Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

7 - Tentando superar


3015 Words

Eu não quero ser a chata que só reclama da vida, então vamos listar os prós e contras:

Peguei o meu diário e comecei esse exercício bobo para ver se me animava. Coloquei meu pai perfeito e a casa linda que vivíamos como pró, assim como o fato de estar fazendo novas amizades e estar tendo meu próprio estilo. Até coisas irritantes como Kevin era só um garoto tosco que não sabia como se comportar estando afim de mim... Realmente só haviam coisas boas a listar eu não tinha porque estar tão rabugenta com a vida.

Então me focava em tentar ajudar David, mas como Kevin estava no meu pé não conseguia um segundo para conversar com ele direito; pois o Magrelo é bem fechado e sempre que Kevin vinha falar comigo ele sai de perto.

― Caramba... da pra me deixar em paz? ― Bufo saindo pelo corredor deixando Kevin sozinho. Ele me encara feio, identico aquele professor maldito.

Por que algumas pessoas simplesmente não aceitam que: não é não?

― Fala sério. Qual seu problema comigo? ― É... ele me segue pra variar.

― Sua insistência em ter intimidade. Quanto mais você força, mais quero que você desapareça. ― Respondo o mais grossa que consigo ser, caminhando pelo corredor para sair da escola e ele permanece ao meu lado.

― Poxa... O que te custa? Sério... Como podemos ser amigos assim em?

― Este é o ponto. Nós "não" precisamos... ― Mantenho meu caminhar vendo David e aceno para ele.

― Sério? Você prefere esses fracassados do que sair comigo? ― Ele burra furioso com a minha atitude.

Ele estava misturando tudo... Só por que eu me tornei amiga de David e Daniel não significa que estava tendo algo com eles, ou por andar com os mesmos amigos que sou obrigada a ser amiga dele também; afinal ele não entendia bem o que significava ser amigo, parecia que ele dava "outro" sentido e função a essa palavra.

Paro de andar e o olho da cabeça aos pés.

Moreno, alto de olhos marcantes e um cabelo na moda. Ele era realmente lindo e bem arrumado; parecia o típico garoto perfeito que faz de tudo pra ter a atenção da mocinha em filmes românticos; fofo e com um sorriso encantador, e pra completar com chave de ouro um corpo maravilhoso.

― Prefiro. ― Respondo saindo dali indo até David para almoçar na lanchonete e debater sobre a matéria de álgebra.

Eu posso sentir Kevin me olhando.

Aquilo me dava agonia. Não era o tipo de olhar que eu gostava.

― Você atrai esse tipo de homem em. ― Ele comenta andando ao meu lado. Começava a me incomodar o fato de ele estar com essas roupas até em dias quentes, e estava planejando falar com ele direito hoje com essa desculpa de pedir ajuda na matéria que ele era bom.

― Não sou eu que atraio... Esse tipo de cara que acha que pode ter o que quer. ― Dou de ombros.

― É... por que as pessoas têm como prioridade socializar... Ter amigos e arrumar o seu alguém especial. ― Pontua pondo a touca sobre os longos cabelos e escondendo as mãos nos bolsos daquela jaqueta grossa. ― Mas acho que nos damos bem justamente porque ambos não temos essa necessidade pela busca de um parceiro. Muito menos em ser "populares", como se tudo na nossa vida dependesse de como essas pessoas da escola nos julgam.

― Faz sentido. ― Murmuro pensativa. ― Eu tenho traumas sexuais graves... faço terapia e tomo remédios para lidar com tudo que minha mãe fez. ― Digo e ele me olha surpreso. Sei que foi estranho eu falar isso assim do nada, mas senti que ele entenderia. ― E você?

― Eu... digamos que também tenho meus traumas... ― Diz pensativo e um arrepio ruim percorreu meu corpo, como se a temperatura tivesse baixado drasticamente ao nosso redor.

Desviei o olhar por um segundo para ver se Kevin estava nos seguindo, e o percebi descaradamente andando na calçada. Entretanto quando tornei a olhar para David ele não estava mais ali, e meus planos de conversar seriamente com ele foram atrasados por que o Miúdo desapareceu em pleno ar me deixando sozinha com Kevin... Ótimo!

― Pode me explicar qual seu prazer em andar com essa gente? ― Ele diz chegando até mim. ― Você só está atraindo fofocas.

