam pensando no que exatamente?
--Ei, não chora.
Remus se aproxima lentamente do Sonserino quando nota que uma lágrima deslizava por sua face. Aquela confissão realmente não havia sido fácil para ele. Os marotos sabiam que poderiam ter forçado menos, mas daí não teriam aquela resposta.
--Eu sou um grande idiota...
--Não.--Dessa vez James fala, também se aproximando lentamente do Sonserino.--Nós não iremos julgá-lo, nunca o julgaríamos.
--James está falando a verdade.
Sirius aparece logo ao lado de James, um sorriso doce, capaz de acalmar a todos, fazia presença em sua face. Agora os três estavam em frente a Severus, que segurava as lágrimas para não parecer fraco. Como lidar com aquilo? Ele não acreditava que havia confessado algo que nem tinha certeza, mas que de alguma maneira parecia tão certo.
--Você quer um abraço?
Severus levanta seus olhos para fitar os de Remus. Ele sentia tanta falta daqueles braços. Havia achado que nunca mais os sentiria, então por que não senti-los agora? Precisava acalmar o coração.
--Por favor...
--Nós também podemos abraçá-lo?--James pede, um biquinho presente em seus lábios cheios. Severus não acreditava que havia os beijado na noite anterior.
--Claro.
Os três o tomam em um abraço apertado, que foi capaz de transmitir tanto conforto para o corpo e mente cansados do jovem, que Severus permitiu que as lágrimas se derramassem entre os quatro. Será que ele precisava mesmo segurá-las? Será que o futuro seria menos tumultuoso? O que aconteceria depois desse abraço? O que os três diriam? O que eles fariam? Ignorariam os sentimentos e Severus apenas ficaria com um dos três apenas? Ou todos fingiriam que nada havia acontecido em todas essas semanas e nunca mais falariam um com o outro?
Severus estava tão assustado, ele mal sabia que James, Sirius e Remus também estavam.
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