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4 - Sobreviventes do massacre

4667 words

Enquanto a sinfonia de gritos em desespero superava qualquer lampejo de esperança, fui seguindo as indicações daquele homem do chapéu colorido, entretanto quanto mais eu conseguia escapar, mais aquele ser parecia me dar atenção.

Por causa disso corremos dentre os equipamentos na direção oposta da que entramos ali, com a experança tola de que fosse o sulficiente para o fazer nos perder de vista, um trajeto que parecia idiota; mas eu não estava com o minimo raciocinio para me opor. E assim acabamos em meio aos emaranhados das construções que estavam sendo erguidas ali; uma área extremamente perigosa com vários vergalhões de metal prontos para nos empalar.

Quase esqueci de situar.

Junto a mim tinham mais sete pessoas, que apavoradas me seguiam como patinhos incapazes de verbalizar uma única palavras tão congelados pelo pavor quanto eu; e quando aquela coisa surgiu na minha frente arrebentando a parede e jorrando escombros como se fosse água eu vi a minha morte: vi ele me pegar pelo pescoço e o quebrar como a um galho fino e fraco me deixando contorcer de dor até sufocar enquanto matava um a um os patinhos atrás de mim. Eu vi. O medo me fez ver esse futuro refletido na máscara de gás que aquela coisa usava.

Assim tão próximo que o tempo até parou para mim.

Olhando de perto podia notar que parecia ser um homem, e que este tinha seu corpo em brasas; o que senti ao perceber aquilo foi inexplicável, acho que parte de mim entendeu por instinto o inexplicável; de alguma forma eu sabia o que ele era, sem o conhecer.

Eu não soube; apenas senti.

Sabia que ele estava banhado por um chama eterna que nunca se esvai, gerada por aquele que alguns nomeiam de deus e outros de demônio.

― Pede um autógrafo! ― A voz dele gritou quase dentro da minha cabeça de tão alto que ecoou e em pânico apenas obedeci.

― Ai meu deus! Eu não acredito que é mesmo você me dá um autógrafo! ― Movida pelas aulas de teatro eu sorri e gritei indo em sua direção animada como uma tiete; dando tempo dos demais saírem dali pelo caminho que o homem colorido havia me dito.

Eu iria morrer da forma mais ridícula que alguém já viu.

Foi o que pensei.

Mas não.

O ser parou e me olhou confuso; me atrevo a dizer que meio sem graça e até mesmo acanhado.

Olhou em volta e pegou algo com uma criatura que eu não conseguia compreender de tão assustada que estava, e logo me entregou. Era uma foto autografada, e foi ali que aprendi o nome deste ser para nunca mais conseguir esquecer.

Fiquei olhando aquilo atônita; mas logo me deu um estalo e agradeci ainda na atuação. Perto assim podia sentir que se ele realmente me pegasse pelo pescoço queimaria minha carne como se fosse uma destas soldas de ferreiro.

Ele era muito quente. Como se o inferno estivesse parado bem na minha frente.

Agradeci e saí correndo como quem quer mostrar o presente a alguém que estava distante; muito animada e aquela coisa ficou me olhando, mas logo pareceu perder o interesse em mim e seguir em sua chacina.

Corri como louca até a minha casa, sem sentir minhas pernas ou nada do meu corpo. Ele tremia e parecia querer ceder e cair de tão fragilizado, e eu finalmente entendi por que as mocinhas destes filmes caíam feito retardadas na hora de correr do perigo. Correr com medo é uma tortura para o coração, ele não sabe o que fazer; seu corpo está confuso e desistente brigando com sua mente que ainda quer lutar pela vida.

A última coisa que me lembro era de ter passado pela praça bonita e logo estava a esmurrar a porta de casa porque até tinha esquecido como se abria; de tanto medo mal conseguia formular um pensamento lógico.

Meu pai abriu e em segundos eu entrei agarrando ele que fechou a porta no mesmo instante.