― Daniel tem um papo legal e interessante e o David é o único que não está fingindo que nada rolou naquela maldita festa. Que assume que ainda tem pesadelos com aquele massacre e conversa sobre aquele homem bizarramente e anormalmente grande. ― Respondo ainda a caminhar sem dar brechas para uma aproximação.

― Eu entendo sua necessidade, só não entendo como pode não se preocupar com a sua imagem. Todos se preocupam com isso! Ser popular, ser bonito, ser visto. Você nem tem rede social... Como pode?

A forma que ele falou foi estranha e deveria ter sido uma dica, mas eu acabei me perdendo em pensamentos.

Um arrepio ruim me tomou e um mal estar dominou meu corpo. Essas preocupações inocentes típicas do colegial... deveriam ser normais pra mim também, mas só me lembravam da minha mãe... Aparência, status social, aparência, popularidade, aparência, hierarquias... Estava quase vomitando e ficando zonza imaginando que esse tipo de coisa iria me perseguir pra sempre; e que no fim ela estava certa. É só isso que importa mesmo. Ser bonito e andar com a galera popular, estar acima dos demais e brilhar.

Era o que todos no colégio pareciam se importar...

― Oi gata! ― Marcos surge salvando minha pele; põe o braço sobre meus ombros e segue comigo pela rua cochichando para o outro não nos ouvir. ― Diz ai. Você é filha do chefe de polícia... por que não conta pra ele o que tá rolando? ― Direto e reto como sempre. Gosto assim.

― Eu não quero deixar tudo nas costas dele... Quero pelo menos tentar resolver isso sozinha. ― Respondo vendo que a presença de Marcos foi o suficiente para que Kevin fosse embora. O atacante do colégio tinha mesmo um porte intimidador, mas comigo sempre foi respeitoso e gentil.

Até se desculpou por ter me levado naquela festa traumática; e nada daquilo foi culpa dele, mesmo que ele tivesse sido um dos organizadores, mas eu entendo como ele se sente já que foi o único que sobreviveu e parece carregar toda a culpa em si.

Ver um homem deste chorando daquela forma...

― Mas o professor está marcando em cima de você... O que vai fazer? Já vi que tentou deixar claro o "não" e ele não para. ― Diz sério andando ao meu lado pondo as mãos nos bolsos para não parecer atirado. ― Acho que ele só vai parar, se ver que você está namorando alguém.

― Alguém né? ― Brinco olhando pra ele e ele ri sem graça.

― Alguém... ― Pontua com outras intenções.

Esse sorriso dele era fofo demais, e eu realmente amava ficar olhando esses dreads claros que ele usava. Era muito errado eu achar muito mais bonito ver alguém como ele, de pele escura com olhos claros do que alguém como eu de pele caucasiana com olhos claros?

Eu adoro olhar os olhos das pessoas. Uma vez meu irmão me falou que eles são a janela da alma e isso ficou na minha cabeça, de uma forma que você não imagina. As vezes sinto que posso ver a índole das pessoas pelos olhos delas. E você?

Então, sim os olhos do Marcos eram bonitos mas não totalmente puros; nem tão interessantes como os de Daniel, David ou do meu pai.

― Você não presta. ― Dou risada. ― Não vou namorar você só pra me livrar de macho escroto. Eles tem que respeitar um simples não.

― Mas não respeitam. Você sabe que só vai ter paz se fizer como a Aleh e namorar alguém. ― Diz não querendo deixar implícito que este tipo de cara só respeita a "posse de outro homem". Mas isso basta para me deixar de "ovo virado".

― Obrigada pela preocupação... mas eu só vou namorar quem eu realmente gostar. E eu não gosto de ninguém; e por incrível que pareça não estou desesperada pra encontrar alguém. ― Digo vendo a mensagem de Aleh pra passar na casa dela que ela me ajudaria com a lição de casa.

― Gostar é superestimado. Você não sente atração? Ou uma simples vontade de pegar? ― Ele pergunta como se fosse algo normal e apenas o olho. ― Desculpa. Não tá mais aqui quem falou. Mas te acompanho até a casa da Alessandra. Eu não acho o Kevin um perigo... mas o professor sim.

― Tem algo a me contar? ― Pergunto e ele engole seco.

― Ele... não é do tipo que aceita um não como resposta. Ele fica "ofendido" como se fosse alguma afronta. Ele é bizarro. ― Diz caminhando ao meu lado prendendo os dreads com uma das tranças de um modo que fica ainda mais lindo. ― Mas o máximo que ele pode fazer é foder suas notas.

― Com isso eu to bem.

― Não liga de repetir?

― Me importo mais em não ceder a ameaças. ― Digo arrepiada de horror em imaginar ter que beijar o professor ou coisa pior só por causa de uma nota.

― Tá certo...

E assim chegamos a casa de Aleh, ou melhor a mansão...

Acabei não contando isso antes desculpa.

Mas a cidade era dividida em "setores" (que vou contando aos poucos, para não saturar ok?), e este era o lado da galera abastada, e tinha mais de uma rua toda fechada apenas para as mansões enormes que exigiam um espaço livre ao seu redor; era como se esses bairros juntos formassem um condomínio de luxo segregado e todo especializado.

É que honestamente não me impressionava com mansões, porque vivi a vida em uma... Na verdade eu preferia muito mais a casinha de dois andares do meu pai. Era muito mais bonita e aconchegante que uma mansão recheada de cômodos inúteis que ficam sobrando como se fossem oferendas a fantasmas... Dava agonia ter tanto espaço vago.

― Poxa larga de ser assim. Você nunca vai conseguir ser feliz se não deixar as pessoas fazerem parte da sua vida. ― Alessandra diz em meio ao papo, e acabo dando mais atenção; por que foi um argumento foda.

Estávamos todas nos aposentos dela, que tinha duas áreas: uma sendo um quarto e o outro um tipo de sala de estar para receber as amigas. Ah... Aposentos pra quem não sabe (já que não é um conhecimento comum), pode ser o quarto, mas normalmente é um nome dado a uma área onde contém o quarto e mais alguma outra coisa por isso você vê o nome sendo usado no plural e não no singular.

― Exatamente! Você vai se sentir sozinha. ― A outra pontua mantendo a conversa toda animada, mas eu só queria me concentrar na atividade, entretanto o assunto de namoro pra elas parecia mais relevante que a matéria então resolvi dar um pouco de atenção, para não parecer esnobe. Mas na real estava mega preocupada com minhas notas e precisava focar.

Entretanto minha cabeça também não estava cem por cento na matéria. Estava muito preocupada com David e curiosa com Daniel.

― Eu já tenho amigos. ― Respondi seca a fim de terminar aquele assunto de uma vez. Já estava me irritando de verdade como elas tentavam me forçar a pegar algum garoto. Por que nem importava quem eu namorasse desde que eu pegasse alguém.

― Ok, tudo bem. Mas o que tem de errado em dar uma chance ao amor? ― Ela volta a tomar minha atenção e eu fico pensando um pouco em como ela e All eram fofos.

Sim, eu queria ter isso com alguém. Quem não quer? Eu só não estava procurando desesperadamente como elas pareciam fazer. Se fosse pra rolar um interesse eu sentiria não?

― Nada. Eu só não ligo pra ele, não sinto nada pelo Kevin. ― Tento explicar e elas me olham como se eu fosse louca.

― Mas isso não é só por que você já decidiu não querer? ― Aleh era a única que eu ouvia ali, as outras duas eu sempre ignorava a existência. Não era atoa que ela era a "abelha rainha" a líder do grupo; ela era inteligente e tinha bons argumentos. Eu seria hipócrita de negar que até eu virei um zangão dela. ― Tenta dar uma chance pelo menos, pocha. Ele parece gostar mesmo de você.

― Eu também acho, ele ta louco por você. ― Pra ter um pouco da minha atenção, uma das duas toca no meu ombro, mas eu só fico olhando. Ainda não conseguia as diferenciar muito para ter o que descrever sabe? Precisava as conhecer melhor, então como ando conhecendo muitas pessoas, para não ficar difícil pra você eu vou descrevendo e apresentando elas aos poucos ok? ― Ele fica nos perguntando sobre você. Sempre.

Eita. Ela ainda tava falando comigo?

― Acho isso bizarro. ― Respondo séria e as três dão risada da minha cara.

―Para de ser assim, sua "bixo do mato". ― Aleh pontua imitando a forma que Daniel fala sabendo que isso me chamaria atenção. ― É super, mega normal querer saber tudo da pessoa que se tem uma queda.

―Principalmente se a pessoa é fechada e não da brecha. ― A outra sorri passando seu gloss cor de rosa e sorrindo. ― Ele só está tentando descobrir como se aproximar de você. ― Pontua e... Ok isso me fez pensar.

―Tudo bem... talvez vocês estejam certas... Sabem que eu tenho meus traumas; deve ser isso. ― Respondo e elas dão um gritinho animadas; logo me enchendo de dicas. Dicas que não pedi, dicas que eu não queria e com toda certeza jamais iria usar na minha vida.