― Olha lá fora pra mim. ― Ouvi ele dizer, mas não soube com quem pois meu rosto estava enfiado em seu tórax; tremia como se estivesse com hipotermia. ― Vai ficar tudo bem. Está segura agora. ― Diz ao me pegar no colo como se eu fosse um bebezinho e me levar escada a cima me ponto em sua própria cama como quem acalenta uma criança pequena que teve um pesadelo.

Ele não saiu do meu lado.

Sentou ali, me cobriu com uma manta quentinha e ficou fazendo carinho nos meus cabelos sem dizer ou perguntar nada. Estava tão apavorada que nem me liguei ou me importei com quem ele havia falado, nem me lembrava de um detalhe tão rápido.

Mas logo o telefone da casa tocou e seu celular também.

O celular pelo jeito tinha ficado na sala, mas ele pegou o fixo que tinha um ramal em seu quarto e atendeu com uma calma quase irritante.

― Sim. Como? Quantos corpos? Certo...

É verdade, ele é o chefe de polícia, ele seria notificado.

Mas antes de ele fazer qualquer coisa eu agarrei suas roupas tentando como podia o impedir de sair dali.

Pude sentir ele me olhar mesmo escondida sobre o manto que cobria minha cabeça como uma touca e me impedia de ver seu rosto; e como estava encostada nele conseguia praticamente saber tudo que ele fazia como se pudesse ver seu rosto.

― Minha filha acabou de escapar de lá. Não posso deixá-la sozinha. Sim, ela tinha ido a esta festa. Sim acabou de chegar. Não, ela não me disse nada. Está muito assustada. Só tive tempo de tentar acalmá-la. Não, não perguntei nada a ela. Estou descobrindo tudo por você. Não; ela só esta suja de lama nas pernas; deixei os calçados na sala.

Ouvia a conversa unilateral adivinhando o que o outro lado dizia. Eu não queria que ele fosse para lá. O que um policial poderia fazer contra aquilo? Mesmo sendo enorme ele é só um humano.

― Arrume uma escolta e mande para a minha casa. Não vou deixar minha filha sozinha. — Ele impõe em um tom de voz inerte como se fosse um fato, não havia raiva ou imposição em sua voz; era o que iria acontecer e pronto.

― N-na-não. ― Com muito custo minha voz sai.

Nunca senti tanta dificuldade em falar na vida. Até parecia que aquela coisa estava segurando a minha boca.

― Por favor, não. Ele vai te matar. ― Chorei. Chorei como nunca tinha chorado na minha vida.

Afinal nunca tive ou senti motivos para chorar antes deste momento. Sentir medo ou dor nunca pareceu motivo para alguém chorar; mas esse pranto foi totalmente fora do meu controle.

Eu não podia perder ele...

― Quem vai me matar? ― Ele diz me apertando em um abraço carinhoso.

― Eu não sei. — Respondi entre soluços e ele me olhou com aquele olhar de julgamento que parece que só somos capazes de fazer depois de alcançar certa idade.

Eu não sabia o que era aquela coisa.

Não nesta época.

O máximo que sabia era seu nome, mas isso era o de menos, eu ainda não sabia que este nome realmente significava, ou sua alcunha que ele era o Nêmesis.

Mesmo assim ele assombrou meus pesadelos por muito, mas muito tempo... meses; até mesmo depois de começar os desafios e meu treinamento; depois de ter minha equipe eu ainda o temia mais que qualquer outra coisa que estava enfrentando.

Eu tinha mesmo começado a jogar enfrentando o Boss... e nada se comparava a ele. Era até...


Mas nesse momento eu não tinha escolha alguma.

Espera? Esse momento?

Eu nunca tenho escolha de nada nessa merda de vida!



Meu pai saiu e deixou nada menos que cinco policiais na casa comigo.

Um ficou à paisana na rua, outro de guarda na sala, um na cozinha e os últimos igualmente em pontos estratégicos no andar de cima. Mas eu te juro que depois tomo um tempo os apresentando devidamente, pois neste momento eu não estava dando atenção a mais nada.

Só queria o meu pai de volta em casa.

Bem longe daquela coisa!

Eu só queria contar tudo a Katy, mas primeiro... eu não conseguia nem raciocinar sobre as pessoas que estavam ali comigo, imagina digitar, e segundo o que eu diria a ela? Só iria preocupar à toa já que ela não poderia fazer nada.

O tempo passou e parou ao mesmo tempo para mim.

Vi o sol nascer tão rápido e ainda me sentia em meio a festa, voltando no tempo, me lembrando das pessoas rindo e se divertindo e em seguida como morreram. Como flashes terríveis. Vomitei, passei muito mal; sentia que estava morrendo de tanto medo, meu corpo parecia entender que o predador ainda estava ali do meu lado.

Logicamente eu não fui à escola no dia seguinte, e estranhei não ver uma única notícia sobre o terrível massacre; mas ainda não tinha capacidade de pegar meu aparelho celular pois minhas mãos não paravam de tremer. Nem banho havia conseguido tomar.

Estava em alerta.

Assim que meu pai chegou em casa com uma expressão assustadora no olhar eu não pude deixar de perguntar.

― Estão... encobrindo o caso? ― Disse séria ao ver a marmitinha caprichada que ele trazia para mim, como se adivinhasse que não comi nada o dia todo.

― É complicado pequena. ― Diz em uma bufada de ar, passando a mão sobre os cabelos aloirados. ― Tudo ocorreu em uma festa ilegal regada a álcool. Noticiar só faria as vítimas ficarem mal vistas, fora que isso não ajuda em nada nas investigações. E tem quem ainda culparia as vítimas por estarem ali. Entende? É uma cidadezinha pequena... — Explica visivelmente incomodado.

― Sim. ― Foi uma resposta curta e direta, não tive como negar tal lógica. As pessoas eram cruéis. ― Quantas... sobreviveram?

― Sete. Contando com você oito. ― Diz ao abrir a marmita e me servir como se eu fosse uma criança e não pudesse me servir. Só faltou por um babador e me dar na boca de tanto zelo.

Mas meu foco estava nos números.

Como assim só as pessoas que eu salvei sobreviveram?

Passei o resto do dia muda.

Tomei coragem para finalmente tomar um banho e tirar aquela lama do meu corpo, ficando na dúvida sobre jogar aquelas roupas fora, por medo de voltar a olhar elas e tudo voltar à minha mente; e foi o que fiz. Depois fiquei de molho naquela linda banheira ouvindo (através da porta) meu pai conversar no celular com aquela voz trovejada e dominante que me fazia sentir segura; não conseguindo evitar comparar a banheira que tinha em meu antigo quarto.

— Senta aqui. — O ouço me chamar assim que saio do quarto e desço as escadas com a mente tão vazia que brincaria que entrei em estado de iluminação. — Não tem o que temer ok? — Diz ao pôr a mão pesada e enorme sobre meu ombro como um urso gentil. — Não tem como... você se acalmar rápido depois de tudo que viu, mas... Eu te prometo que nunca vou permitir que nada te aconteça.

Só consegui o abraçar.

Na minha cabeça não tinha como ele me proteger daquela coisa, mas... queria acreditar que sim. Que estava bêbada ou afetada por alguma droga que haviam misturado na bebida, e vi algo muito pior do que realmente ocorreu.

E ele não era apenas um cara grande, era treinado e o chefe de polícia local. Ele tinha um distintivo e medalhas que provaram que ele sabia proteger as pessoas... além de uma arma na cintura.

E assim passei a semana refletindo, presa no meu quarto lutando para superar tudo que vi. Aquele horror parecia tatuado em mim...

Mas meu pai tentava dar todo o apoio que estava a seu alcance e mais. Foi assim que comecei a passar em consultas e ela me recomendou escrever, para tirar tudo do peito; e acredito que assim como os anteriores a mim, comecei a relatar as coisas mais importantes que precisaria que o posterior lesse.

Neste tempo que passei em casa, afastada da escola, aproveitei para conversar mais com meu pai evitando revelar o que havia ocorrido a Katy além de manter uma relação melhor com meu segundo anjo.