Apenas fico a refletir sobre o assunto.

Sera que eu sou tão estranha de achar tudo isso trivial e idiota?

Voltei pra casa pensando nisso durante todo o trajeto, e no caminho parei na loja de Anhanguera para tentar conversar um pouco mas estava tarde e quem estava ali era o pai dela; então voltei para casa e fiquei debatendo o assunto com Katy, que mesmo distante ainda era a minha melhor amiga.

Liguei a banheira e fiquei relaxando um pouco enquanto comentava com ela sobre dar uma chance a Kevin ou ao Marcos, já que parecia que eu era obrigada a escolher um cara... estamos no Século XIV?

*-* Fala sério. Se nenhum cara te cativou, você não tem que ficar com ele./=/ O cara certo ou garota ainda vai brotar na sua frente. /=/ Tipo, quando tu achar uma pessoa interessante, não vai mais conseguir tirar da cabeça. Foi assim com minha primeira apaixonite.*-* Ela responde e eu já sinto um imenso alívio.

*-* Eu lembro! Você ficou insuportável!*-* Respondi me acabando de rir.

― Acredito que deva seguir seus instintos, e também tem o direito de achar esses assuntos banais. ― "Ele" simplesmente surge encostado na pia olhando para mim.

Dou um grito e taco o sabonete nele.

Foi um puta susto de repente ter um cara no banheiro comigo.

Ali de boas.

Praticamente tomando um chá!

― O que está fazendo aqui? Sai já do banheiro! Seu pervertido! Tarado! ― Grito e me esgoelo, mas ele me olha com total desdém.

O susto foi tanto que demorei a me tocar de que se tratava do mesmo homem do chapéu enorme, que tinha me guiado no massacre, e desaparecido da mesa.

― Esta é mais uma reação totalmente desnecessária. ― Pontua ajeitando sua cartola colorida com um trejeito elegante. ― Uma vez que estou na sua mente, ver o corpo é o de menos.

― Someeeeeeee! ― Grito e ele volta a desaparecer.

Aquela coisa... literalmente desapareceu bem na minha frente!

Sai da banheira assustada e agitada; e quase tomei o maior capote, me segurando na pia para não quebrar os dentes. Como assim vi ele novamente?

De fato tinha ficado louca. Tinha esquizofrenia!

Me troco na fúria tentando com todas as minhas forças não pensar no assunto; ignorar os detalhes do livro, e focar em mudar minha medicação o quanto antes. E estando devidamente trocada, me jogo na cama pegando o celular para tentar ligar para um dos dois e resolver pelo menos um dos assuntos de uma vez, e é assim vejo pelas mensagens que os planos para a festa na casa de Aleh estavam indo bem.

Infelizmente por pedido do babaca do Edd o miúdo... David, não foi convidado e eu nem estranhei o fato de Daniel não querer ir.

Ia ser uma típica festa de populares onde os nerds ficam de fora e não uma festa geral onde todos podiam ir como foi na fazenda.

Os dias passaram e retornei a consulta da terapeuta que não quis mexer na minha medicação mesmo exaltando que estava vendo coisas; a mulher elegante que fedia a cigarros, me olha com olhos analiticos e um singelo e gentil sorriso:

— Eu não acredito que se entupir de medicamentos seja a resposta. Como médica, preciso ter noção da quantidade de remédios que você já toma e como isso está reagindo em seu organismo. E que a ideia é ir diminuindo e não aumentando.

— Mas...

— Sei que está com medo. — Ela me interrompe com um tom amigável, mas um fato que me incomodava em demasia era que ela usava lentes. Lentes destas que mudaram a cor de seus olhos. Isso me passava um tom de que ela escondia quem realmente era, não importava sua gentileza e compreensão comigo, sentia que havia algo errado. — Mas se drogar nunca será a resposta para fugir dos medos; ou de qualquer outra coisa. Seus medicamentos são fracos, e a ideia deles é te ajudar a ter forças. Se eu te der coisas mais pesadas você ficará mais afetada. Vamos dar mais tempo antes de pensar em aumentar isso, ok?

— Está bem. — murmuro desistente; afinal ela estava certa.

Mas infelizmente neste meio tempo não consegui falar com nenhum dos dois, pois estava ocupada com os deveres da escola. Então assim que o fim de semana passou, fui obstinada a tentar fazer algo.

― Desculpa mas... você anda bem estranho. ― Comento assim que o vejo no corredor. Ele estava sempre sozinho resmungando e murmurando algo.