Conversamos sobre coisas bobas: sua infância e onde morou, namoradas do passado e finalmente tive coragem de perguntar sobre minha mãe.

— Então eu tenho descendência brasileira. — Comento ao refletir sobre o pouco que sabia sobre o lugar. — Acho que faz sentido minha mãe não imaginar que você estava aqui.

— Sim. Mas no fim ela acabou indo morar no Texas... Ela tinha me dito que vinha da França, mas não sei exatamente de onde ela era. A verdade é que eu saio com muita mulher desde sempre. — Murmura meio sem graça em confessar isso a sua filha.

Tenho plena certeza de que seu desconforto era por eu ser sua filha, e se eu fosse um garoto ele estaria se vangloriando. Mas me disseram que as coisas mudam quando um cara desses tem uma menina. Será que era o caso dele?

— Eu notei. — Digo ao me aproveitar desse desconforto, me deitando em seu ombro naquele macio sofá, e ele me olha por um segundo antes de pôr o braço gigante ao meu redor de forma gentil.

Acho que a resposta é sim.

Pelo menos no ponto de não desejar que algum garoto fizesse comigo o que ele apronta por aí.

— Um dia posso ver como é o carnaval? — Digo toda curiosa e ele tosse. — O que foi?

— É no começo do ano, mas te levo sim. — Comenta meio pensativo. — Só vamos marcar antes, de você ir conhecer a família, sem toda essa bagunça do carnaval. Quem sabe passamos o natal lá este ano?

Ao ouvir isso, dou um pulo do sofá parando na frente dele incrédula. Um misto de alegria e medo me invadia.

— Você quer me apresentar a sua família? — Pergunto perdendo o compasso do tom da voz e mais uma vez ele corresponde com aquele sorriso luminoso.

— Mas você faz parte da minha família não? — Responde como se fosse a coisa mais natural, por ser algo óbvio. — Mas eles falam português, lá é um país lusófono. — Explica de forma didática a fim de tentar me ajudar a compreender melhor as coisas. — Então vou te ajudar a aprender alguma coisa. Se não, você simplesmente não vai entender nada. E vai ser bem desconfortável pra você ficar no meio de uma galera que fala outro idioma.

Eu estava besta.

Mas explodindo de alegria.

Sonhos de uma família feliz me invadiam. Avós gentis cheios de histórias chatas, tios bestas com piadas ruins, primos irritantes; tudo que eu via nas mídias e sonhava em ter!

Não contive a emoção em o abraçar novamente!

Todos estes momentos de conversa, me ajudavam a ir tentando me acalmar, mesmo que ainda sentisse o corpo todo tremer. Não podia viver com medo, tinha de lutar contra aquilo.

— Viu como você tem um lado Br. — Brinca ao corresponder.

Mas mesmo que esses momentos com ele fossem perfeitos, ainda estava lidando com o trauma de ver todas aquelas pessoas morrendo na minha frente de forma visceral. E sem me dar conta algo dentro de mim havia quebrado e estava a se recuperar.

Mas...

Espera. Quem eram os sete sobreviventes, mesmo? Tinha aquele garoto miúdo que sofria bullying, também um cara loiro e o esportista moreno com sua namorada, que eu chamei de abelha rainha e não tive tempo de saber seu nome. Também tinha o Marcos que era a única pessoa do grupo que eu sabia o nome, e mais duas pessoas que eu nunca tinha visto antes.

Caramba, eu só sei o nome de uma pessoa e mal lembro como eram os demais.

Sou uma pessoa terrível que não se envolve com outro ser humano...

Só que o meu pai estava certo; eu não podia ficar trancada em casa pra sempre. Então aproveitei as caronas de viatura, para ir e voltar da escola . Já não ligava se todos soubessem de quem eu era filha, e na moral... pedi ao meu pai para me dar aulas de tiro.

― Você é de menor legalmente, eu não posso. ― Diz sério ao sorver o café fumegante que criava uma cortina de fumaça na frente de seu rosto. ― Unf. Se não me pôr em problemas é claro que eu te ensino. Você tem de saber se defender neste mundo.

Sorri.

Ele um bom policial iria quebrar a lei por mim.

Como eu podia amar tanto o meu pai morando ali a menos de um ano?

Que homem fantástico!

Eu só consigo odiar mais ainda minha mãe por ter me privado de conhecer ele antes.

― Não me ponha em problemas, viu? ― Ele diz ao chegar em casa e eu pulo do sofá animada com a primeira aula. ― Existe uma porrada de lei que eu to quebrando mas... Unf. Simplesmente não posso te deixar desprotegida... sem saber se defender. — Aparentemente ele mudou sua fala novamente. Ele fazia muito isso; e eu pensava que era pois tinha medo de falar algo grosseiro sem querer.

Calada segui ele até o começo do corredor onde ele se abaixou e apertou uma tomada que tinha ali ignorada já que não usava para nada, e ela afundou como um botão e o chão do corredor deu uma leve levantada como quando destacamos o porta malas de um carro e ainda temos de dar aquela levantada para o abrir.

Tomei um susto ao ver uma escada escondida ali, ele fez sinal de silêncio para mim e desci junto a ele. Me deparando com um estande de tiro com armas dignas de algum filme de matar zumbi ou coisas assim.

Fiquei parada vendo aquela coleção sem saber o que sentir.

Que tipo de pessoa meu pai era?

― Você... definitivamente é um mistério. ― Digo tentando fazer graça já que ele percebeu o meu olhar para ele, mas novamente ele me surpreende.

― Quem sabe uma hora eu te conte todos eles. ― Sorri vindo até mim e me mostrando como segurar cada tipo de arma; com o carinho de uma professora que ensina uma criança pequena a ler pela primeira vez.

Era estranho? Sim. Mas a verdade é que ele me fazia sentir segura, e foi assim que eu consegui forças para seguir com a minha vida. E quando finalmente tive forças para voltar a ir à escola, não demorou a ver aquele grupo dos populares me olhando de longe e logo o loiro veio até mim.

Tentei prestar mais atenção nele desta vez.

― Oi. Qual o seu nome? ― Diz quase que na mesma frase.

― Valery e o teu?

― Augusto De La Guerra, mas todos me chamam de All. ― Diz ainda sério, mas me atento a seu sobrenome extrangeiro. ― Olha... Desculpa dizer isso. Todos estão bem assustados, mas... Eu "preciso" te perguntar. — Ele diz realmente nervoso. — Como você fez aquilo?

― Fiz o que?

― Nos guiou. Nos salvou.

Ouvir isso foi um choque.

Eu tinha mesmo salvo a vida deles.

Não. Não tinha sido eu. Foi o cara do chapéu colorido.

― Vocês não viram o cara? ― Perguntei atônita e confusa.

― Que cara? ― Mas ele pareceu ainda mais confuso do que eu.

― Um com um chapéu todo colorido! Não me diz que você não viu ele. Era impossível não ver aquela cartola colorida.

― Eu não vi ninguém além de você. ― Diz sério me olhando como se eu fosse louca.

Foi... Igualzinho como era narrado no livro. As pessoas achavam o narrador louco, até ele provar.

Aquilo não era real. Só podia ser alguma brincadeira de mau gosto. O livro estava online, ele leu o início e veio me zuar, só pode!

Gelei e quando dei por mim tinha saído dali correndo.

Cheguei ao banheiro suando frio.

Será que o velho me passou algum tipo de "Samara"? Uma maldição presa em um livro? Em uma descrição?
Eu real estava surtando.

Me debrucei na pia e tentei lavar o rosto e evitar que vomitasse de nervoso.

Era só a minha cabeça sendo minha inimiga, aquilo não era real. Não poderia ser!

Imaginei aquele cara. Era isso, tudo foi só a minha imaginação por me negar a tomar os remédios. Era só coisa da minha cabeça; por isso que ninguém viu ele. E suas dicas... foi algo subconsciente que percebi. Foi isso. Só pode ser isso!