― Defina estranho. ― Me responde ao me olhar de soslaio por entre os cabelos que pareciam cada dia mais sujos e descuidados.

Suspiro e olho para um canto no corredor caminhando até lá, evidentemente deixando claro que era para ele me seguir.

― Olha o seu cabelo. ― Aponto para uma folha presa e ele passa os dedos limpando. Parecia ter até areia. ― Tá com hidrofobia ou algo do gênero?

― Jeito chique de me chamar de cascão. ― Ele dá um sorriso de canto e se escora na parede debaixo das escadas junto de mim. ― Obrigado por se preocupar comigo.

― Mas...?

― Mas nada. Só obrigado mesmo. ― Ele diz prendendo os cabelos para traz e pela primeira vez em meses convivendo posso ver seu rosto perfeitamente.

Ele tinha um rosto realmente muito bonito, delicado como Token descrevia um elfo.

― O que está olhando tanto? ― Me encara meio irritado se mostrando bastante incomodado, e eu não tenho coragem de o elogiar. Pareceu algo errado naquele momento.

― Olha. Tudo bem se não quiser falar. Mas eu to aqui ok? Se precisar de um abraço, ou só um canto pra ficar por um tempo ou qualquer outra coisa que eu possa fazer. ― Falei a única coisa que gosto de ouvir quando estou mal. Eu não gosto de conversar e de me expor, mas é muito bom sentir que os outros se importam.

E não pude ter uma reação mais surpreendente.

Ele tentou me olhar sério e manter a cara de bravo, mas seus olhos o traíram e logo verteu lágrimas e me abraçou escondendo o rosto no meu tórax. Ele era mesmo muito fofinho; não tinha como não tentar o acalentar.

― Altura perfeita em baixinho! ― Um babaca grita com seu grupo de amigos e ficam rindo e fazendo zombaria.

Se eu tivesse poder de olhos laizer já fritava todos eles! Que bando de lixo!

― D-desculpa! ― Ele se empurra de mim e sai correndo dali, e posso ver que o amario até caiu de seus cabelos tão lisos.

Eu até tentei dizer que estava tudo bem, que entendi que não foi por mal e ele nem tinha se dado conta de onde havia posto o rosto. Mas David era muito rápido e sumiu novamente.

Eu não tinha como levar o assunto ao Daniel, e uma pessoa lógica e racional diria que ele muito provavelmente não está conseguindo lidar com tudo o que passamos; mas algo me dizia que não. Pois as mudanças dele começaram antes do dia do massacre.

Então mandei mensagem uma única vez dizendo que estava tudo bem, e não insisti para não parecer uma entrona.

Estava mesmo muito preocupada com seu rompante emocional e só queria saber o que fazer.

Cogitei pedir dicas ao meu pai, Katy ou o Dany, mas mesmo que eu fosse contra os meus ideais de não expor o assunto de outras pessoas a terceiros, eu não tinha o que dizer para me aconselhar, pois não tinha ideia do que estava acontecendo.

— Pai. O que você faz quando sente que um amigo ou colega de trabalho está com problemas? Mas não tem provas de nada ou o que imaginar que está havendo? — Pergunto ao revirar a tigela do café da manhã, mesmo sendo algo que eu amava estava sem apetite por ter tanta coisa na cabeça.

— Depende muito do nível de intimidade que eu tenho com a pessoa. — Me responde direto assim que desliga seu mixer onde fazia sua vitamina matinal, que tomava antes do treino. — Se é bem íntimo já chegou direto perguntando o que eu posso ajudar. Se está no extremo oposto eu fico como você está: em cólicas correndo atrás do próprio rabo tentando ver uma brecha para me aproximar e poder ajudar. — Sorri ao se virar e por o café para coar e poder tomar depois do treino enquanto vai ao trabalho. — Qual seu nível de intimidade com a pessoa que deseja ajudar? Tem algum entremeio de se aproximar, como um amigo em comum?

— Obrigada investigador. — Dou uma risada, pensando em como responder. Afinal ele não aprecia ter nenhum amigo para me ajudar a aproximar. Era o tipo recluso e bem fechado. —- Acho que estou no meio termo: Tenho intimidade, mas não muita. — Respondo pensativa e ele reflete um pouco antes de me responder.

— Então se aproxime mais. Por que pessoas são seres sociais se não tem um problema nesta área, vai sentir necessidade de um grupo. Então essa pessoa muito provável deseja se sentir apoiada. — Diz ao por o conteúdo no seu copo gigantesco e ir tomando aos poucos, enquanto me respondia e checava algo no celular. — Mas a verdade é que nem sempre o que abala uma pessoa a faz ser a vítima da situação. Muitos dos meus colegas já ficaram extremamente abalados por erros ou atos criminais. Coisas que os fez não conseguir dormir bem ou se aceitar.

— Acho que compreendo. — Respondi pensativa.

E assim ele foi treinar e logo que terminou saiu para trabalhar e eu também fui a escola.

Tentei por varias vezes me aproximar de David, e até conversamos sobre alguns assuntos complicados justamente para ele se sentir mais unido o revelei sobre minha mãe e como foi a situação que me levou até ali.

— Eu...— Ele até trava a fala e fica a me olhar espantado, e pude sentir uma conexão se formar pela forma profunda que me olhou. — ...sinto muito. De verdade.

Foi uma frase comum, batida e clichê. Mas honestamente eu me senti muito feliz em ouvir isso dele. Foi real, ele não tinha palavras para expressar tudo o que desejava dizer; e estava se desculpando por isso.

— Eu entendo o que é... ter uma família de merda. — Diz pensativo ao desviar os olhos como se tivesse mais de uma memória inundando sua mente.

Com isso passamos a conversar mais sobre esses assuntos pessoais.

Pude enfim tirar do peito os horrores que passei e ele igualmente me contava o que ainda passava em casa, como muitas vezes preferia dormir no parque ao relento ou em um brinquedo do que dentro de casa; e que era por isso que seus cabelos e roupas ficaram imundas.

Então lógico que ofereci para ajudar.

Assim como eu, ele morria de orgulho e não desejava expor isso ao meu pai ou a polícia. Só queria se formar logo e se mudar daquela cidade.

— O que eu faço? — Murmuro ao me debruçar sobre a mesa, em nossa rotina matinal de bate papo, e meu pai se silencia tentando pensar o que responder.

— O que você tem vontade de fazer? — Me pergunta direto, como se já me conhecesse o suficiente para me julgar. Talvez por ter currículo na área da psicologia, por ter trabalhado tantos anos na área de investigação criminal ou tivesse uma habilidade nata. Mas sim, tinha ideias do que eu gostaria de fazer.

— Se ele fosse uma garota já tinha pedido pra ficar aqui uns dias... — Murmuro pensativa e rendida. Mas logo me dou conta de uma coisa: Por que só se ele fosse uma garota? Afinal eu planejava receber a Katy nas férias e ela dormiria no meu quarto, e ela gosta de meninas. Então qual o ponto? — Eu posso? — Pergunto ao erguer o rosto, e ele dá de ombros subindo para a academia.

— Ele precisa de ajuda e estabilidade. Mal não vai fazer.

Eu sei que foi a resposta mais estranha para um pai dizer a uma filha, mas... honestamente estava tão feliz de ele deixar que nem me toquei.

O que o garantia de que eu não estivesse querendo trazer um namorado pra casa? Que fizéssemos coisas?

Acreditava que eu estava tão traumatizada que...

No fim das contas o chamei para ficar em casa uns dias, ou quando precisar não ficar no parque e sim em casa. Ele quase implodiu de vergonha, mesmo com os cabelos no rosto pude o ver corar muito, e negou.

— V-você é muito pura e gentil. Eu... não posso abusar de alguém bom como você. — Responde verdadeiramente nervoso.

Eu não acho que ele goste de mim de outra forma, acredito mesmo que ele ficou sem graça com a oferta; mas que iria aceitar quando precisasse.

Então no dia da festa vesti uma meia preta que tinha rasgado toda na tesoura, pus por cima um dos shorts jeans que peguei no brechó, meti um sutiã esportivo afinal taquei fogo em todos os sutiãs normais que eu tinha quando descobri que iria morar longe da minha mãe; e por cima disso pus uma cropped preta com estampa de patinhas e sai afim de dar continuidade na minha vida.

O novato estava certo.

Kevin estava certo em uma única coisa: Não podia viver com medo para sempre, já havia se passado muito tempo; já era hora de pelo menos "tentar" superar o que vi.



A mansão da Aleh era linda, entretanto comum, e por isso meus olhos prenderam na mansão vizinha que estava com uma placa de vende-se. Ela era em tons de verde muito chamativa e estranha, se destacando na rua que tinha em maioria mansões brancas comuns, mesmo que uma ou outra variasse aquela se destacava.