― Está tudo bem? Você saiu correndo. ― Estava hiperventilando quando a loira líder entrou no banheiro atrás de mim. Tinha uma expressão no olhar que eu desconhecia. ― Tudo bem. Ninguém está bem, mas não dá pra ficar só em casa. Entende? Nós iríamos surtar.

Droga.

Esqueci completamente de prestar atenção em como ele era. O garoto loiro que tinha vindo falar comigo... Algusto, All.

Espera eu lembro como ele era: o típico garoto loiro de olhos azuis, com um porte atlético e muito gato com o uniforme de algum esporte. Mais clássico que isso impossível.

O tipo de personagem que eu cansei de ver morrer em filmes de terror. Assim como todo o seu grupinho. E isso inclui essa loira aí; só tava faltando o maconheiro ou o gótico trevozinho. Essa seria eu?

É isso... eu sou parte deste típico grupinho. A gótica trevosinha revoltada com a vida.

Deus.

― O- obrigada pela preocupação. ― Digo ainda pensando no cara do chapéu e por que eu havia delirado com ele. O porquê o personagem do livro teria ficado na minha mente desta forma? ― Mas... na medida do possível estou bem.

Digo olhando o coturno marrom que por coincidência eu usei naquele dia. Ele ainda estava todo arranhado e meio sujo da lama avermelhada daquele lugar. Não sabia onde tinham lavanderias, e tinha medo de sair explorando a cidade agora...

Mesmo que eu pudesse ter pedido ao meu pai que me ajudasse, sentia que estava jogando muitos problemas e trabalhos para ele. Que era um estorvo, e uma dor de cabeça.



Ela me falava algo, mas eu era incapaz de ouvir mesmo me esforçando muito, o mundo ainda girava ao meu redor, e sentia que iria desmaiar a qualquer momento; e foi então que ouvi o som de notificação de mensagem.

Como odiava e sempre odiei falar ao telefone, as pessoas que me conheciam mandavam mensagens e eu sempre respondia bem na medida do possível, já que não tem como estar sempre disponível.

Mas olhando para esse momento eu me pergunto se qualquer outra pessoa teria uma reação diferente das que eu tive a partir deste ponto:

Era um número desconhecido, mas não pude ignorar suas mensagens.

*-* Olá./=/ Gostaria de ajuda?/=/ Posso te explicar tudo isso.*-*

Eu li aquilo e até esqueci da existência da loira que veio falar comigo.

Aquele número... parecia até mesmo um erro.

Tinham números demais para ser de um telefone, e pelo que já vi na vida parecia muito mais com coordenadas de latitude e longitude do que com número de telefone; mas eu não entendia o suficiente para garantir certeza.

E na minha ignorância ignorei tal detalhe e assumi ser uma falha de sinal.

*-* Quem é?*-*

Respondi curiosa sem entender o que estava acontecendo e sem perceber a reação da loira que olhava sem pudor algum a tela do meu aparelho tentando ler a conversa na cara lavada.

*-* Pode me chamar de Térekin. /=/ Meio que nos fomos apresentados há pouco tempo./=/ Achei melhor esperar que se acalmasse um pouco para entrar em contato./=/ Tenho uma jaqueta verde. Lembrou-se de mim? *-*

Era o cara da cartola colorida?

Só podia ser zueira...

*-* Claro que quero. Onde nos encontramos?*-*

Eu quase gritei, mas isso não faria ele me responder então digitei correndo, novamente sem me importar com a garota que neste momento era inexistente para mim de tão focada que estava naquela pessoa misteriosa, e sem demora ele me respondeu. Até parecia que as mensagens chegavam instantaneamente, ninguém conseguiria digitar tão rápido, mas eu estava tão nervosa e ansiosa que mal me dei conta disso, na verdade esta velocidade anormal me agradava muito.

*-* Onde quiser. O que acha da lanchonete próximo a escola?*-*

*-* Perfeito.*-*

― Tem uma lanchonete aqui perto? ― Perguntei na maior cara de pau depois de ignorar a garota. Imaginei que ela tivesse lido, mas nem estava me importando com isso.

Mas ela me olhou como se eu fosse louca e se pôs a sair.

― Você é novata na cidade certo. Tem sim. Fica de frente a farmácia aqui na rua do lado. ― Comenta ao deixar o banheiro e fico sem entender o por que ela reagiu assim se estava ali esperando para falar comigo.

Mas lógico que ignorei ela pelos meus surtos. Mas poxa não tem como não estar fora da casinha com tudo o que houve. Tem? O cara da cartola tinha me mandado mensagens! Pocha!

Por conta disto, marquei o encontro para logo depois da aula, afinal precisava de respostas e era um lugar movimentado e seguro, e com isso não prestei atenção em mais nada fora o relógio; e na minha mente praticamente me teleportei no tempo e no espaço até essa lanchonete; então por isso não assimilei as coisas bem.

Era um lugar bem confortável diferente dos ambientes que estava acostumada a frequentar, regados a riqueza e opulência, este era simples e parecia divertido; pois podia ver ao fundo várias mesas tomadas por jovens conversando alto e se divertido entre risadas, enquanto outras eram tomadas por famílias satisfeitas e por fim, meus olhos param "nele", sozinho em uma mesa no canto e isolado.

― Prazer. ― Me cumprimentou tranquilo e eu senti como se conhecesse sua voz de algum lugar. Talvez fosse o dublador de algo, mas não consegui lembrar de onde conhecia tal voz.

― O prazer é meu. Então... o que quer me explicar? ― Fui direto ao assunto nervosa e trêmula, e não demorou para um garçom deixar apenas um cardápio na mesa, coisa que ignoro pois meu foco era ele. ― Sabe o que era aquela coisa? Como sabia o que fazer?

― Digamos que todos que já tem conhecimento sobre Nemesis tem uma boa ideia do que fazer, entretanto... como percebeu é muito difícil de conseguir fazer. Parabéns. ― Ele diz sério, mas logo muda o tom como se falasse com uma criança pequena.

Mas eu não tenho tempo de responder ou o forrar de perguntas, pois logo o cara moreno se aproxima da mesa junto do louro.

O olhar deles parecia revoltado.

― A polícia já falou com você? ― Pergunta direto, e só então me dou conta que o meu pai não fez uma única pergunta sobre o ocorrido para mim.

O máximo que ele fez foi pegar aquela foto autografada; em si ele só conversava para me acalmar e tentar garantir que nada assim iria chegar perto de mim de novo.

E eu não sei onde ele colocou ou se jogou ela fora. Algo me diz que ele a guardou.

― Eu... Bem, o meu pai é policial. ― Respondi insinuando que sim a fim de os fazer ir embora, e "ele" ficou calado apenas vendo a conversa, de forma educada. ― Eu não tenho o que dizer. Sei tanto quanto vocês.

― É mas... o que você fez com aquela coisa foi muito estranho. ― O moreno diz de forma acusatória e isso me irrita muito.

― Caramba! Eu apenas segui o que ele disse! ― Gritei ao me levantar apontando para o homem à minha frente na mesa e ele bufou irritado como se não tivesse gostado nada da minha atitude em apontar para ele desta forma. Parecia mesmo uma pessoa bem elegante e de requinte e não deveria gostar deste tipo de postura. ― Quer tirar suas duvidas pergunta pra ele! Eu não sei como ele sabia o que fazer, muito menos por que nos ajudou! ― Mas eu não estava nem aí e continuei a gritar com toda a minha convicção e certeza, apenas para pagar de louca.

Assim que virei meu rosto percebi não haver ninguém sentado ali.

Um pânico me tomou. Eu estava ficando louca.

Apenas sai dali sem dizer mais nada.

Estava incapaz de raciocinar.

Todos ficaram me olhando, com motivos desta vez.


Para quem assistiu "O segredo da cabana" sim estes personagens foram criados em cima dos arquétipos básicos de terror como é mostrado naquele filme. Se você não viu... Serio eu recomendo de mais! Amo esse filme kkk

Cuidado pra não "imaginar" de mais o Térekin kkk

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