— Pertencia a um advogado excêntrico. — A dona da casa me explica assim que percebe meu olhar perdido. — Na época havia uma guerra entre as escolas, e a filha dele era uma perturbada. — murmura ao me guiar para dentro da casa. — Mas não acompanhei os ocorridos, pois não morava aqui na época e era de outra escola, mas pelo que sei aparentemente todos se mudaram de lá assim que a garota se formou no ano passado, deixando uma "herdeira" como a rainha do colégio.

Dei risada da pontuação nítida de inveja da loura que almejava com toda sua alma ter tal cargo, não conseguindo passar de ser apenas uma líder de torcida.

Até esse relato eu jurava que Alessandra quem era a rainha da escola, mas não, ela só tinha a aparência clássica, outra ocupava esse lugar.

É... como meu pai falou: não posso mesmo julgar pela aparência. Até porque eu mesma odiava ser julgada pela minha.

Mas estava ali para tentar curtir e seguir com a minha vida, E estava feliz por não ter visto aquele cara de chapéu novamente, estranhando estar pensando nele do nada. Afinal tinha o visto apenas em três momentos até então.

Tentei espantar esses pensamentos malucos e fui caminhar vendo tudo que eles tinham organizado.

― Brava, por que seus amigos não vieram? ― All comenta, o loiro parecia ser o único que não ligava de eu ter amigos que não fossem populares como eles.

― Não é o estilo deles. E eles andam ocupados estes dias, nem consegui conversar o que eu queria direito. ― Murmuro olhando em volta e logo vejo Marcos conversando com Edd, e que como sempre Kevin ficava me olhando de soslaio.

― Tenta relaxar, isso é uma festa. ― Pontua ao por a mão no meu ombro indo até a namorada.

Fico apenas olhando todos ali, como uma observadora passiva que não fazia parte daquele ambiente, me sentia como um narrador observador de uma obra; só olhava e não participava, nem mesmo para impor a minha opinião.

Você também já se sentiu assim em uma festa? Tão deslocado que se sentia fora da composição da obra.

Queria conseguir me divertir como eles, mas como Térekin disse; isso tudo parecia trivial. Olha eu dando razão a minha alucinação.

Foco Valery.

Haviam muitos salgadinhos e bebidas na mesa, tudo uma zona mal organizada e jogada; com os tradicionais copos vermelhos de bebida alcoólicas e muita gente se jogando na piscina de roupa e tudo. Perfeito!

Sorri em meio a aquele caos maravilhoso, conseguindo espantar o medo da mente graças a um copo ou dois, logo vendo que o novato trazia mais bebidas fazendo todos o idolatrar.

― Esse cara é foda! ― Edd diz animado ao pular sobre o Kevin, e apenas me afastei de todos e fiquei no segundo andar sentada nestas redes para uma pessoa só olhando a mansão à venda que ficava bem em frente.

Percebi então que ela não era apenas verde como pintura, parecia toda feita de forma ecológica com um telhado vivo, trepadeiras nas paredes e ainda tinha árvores bem antigas e gigantes adornando.

Era mesmo muito bonita.

― Por que insiste em se isolar? ― Ele volta a me importunar; atrapalhando minha brisa de paz. Deveria ser pelo fato de eu ser a única pessoa a não dar bola para sua existência, e como todos ali batalhavam por uma ideologia estúpida e ridícula de popularidade isso virava muito importante. Se bem que todo cara (e até algumas garotas) tentavam algo comigo em algum momento. Isso não era novidade, mas continuava sendo bem irritante.

Acho que eu devo tatuar: "não to afim", na palma da mão para mostrar. Seria bem prático.

― Deve ser pelo mesmo motivo que você insiste em me perseguir. Já não tem súditos o suficiente? ― Respondo áspera ao sorver outro gole da bebida jogando o copo sacada abaixo sem ligar se acertaria alguém ou não.

― Olha eu... unf. Vou ser direto ok? ― Murmura ao caminhar de um lado a outro desconfortável sem saber como continuar o assunto. ― Eu entendo que você deve estar mal pelo que ouve e tudo o que viu. ― Diz franco ao se encostar na sacada ficando de frente para mim. ― Mas falar sobre e desabafar ajuda muito. Não quer tentar?

Foi até que legal, mas eu não tinha que contar a ele; eu já conversava muito com David e Daniel. Não devia nenhum tipo de justificativa da minha vida a ele; ele só me irritava com essa insistência de se aproximar de mim.

― Tudo que digo só me faz parecer louca. ― Afirmo com tom de o expulsar dali, afinal já tinha esse apelido de Tomie por conta disso; mas havia uma coisa que não falava com ninguém e isso era o cara de chapéu.

― Diz o homem colorido? ― Ele comenta mais interessado do que gostaria de demonstrar. E eu me espanto por ter adivinhado logo de cara. ― Me disseram que você ficava falando que foi ele quem te guiou. Você realmente viu um homem com uma cartola colorida? Como ele era?

― Por que tanto interesse? ― Perguntei já em alarme. Certeza de que estão me zombando... Esqueci de ver como está esse boato. Eu tenho feito de tudo para ignorar o homem da cartola! Tudo mesmo! Que ódio. ― Claramente foi uma coisa que imaginei, já que ninguém mais viu ele. ― Respondo meio curiosa e bem preocupada.

Mas antes que ele pudesse me responder, vejo que mais uma vez o homem da cartola colorida surge como se fosse formado por fumaça, parando ao lado dele e o olhando sério com uma lupa nas mãos.

Tentei me manter controlada e não dar na cara o que estava acontecendo, mas Kevin percebeu e tentou ver para onde olhava.

Aquele garoto era estranho.

Mas essa atitude do ser imaginário era um exagero da minha curiosidade? O que o fazia aparecer? Minha psicóloga parecia ignorar essa nítida esquizofrenia, mas eu entendo que tínhamos de focar em uma coisa por vez.

Realmente não tinha nada marcante para destacar em Kevin, ele tinha a pele caucasiana e os cabelos e olhos castanhos e um porte físico comum. Até seu corte de cabelo era o corte da moda. Realmente esquecível e básico. A única coisa que chamava atenção era que mesmo estando no verão ele usava roupas longas que cobriam seu corpo todo igual o Magrinho e o Miúdo faziam; e isso me fazia imaginar que ele também tinha algum problema de estima. Afinal David estava me preocupando muito e o magrinho cansou das zombarias com seu tipo físico esguio, e só eu tinha sua permissão para o chamar de magro, e ele levava na moral pois sabia que não era uma implicância real, era com carinho.

― Por nada. Só estava jogando conversa fora. Queria mostrar que você podia confiar em mim pra desabafar. ― Ele responde desconversando, estando muito desanimado com minha resposta. E posso perceber ele tamborilar sobre a sacada como quem está apreensivo e nervoso.

Dou de ombros.

Afinal, isso era um efeito normal que eu causava nas pessoas.




Mas logo uma comoção chama a minha atenção.

Algo "ruim" estava acontecendo na festa no andar de baixo.

Eu podia saber apenas pelo som...




O gelo percorre a minha espinha como se pudesse prever o que estava por vir e me levanto correndo para baixo sem nem entender o que eu planejava fazer.

Esse ato parecia mais forte que eu.

Tinham espelhos na escada e eu posso ver a imagem de Térekin no lugar do meu reflexo quando desço, mas não tenho tempo de reagir a isso; pois logo vejo que vários homens com roupas estranhas invadiam a festa quebrando as portas de vidro e atacando todos ali dentro, apontando armas para todos com toda a intenção de tirar; armas que pareciam ser improvisadas ou feitas em casa, dentre de fogo e brancas; como se viessem de algum evento de filme pós apocalíptico.

― Calma. Não tem cofre em casa... podem levar o que quiserem. ― Ouço a voz de Alessandra e assim a vejo erguer os braços preocupada com seus convidados. E acho que foi aí que vi um pouco de virtude nela e comecei a simpatizar com a garota.

Mas meus olhos se prenderam no grupo que parecia um tipo de seita estranha, por conta dos trajes combinando; e com muita dificuldade consigo reconhecer que eram trajes de captura de movimentos, e cada um cobria o rosto com um tipo de máscara de gás diferente.

Essas máscaras improvisadas só me fizeram estremecer. Só conseguia me lembrar daquela criatura.

De novo não!

Por favor. Se Deus existe mesmo não deixa isso se repetir!


Sim, pra quem lê: Nossa pequena sociedade, que agora mudou o nome para Hedonismo de Plastico; a mansão verde citada é da Cloe a narradora e protagonista da obra. Citei apenas para ficar nítido a ligação dos mundos, entretanto ninguém vai aparecer além deste tipo de citação. Fica de gracinha e curiosidade para quem lê os 3 livros, já que é o mesmo mundo e assim fica mais completa essa cidade. ^_^

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro